- na homilia de 16
de Junho, na Praça de São Pedro
“…Com esta
Eucaristia, no Ano da Fé, queremos agradecer ao Senhor pelo
dom da vida, em todas as suas manifestações e, ao mesmo tempo, queremos
anunciar o Evangelho da Vida… Jesus é a encarnação do Deus Vivo, Aquele que traz a vida fazendo
frente a tantas obras de morte, fazendo frente ao pecado, ao egoísmo, ao
fechamento em si mesmo. Jesus acolhe, ama, levanta, encoraja, perdoa e dá
novamente a força de caminhar, devolve a vida. Ao longo do Evangelho, vemos
como Jesus, por gestos e palavras, traz a vida de Deus que transforma. É a
experiência da mulher que unge com perfume os pés do Senhor: sente-se
compreendida, amada, e responde com um gesto de amor, deixa-se tocar pela
misericórdia de Deus e obtém o perdão, começa uma vida nova. Deus, o Vivente, é
misericordioso. Estais de acordo? Digamo-lo juntos: Deus, o Vivente, é
misericordioso! Todos: Deus, o Vivente, é misericordioso. Outra vez: Deus, o
Vivente, é misericordioso!... Deus é o Vivente, é o Misericordioso. Jesus
traz-nos a vida de Deus; o Espírito Santo introduz-nos e mantém-nos na relação
vital de verdadeiros filhos de Deus. Muitas vezes, porém – sabemo-lo por
experiência –, o homem não escolhe a vida, não acolhe o «Evangelho da
vida», mas deixa-se guiar por ideologias e lógicas que põem obstáculos à vida,
que não a respeitam, porque são ditadas pelo egoísmo, o interesse pessoal, o
lucro, o poder, o prazer, e não são ditadas pelo amor, a busca do bem do
outro. É a persistente ilusão de querer construir a cidade do homem sem Deus,
sem a vida e o amor de Deus: uma nova Torre de Babel; é pensar que a rejeição
de Deus, da mensagem de Cristo, do Evangelho da Vida leve à liberdade, à plena
realização do homem. Resultado: o Deus Vivo acaba substituído por ídolos
humanos e passageiros que oferecem o arrebatamento de um momento de liberdade,
mas no fim são portadores de novas escravidões e de morte. O Salmista diz na
sua sabedoria: «Os mandamentos do Senhor são rectos, alegram o coração; os
preceitos do Senhor são claros, iluminam os olhos» (Sal 19, 9).
Recordemo-nos sempre disto: O Senhor é o Vivente, é misericordioso. O Senhor é
o Vivente, é misericordioso… Consideremos Deus como o Deus da vida, consideremos
a sua lei, a mensagem do Evangelho como um caminho de liberdade e de vida. O
Deus Vivo faz-nos livres! Digamos sim ao amor e não ao egoísmo, digamos sim à
vida e não à morte, digamos sim à liberdade e não à escravidão dos numerosos
ídolos do nosso tempo; numa palavra, digamos sim a Deus, que é amor, vida e
liberdade, e jamais desilude (cf. 1 Jo 4, 8; Jo 8, 32; 11, 2),
digamos sim a Deus que é o Vivente e o Misericordioso. Só nos salva a fé no
Deus Vivo; no Deus que, em Jesus Cristo, nos concedeu a sua vida com o dom do
Espírito Santo e nos faz viver como verdadeiros filhos de Deus com a sua
misericórdia. Esta fé torna-nos livres e felizes…”