A Paróquia de Santa Maria da Feira, mais uma vez, recebe a realização da Festa das Fogaceiras, em honra do Mártir São Sebastião. Festa antiga e sempre nova, expressão da fé e da fidelidade de um povo que, em tempos de crise, de dificuldade, de morte soube confiar-se à bondade de Deus pela intercessão de São Sebastião. Fazer a festa, hoje, deveria significar entrar em luta contra a maldade do mundo; a violência que vai germinando onde menos se espera; o desespero que domina tantas almas e vidas, por causa da noite que se abateu sobre elas; a tristeza que divide as famílias pela agressão, o abandono, a indiferença; a escravização dos sentimentos ao lucro, ao gozo, à superficialidade, à corrupção. Sebastião foi, na sua vida, um lutador pela verdade, pela liberdade, pelo respeito, pela responsabilidade, pela fé em Jesus Cristo. Quanto temos a aprender com ele?...
A Festa faz-se no dia 20 de Janeiro.
A Eucaristia, às 11 horas, será presidida
pelo Sr. Dom João Lavrador, Bispo Auxiliar do Porto. Sebastião, como a maior
parte dos leitores sabe, nasceu em meados do séc. III ( 263?..) provavelmente
em Milão, terra da sua mãe; alguns apontam Narbona, terra natal do seu pai, como
sendo o lugar do seu nascimento. São poucos os dados históricos acerca dele.
Pelo ano 270, foi para Roma onde viveu
a maior parte da sua vida e conheceu o imperador Diocleciano, de quem se tornou
grande amigo. Foi soldado do exército romano, chegando a alcançar o comando de
uma coorte de pretorianos, a guarda particular do imperador. Cristão convicto,
a todos falava de Jesus. Pela sua acção, muitos se converteram ao Evangelho:
soldados, prisioneiros e, até, o governador de Roma, Cromazio, e o seu filho,
Tibúrcio, que depois deram a vida por Jesus, sofrendo, também eles, o martírio.
Sebastião, por ser cristão e por testemunhar Jesus, confortando os cristãos que
estavam aprisionados, foi denunciado e, também, preso. Diocleciano tentou, em vão,
persuadi-lo a renegar a fé, fazendo apelo à amizade que os unia. Sebastião
manteve-se fiel a Jesus e aos princípios que davam sentido à sua vida. Então,
foi condenado à morte, sentença que os arqueiros se encarregaram de cumprir.
Crivado de flechas, Sebastião foi encontrado por Irene (Santa Irene), uma
cristã, que, ao retirá-lo da árvore onde os seus algozes o tinham amarrado,
verificou que ainda estava com vida. Levando-o para sua casa, tratou das suas
feridas e Sebastião restabeleceu-se em poucos dias. Insensível às súplicas dos cristãos,
seus amigos, apresentou-se ao imperador, recriminando-o pela antipatia que
nutria pelos cristãos e pela perseguição que promovia contra eles. Voltou a ser
preso e, desta vez, condenado a ser açoitado até morrer. Isto aconteceu por
volta do ano 304. O seu cadáver foi atirado para o reservatório dos esgotos de
Roma ( Cloaca Massima ), para que desaparecesse para sempre. Porém, foi
descoberto por uma mulher, de nome Lucina ( Santa Lucina) que o retirou da
imundície, o lavou e preparou para ser sepultado. Dizem que, em sonhos,
Sebastião lhe apareceu pedindo-lhe que o sepultasse nas catacumbas, ao lado da
sepultura onde repousavam as relíquias dos Apóstolos Pedro e Paulo. Estas
catacumbas chamam-se, agora, “catacumbas de São Sebastião”. Desde esta altura,
em Roma, foi intenso o culto de São Sebastião. A devoção ao Santo Mártir
espalhou-se pelo mundo e resiste ao passar dos séculos. São Sebastião, depois
de São Pedro e São Paulo, é o terceiro padroeiro de Roma. Mais tarde, próximo
do lugar onde foi sepultado, junto à via Ápia - que ligava Roma ao resto do
mundo - foi construída uma basílica em sua honra: a Basílica de São Sebastião.