SÃO JOSÉ COTTOLENGO
José Agostinho Bento Cottolengo nasceu em Brá, na província de Cuneo, no norte de Itália, no dia 3 de Maio de 1786. Foi o mais velho dos doze filhos de Giuseppe Antonio e da Benedetta Chiarotti, uma família cristã muito piedosa. Tinha apenas cinco anos quando a sua mãe o viu a medir os quartos da casa com uma vara, para saber quantos doentes pobres caberiam neles. Dizia que, quando crescesse, queria encher a sua casa com esses necessitados, fazendo dela o "seu hospital". Este episódio foi um gesto profético. Na cidade de Brá, ainda se conserva esta casa.
Com dezassete anos, entrou no Seminário e, aos vinte e cinco, foi ordenado sacerdote, na Diocese de Turim. O seu ministério foi marcado por uma profunda compaixão pelos mais desprotegidos, esperando sempre a hora mais oportuna para concretizar os ideais da sua vocação.
Em 1837, o Padre José Bento foi chamado para administrar o Sacramento da Unção dos Enfermos a uma mulher grávida, vítima de uma doença fatal. Ela estava a morrer e, mesmo assim, os hospitais não a internaram, alegando que não tinham camas disponíveis para os pobres. O Padre José não pôde fazer nada. Entretanto, depois de ela ter morrido e de ter confortado os familiares, o Padre retirou-se para rezar. Ao terminar as orações, mandou tocar os sinos e avisou todos os fiéis que era chegada a hora de "ajudar a Providência Divina".
Alugou uma casa; equipou-a com camas; forneceu-a de remédios. Depois, começou a recolher os doentes marginalizados, trabalhando, ele mesmo, como enfermeiro e procurando os recursos necessários para a sustentar. Tentava cumprir esta missão solidária sem deixar de realizar todas as suas funções de pároco. Era tão dedicado aos seus paroquianos que chagava a rezar uma missa às três horas da madrugada para que os camponeses pudessem ir para os seus trabalhos com a Palavra do Senhor gravada nos seus corações.
Os políticos da cidade, incomodados com a sua actuação, moveram-se contra ele e conseguiram fechar a casa. Ele, porém, não desistiu. Fundou uma congregação religiosa, a que chamou “Pequena Casa da Divina Providência” e, também, uma associação feminina chamada “Damas da Caridade” com a finalidade de servir os pequeninos, os deficientes e os doentes. Os fundos deveriam vir apenas das doações e da ajuda das pessoas simples. Padre José Cottolengo tinha como lema "caridade e confiança": fazer todo o bem possível e confiar sempre em Deus. Comprou uma hospedaria abandonada, na periferia da cidade, e reabriu-a com o nome de "Pequena Casa da Divina Providência".
Diante do Santíssimo Sacramento, o Padre José - e todos os leigos e religiosos que se uniram a ele nessa experiência de Deus – buscava as forças necessárias para bem servir os doentes desamparados. Ele costumava dizer: "Se soubesses quem são os pobres, tu os servirias de joelhos!".
O Padre José Cottolengo morreu de fadiga, no dia 30 de Abril de 1842, com cinquenta e seis anos de idade.
A primeira casa passou a receber todos os tipos de renegados: portadores de doenças contagiosas, físicas e psíquicas, em estado terminal ou não. Ainda hoje, a “Pequena Casa da Divina Providência”, em todo o mundo, abriga quase vinte mil pessoas, servidas por cerca de oitocentas Irmãs religiosas e voluntárias. A congregação está presente nos cinco continentes, e continua como no princípio: sem receber ajudas dos Estados ou de quaisquer outras instituições.
O padre José Bento Cottolengo foi beatificado pelo Papa Bento XV, no dia 29 de Abril de 1917 e canonizado pelo Papa Pio XI, no dia 19 de Março de 1934.
Na sua mensagem, por ocasião da celebração dos 175 anos da fundação da “Pequena Casa da Divina Providência”, em 26 de Agosto de 2002, o Papa João Paulo II escreveu: “…A caridade é um precioso tesouro da Igreja que, com as suas obras caritativas, fala também aos corações perversos, duros e aparentemente insensíveis. Sem dúvida, muitas situações mudaram, em relação ao período em que foi fundada a Pequena Casa: melhorou o teor geral de vida das pessoas e observa-se maior atenção e respeito pela dignidade da pessoa humana, como no-lo demonstram as normas em matéria de legislação assistencial. No âmbito eclesial, a vida consagrada encontra desafios inéditos, na época actual, depois de ter atravessado, nos últimos tempos, uma preocupante crise vocacional, que não poupou nem sequer os Institutos de São José Bento Cottolengo. Adquiriu maior importância o papel dos leigos, e o voluntariado tornou-se um recurso qualificante para a gestão de muitas iniciativas sócio-assistenciais. Neste contexto, a intuição carismática de São José Bento Cottolengo, expressa, de maneira oportuna, no lema da Pequena Casa, parece ser mais actual do que nunca. Tanto agora como nessa época, São José Bento Cottolengo recorda que cada um dos serviços aos irmãos deve nascer de um constante e profundo contacto com Deus. Para as pessoas que se encontram em dificuldade, não bastam respostas contingentes, e quantos as assistem não se devem contentar com satisfazer as suas exigências materiais, por mais legítimas que elas sejam. É necessário ter diante dos próprios olhos a salvação das almas, procurando sempre a glória de Deus, prontos a cumprir a sua vontade, abandonando-se com confiança nos seus misteriosos desígnios salvíficos. Numa palavra: é necessário tender para a santidade, "perspectiva em que deve inserir-se todo o caminho pastoral" (Novo millennio ineunte, 30). É para esta "medida alta" da vida cristã ordinária" (Ibid., n. 31), que devem tender todos os filhos e filhas de São José Bento Cottolengo, preocupando-se, como ele mesmo recomendava, em ter o coração e a mente centrados, o mais possível, em Deus e nas coisas que dizem respeito à salvação da alma. O exercício do amor seja como um único fogo com duas chamas, das quais uma se orienta para o Senhor e a outra para o homem pobre, a fim de que - observa ainda o Santo - "o zelo pela glória de Deus e a vantagem dos enfermos nunca sejam separados…".
O Papa Bento XVI, na sua primeira Encíclica “Deus caritas est”, de 25 de Dezembro de 2005, refere-se a São José Cottolengo, colocando-o entre os “modelos insignes de caridade social para todos os homens de boa vontade”.
A sua memória litúrgica faz-se no dia 30 de Abril.