
BEATA MARIA MADALENA DA PAIXÃO
Constança Starace nasceu
no dia 5 de Setembro de 1845, em Castellammare di Stabia. Era a mais velha dos
seis filhos de uma família abastada. Educada segundo as virtudes e valores da
fé cristã, primeiro, em casa e, depois, em vários colégios, Constança sentiu,
desde muito jovem, o chamamento de Deus para a vida religiosa. Aos doze anos,
entrou para o convento mas, aos catorze anos, teve de regressar a sua casa, devido
a problemas de saúde.
Assim, ela tornou-se
parte daquele grande grupo de jovens e de mulheres que viviam a sua consagração
a Deus, permanecendo em sua casa, rezando, sofrendo e trabalhando nos seus
bairros, irradiando uma espiritualidade que atraía grande número de fiéis. O
povo chamava-as "monjas domésticas". A maioria delas inscreveu-se nas
Ordens Terceiras Mendicantes, recebendo orientação e apoio espiritual.
Havia, também, no sul de
Itália, particularmente em Nápoles e arredores, um numeroso grupo de
‘consagradas seculares’. Citamos algumas, das mais notáveis: Santa Maria
Francisca das Cinco Chagas, terciária alcantarina, a "santa do Bairro
Espanhol"; a Serva de Deus, Anastácia Hilário, terciária dominicana, a
"pequena santa de Posillipo"; a Serva de Deus, Maria de Jesus Landi,
terciária franciscana, fundadora do Templo e Obras da Coroada Mãe do Bom
Conselho, em Capodimonte; a Venerável Genoveva de Troia, terciária franciscana,
em Foggia; a Serva de Deus, Maria Ângela Crucificada (Maria Giuda), terciária
franciscana do Bairro Mercato, em Nápoles; a Venerável Serafina de Deus,
terciária carmelita, em Capri… Constança Starace, também, entrou numa Ordem,
tornando-se Terciária das Servas de Maria, recebendo o hábito das mãos do Bispo
diocesano, Francisco Xavier Petagna.
Ela ensinou catecismo e
organizou a Pia União das Filhas de Maria. Então, a pedido do seu bispo e tendo
obtido uma casa dos seus pais, ela utilizou-a para "acolher raparigas em
perigo, deixando-as aos cuidados de uma pessoa piedosa, enquanto ela mesma
visitava, frequentemente, a casa para educar as pequenas órfãs".
Em 1869, quando o número
das jovens hóspedes ultrapassou 100, Constança Starace foi assistida por um
grupo de Filhas de Maria, algumas das quais tomaram o hábito das Servas
Terciárias de Maria e começaram a viver em comum, com ela. Alguns anos depois,
em 1871, Monsenhor Petagna nomeou Constança Starace superiora, com o novo nome
de Maria Madalena da Paixão: assim nasceu a Congregação das Irmãs
Compassionistas Servas de Maria.
A congregação começou a espalhar-se,
primeiro na Puglia e, depois, na Campânia. A Madre Madalena dedicou-se, até à sua
morte, à formação espiritual das suas filhas e à liderança das actividades
apostólicas e caritativas das casas que cresciam gradualmente.
Ela foi assistida e
guiada pelo novo bispo de Castellammare di Stabia, também Terciário dos Servos
de Maria: o Servo de Deus, Monsenhor Vicente Maria Sarnelli, que liderou a
diocese de 1879 a 1897, quando se tornou Arcebispo de Nápoles.
O seu dinamismo,
generosidade e trabalho incansável foram secretamente testados por severas
provações. Após a tragédia da Primeira Guerra Mundial, embora bastante idosa e
debilitada pela doença, dedicou-se, com inabalável generosidade, ao cuidado dos
mais vulneráveis e, especialmente, dos órfãos, doentes ou veteranos de guerra,
que se encontravam em necessidade física e espiritual.
A sua autobiografia e a sua
extensa correspondência, particularmente as cartas circulares às suas freiras e
as endereçadas a Monsenhor Sarnelli, revelam uma alma de excepcional riqueza
humana e espiritual; todos os seus escritos foram reunidos em seis volumes,
impressos em edições limitadas para uso interno.
Em 1893, a congregação
das Irmãs Compassionistas Servas de Maria obteve a filiação oficial à Ordem das
Servas de Maria, como já havia acontecido alguns anos antes com outra
instituição napolitana, estabelecida em Nocera, as Irmãs Servas de Maria das
Dores, fundadas na mesma época pela Serva de Deus Maria Consiglia do Espírito
Santo, nascida Emília Addatis.
A Madre Maria Madalena da
Paixão faleceu no dia 13 de Dezembro de 1921, em Castellammare di Stabia. A sua
duradoura reputação de santidade levou à abertura do processo de beatificação,
conduzido na diocese de Castellammare di Stabia de 1939 a 1942.
Maria Madalena da Paixão foi
beatificada, na Concatedral de Castellammare di Stabia, no dia 15 de Abril de
2007, pelo Cardeal Saraaiva Martins, Prefeito da Congregação Para a Causa dos
Santos, representante do Papa Bento XVI.
Na sua homilia, o Cardeal
disse: “…Para a Madre Maria Madalena Starace, Jesus era verdadeiramente "o
Primeiro e o Último, o Vivente"; basta pensar que dedicava, num só
dia, por vezes, oito horas; outras vezes, cinco horas contínuas para o diálogo
com Deus. Ela dirigia o seu Instituto ajoelhada diante do altar, falando
primeiro ao Senhor da vida de cada uma das fundações e dos problemas
individuais das suas filhas.
Desde os anos da
infância, vivida à sombra da mãe tão devota da Virgem das
Dores, foi-se radicando no coração de Constança (assim se chamava no século a
nossa Beata), o estímulo a uma relação interior com Jesus cada vez mais forte.
Quem a orientou para as necessidades de se ocupar das necessidades da juventude
foi o Pastor da Diocese, animado por santo zelo, D. Petagna, que não duvidou em
lhe confiar a tarefa quer de dirigir um pequeno grupo de jovens da Piedosa
União das Filhas de Maria, quer de ensinar o catecismo às crianças. O pequeno
grupo cresceu, aumentaram as órfãs e também as jovens dispostas a unir-se ao
apostolado realizado pela irmã Starace, até chegar à aprovação do novo
Instituto das "Compassionistas" em 1871.
Sob a guia do novo Bispo,
D. Sarnelli, a Madre Madalena completou o seu caminho espiritual, chegando até
aos cumes da mística, treinando-se num rigoroso ascetismo e conseguindo motivar
profundamente a sua intensa actividade apostólica. O seu critério fundamental
apoiava-se na convicção - incutida nas suas religiosas e nas suas assistidas –
de que o feliz êxito na assistência às pessoas idosas, na educação dos jovens,
na doação de si a quantos necessitavam de ajuda e de conforto, estava ligado à
santificação pessoal, à união profunda com Deus. À luz desta orientação é
possível compreender o motivo da vitalidade do Instituto por ela fundado e a
sua difusão nos vários continentes. (…)
Ao espírito de sacrifício
e de disponibilidade para ser vítima do amor divino, a Beata Maria Madalena
tinha sido predisposta pelo exemplo luminoso de Santa Margarida Maria Alacoque,
beatificada por Pio IX, em 1864, quando ela tinha 19 anos de idade. O Coração
de Jesus, vítima sacrificada por nós, juntamente com a dor do Coração da Mãe
aos pés da Cruz, tornou-se o tema constante da reflexão espiritual da Madre
Starace. Falava disto, podemos dizer, quotidianamente às suas Filhas, para as
exortar à generosidade ao enfrentar os sacrifícios exigidos para realizar a
união profunda com Deus. Às provações, a Madre Starace opunha a arma da oração,
a aceitação da cruz e o abandono à vontade de Deus. "Da Cruz não
se desce - escrevia - mas ressuscita-se quando tudo está
cumprido".
Disto, surge também a sua
decisão audaz de construir um templo para dedicar ao Coração de Jesus, na
colina de Scanzano. Conseguiu-o pagando um preço altíssimo de sacrifícios e de
humilhações, coroados pela consagração do Santuário, celebrada por D. Michele
De Jorio, a 5 de Outubro de 1908….”
Os seus restos mortais
estão preservados no Santuário do Sagrado Coração e Nossa Senhora das Dores, em
Scanzano.
A memória litúrgica da
Beata Maria Madalena da Paixão é celebrada no dia 5 de Setembro.