PALAVRA COM SENTIDO

PALAVRA COM SENTIDO “…[José]… Levanta-te, toma contigo o Menino e a Sua Mãe…” (cf. Mateus 2, 13) E hoje é realmente um dia maravilhoso... Hoje celebramos a festa da Sagrada Família de Nazaré. O termo “sagrada” insere esta família no âmbito da santidade, que é dom de Deus mas, ao mesmo tempo, é adesão livre e responsável aos desígnios de Deus. Assim aconteceu com a família de Nazaré: ela permaneceu totalmente aberta à vontade de Deus. Como não nos surpreendermos, por exemplo, com a docilidade de Maria à acção do Espírito Santo, que lhe pede para se tornar a mãe do Messias? Pois Maria, como todas as jovens da sua época, estava prestes a realizar o seu projecto de vida, ou seja, casar-se com José. Mas, quando se dá conta de que Deus a chama para uma missão particular, não hesita em proclamar-se sua “escrava” (cf. Lc 1, 38). Dela Jesus exaltará a grandeza, não tanto pelo seu papel de mãe, mas pela sua obediência a Deus. Jesus dis-se: «Felizes, antes, os que ouvem a palavra de Deus e a põem em prática» (Lc 11, 28), como Maria. E quando não compreende plenamente os acontecimentos que a envolvem, em silêncio, Maria medita, reflecte e adora a iniciativa divina. A sua presença aos pés da Cruz consagra esta disponibilidade total. Além disso, no que diz respeito a José, o Evangelho não nos transmite nem sequer uma única palavra: ele não fala, mas age, obedecendo. É o homem do silêncio, o homem da obediência. A página do Evangelho de hoje (cf. Mt 2, 13-15.19-23) recorda três vezes esta obediência do justo José, referindo-se à fuga para o Egipto e ao regresso à terra de Israel. Sob a orientação de Deus, representado pelo Anjo, José afasta a sua família das ameaças de Herodes, salvando-a. Desta forma, a Sagrada Família mostra-se solidária para com todas as famílias do mundo que são obrigadas ao exílio; solidariza-se com todos aqueles que são forçados a abandonar a sua terra por causa da repressão, da violência e da guerra. Por fim, a terceira pessoa da Sagrada Família: Jesus. Ele é a vontade do Pai: n'Ele, diz São Paulo, não havia “sim” e “não”, mas apenas “sim” (cf. 2 Cor 1, 19). E isto manifestou-se em muitos momentos da sua vida terrena. Por exemplo, o episódio no templo quando, aos pais que o procuravam angustiados, Ele respondeu: «Não sabíeis que devia estar na casa de meu Pai?» (Lc 2, 49) A sua repetição contínua: «O meu alimento é fazer a vontade daquele que me enviou» (Jo 4, 34); a sua oração, no horto das oliveiras: «Meu Pai, se este cálice não pode passar sem que Eu o beba, faça-se a tua vontade» (Mt 26, 42). Todos estes acontecimentos constituem a perfeita realização das próprias palavras de Cristo, que diz: «Tu não quiseste sacrifício nem oferenda [...]. Então eu disse: “Aqui estou [...] para fazer a tua vontade”» (Hb 10, 5-7; Sl 40, 7-9). Maria, José, Jesus: a Sagrada Família de Nazaré, que representa uma resposta coral à vontade do Pai: os três membros desta família ajudam-se uns aos outros a descobrir o plano de Deus. Eles rezavam, trabalhavam, comunicavam. E eu pergunto-me: tu, na tua família, sabes comunicar, ou és como aqueles jovens à mesa, cada qual com o telemóvel, enquanto conversam no chat? Naquela mesa parece que há um silêncio como se estivessem na Missa... Mas não comunicam entre si. Temos que retomar o diálogo, em família: pais, filhos, avós e irmãos devem comunicar entre si... Eis o dever de hoje, precisamente no dia da Sagrada Família. Que a Sagrada Família possa ser modelo das nossas famílias, a fim de que pais e filhos se ajudem mutuamente na adesão ao Evangelho, fundamento da santidade da família. Confiemos a Maria “Rainha da família”, todas as famílias do mundo, especialmente aquelas provadas pelo sofrimento ou pela dificuldade, e invoquemos sobre elas o seu amparo maternal. (cf. Papa Francisco, na Oração do Angelus, na Praça de São Pedro, Roma, no dia 29 de Dezembro de 2019, Festa da Sagrada Família)

sábado, 27 de dezembro de 2025

EM DESTAQUE

 


*FESTA DA SAGRADA FAMÍLIA
 
A Igreja celebra, neste Domingo, dia 28 de Dezembro, a festa da Sagrada Família de Jesus, Maria e José. A “Sagrada Família” é a família em que Jesus nasceu e foi criado. É composta pelo próprio Jesus, Maria, sua mãe, e José, seu pai adoptivo. As origens da festa litúrgica remontam ao século XVII. Em 1895, o Papa Leão XIII estabeleceu a celebração no terceiro domingo após a Epifania; Bento XV, em 1921, inseriu-a na oitava da Epifania; e actualmente, a reforma litúrgica de 1968 fixou-a no domingo seguinte ao Natal.
Esta festa tem o intuito de apresentar a Sagrada Família de Nazaré como "verdadeiro modelo de vida" no qual as nossas famílias devem inspirar-se e encontrar ajuda e conforto.
A Sagrada Família de Nazaré é modelo de uma família ideal - como um lar deve ser - crescendo com amor, respeito, fé, amor e dedicação.
O Papa João Paulo II, na Carta dirigida à família, por ocasião do Ano Internacional da Família, em 1994, escreveu: “A Sagrada Família é a primeira de tantas outras famílias santas. O Concílio recordou que a santidade é a vocação universal dos baptizados (LG 40). Como no passado, também na nossa época, não faltam testemunhas do Evangelho da família, mesmo que não sejam conhecidas nem proclamadas santas pela Igreja”
O Papa Bento XVI, na Audiência-Geral, no dia 28 de Dezembro de 2011, disse: “… A família é Igreja doméstica e deve ser a primeira escola de oração. Nela as crianças, desde a mais tenra idade, podem aprender a compreender o sentido de Deus, graças ao ensinamento e ao exemplo dos pais: viver numa atmosfera caracterizada pela presença de Deus. Uma educação autenticamente cristã não pode prescindir da experiência da oração. Se não se aprende a rezar em família, depois será difícil conseguir preencher este vazio. Por conseguinte, gostaria de convidar-vos a redescobrir a beleza de rezar juntos, como família, na escola da Sagrada Família de Nazaré, e, assim, a tornar-vos um só coração e uma só alma, uma verdadeira família
A Sagrada Família, imagem e modelo de toda a família humana, ajude cada um a caminhar no espírito de Nazaré; ajude cada núcleo familiar a aprofundar a própria missão civil e eclesial, mediante a escuta da Palavra de Deus, a oração e a partilha fraterna da vida! Maria, Mãe do amor formoso, e José, guarda do Redentor, nos acompanhem a todos com a sua incessante protecção.

DA PALAVRA DO SENHOR

 


DOMINGO DA SAGRADA FAMÍLIA   

 

“…Deus quis honrar os pais nos filhos
e firmou sobre eles a autoridade da mãe.
Quem honra seu pai obtém o perdão dos pecados,
e acumula um tesouro quem honra sua mãe.
Quem honra o pai encontrará alegria nos seus filhos
e será atendido na sua oração.
Quem honra seu pai terá longa vida,
e quem lhe obedece será o conforto de sua mãe.
Filho, ampara a velhice do teu pai
e não o desgostes durante a sua vida.
Se a sua mente enfraquece, sê indulgente para com ele
e não o desprezes, tu que estás no vigor da vida,
porque a tua caridade para com teu pai nunca será esquecida
e converter-se-á em desconto dos teus pecados…”(
cf. Ben-Sirá 3, 3-7.14-17)


PALAVRA DO PAPA LEÃO

 


- na Homilia da Missa da Noite de Natal, 24 de Dezembro de 2025.
 
Queridos irmãos e irmãs:
Durante milénios, em todas as partes da Terra, os povos perscrutaram o céu, dando nomes e formas às silenciosas estrelas: na sua imaginação, liam os acontecimentos do futuro, procurando, lá no alto, entre os astros, a verdade que faltava cá em baixo, entre as casas. Naquela escuridão, como que a tatear, eles permaneciam confusos com os seus próprios oráculos. Todavia, nesta noite, «o povo que andava nas trevas viu uma grande luz; habitavam numa terra de sombras, mas uma luz brilhou sobre eles» (Is 9, 1).
Eis a estrela que surpreende o mundo, uma centelha recém-acesa e flamejante de vida: «Hoje, na cidade de David, nasceu-vos um Salvador, que é o Messias Senhor» (Lc 2, 11). No tempo e no espaço, onde quer que estejamos, vem Aquele sem o qual nem mesmo teríamos existido. Vive connosco Aquele que por nós dá a vida, iluminando, com a salvação, a nossa noite. Não há trevas que esta estrela não ilumine, porque à sua luz toda a humanidade vê a aurora de uma existência nova e eterna.
É o Natal de Jesus, o Emanuel. No Filho feito homem, Deus não nos dá algo, mas a si mesmo, «para nos resgatar de toda a iniquidade e formar para si um povo puro» (Tt 2, 14). Nasce, na noite, Aquele que da noite nos resgata: o vestígio do dia que amanhece, já não deve procurar-se lá longe, nos espaços siderais, mas inclinando a cabeça, para o estábulo ao lado.
Com efeito, o sinal claro dado a um mundo às escuras é «um menino envolto em panos, deitado numa manjedoura» (Lc 2, 12). Para encontrar o Salvador, não é preciso olhar para cima, mas contemplar o que está em baixo: a omnipotência de Deus resplandece na impotência de um recém-nascido; a eloquência do Verbo eterno ressoa no primeiro choro de um bebé; a santidade do Espírito brilha naquele corpinho recém-lavado e envolto em panos. É divina a necessidade de cuidado e calor, que o Filho do Pai partilha, na história, com todos os seus irmãos. A luz divina que irradia deste Menino ajuda-nos a ver o homem em cada vida nascente.
Para iluminar a nossa cegueira, o Senhor quis revelar-se como homem ao homem, sua verdadeira imagem, segundo um projecto de amor iniciado com a criação do mundo. Enquanto a noite do erro obscurecer esta verdade providencial, então «não há espaço sequer para os outros, para as crianças, para os pobres, para os estrangeiros» (Bento XVI, Homilia na noite de Natal, 24 de dezembro de 2012). Estas palavras do Papa Bento XVI, lembram-nos que, na terra, não há espaço para Deus se não houver espaço para o homem: não acolher um significa não acolher o outro. Em vez disso, onde há lugar para o homem, há lugar para Deus: então, um estábulo pode tornar-se mais sagrado do que um templo e o ventre da Virgem Maria é a arca da nova aliança.
Caríssimos, admiremos a sabedoria do Natal. No Menino Jesus, Deus dá ao mundo uma vida nova: a sua, para todos. Não uma ideia que resolve todos os problemas, mas uma história de amor que nos envolve. Perante as expectativas dos povos, Ele envia um bebé, para que seja palavra de esperança; perante a dor dos miseráveis; Ele envia um indefeso, para que seja força para se levantarem; perante a violência e a opressão, Ele acende uma luz suave que ilumina, com a salvação, todos os filhos deste mundo. Como observava Santo Agostinho, «a soberba humana esmagou-te tanto que só a humildade divina podia levantar-te» (Sermo in Natale Domini 188, III, 3). Sim, enquanto uma economia distorcida leva a tratar os homens como mercadoria, Deus torna-se semelhante a nós, revelando a infinita dignidade de cada pessoa. Enquanto o homem quer tornar-se Deus, para dominar o próximo, Deus quer tornar-se homem, para nos libertar de toda a escravidão. Será este amor suficiente para mudar a nossa história?
A resposta surge logo que, como os pastores, despertamos da noite da morte para a luz da vida nascente, contemplando o Menino Jesus. Sobre o estábulo de Belém, onde Maria e José, cheios de admiração, velam o Recém-nascido, o céu estrelado torna-se «uma multidão do exército celeste» (Lc 2, 13). São hostes desarmadas e desarmantes, porque cantam a glória de Deus, cuja manifestação na terra é a paz (cf. v. 14): efectivamente, no coração de Cristo palpita o vínculo que une, no amor, céu e terra, Criador e criaturas.
Por isso, há exactamente um ano, o Papa Francisco afirmou que o Natal de Jesus reaviva em nós «o dom e o compromisso de levar a esperança onde ela se perdeu», porque «com Ele a alegria floresce; com Ele a vida muda; com Ele a esperança não desilude» (Homilia na noite de Natal, 24 de dezembro de 2024). Com estas palavras, começou o Ano Santo. Agora que o Jubileu se aproxima do seu termo, o Natal é para nós um tempo de gratidão e missão. Gratidão pelo dom recebido; missão para o testemunhar ao mundo. Como canta o Salmista: «Proclamai, dia após dia, a sua salvação. / Anunciai aos pagãos a sua glória / e a todos os povos, as suas maravilhas» (Sl 96, 2-3).
Irmãs e irmãos: a contemplação do Verbo feito carne suscita em toda a Igreja uma palavra nova e verdadeira: proclamemos, então, a alegria do Natal, que é festa da fé, da caridade e da esperança. É festa da fé, porque Deus se faz homem, nascendo de uma Virgem. É festa da caridade, porque o dom do Filho redentor se realiza na dedicação fraterna. É festa da esperança, porque o Menino Jesus a acende em nós, tornando-nos mensageiros da paz. Com estas virtudes no coração, sem temer a noite, podemos ir ao encontro do amanhecer do novo dia.  (cf. Santa Sé)

PARA REZAR

 


- SALMO 127
 
Refrão: Ditosos os que temem o Senhor,
             ditosos os que seguem os seus caminhos.
 
Feliz de ti, que temes o Senhor
e andas nos seus caminhos.
Comerás do trabalho das tuas mãos,
serás feliz e tudo te correrá bem.

Tua esposa será como videira fecunda
no íntimo do teu lar;
teus filhos serão como ramos de oliveira
ao redor da tua mesa.

Assim será abençoado o homem que teme o Senhor.
De Sião te abençoe o Senhor:
vejas a prosperidade de Jerusalém
todos os dias da tua vida.




ORAÇÃO DE NATAL
 
Jesus, menino de Belém e esperança do mundo:
Queremos acolher-Te no íntimo do coração,
para que sejas a fonte da nossa paz
e a luz dos nossos caminhos.
Nasceste numa gruta, humilde e pobre,
como nascem tantas crianças, hoje.
Neste Natal, a nossa súplica volta-se para elas.
Lembra-te da sua fragilidade, miséria e abandono;
ajuda as suas famílias a encontrar
o conforto da alegria, a coragem da solidariedade
e a dignidade do acolhimento fraterno.
Lembra-Te, ó Jesus, das crianças martirizadas
pela guerra que divide os povos,
pela violência louca das sociedades sem amor,
pelo desprezo dos arrogantes.
semeadores de violência, de ódio e de guerra.
 
Lembra-Te, menino de Belém e do nosso coração,
dos meninos sem pais, sem casa,
sem escola, sem amigos e sem amor.
Dá vigor à sua esperança
de uma vida nova, cheia de bênçãos e de carinho;
de novos projectos de harmonia e tolerância;
de verdadeira felicidade que realiza
os sonhos de bem e de confiança no futuro.
 
Jesus, menino de Belém,
que o teu Natal seja festa de ternura,
de partilha e de paz para todos.
Faz que cada um de nós
continue a ser peregrino de esperança
para o encontro que desejamos contigo.
Amém
 

SANTOS POPULARES

 


BEATA MARIA ANA SUREAU BLONDIN
 
Maria Ester Sureau Blondin, natural do Canadá, nasceu em Terrebonne, Quebec, no dia 18 de Abril de 1809. Filha de um agricultor, João Baptista Sureau Blondin, e de uma dona de casa, Maria Rosa Limoges, uma família muito religiosa e católica. Maria Ester era a mais velha de 12 filhos. Herdou da sua mãe uma piedade centrada na Providência e na Eucaristia, e do seu pai uma fé sólida e uma grande paciência no sofrimento. Ela e a sua família foram vítimas do analfabetismo imperante nos ambientes francófonos do Canadá do século XIX
Passou a infância e a adolescência em casa, recebendo educação e formação dos pais, dada a falta de escolas católicas de língua francesa, num Estado que estivera sob domínio inglês e protestante, durante 50 anos.
Com a idade de 22 anos, foi contratada como empregada ao serviço das religiosas da Congregação de Nossa Senhora, que acabavam de chegar à sua localidade. Um ano mais tarde, inscreveu-se como interna tendo em vista aprender a ler e a escrever. Depois, entrou no noviciado da mesma congregação, mas teve de sair devido à sua saúde, que era extremamente frágil.
Passou um período de recuperação e repouso, em casa, e, em seguida, tornou-se assistente da professora na escola primária católica, na vila de Vaudreuil. Em 1838, tornou-se directora da escola e, nos anos seguintes, pouco a pouco, começou a ponderar a fundação de uma congregação religiosa, dedicada à educação de crianças. Em 8 de Dezembro de 1850, Maria Ester Sureau Blondin, adoptando o nome de Maria Ana, fez, juntamente com um grupo das primeiras freiras, os seus votos, perante o bispo de Montreal, Inácio Bourget, fundando, assim, a nova congregação das "Irmãs de Santa Ana".
Os primeiros tempos da jovem instituição foram difíceis, devido à grande pobreza. Em 1853, a Casa-Mãe foi inaugurada em Saint-Jacques de l'Achigan, e o Bispo Bourget nomeou o jovem padre Luís Adolfo Maréchal como capelão da Congregação. Este começou a intrometer-se na vida interna da Congregação, nos aspectos tanto material como espiritual. O conflito entre o capelão e a superiora durou cerca de um ano. O Padre Luís assumiu, pessoalmente, a direcção da Congregação. Em 1854, para solucionar o conflito, o Bispo destituiu a fundadora e superiora-geral, a Irmã Maria Ana, nomeando-a para superiora de uma pequena comunidade, em Sainte-Geneviève.
Apesar da distância, muitas freiras, formadas pela Irmã Maria Ana, mantiveram contacto com ela. Mas, isso não foi tolerado pelo capelão, que persuadiu o Bispo a removê-la, também, desse cargo.
Como fundadora e excelente professora, ela foi incumbida das tarefas mais humildes, como porteira, responsável pelas roupas das freiras e sacristã, funções que desempenhou, durante mais de 36 anos, em conventos localizados em diversas cidades.
O último período da sua vida é um testemunho de uma fé viva e grande força de vontade, apesar dos desentendimentos. Ela foi um exemplo de amorosa submissão à vontade de Deus; de respeito pela autoridade; de bondade e de serviço a todos; de humildade e de abnegação. Aceitou a sua demissão oferecendo a sua vida pelo bem da Congregação, e isso foi, evidentemente, aceite por Deus.
Em 1884, a Congregação foi aprovada pelo Papa e, em 1890, havia 428 freiras a ensinar e a cuidar dos enfermos em 43 casas: no Québec, na Colúmbia Britânica (Canadá), nos Estados Unidos e no Alasca.
No Outono de 1889, a Madre Maria Ana adoeceu gravemente, com bronquite. Na véspera de Natal, ela quis assistir à missa na capela principal da Casa-Mãe, mas isso agravou o seu estado de saúde, levando-a à morte, no dia 2 de Janeiro, em Lachine.
A Irmã Maria Ana Sureau Blondin foi beatificada, pelo Papa João Paulo II, na Praça de São Pedro, em Roma, no dia 29 de Abril de 2001. Na homilia da Missa, o Papa disse: “…A fundadora das Irmãs de Santa Ana, Maria Ana Blondin é o modelo de uma existência consagrada ao amor e imbuída do mistério pascal. Esta jovem camponesa do Canadá proporá ao seu Bispo a fundação de uma congregação religiosa para a educação das crianças pobres dos campos, com vista a pôr fim ao analfabetismo. Num grande espírito de abandono à Providência, de quem amará "o cuidado totalmente maternal", ela aceitará com humildade as decisões da Igreja e, até à sua morte, levará a cabo trabalhos modestos para o bem das suas coirmãs. As provações jamais alterarão o seu grande amor a Cristo e à Igreja, nem o seu cuidado pela formação de verdadeiras educadoras da juventude. Forjada por uma vida de humildade e de escondimento, Maria Ana Blondin encontrava a força interior na contemplação da Cruz, mostrando-nos que a vida de intimidade com Cristo é o modo mais seguro de dar misteriosamente frutos e de cumprir a missão desejada por Deus. Possa o seu exemplo despertar nas religiosas do seu Instituto e em numerosos jovens o gosto de servir a Deus e aos homens, em particular à juventude, a quem é importante oferecer os instrumentos de um autêntico desenvolvimento espiritual, moral e intelectual!...”
A sua memória litúrgica é celebrada no dia 2 de Janeiro.

sábado, 20 de dezembro de 2025

EM DESTAQUE

 



*SOLENIDADE DO NATAL DO SENHOR
 
A Igreja celebra, no dia 25 de Dezembro, a solenidade do nascimento de Jesus Cristo: é o Dia de Natal, uma das principais festas cristãs ao lado da Páscoa e do Pentecostes. Esta festa cristã entrou a fazer parte da tradição universal, querida a pessoas de diversos credos, como uma oportunidade de reunião familiar; um alerta para a vivência de uma verdadeira paz e unidade; uma abertura de coração à solidariedade e à partilha; um desafio à fraternidade, à tolerância e à caridade.
Entre nós, o Dia de Natal tem uma dimensão sagrada, tão enraizada no sentir e na tradição do povo, que o Estado reconhece a sua importância e estabeleceu-o como feriado nacional.
Na liturgia cristã, o Natal é o centro do ‘Tempo do Natal’ que vai desde o entardecer do dia 24 de Dezembro, até ao dia 6 de Janeiro.
Neste Tempo do Natal, estão incluídas algumas celebrações muito significativas: a Festa da Sagrada Família, no dia 28 de Dezembro; a Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus, no dia 1 de Janeiro; a Solenidade da Epifania do Senhor, no dia 4 de Janeiro e a Festa do Baptismo do Senhor, no dia 11 de Janeiro, que encerra o ‘Tempo de Natal.
Celebrar a Festa do Natal deveria levar-nos a uma autêntica santidade de vida, que dignifique e testemunhe a nossa condição de baptizados e o desejo de nos unirmos, cada vez mais, a Jesus Cristo.
Com Maria e José; com os Pastores e os Magos; com todos os homens e mulheres de boa vontade, louvemos o Senhor que, em cada Natal, nos abençoa com o seu amor e a sua paz.
 
 
VOTOS DE
SANTO E FELIZ NATAL
COM JESUS

DA PALAVRA DO SENHOR

 


IV DOMINGO DO ADVENTO      

“…Naqueles dias,
o Senhor mandou ao rei Acaz a seguinte mensagem:
«Pede um sinal ao Senhor teu Deus,
quer nas profundezas do abismo,
quer lá em cima nas alturas».
Acaz respondeu:
«Não pedirei, não porei o Senhor à prova».
Então Isaías disse:
«Escutai, casa de David:
Não vos basta que andeis a molestar os homens
para quererdes também molestar o meu Deus?
Por isso, o próprio Senhor vos dará um sinal:
a virgem conceberá e dará à luz um filho
e o seu nome será Emanuel»…”  (
cf. Isaías 7, 10-14)

PALAVRA DO PAPA LEÃO

 


- na Audiência-Geral, no dia 17 de Dezembro de 2025, na Praça de São Pedro, Vaticano – Roma.
 
Prezados irmãos e irmãs, bom dia! Sede todos bem-vindos!
A vida humana é caracterizada por um movimento constante que nos impele a fazer, a agir. Hoje, em toda a parte, exige-se rapidez no alcance de óptimos resultados, nos âmbitos mais diversificados. De que modo a ressurreição de Jesus ilumina este traço da nossa experiência? Quando participarmos na Sua vitória sobre a morte, descansaremos? A fé diz-nos: sim, descansaremos! Não ficaremos inactivos, mas entraremos no descanso de Deus, que é paz e júbilo! Bem: devemos apenas esperar, ou isto pode mudar-nos, desde já?
Estamos absorvidos por muitas actividades, que nem sempre nos satisfazem. Muitas das nossas acções têm a ver com coisas práticas, concretas. Devemos assumir a responsabilidade de muitos compromissos; resolver problemas; enfrentar dificuldades. Também, Jesus envolveu-se com as pessoas e com a vida, sem se poupar, mas entregando-se até ao fim. No entanto, muitas vezes, compreendemos que fazer demasiado, em vez de nos dar plenitude, torna-se um turbilhão que nos atordoa; que nos priva da serenidade; que nos impede de viver da melhor forma o que é, realmente, importante para a nossa vida. Então, sentimo-nos cansados, insatisfeitos: o tempo parece dispersar-se em mil coisas práticas que, contudo, não resolvem o derradeiro significado da nossa existência. Às vezes, no final de dias, cheios de actividades, sentimo-nos vazios. Porquê? Porque não somos máquinas; temos um “coração”, ou melhor, podemos dizer que somos um coração.
O coração é o símbolo de toda a nossa humanidade; síntese de pensamentos, sentimentos e desejos; o centro invisível da nossa pessoa. O evangelista Mateus convida-nos a reflectir sobre a importância do coração, citando esta maravilhosa frase de Jesus: «Onde estiver o teu tesouro, aí estará, também, o teu coração» (Mt 6, 21).
Portanto, é no coração que se conserva o verdadeiro tesouro, não nos cofres da terra, não nos grandes investimentos financeiros, hoje, mais do que nunca, enlouquecidos e injustamente concentrados, idolatrados ao preço sangrento de milhões de vidas humanas e da devastação da criação de Deus.
É importante reflectir sobre estes aspectos, pois, nos inúmeros compromissos que enfrentamos, continuamente sobressai, cada vez mais, o risco da dispersão, por vezes, do desespero, da falta de sentido, até em pessoas, aparentemente, bem-sucedidas. Pelo contrário, ler a vida sob o sinal da Páscoa; olhar para ela com Jesus Ressuscitado, significa encontrar o acesso à essência da pessoa humana, ao nosso coração: ‘cor inquietum’. Com este adjectivo “inquieto”, Santo Agostinho leva-nos a compreender o impulso do ser humano, orientado para a sua plena realização. A frase integral remete para o início das Confissões, onde Agostinho escreve: «Senhor, criaste-nos para Ti e o nosso coração está inquieto, enquanto não descansar em Ti» (I, 1, 1).
A inquietação é o sinal de que o nosso coração não se move por acaso, de modo desordenado, sem um fim nem uma meta, mas está orientado para o seu destino último, o “regresso a casa”. E o verdadeiro destino do coração não consiste na posse dos bens deste mundo, mas em alcançar aquilo que pode preenchê-lo plenamente, ou seja, o amor de Deus, ou melhor, Deus-Amor. No entanto, este tesouro só se acha amando o próximo que se encontra ao longo do caminho: irmãos e irmãs em carne e osso, cuja presença interpela e questiona o nosso coração, chamando-o a abrir-se e a doar-se. O próximo pede-nos para ir mais devagar, para o fitar nos olhos; às vezes, para mudar de programa; talvez, até, para mudar de direcção.
Caríssimos: eis o segredo do movimento do coração humano: voltar à nascente do seu ser; desfrutar do júbilo que não esmorece, que não desilude. Ninguém pode viver sem um significado que vá além do contingente, além daquilo que passa. O coração humano não pode viver sem esperar, sem saber que foi feito para a plenitude, não para a falta.
Com a sua Encarnação, Paixão, Morte e Ressurreição, Jesus Cristo deu um fundamento sólido a esta esperança. O coração inquieto não ficará desiludido, se entrar no dinamismo do amor para o qual é criado. O destino é certo, a vida venceu e, em Cristo, continuará a vencer em cada morte do dia-a-dia. Eis a esperança cristã: bendigamos e demos graças sempre ao Senhor que no-la concedeu! (cf. Santa Sé)
 

PARA REZAR

 


- SALMO 23
 
Refrão: Venha o Senhor: é Ele o rei glorioso!

Do Senhor é a terra e o que nela existe,
o mundo e quantos nele habitam.
Ele a fundou sobre os mares
e a consolidou sobre as águas.
 
Quem poderá subir à montanha do Senhor?
Quem habitará no seu santuário?
O que tem as mãos inocentes e o coração puro,
que não invocou o seu nome em vão nem jurou falso.
 
Este será abençoado pelo Senhor
e recompensado por Deus, seu Salvador.
Esta é a geração dos que O procuram,
que procuram a face do Deus de Jacob.
 

SANTOS POPULARES

 


BEATA MARIA DOS APÓSTOLOS
 
Maria Teresa von Wüllenweber nasceu na Alemanha, no Castelo de Myllendonk, perto de Mönchengladbach, no dia 19 de Fevereiro de 1833. Era a mais velha das cinco filhas do Barão Teodoro von Wüllenweber. Teresa cresceu num ambiente profundamente religioso, austero em alguns aspectos, mas caracterizado por fortes laços familiares. O seu pai, um homem íntegro e afável, era muito querido por todos. Teresa recebeu a sua educação inicial em casa, sob o cuidado da mãe e de vários padres. Aos quinze anos, foi estudar e completar a sua formação, na Escola das Irmãs Beneditinas, de Liège, onde, considerando Roma o coração do cristianismo, também optou por estudar italiano.
Ao voltar para sua família, durante vários anos, ajudou o seu pai a administrar a propriedade familiar, enquanto desenvolvia o desejo de se dedicar ao Senhor. Escrevendo um poema, confidenciou: "O coração é uma coisa verdadeiramente tempestuosa; raramente encontra um momento de serenidade".
Em 1853 e 1857, ela e a sua mãe participaram em retiros jesuítas - uma prática, na época, exclusiva para homens – durante os quais nasceu o seu grande amor pelas missões. Um dia, escreveu: "Tudo o que não leva a Deus é engano… Gostei, especialmente, de estudar as passagens do Evangelho que nos contam como, no tempo de Jesus, os apóstolos e as mulheres piedosas trabalharam juntos, por Cristo".
Aos vinte e quatro anos, contra a vontade do seu pai, mas com a permissão da mãe - que morreu repentinamente, pouco depois - entrou para o Convento do Sagrado Coração, em Blumenthal, perto de Aachen. Ocupou vários cargos em Warendolf e Orléans, França, mas embora estivesse feliz com o seu apostolado e próxima da sua profissão solene, sentia no seu coração que o Senhor tinha outros planos para ela. Então, deixou o Instituto, amigavelmente, em Março de 1863. Na carta de demissão, a fundadora - Santa Madalena Sofia Barat - escreveu: "…piedosa e bondosa... não se constatou que tivesse vocação para ser educadora". Foi uma experiência muito importante. Ao longo da sua vida, foi sempre uma grande devota do Sagrado Coração.
No dia em que deixou o Convento, ela e o seu pai foram ao Convento das Irmãs da Visitação - que também se dedicavam à educação das raparigas - mas essa experiência também foi breve, para constrangimento da sua família. Durante algum tempo, cuidou da casa e das irmãs, até que, em 1868, entrou na Congregação da Adoração Perpétua, em Bruxelas, com atribuições também em Liège.
Ela viu, com os seus próprios olhos, o quanto era necessário o apostolado entre os pobres. Ela escreveu: "Milhares de alemães pobres emigram para Liège porque, como não há escolaridade obrigatória para as crianças, elas são enviadas para trabalhar nas minas de carvão. Assim, tornam-se vítimas da corrupção, sem religião, arruinadas espiritual e fisicamente." Na altura, falou-se da criação de uma fundação na Alemanha, mas o projecto nunca se concretizou. Eram os anos da Kulturkampf, [significa, em alemão, ‘luta cultural’: foi a tentativa, por parte do chanceler alemão, Otto von Bismarck - protestante convicto - para submeter a Igreja Católica Romana ao controlo do Estado. O termo entrou em uso em 1873, quando o cientista e estadista liberal prussiano Rudolf Virchow declarou que a batalha contra os católicos romanos estava a assumir o carácter de uma grande luta em favor da humanidade] caracterizada por perseguições anticlericais; pela expulsão dos Bispos e dos padres; destruição das estruturas diocesanas e pelo encerramento dos seminários.*
Dois anos depois do início deste conflito, Maria Teresa voltou para casa.
Em 1872, Teresa conheceu o pároco de Neuwerk, que se tornou seu director espiritual. Ela ia a pé, todos os dias, para visitá-lo, fizesse chuva ou fizesse sol. Começaram a falar sobre uma nova fundação. Entre os seus escritos, lemos: “Quero entregar-me inteiramente a Ti, totalmente, para o que quer que queiras. Quero desaparecer em completa humildade como Teu pobre instrumento.” “Ó Senhor! Deves ter lançado uma faísca de amor no meu coração; e quando penso nos descrentes, sinto uma profunda tristeza.”
Em 1876, ela alugou (e mais tarde comprou) parte do antigo mosteiro beneditino de Neuwerk e abriu, ali, o Instituto Santa Bárbara para cuidar de órfãos, meninas e mulheres solteiras. Diante das dificuldades da época, tentou, sem sucesso, fundir-se com um instituto semelhante. Entre outros, conheceu Santo Arnaldo Janssen [sacerdote católico alemão, fundador da Sociedade do Verbo Divino (SVD), uma ordem religiosa missionária que está presente em todos os continentes. Foi canonizado pelo papa João Paulo II, no dia 5 de Outubro de 2003].
O ponto de virada aconteceu depois de ler, num jornal, um anúncio do Instituto do Ensino Apostólico. No dia 4 de Julho de 1882, ela conheceu o jovem padre João Baptista Jordan (mais tarde, adoptou o nome Francisco Maria da Cruz Jordan), que tinha fundado este Instituto, em Roma, seis anos antes (o termo Apostólico foi, posteriormente, substituído por Católico). A diferença de idade entre os dois era de quinze anos, e as suas origens sociais também eram diferentes (o Padre Jordan era de origem humilde), mas os seus corações, imediatamente, começaram a bater como um só. No seu diário, Teresa escreveu: “Dificilmente poderia ter sentido uma alegria maior! Ele impressionou-me pelo seu grande zelo apostólico. O meu único e sincero desejo é pertencer, cada vez mais firmemente, a este Instituto, até à morte. Bom Deus, a Ti eterna gratidão.”
O Padre Jordan nasceu numa pequena aldeia, na Floresta Negra, e, desde jovem, teve de sustentar a sua família, devido à doença do seu pai. Trabalhou como pintor antes de frequentar o ensino médio e, finalmente, poder entrar no Seminário, em Freiburg. Ordenado sacerdote, em 1878, foi para Roma com o desejo de fundar uma obra apostólica para a renovação católica, composta por homens e mulheres, consagrados e leigos, de todas as classes sociais. Num mundo cada vez mais secularizado, todo o cristão precisava de sentir-se um apóstolo. A disseminação de uma boa imprensa era particularmente importante. O Padre Jordan foi beatificado, no dia 15 de Maio de 2021, pelo Papa Francisco, na Basílica de São João de Latrão.
Dois meses após o primeiro encontro, Teresa (que tinha quarenta e nove anos) entrou neste Instituto com votos privados, dedicando-lhe "o seu convento". Em Roma, a Madre Streitel era a Superiora das Irmãs do Instituto. Em Julho de 1884, Teresa esteve, por pouco tempo, em Roma, durante um período de conflito entre o Padre Jordan e a Madre Streitel. A Madre Streitel, desejando imprimir uma marca franciscana ao seu trabalho, separou-se do Instituto, fundando as ‘Irmãs de Nossa Senhora das Dores’.
Teresa, entretanto, voltou a Neuwerk e passou vários anos em incerteza, até Novembro de 1888, quando, com um pequeno grupo de outras freiras, foi chamada pelo Padre Jordan a Tivoli, em Itália.
No dia 8 de Dezembro de 1888, foi fundado o novo ramo feminino do Instituto do Ensino Católico; Teresa foi eleita Superiora, adoptando o nome ‘Irmã Maria dos Apóstolos’.
A nova Congregação rapidamente tornou-se popular, com vocações vindas da Alemanha, da Suíça, da Áustria, da Hungria e Tirol do Sul. Desde o início, o espírito foi internacional e missionário, tanto que, após alguns anos, a Madre Maria enviou as primeiras freiras para a Índia e para o Equador, acompanhando-as sempre com grande dedicação, por meio de correspondência. Em Tivoli, em 1894, foi inaugurado um Seminário para a formação de professoras, visando o aprimoramento das freiras, sob o olhar atento do Padre Jordan. Pouco depois, uma epidemia de tifo eclodiu e algumas freiras foram alojadas em Roma, enquanto chegavam da Alemanha as tristes notícias da morte do pai de Teresa. À medida que a Obra recebia o seu nome definitivo, Congregação do Divino Salvador, concretizou-se o desejo de transferir a casa-mãe para mais perto da Basílica de São Pedro. Tivoli permaneceria como a sede do noviciado por muitos anos, onde, em diversas ocasiões, a Madre Maria demonstrou carinho maternal pelas noviças (chegando a brincar de cabra-cega com elas).
A obediência ao Fundador foi sempre um dever para a Irmã Maria dos Apóstolos. Quando surgiam desentendimentos e descontentamentos, em Tivoli, eram superados com amor e humildade. Entretanto, foram abertas novas casas: nos Estados Unidos, Suíça, Hungria, Áustria e Bélgica. No final de 1905, foi realizado o Primeiro Capítulo, da Ordem, com a Madre, já doente e idosa, quase cega. No entanto, ela foi reeleita. Infelizmente a sua saúde, suportada com paciência religiosa, piorou progressivamente, com crises de asma e problemas de mobilidade.
Dois anos depois, a meningite provou-se fatal: a Irmã Morte surpreendeu-a, justamente, quando as suas Irmãs estavam na igreja, para a Missa da Noite de Natal.
No dia 4 de Agosto de 1903, ela tinha escrito o seu testamento espiritual: “Humildemente espero que as minhas boas Irmãs rezem muito por mim. Que continuem a trabalhar com santo zelo pela sua própria perfeição, sempre buscando fazer o verdadeiro bem aos outros, mantendo-se firmes no Espírito do Fundador.”
A Madre Maria dos Apóstolos (Maria Teresa von Wüllenweber) foi beatificada, no dia 13 de Outubro de 1968, pelo Papa Paulo VI.
A sua memória litúrgica é celebrada no 5 de Setembro.
 

* Para ler mais, se tiver interesse

O conflito da Kulturkampf começou em Julho de 1871, quando Bismarck, apoiado pelos liberais, aboliu o Gabinete Católico Romano, no Ministério prussiano da Cultura  ( ou seja, ministério da educação e dos assuntos eclesiásticos) e em Novembro proibiu os padres de expressar opiniões políticas, no púlpito. Em Março de 1872, todas as escolas religiosas foram submetidas à inspecção do Estado; em Junho, todos os professores religiosos foram excluídos das escolas públicas e a Companhia de Jesus (dos jesuítas) foi dissolvida, na Alemanha; em Dezembro as relações diplomáticas com o Vaticano foram rompidas. Em 1873, as Leis de Maio, promulgadas pelo ministro da cultura prussiano, Adalbert Falk, colocava o ensino religioso sob o controlo exclusivo do Estado, até mesmo as nomeações eclesiásticas, dentro da Igreja. O clímax da luta veio em 1875, quando o casamento civil foi tornado obrigatório em toda a Alemanha . As dioceses que não cumpriam os regulamentos do Estado foram excluídas dos auxílios estatais e o clero desobediente foi exilado

Os católicos romanos, no entanto, resistiram fortemente às medidas de Bismarck e opuseram-se a ele, efectivamente, no Parlamento alemão, onde duplicaram a sua representação, nas eleições de 1874. Bismarck, um pragmático, decidiu recuar. Reconheceu que muitas das medidas foram excessivas e serviram apenas para fortalecer a resistência do Partido de Centro, de cujo apoio ele precisava para o seu novo impulso contra os social-democratas. O advento de um novo Papa, em 1878, facilitou o compromisso. Em 1887, quando Leão XIII declarou encerrado o conflito, a maior parte da legislação anticatólica tinha sido revogada ou reduzida na sua severidade. A luta teve como consequência assegurar o controlo do Estado sobre a educação e os registros públicos, mas também afastou uma geração de católicos romanos da vida nacional alemã.

 


sábado, 13 de dezembro de 2025

DA PALAVRA DO SENHOR


III DOMINGO DO ADVENTO       

“…Esperai com paciência a vinda do Senhor.
Vede como o agricultor espera pacientemente
o precioso fruto da terra,
aguardando a chuva temporã e a tardia.
Sede pacientes, vós também,
e fortalecei os vossos corações,
porque a vinda do Senhor está próxima.
Não vos queixeis uns dos outros,
a fim de não serdes julgados.
Eis que o Juiz está à porta.
Irmãos, tomai como modelos de sofrimento e de paciência
os profetas, que falaram em nome do Senhor…” (
cf. Tiago 5, 7-10)

 


PALAVRA DO PAPA LEÃO

 


- na Audiência-Geral, no dia 10 de Dezembro de 2025, na Praça de São Pedro, Vaticano – Roma.
 
Prezados irmãos e irmãs, bom dia! Sede todos bem-vindos!
 
O mistério da morte sempre suscitou profundas interrogações no ser humano. Com efeito, ela parece ser o acontecimento mais natural e, ao mesmo tempo, mais inatural que existe. É natural, porque na terra todos os seres vivos morrem. É inatural, porque o desejo de vida e de eternidade que sentimos por nós mesmos e pelas pessoas que amamos nos leva a ver a morte como uma condenação, como um “contrassenso”.
Muitos povos antigos desenvolveram ritos e costumes ligados ao culto dos mortos, para acompanhar e recordar quantos se encaminhavam rumo ao mistério supremo. No entanto, hoje, verifica-se uma tendência diferente. A morte parece uma espécie de tabu; um acontecimento a manter distante; algo de que falar em voz baixa, para evitar perturbar a nossa sensibilidade e tranquilidade. Por isso, muitas vezes, até se evita visitar os cemitérios, onde quem nos precedeu repousa à espera da ressurreição.
Portanto, o que é a morte? É realmente a última palavra sobre a nossa vida? Só o ser humano se coloca esta pergunta, porque somente ele sabe que deve morrer. Mas, estar ciente disto não o salva da morte; aliás, num certo sentido, isto “sobrecarrega-o” em relação a todas as outras criaturas vivas. Os animais sofrem, certamente, e dão-se conta de que a morte está próxima, mas não sabem que a morte faz parte do seu destino. Não se interrogam sobre o sentido, o fim, o êxito da vida.
Constatando este aspecto, então deveríamos pensar que somos criaturas paradoxais, infelizes, não só porque morremos, mas também porque temos a certeza de que este acontecimento ocorrerá, embora ignoremos como e quando. Descobrimo-nos conscientes e, ao mesmo tempo, impotentes. Provavelmente, é daqui que provêm as frequentes remoções, as fugas existenciais perante a questão da morte.
No seu famoso escrito, intitulado Preparação para a morte, Santo Afonso Maria de Ligório reflecte sobre o valor pedagógico da morte, evidenciando como ela é uma grande mestra de vida. Saber que existe e, sobretudo, meditar sobre ela ensina-nos a escolher o que realmente fazer da nossa existência. Rezar, para compreender o que é benéfico em vista do reino dos céus, e abandonar o supérfluo que, ao contrário, nos liga às realidades efémeras, é o segredo para viver de modo autêntico, na consciência de que a passagem pela terra nos prepara para a eternidade.
No entanto, muitas visões antropológicas actuais prometem imortalidades imanentes, teorizam o prolongamento da vida terrena mediante a tecnologia. É o cenário do transumano, que se abre caminho no horizonte dos desafios do nosso tempo. A morte poderia ser verdadeiramente derrotada com a ciência? Contudo, a própria ciência poderia garantir-nos que uma vida sem a morte também é uma vida feliz?
O acontecimento da Ressurreição de Cristo revela-nos que a morte não se opõe à vida, mas é uma sua parte constitutiva, como passagem para a vida eterna. A Páscoa de Jesus faz-nos saborear antecipadamente, neste tempo ainda cheio de sofrimentos e provações, a plenitude do que acontecerá após a morte.
O evangelista Lucas parece captar este presságio de luz na escuridão quando, no final daquela tarde em que as trevas envolveram o Calvário, escreve: «Era o dia da Parasceve e já resplandeciam as luzes do sábado» (Lc 23, 54). Esta luz, que antecipa a manhã da Páscoa, já brilha na escuridão do céu que ainda parece fechado e emudecido. Pela primeira e única vez, as luzes do sábado anunciam antecipadamente a aurora do dia depois do sábado: a nova luz da Ressurreição! Só este acontecimento é capaz de iluminar profundamente o mistério da morte. Nesta luz, e só nela, torna-se verdadeiro o que o nosso coração deseja e espera: ou seja, que a morte não é o fim, mas a passagem para a luz plena, para uma eternidade feliz.
O Ressuscitado precedeu-nos na grande prova da morte, saindo vitorioso graças ao poder do Amor divino. Assim, preparou-nos o lugar do descanso eterno, a casa onde somos esperados; ofereceu-nos a plenitude da vida, onde não há mais sombras nem contradições.
Graças a Ele, morto e ressuscitado por amor, com São Francisco podemos chamar à morte “irmã”. Aguardá-la com a esperança certa da Ressurreição preserva-nos do medo de desaparecer para sempre e prepara-nos para a alegria da vida sem fim! (cf. Santa Sé)
 

PARA REZAR

 


- SALMO 145
 
Refrão: Vinde, Senhor, e salvai-nos!

O Senhor faz justiça aos oprimidos,
dá pão aos que têm fome
e a liberdade aos cativos.
 
O Senhor ilumina os olhos dos cegos,
o Senhor levanta ao abatidos,
o Senhor ama os justos.
 
O Senhor protege os peregrinos,
ampara o órfão e a viúva
e entrava o caminho aos pecadores.
 
O Senhor reina eternamente.
O teu Deus, ó Sião,
é rei por todas as gerações.
 
 

SANTOS POPULARES

 


BEATO PEDRO FRIEDHOFEN
 
Pedro Friedhofen nasceu em Weitersburg, perto de Vallendar, Koblenz, Alemanha, no dia 25 de Fevereiro de 1819. Era o sexto de sete filhos de Pedro Friedhofen e Ana Maria Klug. Tinha apenas um ano quando o seu pai faleceu e, aos nove, perdeu também a mãe: As crianças ficaram em estado de total abandono e pobreza, a ponto de o Município de Vallendar ter de assumir a responsabilidade pelos seus cuidados.Uma bondosa senhora da região cuidou dos três mais novos.
A pobreza impediu Pedro de frequentar, com regularidade, a escola primária. Aos treze anos, após receber a Primeira Comunhão, juntou-se ao seu irmão mais velho, Jacob - o limpador de chaminés da cidade - em Ahrweiler, para aprender esse ofício exigente, porém necessário. Aos 18 anos, tornou-se limpador de chaminés e, graças à sua dedicação e competência, em 1842, aos 23 anos, foi contratado pelo Município de Vallendar como mestre limpador de chaminés.
Impressionado com a indiferença religiosa dos jovens da aldeia, começou a reunir rapazes e raparigas, em grupos separados, para lhes dar formação espiritual. Revitalizou a Associação de São Luís Gonzaga, dinamizando-a e actualizando os seus estatutos.
Cheio de vitalidade religiosa, cantava hinos marianos nos telhados e convidava as crianças, que se reuniam na rua, para se juntarem a ele e cantarem, ao menos, o refrão. Trabalhou, só durante três anos, como limpador de chaminés: contraiu uma grave doença pulmonar que o impediu de continuar nesse trabalho
Aos 26 anos, em 1845, esteve hospedado - durante um curto período - no noviciado redentorista, em Wittem, na Holanda: ficou profundamente tocado pelo fervor que ali reinava e despertou nele o amor pela vida monástica. Poderia ter permanecido em Wittem mas, no dia 27 de Outubro de 1845, faleceu o seu irmão Jacob, deixando dez filhos e uma esposa grávida.
Não querendo abandoná-los à pobreza, e embora já tivesse pedido demissão de limpa-chaminés, foi contratado pela Câmara de Ahrweiler para ocupar o lugar do seu falecido irmão, apesar da gravidade da sua doença.
Pedro Friedhofen continuou a incentivar os jovens da Associação de São Luís Gonzaga para a frequência assídua aos sacramentos, principalmente a Eucaristia. O Bispo de Trier recebeu-o, no dia 2 de Julho de 1847, juntamente com uma delegação juvenil, e aprovou os estatutos da Associação que ele mesmo tinha escrito. Entretanto, conheceu o Padre António Liehs, secretário do Bispo, que se tornou o seu director espiritual e intermediário nas relações com o Bispo.
Em 1848, depois de receber a dádiva de um terreno em Weitersburg, tentou construir uma casa para realizar o seu sonho de auxiliar os enfermos.
O bispo de Trier, D. Guilherme Arnoldi, que já o conhecia, acreditava que Pedro era a pessoa certa para restaurar a Ordem dos Celitas - um Instituto Secular, conhecido como "Irmãos da Misericórdia" - que surgira no séc XIV, na Flandres, para se dedicar a obras de caridade. Tiveram uma acção muito importante, sobretudo, durante a Peste Negra, que atingiu muitos países da Europa: socorriam os doentes e enterravam os mortos.
Pedro foi enviado, juntamente com seu companheiro Carlos Marchand, para um noviciado de um ano, com os Celitas de Aachen, para aprender o seu modo de vida religiosa e como cuidar dos doentes.
No século XVII, os Celitas adoptaram o seu nome definitivo: "Aleixianos", em homenagem ao santo padroeiro da igreja principal de Aachen, Santo Aleixo. No século XVIII, a Ordem entrou em declínio, até ser reformada na Alemanha, em 1854, e reconhecida pelo Papa Pio IX, em 1870.
A experiência, em Aachen, não convenceu Pedro. Ele desejava "novo fogo, novo espírito, novo ímpeto... Quero ajudar os doentes e isso deve servir para me unir mais intimamente a Jesus Cristo e converter os pecadores mais obstinados". Por fim, o Bispo de Trier convenceu-se de que o Instituto dos Celitas não era o lugar certo para ele.
Em 16 de Novembro de 1850, após concluir o seu noviciado, Pedro inaugurou o Convento da sua nova Ordem dos "Irmãos da Misericórdia de Maria Auxiliadora", em Weitersburg. Mas, a sua alegria por estar na sua casa, "pobre, mas limpa" durou pouco. O seu companheiro, Carlos Marchand, começou a protestar, dizendo que Pedro não tinha a formação adequada e necessária para ser o Superior; então, de Aachen, veio um Irmão para o substituir.
Em 15 de Fevereiro de 1851, Pedro transferiu a sede da sua Congregação para Koblenz. O novo início foi muito difícil, mas ele encontrou no pároco, Padre De Lorenzi, uma ajuda preciosa, generosa, eficaz, espiritual e financeira, quer para si, quer para a sua Obra, que estava a crescer. Em 25 de Março de 1851, Pedro recebeu o hábito e, finalmente, no dia 28 de Fevereiro de 1852, o bispo de Trier, D. Arnoldi, decretou o reconhecimento canónico da nova Congregação dos "Irmãos da Misericórdia de Maria Auxiliadora". O hábito seria o dos Irmãos da Misericórdia de Aachen. O Bispo acolheu os votos de Pedro e de um companheiro; estabeleceu, para os membros da Congregação, uma regra de vida e definiu o seu carisma: cuidar dos enfermos. Nomeou o Pároco de Koblenz, Padre Filipe De Lorenzi, seu superior eclesiástico.
Com a ajuda do Padre De Lorenzi, Pedro Friedhofen redigiu a Regra da nova Congregação a partir da Regra dos Celitas. O número de Irmãos multiplicou-se rapidamente, assim como o número de pessoas assistidas em hospitais e em casa. Durante a vida do fundador, o Instituto expandiu-se para além de Koblenz, chegando a Trier, Kylburg, Luxemburgo e, posteriormente, à América, à Ásia, à África e a Roma.
Pedro tornou-se o "superior" dos Irmãos a partir de 14 de Março de 1852 e permaneceu nessa função até à sua morte.
A saúde do Irmão Pedro não era boa. Desde 1843, Pedro sofria de uma grave doença pulmonar e, a partir de 1857, a cada inverno, não conseguia mais visitar os irmãos que viviam fora de Koblenz. Por esse motivo, foi obrigado a escrever sete Cartas Circulares, que, combinadas com um Testamento Espiritual, buscavam incutir nos Irmãos um espírito contemplativo. Pedro estava convencido de que um apostolado eficaz não pode ser exercido sem santidade.
Pedro Friedhofen faleceu, em Koblenz, no dia 21 de Dezembro de 1860. Uma grande multidão compareceu no seu funeral: a Imperatriz Augusta mandou colocar uma grande cruz de pedra sobre o túmulo do antigo e humilde limpa-chaminés.
Em 27 de Julho de 1928, os seus restos mortais foram transladados para Trier, para a Capela de Maria Auxiliadora. Foi beatificado, pelo Papa João Paulo II, no dia 23 de Junho de 1985. (cf. santi beati ) 
 
A sua memória litúrgica é celebrada no dia 21 de Dezembro.
 

sexta-feira, 5 de dezembro de 2025

EM DESTAQUE

 


SOLENIDADE DA IMACULADA CONCEIÇÃO
 
A Igreja celebra, no dia 8 de Dezembro, a Solenidade da Imaculada Conceição da Virgem Santa Maria. Esta solenidade anuncia que Maria, no momento da sua concepção, foi preservada da mancha do pecado original.
Este acontecimento, que a Igreja contempla com admiração e grande alegria, é o início de uma nova história da qual também nós fazemos parte: a história da redenção iniciada por Deus no lar de Ana e Joaquim, pais de Maria. Deus não se rende diante do pecado e do mal; mas, no seu desígnio de amor, está decidido a recriar todas as coisas.
Maria, mulher da nossa condição humana, faz parte do Seu plano salvador desde toda a eternidade. O próprio Deus anunciou a sua extraordinária missão: diante do pecado dos nossos primeiros pais, prometeu solenemente a salvação: "Porei inimizade entre ti [Satanás] e a mulher, e entre a tua descendência e a dela; esta te ferirá a cabeça, e tu a ferirás o calcanhar" (Gen 3,9-15.20).
No jardim do Éden, destruído pelo pecado, Deus restaura os laços de comunhão rompidos pelo pecado e, com um novo começo, continua a sua história de amor pela humanidade, prometendo a vitória por meio dessa mulher que, já naquele momento, surge no horizonte como aquela que se tornará a mãe do Verbo eterno, o Filho do Pai que se fará homem para salvar a humanidade!
A Imaculada Conceição de Maria, que ocorreu tantos séculos depois dessa promessa, é, portanto, o alvorecer de uma nova história, de uma nova humanidade.
Maria é a primeira dos redimidos. Deus Pai aplica a Ela, antecipadamente, os méritos da paixão, morte e ressurreição de Cristo: um mistério de graça, de amor gratuito, um mistério de incomparável beleza que as ciladas de Satanás e as suas constantes tentativas de semear a tragédia na história não podem destruir!
São Lucas, no seu Evangelho (Lc 1,26-38), narra o facto pelo qual Deus preservou Maria do pecado original e A tornou "cheia de graça": ser a Mãe de Jesus, o Filho de Deus.
Em Portugal a Solenidade da Imaculada Conceição é feriado nacional, em reconhecimento da importância desta data na espiritualidade e identidade do país.
O dogma da Imaculada Conceição de Maria foi proclamado no dia 8 de Dezembro de 1854, através da bula ‘Ineffabilis Deus’, na qual o Papa Pio IX declara a santidade da Virgem Santa Maria, desde o primeiro momento da sua existência, sendo preservada do pecado original.
Em Portugal, a primeira celebração do culto da Imaculada Conceição aconteceu na Sé Velha de Coimbra, no dia 8 de Dezembro de 1320, depois de D. Raimundo Evrard, bispo diocesano da altura, ter assinado, no dia 17 de Outubro de 1320, a constituição diocesana que instituiu a festividade da Conceição de Maria.
Esta festividade ganhou maior destaque, em 1385, aquando da batalha de Aljubarrota. Em honra desta esta vitória, o Santo Condestável – São Nuno de Santa Maria - fundou a igreja de Nossa Senhora do Castelo, em Vila Viçosa, e fez consagrar aquele templo a Nossa Senhora da Conceição.
D. João IV, atento a uma religiosidade que também já envolvera a construção de monumentos como o Mosteiro da Batalha, o Convento do Carmo e o Mosteiro da Conceição, coroou a Imagem de Nossa Senhora da Conceição, de Vila Viçosa, como Rainha e Padroeira de Portugal, em 1646.
 
 


SÃO NICOLAU
 
A Igreja celebra, no dia 6 de Dezembro, a memória de São Nicolau, que é, também, o Padroeiro da Paróquia de Santa Maria da Feira.
Nasceu em Patara, uma cidadezinha marítima da Lícia, na Turquia meridional, no séc. III, numa família rica, que o educou na fé cristã.
A sua vida, desde a sua juventude, foi marcada pela obediência. Ainda muito jovem, ao ficar órfão de pai e mãe, Nicolau, recordando-se a passagem evangélica do “Jovem Rico”, usou toda a riqueza, herdade dos seus pais, para ajudar os mais necessitados, os doentes e os pobres.
Foi nomeado Bispo de Mira, no tempo do imperador Diocleciano; foi preso e exilado. Depois da sua libertação, em 325, participou no Concílio de Niceia e faleceu, em Mira, no ano de 343.
São muitos os episódios narrados sobre a vida e actividade de São Nicolau. Todos dão testemunho de uma vida ao serviço dos mais fracos, pequeninos e indefesos.
Uma das histórias mais antigas, transmitidas sobre a vida de São Nicolau, diz respeito a um seu vizinho de casa, que tinha três filhas, já na idade de se casar; mas não tinham dinheiro suficiente para comprar o dote. Para as livrar da prostituição, certa noite, Nicolau colocou dinheiro num pano e atirou-o pela janela da casa do vizinho, e saiu a correr para não ser visto. Graças àquele presente, a filha mais velha do vizinho conseguiu casar-se. O generoso benfeitor repetiu aquele gesto, outras duas vezes, mas, na terceira vez, o pai das jovens saiu rapidamente de casa, para saber quem era aquele benfeitor. Nicolau lhe pediu-lhe para não dizer nada a ninguém.
Outra história diz respeito a três jovens estudantes de teologia que se dirigiam para Atenas. O dono da hospedaria, onde os jovens tinham parado para passar a noite, roubou-os e matou-os, escondendo os seus corpos numa pipa. O Bispo Nicolau, que também viajava para Atenas, parou na mesma hospedaria e, enquanto dormia, teve uma visão sobre o crime cometido pelo dono. Então, recolhendo-se em oração, São Nicolau deu novamente a vida aos três estudantes e obteve a conversão do dono malvado.
Este episódio, como o da libertação misteriosa de Basílio - um rapaz sequestrado por piratas e vendido como escravo a um emir, que segundo a lenda, foi misteriosamente libertado por São Nicolau e apareceu na casa dos seus pais, com o ceptro de ouro do emir – contribuíram para difundir a fama de São Nicolau como padroeiro das crianças e dos jovens.
Durante os anos da sua juventude, Nicolau foi, em peregrinação, à Terra Santa. Passando pelos mesmos caminhos percorridos por Jesus, Nicolau rezou para poder fazer a mesma experiência, mais profunda e solidária, da vida e dos sofrimentos de Jesus. No caminho de regresso, houve uma tremenda tempestade e o navio, em que viajava, estava quase a naufragar. Nicolau pôs-se, discretamente, em oração e o vento e as ondas, de repente, acalmaram-se para admiração dos marinheiros, que temiam o pior.
Depois da morte de São Nicolau, o seu túmulo, em Mira, tornou lugar de peregrinação; as suas relíquias foram consideradas milagrosas, por causa de um misterioso líquido, chamado maná de São Nicolau, que saía lá de dentro. Quando, no século XI, Lícia foi dominada pelos Turcos, os venezianos procuraram apoderar-se das relíquias. Porém, foram precedidos pelos habitantes de Bari. Assim, levaram as relíquias para a Apúlia, em 1087. Dois anos depois, foi concluída a cripta da nova igreja, desejada pelo povo de Bari, no lugar onde estava o palácio do “catapano” (título do alto oficial militar e administrativo do Império Bizantino, especialmente no sul da Itália) bizantino. O papa Urbano II, escoltado pelos cavaleiros normandos, senhores da Apúlia, colocou as relíquias do Santo sob o altar, onde se encontram ainda hoje.
A translação das relíquias de São Nicolau teve um impacto extraordinário em toda a Europa. Na Idade Média, o seu santuário, na Apúlia, tornou-se uma importante meta de peregrinações, com o consequente resultado da difusão do culto de São Nicolau, chamado de Bari e não de Mira.

DA PALAVRA DO SENHOR



II DOMINGO DO ADVENTO

         

“…Tudo o que foi escrito no passado
foi escrito para nossa instrução,
a fim de que, pela paciência e consolação que vêm das Escrituras,
tenhamos esperança.
O Deus da paciência e da consolação vos conceda
que alimenteis os mesmos sentimentos uns para com os outros,
segundo Cristo Jesus,
para que, numa só alma e com uma só voz,
glorifiqueis a Deus, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Acolhei-vos, portanto, uns aos outros,
como Cristo vos acolheu,
para glória de Deus.
Pois eu vos digo que Cristo Se fez servidor dos judeus,
para mostrar a fidelidade de Deus
e confirmar as promessas feitas aos nossos antepassados.
Por sua vez, os gentios dão glória a Deus pela sua misericórdia,
como está escrito:
«Por isso eu Vos bendirei entre as nações
e cantarei a glória do vosso nome»…”
(cf. Romanos 15, 4-9)

 

PALAVRA DO PAPA LEÃO

 


- na Homilia do XXXIII Domingo do Tempo Comum, no dia 16 de Novembro de 2025, na Basílica de São Pedro, Vaticano – Roma., dia mundial dos pobres.
 
Queridos irmãos e irmãs:
Nos últimos domingos do ano litúrgico, somos convidados a olhar para a história nos seus desfechos finais. Na primeira leitura, o profeta Malaquias vislumbra, na chegada do “dia do Senhor”, a entrada num novo tempo. Este é descrito como o tempo de Deus, em que, como um amanhecer que faz surgir um sol de justiça, as esperanças dos pobres e dos humildes receberão, do Senhor, uma resposta final e definitiva, e serão erradicadas, queimadas como se fossem palha, as obras dos ímpios e a sua injustiça, sobretudo em detrimento dos indefesos e dos pobres.
Como sabemos, esse sol de justiça que surge é o próprio Jesus. O dia do Senhor, com efeito, não é apenas o último dia da história, mas é o Reino que se aproxima de cada homem, no Filho de Deus que vem. No Evangelho, usando a típica linguagem apocalíptica do seu tempo, Jesus anuncia e inaugura esse Reino: na realidade, Ele mesmo é o senhorio de Deus que se faz presente no meio aos acontecimentos dramáticos da história. Por isso, eles não devem assustar o discípulo, mas torná-lo ainda mais perseverante no testemunho e consciente de que a promessa de Jesus é sempre viva e fiel: «não se perderá um só cabelo da vossa cabeça» (Lc 21, 18).
Irmãos e irmãs: esta é a esperança à qual nos agarramos, mesmo diante das vicissitudes nem sempre felizes da vida. Ainda hoje, «a Igreja prossegue a sua peregrinação no meio das perseguições do mundo e das consolações de Deus, anunciando a cruz e a morte do Senhor até que Ele venha» (Lumen gentium, 8). E, onde todas as esperanças humanas parecem esgotar-se, torna-se ainda mais firme a única certeza, mais estável do que o céu e a terra, de que o Senhor não deixará que se perca nem um único cabelo da nossa cabeça.
Deus não nos deixa sozinhos nas perseguições, nos sofrimentos, nas dificuldades e nas opressões da vida e da sociedade. Ele manifesta-se como Aquele que toma partido por nós. Toda a Escritura é atravessada por este fio condutor que narra um Deus que está sempre do lado dos mais frágeis, dos órfãos, dos estrangeiros e das viúvas (cf. Dt 10, 17-19). E a proximidade de Deus atinge o ápice do amor no seu filho Jesus: por isso, a presença e a palavra de Cristo tornam-se júbilo e jubileu para os mais necessitados, pois Ele veio para anunciar aos pobres a boa nova e proclamar o ano da graça do Senhor (cf. Lc 4, 18-19).
Neste ano de graça, também nós participamos, precisamente hoje, de modo especial, ao celebrarmos o Jubileu dos Pobres com este Dia Mundial. Toda a Igreja exulta e se alegra, e em primeiro lugar a vós, queridos irmãos e irmãs, desejo transmitir com força as palavras irrevogáveis do próprio Senhor Jesus: «Dilexi te - Eu te amei» (Ap 3, 9). Sim, diante da nossa pobreza e pequenez, Deus olha-nos como ninguém mais e ama-nos com amor eterno. E a sua Igreja, ainda hoje, talvez especialmente neste nosso tempo tão ferido por antigas e novas pobrezas, quer ser «mãe dos pobres, lugar de acolhimento e justiça» (Exort. ap. Dilexi te, 39).
Quantas pobrezas oprimem o nosso mundo! Trata-se, primordialmente, de pobrezas materiais, mas também existem inúmeras situações morais e espirituais, que muitas vezes afectam sobretudo os mais jovens. E o drama que as atravessa todas, transversalmente, é a solidão. Ela desafia-nos a olhar para a pobreza de forma integral, certamente porque, às vezes, é necessário responder às necessidades urgentes, mas, de modo mais geral, é uma cultura da atenção que devemos desenvolver, justamente para quebrar o muro da solidão. Por isso, queremos estar atentos ao outro, a cada um, ali onde estamos e onde vivemos, transmitindo essa atitude já na família, para vivê-la concretamente nos locais de trabalho e de estudo, nas diferentes comunidades, no mundo digital, em toda parte, indo até aos confins e tornando-nos testemunhas da ternura de Deus.
Hoje, o nosso estado de impotência parece ser confirmado, em primeiro lugar, pelos cenários de guerra que, infelizmente, estão presentes em várias regiões do mundo. Mas a globalização dessa impotência nasce de uma mentira: da crença de que a história sempre foi assim e não pode mudar. O Evangelho, de modo diverso, diz-nos que é precisamente nas grandes perturbações da história que o Senhor vem salvar-nos. E nós, comunidade cristã, devemos ser, hoje, sinal vivo dessa salvação, no meio dos pobres.
A pobreza interpela os cristãos, e também todos aqueles que têm funções de responsabilidade na sociedade. Exorto, portanto, os Chefes de Estado e os Responsáveis das Nações a ouvirem o clamor dos mais pobres. Não poderá haver paz sem justiça, e os pobres recordam-nos isso de muitas maneiras: com a sua migração, bem como com o seu grito muitas vezes abafado pelo mito do bem-estar e do progresso que não tem todos em conta e que, em vez disso, esquece muitas criaturas, abandonando-as ao seu destino.
Aos agentes da caridade, aos muitos voluntários, a todos aqueles que se ocupam de aliviar as condições dos mais pobres, expresso a minha gratidão e, ao mesmo tempo, o meu encorajamento a terem cada vez mais consciência crítica na sociedade. Vós sabeis bem que a questão dos pobres remete ao essencial da nossa fé, que para nós eles são a própria carne de Cristo e não apenas uma categoria sociológica (cf. Dilexi te, 110). É por isso que «a Igreja, como mãe, caminha com os que caminham. Onde o mundo vê ameaça, ela vê filhos; onde se erguem muros, ela constrói pontes» (ivi, 75).
Comprometamo-nos todos. Como escreve o apóstolo Paulo aos cristãos de Tessalónica (cf. 2 Ts 3, 6-13), enquanto aguardamos o glorioso regresso do Senhor, não devemos viver uma vida voltada para nós mesmos e num intimismo religioso que se traduz no descompromisso para com os outros e a história. Pelo contrário, buscar o Reino de Deus implica o desejo de transformar a convivência humana num espaço de fraternidade e dignidade para todos, sem excluir ninguém. Está sempre à espreita o perigo de viver como viajantes distraídos, indiferentes ao destino final e desinteressados por aqueles que partilham o caminho connosco.
Neste Jubileu dos Pobres, deixemo-nos inspirar pelo testemunho dos Santos e das Santas que serviram Cristo nos mais necessitados e o seguiram no caminho da pequenez e do despojamento. Em particular, gostaria de propor novamente a figura de São Bento José Labre, que com a sua vida de “vagabundo de Deus” tem as características para ser o padroeiro de todos os pobres sem-abrigo. Que a Virgem Maria, que no Magnificat continua a recordar-nos as escolhas de Deus e se faz voz dos que não têm voz, nos ajude a entrar na nova lógica do Reino, para que na nossa vida de cristãos esteja sempre presente o amor de Deus que acolhe, perdoa, cuida das feridas, consola e cura. (cf. Santa Sé)