“…Também no nosso tempo, um
lugar privilegiado para falar de Deus é a família, a primeira escola para
comunicar a fé às novas gerações. O Concílio Vaticano II fala dos pais como os
primeiros mensageiros de Deus, chamados a redescobrir esta sua missão,
assumindo a responsabilidade no educar, no abrir a consciência dos mais
pequenos ao amor de Deus como um serviço fundamental para as suas vidas;
chamados a ser os primeiros catequistas e mestres da fé para os seus filhos. E,
nesta tarefa, é importante a vigilância, que significa saber entender as
ocasiões favoráveis para introduzir na família o discurso da fé e para
amadurecer uma reflexão crítica a respeito dos numerosos condicionamentos aos
quais são submetidos os filhos. Esta atenção dos pais é também sensibilidade em
reconhecer as possíveis questões religiosas presentes na mente dos filhos, às
vezes evidentes, às vezes escondidas. Depois, a alegria… A comunicação da fé
deve ter sempre uma tonalidade de alegria. É a alegria pascal, que não silencia
ou esconde a realidade da dor, do sofrimento, do cansaço, da dificuldade, da incompreensão e da própria
morte, mas sabe oferecer os critérios para interpretar tudo na perspectiva da
esperança cristã. A vida boa do Evangelho é exactamente este olhar novo, esta
capacidade de ver com os olhos de Deus cada situação. É importante ajudar todos
os membros da família a compreender que a fé não é um peso, mas uma fonte de
alegria profunda; é perceber a acção de Deus; reconhecer a presença do bem, que
não faz barulho; é oferecer orientações preciosas para viver bem a própria
existência. Enfim, a capacidade de escuta e de diálogo: a família deve ser um
ambiente onde se aprende a estar juntos; a conciliar os conflitos no diálogo
recíproco, que é feito de escuta e de palavra; a compreender-se e a amar-se,
para ser um sinal, um para o outro, do amor misericordioso de Deus…” ( Bento
XVI )
PALAVRA COM SENTIDO
PALAVRA COM SENTIDO
“… Nós vimos a Sua estrela no Oriente…” (cf. Mateus 2, 2)
“…No Evangelho de hoje, a narração dos Magos, que foram do Oriente a Belém para adorar o Messias, confere à festa da Epifania um alcance de universalidade. E este é o alcance da Igreja, a qual deseja que todos os povos da terra possam encontrar Jesus, fazer a experiência do seu amor misericordioso. É este o desejo da Igreja: que encontremos a misericórdia de Jesus, o seu amor.
Cristo acabou de nascer, ainda não sabe falar, e todas as nações — representadas pelos Magos — já o podem encontrar, reconhecer, adorar. Dizem os Magos: «Vimos a sua estrela no firmamento e viemos adorá-lo» (Mt 2, 2), Herodes ouviu isto logo que os Magos chegaram a Jerusalém. Estes Magos eram homens prestigiosos, de regiões distantes e culturas diversas, e tinham-se posto a caminho rumo à terra de Israel para adorar o rei que nascera. Desde sempre a Igreja viu neles a imagem da humanidade inteira, e com a celebração de hoje, da festa da Epifania, deseja como que indicar respeitosamente a cada homem e mulher deste mundo o Menino que nasceu para a salvação de todos.
Na noite de Natal Jesus manifestou-se aos pastores, homens humildes e desprezados — alguns dizem salteadores — foram eles os primeiros que levaram um pouco de conforto àquela gruta fria de Belém. Agora chegam os Magos de terras distantes, também eles atraídos misteriosamente por aquele Menino. Pastores e Magos, muito diversos entre si; mas lhes é comum uma coisa: o céu. Os pastores de Belém acorreram imediatamente para ver Jesus não por serem particularmente bons, mas porque vigiavam de noite e, erguendo os olhos ao céu, viram um sinal, ouviram a sua mensagem e seguiram-no. Assim também os Magos: perscrutaram o céu, viram uma estrela nova, interpretaram o sinal e puseram-se a caminho, de longe. Os pastores e os Magos ensinam-nos que para encontrar Jesus é necessário saber erguer o olhar ao céu, não estar fechado em si mesmo, no próprio egoísmo, mas ter o coração e a mente abertos ao horizonte de Deus, que nos surpreende sempre, saber acolher as suas mensagens, e responder com prontidão e generosidade.
Os Magos, diz o Evangelho, «ao ver a estrela, sentiram uma grande alegria» (Mt 2, 10). Há também para nós um grande conforto ao ver a estrela, isto é, ao sentir-nos guiados e não abandonados ao nosso destino. E a estrela é o Evangelho, a Palavra do Senhor, como diz o salmo: «A tua palavra é lâmpada para os meus passos, luz para o meu caminho» (119, 105). Esta luz guia-nos para Cristo. Sem a escuta do Evangelho, não é possível encontrá-lo! Com efeito, seguindo a estrela, os Magos chegaram ao lugar onde Jesus se encontrava. E ali «viram o Menino com Maria sua mãe, prostraram-se e adoraram-no» (Mt 2, 11). A experiência dos Magos exorta-nos a não nos contentarmos com a mediocridade, a não «ir vivendo», mas a procurar o sentido das coisas, a perscrutar com paixão o grande mistério da vida. E ensina-nos a não nos escandalizarmos com a pequenez e com a pobreza, mas a reconhecer a majestade na humildade, e saber ajoelhar-nos diante dela.
A Virgem Maria, que acolheu os Magos em Belém, nos ajude a erguer o olhar de nós mesmos, a deixar-nos guiar pela estrela do Evangelho para encontrar Jesus, e a saber abaixar o nosso olhar para o adorar. Assim poderemos levar aos outros um raio da sua luz, e partilhar com eles a alegria do caminho…” (Papa Francisco, Oração do Angelus, Solenidade da Epifania dos Senhor, 6 de Janeiro de 2016)