SÃO VICENTE
Vicente de Saragoça nasceu em
Huesca, em Aragão (actual Espanha). Não se sabe a data do seu nascimento. Os
relatos apontam para que tenha vivido nos finais do séc. III e inícios do séc. IV.
Há poucos dados documentais acerca da sua vida. Sabe-se que, ainda criança, com
os seus pais, deixou Huesca e foi viver para Saragoça. Aqui, Vicente foi
ordenado Diácono da Igreja. Foi contemporâneo do imperador romano Diocleciano.
Roma estendia o seu vasto império até a península Ibérica. Durante o seu
reinado, Diocleciano reabilitou as velhas tradições romanas, incentivando o
culto dos deuses antigos e proibindo o culto do cristianismo. Este imperador
deu início àquela que seria – no entendimento de muitos historiadores - a
penúltima perseguição do Império Romano ao cristianismo. Em Fevereiro de 303,
Diocleciano promulgou um edito imperial que ordenou a destruição de todas as
igrejas e objectos de culto dos cristãos e que toda a população do Império
oferecesse sacrifícios aos deuses romanos. Durante esta perseguição aos cristãos,
o Diácono Vicente recusou-se a obedecer às ordens imperiais de oferecer sacrifícios
aos deuses pagãos. Por causa desta recusa, foi cruelmente martirizado no ano de
304, em Valência ( Espanha ) Após o martírio, o corpo de Vicente foi atirado
aos animais mas, segundo a lenda, foi protegido pelos corvos que impediram que
o seu corpo fosse devorado. Esta protecção foi vista pelos cristãos como um
milagre; por isso, construíram, em sua homenagem, uma igreja onde depositaram o
seu corpo, e Vicente passou a ser tratado como santo. Com o fim do Império
Romano, a península Ibérica sofreu a invasão dos mouros e foi inteiramente ocupada.
Em 713, os muçulmanos, querendo apagar os sinais do cristianismo e fortalecer a
sua autoridade, puseram o corpo de São Vicente num barco e deixaram-no à deriva
no mar. O barco, levando as relíquias do santo mártir, foi dar ao Promontorium
Sacrum (Promontório Sacro, Cabo de Sagres, Portugal), que se passou a chamar
Cabo de São Vicente. Os cristãos que aí viviam sob o domínio dos mouros,
recolheram o corpo, transportando-o para uma ermida erguida em sua homenagem.
Durante alguns séculos, o culto a São Vicente alastrou-se por todo o território
que seria, no futuro, o Reino de Portugal. Dom Afonso Henriques, primeiro rei
de Portugal, decidiu resgatar o corpo de São Vicente aos sarracenos que
dominavam Sagres, nessa época. Sob as suas ordens, as relíquias do santo foram
levadas para Lisboa. Diz a tradição que, quando o corpo seguiu no barco, dois
corvos o acompanharam durante todo o percurso. As relíquias, transferidas de
Sagres para uma igreja fora das muralhas da cidade de Lisboa (Igreja de São
Vicente de Fora), geraram uma profunda veneração por São Vicente que, em 1173,
foi proclamado padroeiro de Lisboa. A sua memória litúrgica faz-se no dia 22 de
Janeiro.