SANTA MARIA
CRISTINA DA IMACULADA CONCEIÇÃO
Adelaide Brando nasceu na cidade de Nápoles, Itália,
no dia 1 de Maio de 1856. Era filha de Giovanni Giuseppe Brando e Maria
Concetta Marrazzo, uma
família com boa situação financeira. O pai, homem muito respeitado e ocupava um
importante cargo num Banco da cidade. A
sua mãe morreu alguns dias depois de ter dado à luz.
De índole humilde e dócil, Adelaide recebeu da família
uma frutuosa e sólida educação religiosa que lhe permitiu mostrar logo os
sinais de uma clara inclinação para a oração e para a continência. De facto,
atraída pelas coisas de Deus, fugia de todas as vaidades mundanas e amava a solidão;
confessava-se com frequência e, diariamente, recebia a sagrada comunhão.
Acolhendo, com alegria e fidelidade, os ensinamentos de Jesus, costumava dizer:
“Devo ser santa; quero ser santa”. Com apenas doze anos de idade, na noite de
Natal, diante da imagem do Menino Jesus, fez voto de castidade perpétua.
Quando se sentiu chamada à vida consagrada, ao
manifestar o desejo de querer entrar na congregação das ‘sacramentinas’ (congregação das Irmãs do Santíssimo Sacramento) de Nápoles, foi impedida pelo pai. Mais tarde,
conseguiu o seu consentimento e
a sua bênção o que lhe permitiu que se juntasse à sua irmã Maria Pia, uma
Clarissa do Mosteiro das Fiorentinas, em Nápoles. Neste Mosteiro foi recebida como aspirante. Mas, por motivo de doença,
por duas vezes, foi obrigada a regressar à família para se curar. Depois de
curada, recebeu o consentimento para entrar no Mosteiro das Sacramentinas. No
ano de 1876, vestiu o hábito religioso e recebeu o nome de Irmã Maria Cristina
da Imaculada Conceição. Mas, também aí, adoeceu e foi forçada a deixar o
caminho que havia iniciado com tanto fervor.
Nesta altura, e nestas circunstâncias, percebeu que
tinha chegado o momento de dar vida ao Instituto que, há muito tempo, se sentia
chamada a fundar. Assim, no ano de 1878, quando morava numa acomodação
provisória, junto das Irmãs Teresianas de Torre del Greco, lançou os
fundamentos de uma nova família religiosa que actualmente se chama Congregação
das Irmãs Vítimas Expiadoras de Jesus Sacramentado que cresceu rapidamente,
apesar das escassas economias e das oposições, sem mencionar a precária saúde
da Fundadora.
Depois de ter passado por várias sedes, a comunidade,
seguindo os conselhos do servo de Deus Michelangelo de Marigliano e do beato
Ludovico de Casoria, transferiu-se para Casoria, não muito distante de Nápoles
O novo Instituto encontrou muitas dificuldades que o levaram a fazer, de todos
os modos, a experiência da Divina Providência e a contar com a ajuda de muitos
benfeitores e sacerdotes, dentre os quais se sobressai o sacerdote Domenico
Maglione. O Instituto enriqueceu-se com novos membros e casas; sempre
testemunhou uma grande devoção para com a Eucaristia; e sempre primou por um
diligente cuidado na educação de meninos e meninas.
No ano de 1897, a Irmã Maria Cristina emitiu os votos
temporários; no dia 20 de Julho de 1903 a congregação obtém a aprovação canónica
da Santa Sé; e, no dia 02 de Novembro do mesmo ano, a Fundadora, juntamente com
outras irmãs, emitiu a profissão perpétua.
A Madre Maria Cristina viveu, com generosidade,
perseverança e alegria espiritual, a sua consagração e assumiu o encargo de
superiora-geral com humildade, prudência e amabilidade, dando às suas Irmãs
contínuos exemplos de fidelidade a Deus e à vocação, e de zelo pela causa do
Reino de Deus.
Trilhou a via da santidade com vontade solícita e
generosa. Com a ajuda da graça, progrediu, sem descanso, na imitação do Senhor,
na obediência ao evangelho e na perfeição cristã.
A Madre Maria Cristina da Imaculada Conceição Madre Maria Cristina adoeceu gravemente
no dia 14 de Janeiro de 1906 e morreu no
dia 20 de Janeiro, com 50 anos de idade. Assim como viveu, morreu, sem
prodígios, mas com um semblante sereno que significava a vontade de Jesus
Cristo totalmente cumprida.
A vida da Madre Cristina sempre foi iluminada por uma
fé simples, sólida e viva que era alimentada pela escuta da Palavra de Deus,
pela frutuosa participação aos sacramentos, pela assídua meditação das verdades
eternas e por uma fervorosa oração. Cultivou uma particular devoção para com os
mistérios da Encarnação, da Paixão e Morte de Cristo e da Eucaristia. Com a
finalidade de se aproximar, mais intensa e profundamente, do Tabernáculo, com o
espírito e o corpo, mandou construir uma cela - chamada, à imitação do
presépio, de “grutinha” - contígua à Igreja que tinha construído em Casoria.
Nesse lugar, passou todas as noites da sua vida, sentada numa cadeira, fazendo
companhia, nas vigílias e nos repousos, a Jesus Eucaristia.
A sua espiritualidade expiadora foi muito forte, tanto
que se tornou o carisma do instituto. Entre os fragmentos autografados que nos
restam da sua autobiografia, escrita por obediência ao director espiritual,
podemos ler: “A finalidade principal desta obra é a reparação dos ultrajes que
recebe o Sagrado Coração de Jesus, no Santíssimo Sacramento, especialmente as
irreverências e desprezo, as comunhões sacrílegas, os sacramentos recebidos sem
preparação, as santas missas pessimamente escutadas e o que mais amargamente
traspassa este coração santíssimo é que muitos dos seus ministros e muitas
pessoas a Ele consagradas se reúnem a esses desconhecidos e mais ainda ferem o
seu coração (...) Às Perpétuas Adoradoras, o Divino Coração de Jesus quis
confiar o caro e sublime encargo de Vítimas de perpétua adoração e reparação ao
Seu Divino Coração horrivelmente ofendido e ultrajado no Santíssimo Sacramento
do amor (...) Às Perpétuas Adoradoras de vida mista (...) o Sagrado Coração de
Jesus confia o caro encargo de Vítimas da Caridade e da reparação; da caridade
porque nos vem confiado o cuidado das meninas”.
Deste segundo aspecto, nasceram obras como os
conservatórios femininos, educandários, orfanatos, escolas internas e externas:
tudo para reparar. “Assim, levando o conhecimento de Deus onde é desconhecido,
fazemos de tudo para que Ele seja amado e ajudamos os irmãos para que evitem cometer
as ofensas que a Madre Cristina viveu para expiar”.
A Madre Maria Cristina da Imaculada Conceição foi
beatificada, no dia 27 de Abril de 2003, pelo Papa João Paulo II, e canonizada pelo
Papa Francisco, no dia 17 de Maio de 2015. A sua memória litúrgica celebra-se
no dia 20 de Janeiro. (cf. Santa Sé)
