PALAVRA COM SENTIDO

PALAVRA COM SENTIDO “… Tu és Pedro…” (cf. Mateus 16, 18) Hoje, Solenidade dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo, no Evangelho Jesus diz a Simão, um dos Doze: «Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja» (Mt 16, 18). Pedro é um nome que tem vários significados: pode designar rocha, pedra ou simplesmente seixo. E, com efeito, se olharmos para a vida de Pedro, encontraremos um pouco destes três aspetos do seu nome. Pedro é uma rocha: em muitos momentos é forte e firme, genuíno e generoso. Deixa tudo para seguir Jesus (cf. Lc 5, 11), reconhece-o como Cristo, Filho de Deus vivo (cf. Mt 16, 16), mergulha no mar para ir depressa ao encontro do Ressuscitado (cf. Jo 21, 7). Além disso, com franqueza e coragem, anuncia Jesus no Templo, antes e depois de ser preso e flagelado (cf. At 3, 12-26; 5, 25-42). A tradição fala-nos também da sua firmeza diante do martírio, que teve lugar precisamente aqui (cf. Clemente Romano, Carta aos Coríntios, V, 4). No entanto, Pedro é também uma pedra: é uma rocha e inclusive uma pedra, adequada para oferecer apoio aos outros: uma pedra que, fundamentada em Cristo, serve de sustentáculo para os seus irmãos na edificação da Igreja (cf. 1 Pd 2, 4-8; Ef 2, 19-22). Também isto encontramos na sua vida: responde ao chamamento de Jesus com André, seu irmão, Tiago e João (cf. Mt 4, 18-22); confirma a disponibilidade dos Apóstolos a seguir o Senhor (cf. Jo 6, 68); cuida de quem sofre (cf. At 3, 6); promove e encoraja o anúncio comum do Evangelho (cf. At 15, 7-11). É “pedra”, é ponto de referência fiável para toda a comunidade. Pedro é rocha, é pedra e também seixo: a sua pequenez sobressai com frequência. Às vezes não compreende o que Jesus faz (cf. Mc 8, 32-33; Jo 13, 6-9); perante a sua captura, deixa-se dominar pelo medo e nega-o, depois arrepende-se e chora amargamente (cf. Lc 22, 54-62), mas não tem a coragem de estar aos pés da cruz. Esconde-se com os outros no cenáculo, com medo de ser aprisionado (cf. Jo 20, 19). Em Antioquia, tem vergonha de estar com os pagãos convertidos, e Paulo exorta-o à coerência neste ponto (cf. Gl 2, 11-14); por último, segundo a tradição do Quo vadis, procura fugir diante do martírio, mas ao longo do caminho encontra Jesus e readquire a coragem de voltar atrás. Em Pedro há tudo isto: a força da rocha, a fiabilidade da pedra e a pequenez de um simples seixo. Não é um super-homem: é um homem como nós, como cada um de nós, que na sua imperfeição diz “sim” a Jesus com generosidade. Mas precisamente assim, nele – como em Paulo e em todos os santos – revela-se que é Deus quem nos torna fortes mediante a sua graça, quem nos une através da sua caridade, quem nos perdoa com a sua misericórdia. E é com esta verdadeira humanidade que o Espírito forma a Igreja. Pedro e Paulo eram pessoas autênticas, e nós, hoje mais do que nunca, precisamos de pessoas autênticas. Agora, olhemos para o nosso íntimo e façamos algumas perguntas a partir da rocha, da pedra e do seixo. A partir da rocha: há em nós ardor, zelo, paixão pelo Senhor e pelo Evangelho, ou é algo que se desintegra com facilidade? E depois, somos pedras, não de tropeço, mas de construção para a Igreja? Trabalhamos pela unidade, interessamo-nos pelos outros, especialmente pelos mais frágeis? Por último, pensando no seixo: estamos conscientes da nossa pequenez? E sobretudo: nas debilidades, confiamo-nos ao Senhor, que realiza grandes coisas com quem é humilde e sincero? Que Maria, Rainha dos Apóstolos, nos ajude a imitar a força, a generosidade e a humildade dos Santos Pedro e Paulo. (cf. Papa Francisco, na Oração do Angelus, Praça de São Pedro, no dia 29 de Junho de 2023)

domingo, 29 de junho de 2025

EM DESTAQUE:


*SOLENIDADE DE SÃO PEDRO E SÃO PAULO
 
A Solenidade de São Pedro e São Paulo, celebrada no dia 29 de Junho, é uma das festas mais significativas do calendário litúrgico da Igreja. Nesta data, a Igreja honra, conjuntamente, dois dos maiores apóstolos de Cristo: diferentes em origem, temperamento e missão, mas unidos pelo mesmo amor a Cristo e pela entrega total ao anúncio do Evangelho, até o martírio.
São Pedro, nascido Simão, foi chamado por Jesus para ser pescador de homens. A ele, o Senhor confiou a missão de ser a pedra sobre a qual edificaria a Sua Igreja (cf. Mt 16,18). Com humildade e fé, Pedro guiou a comunidade nascente, tornando-se o primeiro entre os apóstolos e o primeiro bispo de Roma. Apesar das suas fragilidades — como a negação durante a paixão de Cristo — Pedro representa o apóstolo da fé firme e do arrependimento sincero. Segundo a tradição, sofreu o martírio em Roma, sendo crucificado de cabeça para baixo por não se considerar digno de morrer como o seu Senhor.
São Paulo, por sua vez, é o grande missionário dos gentios. Antes perseguidor da Igreja, teve a sua vida radicalmente transformada por um encontro com o Ressuscitado, no caminho de Damasco (cf. Act 9,1-19). Dotado de uma inteligência aguçada e de uma fé inabalável, Paulo percorreu milhares de quilómetros para anunciar Cristo crucificado e ressuscitado, fundando comunidades e escrevendo cartas que, até hoje, iluminam a fé da Igreja. Também ele foi martirizado em Roma, provavelmente decapitado, devido à sua cidadania romana.
Celebrar estes dois apóstolos é reconhecer neles os fundamentos do cristianismo: Pedro, símbolo da unidade da Igreja, firmeza na fé e fidelidade a Cristo; Paulo, expressão da força missionária e da paixão pelo anúncio do Evangelho. Ambos testemunham que a fé cristã nasce de um encontro pessoal com o Ressuscitado, amadurece na prova e se consuma na entrega total.
O Papa Leão XIV, como sucessor de Pedro, continua a guiar a barca de Pedro, conduzindo o povo de Deus com sabedoria e coragem pelos mares, muitas vezes, agitados da história. A sua missão, enraizada na fé de Pedro, é também alimentada pela audácia e zelo missionário de Paulo, cuja ousadia apostólica continua a inspirar a Igreja a sair ao encontro do mundo, proclamando com renovado ardor a Boa-Nova de Cristo. (cf. paulus.pt) 

DA PALAVRA DO SENHOR

 


XIII DOMINGO COMUM
          - SOLENIDADE DOS APÓSTOLOS
             SÃO PEDRO E SÃO PAULO
         
“…Eu já estou oferecido em libação
e o tempo da minha partida está iminente.
Combati o bom combate,
terminei a minha carreira,
guardei a fé.
E agora já me está preparada a coroa da justiça,
que o Senhor, justo juiz, me há de dar naquele dia;
e não só a mim, mas a todos aqueles
que tiverem esperado com amor a sua vinda.
O Senhor esteve a meu lado e deu-me força,
para que, por meu intermédio,
a mensagem do Evangelho fosse plenamente proclamada
e todos os pagãos a ouvissem;
e eu fui libertado da boca do leão.
O Senhor me livrará de todo o mal
e me dará a salvação no seu reino celeste.
Glória a Ele pelos séculos dos séculos. Amém…” (cf. II Timóteo 4, 6-8.17-18)

PALAVRA DO PAPA LEÃO

 


- na Audiência-Geral, na Praça de São Pedro,  Roma, no dia 25 de Junho de 2025
 
Estimados irmãos e irmãs!
Também, hoje, meditamos sobre as curas de Jesus como sinal de esperança. N’Ele há uma força que, inclusive, nós podemos experimentar quando entramos em relação com a sua Pessoa.
Uma doença muito difundida no nosso tempo é o cansaço de viver: a realidade parece-nos demasiado complexa, pesada, difícil de enfrentar. Então, abatemo-nos, adormecemos na ilusão de que, quando acordarmos, as coisas serão diferentes. Mas, a realidade deve ser enfrentada e, com Jesus, podemos fazê-lo bem. Às vezes, sentimo-nos bloqueados pelo julgamento de quem pretende atribuir rótulos aos outros.
Parece-me que estas situações podem encontrar correspondência numa passagem do Evangelho de Marcos, onde se entrelaçam duas histórias: a de uma menina de doze anos, doente, na cama e prestes a morrer; e a de uma mulher, que sangra, há exactamente doze anos, e procura Jesus para poder ser curada (cf. Mc 5, 21-43).
Entre estas duas figuras femininas, o Evangelista coloca a figura do pai da menina: ele não permanece em casa a queixar-se devido à doença da filha, mas sai e pede ajuda. Embora seja o chefe da sinagoga, não faz reivindicações em virtude da sua posição social. Quando é preciso esperar, não perde a paciência e aguarda. E, quando lhe vêm dizer que a filha está morta, que é inútil incomodar o Mestre, ele continua a ter fé e a esperar.
A conversa deste pai com Jesus é interrompida pela mulher hemorroíssa, que consegue aproximar-se de Jesus e tocar no seu manto (v. 27). Com grande coragem, esta mulher tomou a decisão que muda a sua vida: todos continuavam a dizer-lhe que se mantivesse à distância; que não se mostrasse. Tinham-na condenado a permanecer escondida e isolada. Às vezes, também nós podemos ser vítimas do julgamento dos outros, que pretendem vestir-nos com uma roupa que não é nossa. E, então, sentimo-nos mal e não conseguimos superar a situação.
Aquela mulher toma o caminho da salvação quando nela germina a fé de que Jesus pode curá-la: então, encontra a força para sair e ir à sua procura. Quer, pelo menos, tocar na sua veste.
Havia uma grande multidão ao redor de Jesus, e, por isso, muitas pessoas tocam n’Ele, mas nada lhes acontece. Pelo contrário, quando esta mulher toca em Jesus, fica curada. Onde está a diferença? Comentando este ponto do texto, Santo Agostinho diz, em nome de Jesus: «A multidão aglomera-se à minha volta, mas a fé toca-me» (Sermão 243, 2, 2). É assim: cada vez que praticamos um acto de fé, destinado a Jesus, estabelece-se um contacto com Ele e, imediatamente, brota d’Ele a sua graça. Às vezes, não nos damos conta; mas, de modo secreto e real, a graça chega até nós e, dentro, transforma lentamente a vida.
Talvez ainda hoje, muitas pessoas se aproximem de Jesus de maneira superficial, sem acreditar verdadeiramente no seu poder. Pisamos a superfície das nossas igrejas, mas talvez o coração esteja noutro lugar! Esta mulher, silenciosa e anónima, derrota os seus receios, tocando o coração de Jesus com as suas mãos consideradas impuras por causa da doença. Eis que, imediatamente, se sente curada. Jesus diz-lhe: «Filha, a tua fé te salvou. Vai em paz!» (Mc 5, 34).
Entretanto, levam ao pai a notícia de que a sua filha morreu. Jesus diz-lhe: «Não temas, tem fé» (v. 36). Depois vai a casa e, vendo que todos choram e gritam, diz: «A menina não morreu, mas dorme» (v. 39). Então, entra no quarto onde a menina estava deitada, pega na sua mão e diz: «Talita kum», “Menina, levanta-te!”. A menina levanta-se e põe-se a caminhar (cf. vv. 41-42). Este gesto de Jesus mostra-nos que Ele não só cura de todas as doenças, mas também desperta da morte. Para Deus, que é Vida eterna, a morte do corpo é como o sono. A verdadeira morte é a da alma: devemos ter medo dela!
Um último detalhe: depois de ter ressuscitado a menina, Jesus diz aos pais que lhe deem de comer (cf. v. 43). Eis outro sinal, muito concreto, da proximidade de Jesus à nossa humanidade. Mas, podemos entendê-lo, também, em sentido mais profundo, perguntando-nos: quando os nossos filhos estão em crise e precisam de alimento espiritual, sabemos dá-lo? E como o podemos fazer, se nós próprios não nos nutrimos do Evangelho?
Estimados irmãos e irmãs: na vida, há momentos de desilusão e desânimo; e há, também, a experiência da morte. Aprendamos com aquela mulher, com aquele pai: vamos ao encontro de Jesus: Ele pode curar-nos… pode fazer-nos renascer. Jesus é a nossa esperança! (cf. Santa Sé)

PARA REZAR

 


- SALMO 33

 

Refrão: O Senhor liberta os que n’Ele se refugiam.

 

A toda a hora bendirei o Senhor,
o seu louvor estará sempre na minha boca.
A minha alma gloria-se no Senhor:
escutem e alegrem-se os humildes.

Enaltecei comigo ao Senhor
e exaltemos juntos o seu nome.
Procurei o Senhor e Ele atendeu-me,
libertou-me de toda a ansiedade.

Voltai-vos para Ele e ficareis radiantes,
o vosso rosto não se cobrirá de vergonha.
Este pobre clamou e o Senhor o ouviu,
salvou-o de todas as angústias.

O Anjo do Senhor protege os que O temem
e defende-os dos perigos.
Saboreai e vede como o Senhor é bom:
feliz o homem que n’Ele se refugia.


SANTOS POPULARES

 


BEATO LUÍS OBDÚLIO ARROYO NAVARRO
 
Luis Obdúlio nasceu em Quiriguá, Los Amates-Izabaln Guatemala, no dia 21 de Junho de 1950. Era filho de Inácio Arroyo Vargas e Guadalupe Navarro Montes-. Foi baptizado pelo missionário franciscano veneziano P. Angélico Melotto, pároco de Bananera, que, entretanto foi nomeado Bispo de Sololà. Foi confirmado pelo missionário franciscano P. Herculano Giacomel, novo pároco de Banarera.
Obdúlio, nome pelo qual era mais conhecido, morava a poucos metros da casa paroquial: frequentava-a desde criança, sempre disposto a fazer qualquer serviço solicitado pelo pároco. Aos sete anos de idade, já ajudava à missa como acólito, serviço que manteve até à sua morte.
A sua infância foi tranquila, igual à das outras crianças da sua idade; frequentou a escola de Los Amates, a três quilómetros de Quiriguá.
Ao entrar na idade adulta,  depois de ter trabalhado como mecânico, em Puerto Barrios, foi contratado, como motorista, pelo Município de Los Amates, um trabalho que lhe permitia estar a par de tudo o que ia acontecendo na região. Por isso, foi o primeiro a informar os padres missionários franciscanos sobre o perigo de morte que os ameaçava. A suspeita de que era um informador do exército era, completamente, infundada, pois, como funcionário do município, tinha que se ater a certas regras, mesmo que não concordasse com elas, adoptando um comportamento que não o comprometia e não prejudicava ninguém.
Ao contrário de muitos dos seus pares, Obdúlio manteve-se afastado dos vícios, especialmente do álcool, muito comum entre os habitantes da região. Desde criança, fez uma escolha muito específica por Jesus, assumindo, também, a Regra da Ordem Terceira de São Francisco, apesar da situação sociopolítica da nação guatemalteca.
Não há evidências de que tenha pensado na vida consagrada ou sacerdotal; alguns indícios indicam, antes, que se sentiu atraído pela vida conjugal. Não há notícias de escândalos ou imprudências quanto ao seu comportamento.
Na família, como atestaram as suas irmãs, Obdúlio era muito prestativo: atento às necessidades da casa; amava a família como amava a Igreja; era gentil e cortês com todos.
Cultivava a prática das primeiras sextas-feiras do mês e fazia, com profunda piedade, a sua oração pessoal. Da sua vida de piedade, emergia a total disponibilidade para servir a Deus, a Igreja e os outros; isso permitiu-lhe formar o seu carácter - definido por um coro de testemunhas - bondoso, cortês, alegre, sorridente, humilde, simples e, acima de tudo, prestativo. Era um rapaz saudável, sempre disponível a paróquia sempre pronto para qualquer eventualidade que estivesse ao seu alcance. Acompanhava o pároco, mesmo de carro, quando solicitado.
Tornou-se, também, catequista, cuidando, acima de tudo, da sua formação pessoal. Entrou para a Ordem Franciscana Secular. Pouco antes de morrer, participou na jornada de formação, organizada pelos "Cursilhos de Cristandade". Não era um fanático, era um jovem empenhado em tornar-se útil aos outros.
Os seus conterrâneos consideravam-no um homem honesto e uma boa testemunha da fé.
Era seu hábito quase diário: após terminar o trabalho, no município de Los Amates, voltava para casa, comia e, depois, ia à casa paroquial. Como motorista, disponibilizava-se para levar os catequistas à igreja, especialmente nas primeiras sextas-feiras do mês, para que se confessassem e comungassem em honra do Sagrado Coração de Jesus, prática profundamente sentida naquela região. Com frequência colocava-se à disposição das freiras, do pároco e dos organizadores das reuniões paroquiais.
Um dos seus conterrâneos resume a memória de Obdúlio da seguinte forma: "Ele era um jovem com uma educação muito cristã e muito comprometido com o serviço à Igreja, especialmente através dos Cursilhos, aos quais pertencia. Estava envolvido com o Município e isso permitia-lhe ajudar qualquer pessoa que precisasse do seu trabalho, pois era uma pessoa muito atenciosa e disponível. Ajudava e seguia o Padre Túlio, especialmente, quando ele tinha que ir a outras aldeias ou a outras áreas, para acompanhar os delegados ou por outros motivos ministeriais.
Apesar dos avisos da sua família sobre o perigo que corria ao acompanhar os padres da paróquia, Obdúlio preferiu permanecer perto deles, fiel ao serviço que havia assumido voluntariamente.
Assim, no dia 1 de Julho de 1981, foi morto, juntamente com o seu pároco, Padre Túlio Maruzzo, quando regressavam a casa, após um serviço pastoral.  O carro em que viajavam foi forçado a parar próximo de uma plantação de bananas. Os dois foram obrigados a sair do carro e ameaçados com armas. Foram fuzilados e os seus corpos ficaram abandonados na berma da estrada.
O Vicariato Apostólico de Izabal abriu a causa de beatificação para ambos, desejada pela Província Véneta dos Frades Menores, à qual o Padre Túlio pertencia. A investigação diocesana durou de 31 de janeiro de 2006 a 15 de julho de 2008.
Em 9 de Outubro de 2017, o Papa Francisco autorizou a promulgação do decreto com o qual o catequista Luis Obdúlio Arroyo Navarro e o Padre Túlio Maruzzo foram, oficialmente, reconhecidos como mártires da fé.
A sua beatificação foi celebrada no dia 27 de Outubro de 2018, em Morales, perto de Izabal, na Guatemala.
A memória litúrgica do Beato Luís Obdúlio Arroyo Navarro é celebrada no dia 1 de Julho.

sábado, 21 de junho de 2025

DA PALAVRA DO SENHOR

 


XII DOMINGO COMUM         

“…Todos vós sois filhos de Deus
pela fé em Jesus Cristo,
porque todos vós, que fostes batizados em Cristo,
fostes revestidos de Cristo.
Não há judeu nem grego, não há escravo nem livre,
não há homem nem mulher;
todos vós sois um só em Cristo Jesus.
Mas, se pertenceis a Cristo,
sois então descendência de Abraão,
herdeiros segundo a promessa…” (cf. Gálatas 5, 26-29)

PALAVRA DO PAPA LEÃO

 


- na Audiência-Geral, na Praça de São Pedro,  Roma, no dia 18 de Junho de 2025
 
Estimados irmãos e irmãs!
Continuamos a contemplar Jesus que cura. Hoje, gostaria de vos convidar a pensar, de modo especial, nas situações em que nos sentimos “bloqueados” e fechados num beco sem saída. Com efeito, às vezes, parece-nos que é inútil continuar a esperar: resignamo-nos e já não queremos lutar. Esta situação é descrita nos Evangelhos com a imagem da paralisia. Por isso, hoje, gostaria de meditar sobre a cura de um paralítico, narrada no quinto capítulo do Evangelho de São João (5, 1-9).
Jesus vai a Jerusalém para uma festa dos judeus. Não vai imediatamente ao Templo; detém-se perto de uma porta, onde, provavelmente, se lavavam as ovelhas que depois eram oferecidas nos sacrifícios. Perto daquela porta, paravam, também, muitos doentes que, ao contrário das ovelhas, eram excluídos do Templo por serem considerados impuros! Assim, é o próprio Jesus que vai ao encontro deles, na sua dor. Estas pessoas esperavam um milagre que pudesse mudar o seu destino. Com efeito, ao lado da porta, havia uma piscina, cujas águas eram consideradas milagrosas, isto é, capazes de curar: em certos momentos, a água agitava-se e, segundo a crença daquela época, quem se imergisse primeiro ficava curado.
Assim, criava-se uma espécie de “guerra entre pobres”: podemos imaginar a triste cena destes doentes que se arrastavam, cansativamente, para entrar na piscina. Aquela piscina chamava-se Betesda, que significa “casa da misericórdia”: poderia ser uma imagem da Igreja, onde se reúnem os doentes e os pobres; onde o Senhor vem para curar e dar esperança.
Jesus dirige-se, especificamente, a um homem que está paralisado há trinta e oito anos. Já está resignado, porque nunca consegue imergir-se na piscina quando a água se agita (cf. v. 7). Com efeito, muitas vezes, o que nos paralisa é precisamente a desilusão. Sentimo-nos desanimados e corremos o risco de cair na preguiça.
A este paralítico, Jesus faz uma pergunta que pode parecer supérflua: «Queres ficar curado?» (v. 6). No entanto, é uma pergunta necessária, pois quando se está bloqueado há tantos anos, pode faltar até a vontade de se curar. Às vezes, preferimos permanecer na condição de doentes, obrigando os outros a cuidar de nós. É, por vezes, até, um pretexto para não decidir o que fazer da nossa vida. Jesus, pelo contrário, remete este homem para o seu desejo mais verdadeiro e profundo.
Efectivamente, este homem responde de maneira mais articulada à pergunta de Jesus, revelando a sua visão da vida. Em primeiro lugar, diz que não tem ninguém que o mergulhe na piscina: portanto, a culpa não é dele, mas dos outros que não cuidam dele. Esta atitude torna-se pretexto para evitar as próprias responsabilidades. Mas é realmente verdade que não havia ninguém que o ajudasse? Eis a resposta iluminadora de Santo Agostinho: «Sim, para ser curado, tinha absolutamente necessidade de um homem, mas de um homem que também fosse Deus. [...] Portanto, chegou o homem que era necessário; porquê continuar a adiar a cura?» (Homilia 17, 7).
Depois, o paralítico acrescenta que, quando procura entrar na piscina, há sempre alguém que chega antes dele. Este homem exprime uma visão fatalista da vida. Pensamos que as coisas nos acontecem porque não temos sorte, porque o destino nos é adverso. Este homem está desanimado! Sente-se derrotado na luta da vida.
No entanto, Jesus ajuda-o a descobrir que a sua vida está também nas suas mãos. Convida-o a levantar-se, a sair da sua situação crónica e a pegar na sua enxerga (cf. v. 8). Aquele catre não deve ser deixado nem abandonado: representa o seu passado de doença, é a sua história. O passado bloqueou-o até àquele momento; obrigou-o a ficar deitado como um morto. Agora é ele que pode pegar naquela enxerga e levá-la para onde quiser: pode decidir o que fazer com a sua história! Trata-se de caminhar, assumindo a responsabilidade de escolher que caminho seguir. E isto graças a Jesus!
Caríssimos irmãos e irmãs: peçamos ao Senhor o dom de compreender onde a nossa vida se bloqueou. Procuremos dar voz ao nosso desejo de cura. E oremos por todos aqueles que se sentem paralisados, que não vêem uma saída. Peçamos para voltar a habitar no Coração de Cristo, que é a verdadeira casa da misericórdia! (cf. Santa Sé)

PARA REZAR


 


- SALMO 62

 

Refrão: A minha alma tem sede de Vós, meu Deus.

 

Senhor, sois o meu Deus: desde a autora Vos procuro.

A minha alma tem sede de Vós.

Por Vós suspiro,

como terra árida, sequiosa, sem água.

 

Quero contemplar-Vos no santuário,

para ver o vosso poder e a vossa glória.

A vossa graça vale mais que a vida:

por isso os meus lábios hão de cantar-Vos louvores.

 

Assim Vos bendirei toda a minha vida

e em vosso louvor levantarei as mãos.

Serei saciado com saborosos manjares

e com vozes de júbilo Vos louvarei.

 

Porque Vos tornastes o meu refúgio,

exulto à sombra das vossas asas.

Unido a Vós estou, Senhor,

a vossa mão me serve de amparo.

SANTOS POPULARES

 


BEATO ANDRÉ JACINTO LONGHIN

Jacinto Boaventura nasceu no dia 22 de Novembro de 1863, em Fiumicello di Campodarsego, província e diocese de Pádua, Itália. Era filho de Mateus Longhin e de Judite Marin, agricultores arrendatários, pobres e muito religiosos. Foi baptizado no dia 23 de Novembro.
Desde criança, dizia querer ser sacerdote, numa congregação religiosa Aos dezasseis anos, entrou para o noviciado na Ordem dos Capuchinhos e assumiu o nome ‘André de Campodarsego’.
Depois de concluir os estudos humanísticos, em Pádua, e os estudos teológicos, em Veneza, foi ordenado sacerdote aos 23 anos, no dia 19 de Junho de 1886.
Durante 18 anos, foi director espiritual e professor de jovens religiosos, revelando-se um guia seguro e um mestre iluminado. Em 1902, foi eleito ministro provincial dos Capuchinhos Venezianos. Nessa época, em Veneza, foi "descoberto" pelo Patriarca José Sarto, (futuro Papa Pio X) que o envolveu na pregação e em muitos delicados ministérios diocesanos.
Pio X era Papa há poucos meses quando, no dia 13 de Abril de 1904, nomeou, pessoalmente, Frei André, Bispo de Treviso e quis que ele fosse ordenado, em Roma, alguns dias depois, na igreja da Santissima Trinità dei Monti (Santíssima Trindade dos Montes), pelo Cardeal Merry del Val.
O novo Bispo da Diocese de Treviso tomou posse, no dia 6 de Agosto, precedido por duas cartas pastorais que indicavam o seu programa de reforma. No ano seguinte, iniciou a sua primeira visita pastoral, que durou quase cinco anos: desejava conhecer a sua Igreja, uma das maiores e mais populosas do Véneto; desejava estabelecer contacto pessoal com o seu clero, a quem dedicaria o seu cuidado pastoral; pretendia, também, aproximar-se dos leigos organizados, que, naquela época, passavam por severas provações no contexto do movimento social católico. Concluiu a visita com a celebração do Sínodo, que pretendia implementar, na Diocese, as reformas iniciadas pelo Papa Pio X, capacitar a Igreja local para ser "militante" e convocar todos, sacerdotes e leigos, à santidade da vida.
Reformou o seminário diocesano, qualificando os seus estudos e a sua formação espiritual; promoveu Retiros para o Clero e, num programa de formação permanente, que ele mesmo traçava anualmente, orientou a sua ação pastoral com indicações precisas que verificou nas três visitas pastorais sucessivas.
Quando eclodiu a Primeira Guerra Mundial (1915-1918), Treviso estava na linha de frente: sofreu invasões e os primeiros bombardeamentos aéreos que destruíram a cidade e mais de 50 paróquias. O Bispo Longhin permaneceu no seu cargo, mesmo quando as autoridades civis se retiraram. E apelou aos seus padres que fizessem o mesmo, a menos que tivessem que acompanhar as suas populações refugiadas. Governou os destinos da cidade com coragem heroica; foi uma referência religiosa, moral e civil para todas as comunidades devastadas pelo conflito; prestou assistência aos soldados, aos doentes e aos pobres. Tranquilizando a todos, nunca cedeu ao partidarismo ou à retórica bélica; no entanto, foi acusado de derrotismo. Muitos padres foram julgados e condenados.
Nos laboriosos anos de reconstrução material e espiritual, ele retomou a segunda série de visitas pastorais que havia interrompido. Nas graves tensões sociais que dividiam os próprios católicos, o bispo foi um guia seguro: com força evangélica, indicou que a justiça e a paz social exigiam o caminho estreito da não-violência e da união dos católicos. O movimento fascista fortalecia-se, e, em Treviso, ocorreram episódios de violência, especialmente contra organizações católicas. O Bispo Longhin realizou a terceira série de visitas pastorais, de 1926 a 1934, para fortalecer a fé das comunidades paroquiais: a Igreja militante, na sua concepção, era uma Igreja inteiramente voltada para a santidade e preparada para o martírio.
O Papa Pio XI tinha-o em alta consideração e confiou-lhe a delicada tarefa de ‘Visitador Apostólico’: primeiro, em Pádua e, depois, em Údine, para restaurar a paz nas dioceses atormentadas pelas divisões entre o clero e o Bispo.
Tendo sido nomeado Arcebispo Titular de Patrasso, no dia 4 de Outubro de 1928, começou a sentir as primeiras manifestações de arteriosclerose e, em 1935, perdeu totalmente a vista, pondo termo à sua dinâmica actividade pastoral.
Deus quis purificar este seu servo fiel com uma doença que o privou, progressivamente, das suas faculdades mentais, e que ele sofreu com extraordinária fé e total abandono à vontade de Deus.
O Bispo André Jacinto Longhin faleceu no dia 26 de Junho de 1936.
Já em vida, tinha fama de santidade: pela sua caridade heroica e pela sua sábia orientação evangélica. Com a sua morte, a devoção ao santo pastor fortaleceu-se e difundiu-se, rapidamente, pelas dioceses de Treviso e de Pádua, e na Ordem dos Capuchinhos, exaltando as suas virtudes e invocando a sua intercessão.
O vínculo singular entre D. André Jacinto Longhin e o Papa São Pio X era, fundamentalmente, espiritual: a santidade de um recorda e quase gera a santidade do outro; ambos viveram para a Igreja e com a Igreja, concebendo o ministério pastoral como formação à santidade e toda a vida da Igreja como testemunho de ser "santa e imaculada". Ambos foram impelidos a tornarem-se "modelos do rebanho", nas pegadas de Cristo Bom Pastor. O Bispo Longhin identificou-se com a sua Igreja, a ponto de assumir todos os seus acontecimentos históricos, vivendo-os em primeira pessoa e também pagando por isso. A espiritualidade franciscana, no rigor da Ordem Capuchinha, sempre guiou D. Longhin, não apenas numa vida ascética, exigente e fiel (oração e penitência), mas numa tensão evangélica sem ceder: o absoluto de Deus, a obediência "religiosa" à Igreja, a pobreza como liberdade de todas as coisas do mundo. A sua obra de reforma também lhe trouxe cruzes e sofrimentos, tanto por parte do clero, que não estava disposto a segui-lo, no caminho da renovação, quanto por parte dos leigos, ancorados em interesses materiais ou alinhados a posições partidárias. Ele foi combatido pelo fascismo, que preferiu vingar-se dos padres e leigos organizados, causando ao pastor maior dor do que se o tivesse ferido pessoalmente. Até o fim, ele permaneceu o líder de uma Igreja militante que não cedeu à violência ou à bajulação. Na caridade, que exerceu com extraordinária dedicação, não teve fraqueza, convencido de que ela sempre exigia a verdade. Nele, fortaleza e humildade estavam maravilhosamente unidas. O fruto do seu testemunho de santidade e da sua corajosa liderança pastoral é que a Igreja de Treviso, naquela época da sua história, deu numerosos santos, entre padres, religiosos e leigos.
O Bispo D. André Jacinto Longhin foi beatificado, pelo Papa João Paulo II, no dia 20 de Outubro de 2002. Na homilia, referindo-se ao Santo Bispo, o Papa disse: “…"Chamei-te pelo nome" (Is 45, 4). As palavras com que o profeta Isaías indica a missão confiada por Deus aos seus próprios eleitos exprimem bem a vocação de André Jacinto Longhin, humilde capuchinho que, durante 32 anos, foi Bispo da Diocese de Treviso, no alvorecer no século passado, do século XX. Ele foi um Pastor simples e pobre, humilde e generoso, sempre disponível para com o próximo, segundo a mais autêntica tradição capuchinha.
Chamavam-lhe o ‘Bispo das coisas essenciais’. Numa época assinalada por acontecimentos dramáticos e dolorosos, mostrou-se como um pai para os sacerdotes e como um pastor zeloso pelas pessoas, pondo-se sempre ao lado dos seus fiéis, especialmente nos momentos de dificuldade e de perigo. Assim, antecipou aquilo que o Concílio Vaticano II havia de realçar, indicando na evangelização "um dos principais deveres dos Bispos" (Christus Dominus, 12; cf. também Redemptoris missio, 63).
A sua memória litúrgica é celebrada no dia 26 de Junho.
 

domingo, 15 de junho de 2025

EM DESTAQUE:


SOLENIDADE DA SANTÍSSIMA TRINDADE~

Domingo passado, com a Solenidade de Pentecostes, terminou o tempo Pascal e, a partir de segunda-feira, voltou o tempo Comum: tempo da Igreja; tempo em que somos chamados a viver o Evangelho, na normalidade da vida quotidiana, dando testemunho da alegria de sermos discípulos de Jesus crucificado e ressuscitado. Se pararmos um pouco e olharmos para trás, podemos compreender o único desígnio de Deus: do Céu, Deus Pai viu como os homens - depois do pecado de Adão e Eva (Gen 3) - se desviaram, sem conseguir encontrar o caminho de volta para o Céu; Deus enviou os profetas para ajudá-los a reencontrar o caminho, mas eles, não só não os ouviram, mas mataram-nos (Cf. Mt 23,34). Por fim, movido de compaixão, enviou-lhes o seu único Filho: "Deus fez-se carne e habitou entre nós" (Natal, Jo 1,14). Assim, Jesus, Filho de Deus, compartilhou a nossa condição humana - em tudo igual a nós, excepto no pecado - recordando-nos que fomos criados por Deus, somos seus filhos e Deus é Pai. Com as suas palavras ea sua vida, Jesus indicou-nos, na Verdade, o caminho para voltar ao Pai, à Vida Eterna. Desta forma, Jesus revelou-nos o rosto do Pai: “Quem me vê, vê o Pai” (Jo 14,9), recordando-nos que o caminho para o Céu é possível para todos. Por isso, não devemos temer; não devemos ter vergonha... pois, Deus Pai é Amor, Fidelidade, Misericórdia. Obediente ao Pai, Jesus morreu na cruz para nos salvar. Ao terceiro dia, ressuscitou! Assim, ao vencer o pecado e a morte, abriu-nos o caminho para voltar ao seu e nosso Pai (Páscoa): um caminho que podemos percorrer com confiança, porque Jesus subiu ao Céu e deu-nos o Espírito Santo (Pentecostes). Este foi o seu primeiro dom aos fiéis: um Amor, que se tornou pessoa, derramado sobre nós, para que pudéssemos viver como filhos de Deus. Deste modo, entendemos porque, hoje, a liturgia nos faz viver a solenidade da Santíssima Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo, uma espécie de síntese e, sobretudo, meta do caminho até agora percorrido.
Este Deus, que se apresenta como Uno e Trino, não está distante, como parece, mas tão perto de nós, como Pão partido, Corpus Christi, que celebraremos na próxima quinta-feira. Pão dos Anjos e caminho para o Céu. Trata-se de um dom que custodia e revela o Sagrado Coração de Jesus, solenidade que celebraremos depois de Corpus Christi.
Estas três celebrações litúrgicas representam o mistério da nossa fé, revelado nestes meses: do Natal à morte e ressurreição de Jesus, à Ascensão ao Céu e Pentecostes.
A heresia ariana - que colocava em dúvida a divindade de Jesus e o vínculo da Santíssima Trindade, condenada pelos Concílios de Nicéia (Credo Niceno de 325) e de Constantinopla (Credo Niceno-Constantinopolitano de 381), - favoreceu uma grande devoção à Trindade, tanto nas pregações como nas práticas de piedade. Depois, por volta do século VIII, apareceram, nos prefácios litúrgicos, referências à doutrina sobre a Santíssima Trindade. Por volta do ano Oitocentos, começou a celebrar-se, num domingo, uma Missa votiva em sua homenagem, uma decisão adversa, porque todo domingo compreende a memória da Trindade. Enfim, em 1334, o Papa João XXII introduziu a festa em toda a Igreja. (cf. vaticannews)

DA PALAVRA DO SENHOR



DOMINGO DA SANTÍSSIMA TRINDADE       

“…Tendo sido justificados pela fé,
estamos em paz com Deus, por Nosso Senhor Jesus Cristo,
pelo qual temos acesso, na fé,
a esta graça em que permanecemos e nos gloriamos,
apoiados na esperança da glória de Deus.
Mais ainda, gloriamo-nos nas nossas tribulações,
porque sabemos que a tribulação produz a constância,
a constância a virtude sólida,
a virtude sólida a esperança.
Ora, a esperança não engana,
porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações
pelo Espírito Santo que nos foi dado…” (cf. Romanos 5, 1-5) 

PALAVRA DO PAPA LEÃO

 


- na Audiência-Geral, na Praça de São Pedro,  Roma, no dia 11 de Junho de 2025
 
Estimados irmãos e irmãs!
Com esta catequese, gostaria de orientar o nosso olhar para outro aspecto essencial da vida de Jesus: ou seja, as suas curas. Por isso, convido-vos a colocar diante do Coração de Cristo as vossas partes mais dolorosas ou frágeis, aqueles lugares da vossa vida onde vos sentis parados e bloqueados. Peçamos ao Senhor, com confiança, que ouça o nosso grito e nos cure!
O personagem que nos acompanha nesta reflexão ajuda-nos a compreender que nunca devemos abandonar a esperança, mesmo quando nos sentimos perdidos. Trata-se de Bartimeu, cego e mendigo, que Jesus encontrou em Jericó (cf. Mc 10, 40-52). O lugar é significativo: Jesus está a caminho de Jerusalém, mas inicia a sua viagem, por assim dizer, a partir do “submundo” de Jericó, uma cidade abaixo do nível do mar. Com efeito, com a sua morte, Jesus foi recuperar aquele Adão que caiu em baixo e que representa cada um de nós.
Bartimeu significa “filho de Timeu”: descreve aquele homem através de uma relação, mas está dramaticamente só. No entanto, este nome poderia significar também “filho da honra”, ou “da admiração”, exactamente o oposto da situação em que se encontra (é a interpretação dada, também, por Agostinho, em ‘O consenso dos evangelistas, 2, 65, 125: PL 34, 1138). E dado que o nome é tão importante na cultura judaica, significa que Bartimeu não consegue viver o que é chamado a ser.
Além disso, contrariamente ao grande movimento de pessoas que caminham atrás de Jesus, Bartimeu está parado. O evangelista diz que está sentado ao longo da estrada e, portanto, que precisa de alguém que o ponha de pé e o ajude a retomar o caminho.
O que podemos fazer quando nos encontramos numa situação que parece sem saída? Bartimeu ensina-nos a apelar aos recursos que temos em nós e que fazem parte de nós. Ele é um mendigo, sabe pedir, aliás, consegue gritar! Se desejas realmente algo, fazes tudo para o poder alcançar, até quando os outros te censuram, te humilham e te dizem para desistir. Se o desejas realmente, continua a gritar!
O grito de Bartimeu, descrito no Evangelho de Marcos - «Filho de David, Jesus, tende piedade de mim!» (v. 47) - tornou-se uma oração bem conhecida, na tradição oriental, que também nós podemos utilizar: «Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, tende piedade de mim, pecador!».
Bartimeu é cego, mas, paradoxalmente, vê melhor do que os outros e reconhece quem é Jesus! Perante o seu grito, Jesus detém-se e chama-o (cf. v. 49), pois não há grito que Deus não ouça, até quando não estamos conscientes de nos dirigirmos a Ele (cf. Ex 2, 23). Parece estranho que, diante de um cego, Jesus não vá imediatamente ter com ele; contudo, se pensarmos bem, é o modo de reactivar a vida de Bartimeu: impele-o a levantar-se, confia na sua possibilidade de caminhar. Aquele homem pode voltar a pôr-se de pé; pode ressurgir das suas situações de morte. Mas, para o fazer, deve realizar um gesto muito significativo: deve abandonar o seu manto (cf. v. 50)!
Para um mendigo, o manto é tudo: é a segurança, é a casa, é a defesa que o protege. Até a lei tutelava o manto do mendigo e impunha que fosse devolvido à noite, se tivesse sido penhorado (cf. Ex 22, 25). No entanto, muitas vezes, o que nos bloqueia são precisamente as nossas aparentes seguranças; aquilo que vestimos para nos defendermos e que, pelo contrário, nos impede de caminhar. Para ir ao encontro de Jesus e para se deixar curar, Bartimeu deve expor-se a Ele em toda a sua vulnerabilidade. Esta é a passagem fundamental para qualquer caminho de cura.
Até a pergunta que Jesus lhe dirige parece estranha: «Que queres que eu te faça?» (v. 51). Mas, na realidade, não é óbvio que queiramos ser curados das nossas doenças, às vezes preferimos ficar parados para não assumir responsabilidades. A resposta de Bartimeu é profunda: utiliza o verbo anablepein, que pode significar “ver de novo”, mas que poderíamos traduzir também como “elevar o olhar”. Com efeito, Bartimeu não só quer voltar a ver, mas também quer recuperar a sua dignidade! Para elevar o olhar, é preciso levantar a cabeça. Às vezes, as pessoas estão bloqueadas porque a vida as humilhou e só desejam reencontrar o seu valor.
O que salva Bartimeu, e cada um de nós, é a fé. Jesus cura-nos para podermos ser livres. Ele não convida Bartimeu a segui-lo, mas diz-lhe que ande, que se ponha novamente a caminho (cf. v. 52). Mas, Marcos conclui a narração, referindo que Bartimeu começou a seguir Jesus: escolheu, livremente, seguir aquele que é o Caminho!
Caros irmãos e irmãs: levemos com confiança a Jesus as nossas enfermidades e, também, as dos nossos entes queridos; levemos a dor de quantos se sentem perdidos e sem saída. Clamemos, também, por eles, certos de que o Senhor nos ouvirá e se deterá.  (cf. Santa Sé)

PARA REZAR



- SALMO 8

 

Refrão: Como sois grande em toda a terra, Senhor, nosso Deus!

 

Quando contemplo os céus, obra das vossas mãos,
a lua e as estrelas que lá colocastes,
que é o homem para que Vos lembreis dele,
o filho do homem para dele Vos ocupardes? Refrão

Fizestes dele quase um ser divino,
de honra e glória o coroastes;
destes-lhe poder sobre a obra das vossas mãos,
tudo submetestes a seus pés: Refrão

Ovelhas e bois, todos os rebanhos,
e até os animais selvagens,
as aves do céu e os peixes do mar,
tudo o que se move nos oceanos. Refrão

  

SANTOS POPULARES

 


BEATO FRANCISCO PACHECO E COMPANHEIROS
 
Os jesuítas, sob a liderança de São Francisco Xavier (1506-1552), foram os primeiros a iniciar a evangelização do Japão, que se desenvolveu com resultados notáveis ​​nas décadas seguintes a 1549, a ponto de, em 1587, haver aproximadamente 300.000 católicos japoneses, com o seu principal centro em Nagasaki.
Mas, em 1587, o xogum (marechal da coroa) Hideyoshi, chamado de Taicosama pelos cristãos, que até então demonstrava condescendência para com os católicos, emitiu um decreto de expulsão contra os jesuítas (então a única ordem religiosa presente no Japão) por razões não esclarecidas.
O decreto foi parcialmente cumprido, mas a maioria dos jesuítas permaneceu no país, implementando uma estratégia de prudência, em silêncio e sem interferência externa, continuando, cautelosamente, o trabalho de evangelização.
Tudo isso até 1593, quando alguns frades franciscanos desembarcaram no Japão, vindos das Filipinas e, diferentemente dos jesuítas, começaram a pregar, publicamente, sem cautela. Somaram-se, a isso, complicações políticas entre a Espanha e o Japão, que provocaram a reacção do xogum Hideyoshi, que emitiu a ordem de aprisionar os franciscanos e alguns neófitos japoneses.
As primeiras prisões ocorreram em 9 de Dezembro de 1596, e os 26 presos, incluindo três jesuítas japoneses, foram martirizados em 5 de Fevereiro de 1597. Os primeiros mártires do Japão foram crucificados e trespassados, ​​na região de Nagasaki, que, mais tarde, tomou o nome de "monte sagrado" e foi proclamado santo pelo Papa Pio IX, em 1862.
Após um período de trégua, e apesar da perseguição sofrida, a comunidade católica aumentou, também devido à chegada de outros missionários, não apenas jesuítas e franciscanos, mas também dominicanos e agostinianos.
Mas, em 1614, a grande comunidade católica sofreu uma furiosa perseguição decretada pelo xogum Ieyasu (Taifusama), que se prolongou por várias décadas, destruindo, quase completamente, a comunidade no Japão, causando muitos mártires, mas também muitas apostasias entre os fiéis japoneses aterrorizados.
As razões que levaram a essa longa e sangrenta perseguição foram várias, começando pela inveja dos bonzos budistas que ameaçavam a vingança dos seus deuses; depois, o medo de Ieyasu e dos seus sucessores, Hidetada e Iemitsu, pela crescente influência da Espanha e de Portugal, terras da maioria dos missionários, que eram considerados seus espiões, pelas intrigas dos violentos calvinistas holandeses; e, finalmente, pela imprudência de muitos missionários espanhóis.
De 1617 a 1632, a perseguição atingiu o seu pico mais alto de vítimas; as torturas, de acordo com o estilo oriental, eram variadas e refinadas, não poupando nem mesmo as crianças; os mártires pertenciam a todas as condições sociais, de missionários e catequistas, a nobres de famílias reais; de senhoras ricas a jovens virgens; de idosos a crianças; de pais de família a padres japoneses.
A maioria foi amarrada a um poste e queimada lentamente, de modo que a "colina sagrada" de Nagasaki ficou, sinistramente, iluminada pela fileira de tochas humanas, durante noites e noites; outros foram decapitados ou cortados membro por membro.
Não listaremos, aqui, as outras dezenas de tormentos mortais aos quais foram submetidos, para não criar uma galeria de horrores, mesmo que, infelizmente, eles testemunhem como a maldade humana, quando desenfreada na invenção de formas cruéis para infligir aos seus semelhantes, supera qualquer comparação com a ferocidade dos animais, que pelo menos agem por instinto e para obter alimento.
Além dos primeiros 26 santos mártires, de 1597, já mencionados, a Igreja, por meio da recolha de testemunhos, pôde reconhecer a validade do martírio de, pelo menos, 205 vítimas, entre os milhares que perderam as suas vidas, anonimamente, e o Papa Pio IX pôde proclamá-los beatos, em 7 de Julho de 1867.
Dos 205 beatos, 33 eram da Ordem da Companhia de Jesus (Jesuítas); 23 Agostinianos e Terciários Agostinianos Japoneses; 45 Dominicanos e Terciários da Ordem do Rosário; 28 Franciscanos e Terciários; todos os outros eram fiéis japoneses ou famílias inteiras, muitos dos quais eram Irmãos do Rosário.
Não há uma celebração única para todos, mas as Ordens religiosas, em grupos ou individualmente, definiram o seu próprio dia de celebração.
 
O grupo de 33 jesuítas inclui o padre português Francisco Pacheco, que nasceu em Ponte de Lima, diocese de Viana do Castelo, em 1556, de pais nobres. Era filho de Garcia Lopes Pacheco e Maria Borges de Mesquita. Desde a adolescência foi atraído pelos empreendimentos dos missionários, naquela época de grandes descobertas geográficas e de aproximação de povos de outras civilizações.
Aos 30 anos, entrou na Companhia de Jesus e, seis anos depois, em 1592, obteve permissão para ser enviado, como missionário, para o Extremo Oriente. Durante 12 anos, esteve, primeiro, na Índia; depois, em Macau. Em 1604, obteve permissão para se mudar para o Japão, onde desenvolveu o seu apostolado em várias áreas, obtendo excelentes resultados.
Depois, voltou a Macau para dirigir o Instituto Jesuíta; mais tarde regressou ao Japão, de onde foi expulso, devido à perseguição.
Retornou à Terra do Sol Nascente, quase imediatamente, e colaborou com o bispo Cerqueira, de quem se tornou vigário e depois o substituiu como Administrador Apostólico. Em vez de Nagasaki, estabeleceu-se em Cocinotzu d'Arima, um local próximo ao mar e considerado mais seguro.
Quando a perseguição recomeçou, um cristão apóstata denunciou o esconderijo, onde se tinha refugiado com dois irmãos cristãos fiéis. Foi capturado, com eles, em 18 de Dezembro de 1625. O mesmo destino recaiu sobre o Irmão coadjutor, Gaspar Sadamatzu e sobre o casal que o acolheu.
Foram levados para a prisão de Samabara, onde receberam tratamentos terríveis, ficando expostos aos elementos naturais do inverno; durante a sua prisão, o Padre Francisco admitiu, na Companhia de Jesus, os seus três catequistas japoneses, Rinscei, Xinsuki e Kinsaco.
Em 17 de Junho de 1626, foram transferidos para Nagasaki, por ordem do governador Cavaci, e, em 20 de Junho de 1626, o Padre Francisco Pacheco foi queimado vivo, nas colinas da cidade, com outros oito religiosos da Companhia de Jesus. As suas cinzas foram, então, espalhadas no mar.
O grupo, cuja memória litúrgica é celebrada é no dia 20 de Junho, era composto da seguinte forma: Francisco Pacheco (português), Baldassarre de Torres (espanhol), João Baptista Zola (italiano), Pedro Rinscei (japonês), Vicente Caun (coreano), João Kinsaco (japonês), Paulo Xinsuki (japonês), Miguel Tozò (japonês) e Gaspar Sadamatzu (japonês), irmão coadjutor.
Em 12 de Julho de 1626, foram mortos os fiéis cristãos que os ajudaram: os irmãos Mâncio e Matias Araki e o casal Pedro Cioboie e Susana Araki.
Foram beatificados, pelo Papa Pio IX, no dia 7 de Julho de 1867.
 

sábado, 7 de junho de 2025

EM DESTAQUE:

 


SOLENIDADE DO PENTECOSTES
 
A Igreja celebra, neste Domingo, 8 de Junho, a Solenidade de Pentecostes. Esta solenidade faz memória da descida do Espírito Santo sobre os Apóstolos, reunidos no Cenáculo.
Esta festa de Pentecostes tem as suas raízes no judaísmo, onde era conhecida como a ‘Festa das Semanas’, originalmente uma celebração agrícola que marcava o fim da colheita do trigo e a entrega da Lei a Moisés, no Monte Sinai.
Para os cristãos, o Pentecostes adquiriu um outro significado, depois da Ressurreição de Jesus Cristo e da Sua ascensão ao céu. O livro dos Actos dos Apóstolos relata que, cinquenta dias depois da Páscoa, os Apóstolos e outros discípulos estavam reunidos, no mesmo lugar, quando ficaram "cheios do Espírito Santo", com manifestações como as línguas de fogo e o dom de falar em línguas estranhas. Este acontecimento é frequentemente considerado como o nascimento da Igreja, cuja missão é anunciar o Evangelho a todos os povos.

DA PALAVRA DO SENHOR


 

DOMINGO DE PENTECOSTES      

“…Quando chegou o dia de Pentecostes,
os Apóstolos estavam todos reunidos no mesmo lugar.
Subitamente, fez-se ouvir, vindo do Céu,
um rumor semelhante a forte rajada de vento,
que encheu toda a casa onde se encontravam.
Viram então aparecer uma espécie de línguas de fogo,
que se iam dividindo,
e poisou uma sobre cada um deles.
Todos ficaram cheios do Espírito Santo…”
(cf. Actos dos Apóstolos 2, 1-4)


PALAVRA DO PAPA LEÃO



 

- na Audiência-Geral, na Praça de São Pedro,  Roma, no dia 28 de Maio de 2025
 
Estimados irmãos e irmãs!
Desejo reflectir novamente sobre uma parábola de Jesus. Também, neste caso, trata-se de uma narração que alimenta a nossa esperança. Com efeito, às vezes, temos a impressão de não conseguir encontrar um sentido para a nossa vida: sentimo-nos inúteis, inadequados, precisamente como os operários que aguardam, na praça do mercado, à espera que alguém os leve para trabalhar. Mas, por vezes, o tempo passa, a vida corre, e não nos sentimos reconhecidos nem apreciados. Talvez não tenhamos chegado a tempo; talvez outros se tenham apresentado antes de nós, ou, porventura, as preocupações nos tenham detido noutro lugar.
A metáfora da praça do mercado é muito adequada até aos nossos tempos, pois o mercado é o lugar dos negócios, onde infelizmente as pessoas compram e vendem até o afecto e a dignidade, procurando obter algum lucro. E, quando não se sentem valorizadas, reconhecidas, chegam a correr o risco de se vender ao primeiro licitante. Ao contrário, o Senhor recorda-nos que a nossa vida tem valor, e o seu desejo é ajudar-nos a descobri-lo.
Também na parábola que, hoje, comentamos, há operários que esperam que alguém os faça trabalhar por um dia. Estamos no capítulo 20 do Evangelho de Mateus e, inclusive aqui, encontramos uma figura que tem um comportamento insólito, que surpreende e questiona. É o dono de uma vinha que sai pessoalmente para ir em busca dos seus operários. Evidentemente, quer estabelecer uma relação pessoal com eles.
Como eu dizia, trata-se de uma parábola que infunde esperança, porque nos diz que este dono sai, várias vezes, à procura de quem espera dar um sentido à sua vida. O dono sai logo de madrugada e depois, de três em três horas, volta a procurar trabalhadores para enviar à sua vinha. Seguindo este esquema, depois de sair às três horas da tarde, já não haveria razão para sair novamente, dado que o dia de trabalho terminava às seis horas.
Pelo contrário, este dono incansável, que quer valorizar a vida de cada um, a todo o custo, sai, também, às cinco horas. Os trabalhadores que permaneceram na praça do mercado, provavelmente, tinham perdido toda a esperança. Aquele dia tinha sido em vão. E, no entanto, alguém ainda acreditou neles. Que sentido tem chamar operários só para a última hora do dia de trabalho? Que sentido tem ir trabalhar apenas uma hora? Contudo, até quando nos parece que podemos fazer pouco na vida, vale sempre a pena. Há sempre a possibilidade de encontrar um sentido, pois Deus ama a nossa vida! 
Eis que a originalidade deste dono se vê também no fim do dia, na hora do pagamento. Com os primeiros trabalhadores, aqueles que vão para a vinha de madrugada, o dono tinha estabelecido um denário, que era o custo típico de um dia de trabalho. Para os outros, diz que lhes dará o que for justo. E é, precisamente, aqui que a parábola volta a provocar-nos: o que é justo? Para o dono da vinha, isto é, para Deus, é justo que cada um tenha o necessário para viver. Ele chamou, pessoalmente, os trabalhadores, conhece a sua dignidade e quer pagar-lhes com base nela. E dá, a todos, um denário.
A história diz que os trabalhadores da primeira hora ficam desiludidos: não conseguem ver a beleza do gesto do dono, que não foi injusto, mas simplesmente generoso; não considerou apenas o mérito, mas também a necessidade. Deus quer dar a todos o seu Reino, ou seja, a vida plena, eterna e feliz. E é o que Jesus faz em relação a nós: não faz classificações, dá tudo de Si mesmo a quantos lhe abrem o coração!
À luz desta parábola, o cristão de hoje poderia ser tentado a pensar: “Por que começar a trabalhar imediatamente? Se a remuneração é a mesma, por que trabalhar mais?”. Santo Agostinho respondia, assim, a estas dúvidas: «Por que razão, pois, demoras em seguir quem te chama, enquanto estás certo da remuneração, mas incerto quanto ao dia? Presta atenção a não tirares de ti, devido à tua hesitação, o que ele te oferecer em conformidade com a sua promessa» (Discurso 87, 6, 8).
Gostaria de dizer, especialmente aos jovens, que não esperem, mas que respondam com entusiasmo ao Senhor que nos chama a trabalhar na sua vinha. Não demoreis, arregaçai as mangas, pois o Senhor é generoso e não ficareis desiludidos! Trabalhando na sua vinha, encontrareis a resposta àquela pergunta profunda que trazeis dentro de vós: qual é o sentido da minha vida?
Caros irmãos e irmãs, não desanimemos! Até nos momentos obscuros da vida, quando o tempo passa sem nos dar as respostas que procuramos, peçamos ao Senhor que volte a sair e nos alcance onde estamos à sua espera. O Senhor é generoso e virá em breve! (cf. Santa Sé)

PARA REZAR

 


- SALMO 103

 

Refrão: Mandai, Senhor, o vosso Espírito

              e renovai a terra!

Bendiz, ó minha alma, o Senhor.
Senhor, meu Deus, como sois grande!
Como são grandes, Senhor, as vossas obras!
A terra está cheia das vossas criaturas.

Se lhes tirais o alento, morrem
e voltam ao pó donde vieram.
Se mandais o vosso espírito, retomam a vida
e renovais a face da terra.

Glória a Deus para sempre!
Rejubile o Senhor nas suas obras.
Grato Lhe seja o meu canto
e eu terei alegria no Senhor.


SANTOS POPULARES


 

BEATO FLORIBERT BWANA CHUI BIN KOSITI
.
Floribert Bwana Chui nasceu em 13 de Junho de 1981, em Goma, na região do Kivu, na República Democrática do Congo. Extrovertido e inteligente, viveu fortes experiências de fé, no âmbito católico, que lhe moldaram a essência de um autêntico crente. Como muitos outros jovens, é um idealista, um sonhador, convencido de que pode mudar o mundo, e, por isso e para isso, também, se lançou na política, convencido, mais do que nunca, de que o Congo precisava dele para se renovar, após a triste experiência da guerra civil, da qual acabava de sair. E isso justamente quando, nos círculos estudantis, se espalhou a crença (que em Kinshasa é praticamente uma obrigação) de "não acreditar que serás tu quem vai endireitar o Congo". Talvez seja também por isso que, quando chegou a hora de escolher, ele se dedicou ao Direito, estudando Direito com paixão e de olhos no futuro, que parecia mais promissor e promissor do que nunca, dadas as suas habilitações e os recursos económicos de que a sua família dispunha.
Com o diploma, surgiu a oportunidade de conhecer, de perto, a Comunidade de Santo Egídio e ficou fascinado pelo que ela fazia pelos mais pobres do vizinho Ruanda. Entrou nela, aprendendo o gosto pela oração que se traduz em cuidado e ajuda a todos os marginalizados, segundo o carisma específico da Comunidade. A nível pessoal, cuidou dos "maibobo" - as crianças de rua que todos temiam e das quais ninguém queria aproximar-se: tornou-se amigo de algumas; irmão mais velho de outras, vagando pelos bairros mais infames e perigosos. "Assim que tinha algum dinheiro no bolso, usava-o para eles", recorda o seu pai. Com o diploma no bolso, imediatamente encontrou emprego como director da alfândega, para o controlo da qualidade das mercadorias: um cargo importante numa cidade fronteiriça como Goma, que também lhe permitiu fazer planos para o futuro e pensar no casamento. Desempenhava o seu trabalho com grande rigor e sentido de dever, que consistia em controlar a qualidade dos alimentos, em trânsito, na fronteira, e certificar a sua boa qualidade. Em Goma, era opinião comum que todos os directores deste departamento eram corruptos, como bem demonstrava a facilidade com que qualquer tipo de produto estragado podia ser encontrado nos mercados da cidade, e que, naturalmente, ostentavam o selo de certificação: os subornos tornaram-se a norma, num país classificado em 160º lugar, entre os 176 do Índice de Corrupção. No clima de pobreza generalizada no Congo, consolidou-se a ideia de que se pode enriquecer rapidamente e que todos os métodos são legais para isso.
A chegada de Floribert marcou uma mudança repentina de direcção no departamento, que nenhum operador económico da região esperaria. Um mês antes da sua morte, o seu departamento tinha elaborado um relatório muito detalhado sobre um grande lote de arroz estragado, pelo qual ele recebeu telefonemas e pressões, até mesmo de autoridades públicas, para fechar os olhos e receber os seus honorários, como todos os outros sempre fizeram. Estamos a falar de 4 a 5 toneladas de arroz estragado, pelas quais lhe ofereceram um suborno de 3.000 dólares: uma quantia enorme, considerando que, na época, o salário médio mensal de um soldado não ultrapassava 5 ou 6 dólares. Uma rápida consulta telefónica com um amigo médico, deu-lhe a certeza de que aquele arroz, se colocado no mercado, prejudicaria seriamente a saúde dos seus concidadãos. "Como cristão, não me posso dar ao luxo de apagar a minha responsabilidade e a minha consciência. É melhor morrer do que colocar a vida das pessoas em risco", foi a sua resposta, que acompanhou o relato da destruição dos produtos estragados.
A reacção dos empresários não tardou: no dia 7 de Julho de 2007, ele saiu repentinamente de casa, após um telefonema no qual foi convidado para uma reunião. Não se ouviu falar dele durante todo o domingo e, também, não deu notícias. Na tarde de segunda-feira, por volta das 15h, o seu corpo foi encontrado nas margens do lago, não muito longe da fronteira. No seu corpo havia sinais claros da tortura a que fora submetido, antes de ter sido estrangulado: dentes partidos, um braço quebrado, queimaduras graves por todo o corpo. Tudo porque ele acreditara, até o fim, que "se eu não destruísse o que era prejudicial à saúde de tantas pessoas; se eu aceitasse a corrupção, seria como se eu aceitasse a minha própria destruição".
O seu martírio, que foi reconhecido pelo Papa Francisco, em Novembro do ano passado, tornou-se um símbolo da resistência contra a corrupção que aflige a África e muitas outras regiões do mundo.
Floribert Bwana Chui será beatificado, no próximo dia 15 de Junho, na Basílica de São Paulo Fora de Muros, em Roma. A celebração em Roma será um tributo não apenas ao corajoso jovem congolês, mas também a todas as pessoas que, em várias partes do mundo, se levantam contra a injustiça e lutam por um futuro melhor. O testemunho de vida de Floribert Bwana Chui será, sem dúvida, uma fonte de inspiração para muitos que valorizam a dignidade humana e os direitos fundamentais. A sua beatificação é um testemunho da grandeza do espírito humano e da força da fé, uma celebração da vitória da justiça sobre a corrupção e da luz sobre as trevas.
A sua memória litúrgica será fixada no dia 9 de Junho.

sexta-feira, 30 de maio de 2025

EM DESTAQUE:

 


SOLENIDADE DA ASCENSÃO DO SENHOR
 
A Igreja celebra, neste Domingo, 1 de Junho, a solenidade da Ascensão do Senhor: é um acontecimento importante da liturgia de todas as Igrejas cristãs, celebrado 40 dias depois da Páscoa da Ressurreição. Com a Ascensão ao Céu conclui-se a presença de Cristo na história do mundo e inicia o ‘Tempo do Espírito’ e a história da Igreja. Em muitos países, esta solenidade foi celebrada, de acordo com a mais antiga tradição cristã, na Quinta-Feira passada, dia 29 de Maio, conhecida como Quinta-Feira da Ascensão.
Estamos, ainda, no Tempo Pascal, tempo da alegria; da libertação da morte e do pecado, graças à Ressurreição; no tempo da promessa de salvação.
Jesus despede-se dos Apóstolos que, agora, estão preparados e prontos para a missão que Jesus lhes confiou. Porém, este afastamento de Jesus, esta separação são só aparentes porque o Senhor, invisível, continua a operar, misteriosamente, na Igreja. E virá, novamente, no final dos tempos.
Os Evangelhos falam pouco da Ascensão: Mateus e João terminam as suas narrações com a aparição de Jesus, depois da Ressurreição. Marcos dedica-lhe a última frase do texto, enquanto Lucas descreve muito mais, principalmente nos Actos dos Apóstolos: relata que, 40 dias depois da Páscoa – um número muito simbólico, em toda a Bíblia – Jesus conduz os apóstolos para Betânia e, ao chegar ao Monte das Oliveiras, os abençoa e fala a todos antes de subir para o céu Neste discurso, Jesus confirma a promessa da vinda do Espírito que não os deixará sós e prefigura a sua segunda vinda, no final dos tempos.
 
A celebração da Ascensão tem origens antigas e é testemunhada tanto por Eusébio de Cesareia como pela peregrina Egéria.
Inicialmente era celebrada em Belém, para evidenciar que tudo tinha começado ali, e estava unida à festa do Pentecostes, celebrada na tarde do mesmo dia. Mas, no século V-VI, estas memórias já eram celebradas separadamente, como o demonstram São João Crisóstomo e Santo Agostinho que dedicaram várias das suas homilias à Ascensão.
Voltando para o Pai, Jesus conclui um ciclo, que atravessou a sua existência humana para voltar aos céus, mesmo permanecendo vivo e presente na Igreja. Mas, é graças ao momento da Ascensão que esta dicotomia entre céus e terra é superada: Jesus parte, mas apenas precede – como um irmão, como um rei e como o Filho predilecto -, todos os homens no paraíso, ali onde está Deus. Como um homem, Jesus tinha descido aos infernos para salvar Adão e, assim, com a Ascensão, reitera, mais uma vez, que o céu é o destino que o homem deve almejar, a santidade, resumindo o sentido do mistério da Encarnação e o objectivo final da salvação. A glorificação da natureza humana, encarnada pelo Verbo em toda a sua pobreza e, mais tarde, elevada aos céus por Ele, é muito bem explicada em várias orações da tradição bizantina, nas quais supera-se a disputa entre céu e terra. (cf. Vaticannews)
 

DA PALAVRA DO SENHOR

 


VII DOMINGO DA PÁSCOA

          - SOLENIDADE DA ASCENSÃO DO SENHOR         

“…O Deus de Nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória,
vos conceda um espírito de sabedoria e de luz
para O conhecerdes plenamente
e ilumine os olhos do vosso coração,
para compreenderdes a esperança a que fostes chamados,
os tesouros de glória da sua herança entre os santos
e a incomensurável grandeza do seu poder
para nós os crentes.
Assim o mostra a eficácia da poderosa força
que exerceu em Cristo,
que Ele ressuscitou dos mortos
e colocou à sua direita nos Céus,
acima de todo o Principado, Poder, Virtude e Soberania,
acima de todo o nome que é pronunciado,
não só neste mundo,
mas também no mundo que há de vir.
Tudo submeteu aos seus pés
e pô-l’O acima de todas as coisas
como Cabeça de toda a Igreja, que é o seu Corpo,
a plenitude d’Aquele que preenche tudo em todos…”
(cf. Efésios 1, 17-23)


PALAVRA DO PAPA LEÃO



- na Audiência-Geral, na Praça de São Pedro,  Roma, no dia 28 de Maio de 2025

Estimados irmãos e irmãs!
Continuamos a meditar sobre algumas parábolas do Evangelho que constituem uma ocasião para mudar de perspectiva e para nos abrirmos à esperança. Às vezes, a falta de esperança deve-se ao facto de nos fixarmos num certo modo rígido e fechado de ver as coisas, e as parábolas ajudam-nos a olhar para elas de outro ponto de vista.
Hoje, gostaria de vos falar de uma pessoa experiente, preparada - um doutor da Lei - que, contudo, deve mudar de perspectiva, porque está concentrado em si mesmo e não se dá conta dos outros (cf. Lc 10, 25-37). Com efeito, ele interroga Jesus sobre o modo como se “herda” a vida eterna, recorrendo a uma expressão que a entende como um direito inequívoco. Mas, por detrás desta pergunta, talvez se esconda, precisamente, uma necessidade de atenção: a única palavra sobre a qual pede explicações a Jesus é o termo “próximo”, que literalmente significa aquele que está perto.
Por isso, Jesus narra uma parábola que é um caminho para transformar aquela interrogação; para passar de quem me ama? a quem amou? A primeira é uma pergunta imatura; a segunda é a pergunta do adulto que compreendeu o sentido da sua vida. A primeira pergunta é a que pronunciamos quando nos colocamos num canto e esperamos; a segunda é a que nos impele a pôr-nos a caminho.
Com efeito, a parábola que Jesus narra tem como cenário uma estrada; é uma estrada difícil e insegura, como a vida. É a estrada percorrida por um homem que desce de Jerusalém, a cidade na montanha, para Jericó, a cidade abaixo do nível do mar. Trata-se de uma imagem que já prenuncia o que poderia acontecer: efectivamente, acontece que o homem é atacado, espancado, roubado e deixado meio-morto. É a experiência que ocorre quando as situações, as pessoas, às vezes até aqueles em quem confiamos, nos tiram tudo e nos deixam no meio do caminho.
No entanto, a vida é feita de encontros e, nestes encontros, revelamo-nos pelo que somos. Encontramo-nos diante do outro, perante a sua fragilidade e a sua fraqueza, e podemos decidir o que fazer: cuidar dele ou fingir que nada aconteceu. Um sacerdote e um levita descem por aquela mesma estrada. São pessoas que prestam serviço no Templo de Jerusalém; que habitam o espaço sagrado. Todavia, a prática do culto não leva automaticamente a ser compassivo. Com efeito, antes de ser uma questão religiosa, a compaixão é uma questão de humanidade! Antes de sermos crentes, somos chamados a ser humanos!
Podemos imaginar que, depois de terem permanecido muito tempo em Jerusalém, o sacerdote e o levita têm pressa de voltar para casa. É precisamente a pressa, tão presente na nossa vida, que, muitas vezes, nos impede de sentir compaixão. Quem pensa que o seu percurso deve ter a prioridade, não está disposto a parar por outra pessoa.
Mas, eis que chega alguém que, efectivamente, é capaz de parar: trata-se de um samaritano, portanto, de alguém que pertence a um povo desprezado (cf. 2 Rs 17). No seu caso, o texto não especifica a direcção, mas diz apenas que se encontrava a caminho. Aqui, a religiosidade não tem nada a ver com isto. Este samaritano detém-se simplesmente porque é um homem diante de outro homem que precisa de ajuda.
A compaixão exprime-se através de gestos concretos. O evangelista Lucas concentra-se nas acções do samaritano, a quem chamamos “bom”, mas que no texto é simplesmente uma pessoa: o samaritano faz-se próximo; pois, se quisermos ajudar alguém, não podemos pensar em manter-nos à distância, devemos envolver-nos, sujar-nos, talvez contaminar-nos; faz curativos nas suas feridas, depois de as ter limpado com azeite e vinho; carrega-o na sua cavalgadura, isto é, responsabiliza-se por ele, pois só ajudamos verdadeiramente se estivermos dispostos a sentir o peso da dor do outro; leva-o para uma hospedaria, onde gasta dinheiro, “dois denários”, mais ou menos dois dias de trabalho; e compromete-se a voltar e eventualmente a pagar mais, porque o outro não é um pacote a entregar, mas alguém de quem devemos cuidar.
Caros irmãos e irmãs: quando é que, também nós, seremos capazes de interromper o nosso caminho e ter compaixão? Quando compreendermos que o homem ferido ao longo da estrada representa cada um de nós. E, então, a recordação de todas as vezes que Jesus parou para cuidar de nós tornar-nos-á mais capazes de compaixão.
Portanto, oremos para poder crescer em humanidade, a fim de que as nossas relações sejam mais verdadeiras, mais ricas de compaixão. Peçamos ao Coração de Cristo a graça de ter, cada vez mais, os seus próprios sentimentos. (cf. Santa Sé)