BEATO
JORGE
MATULAITIS - MATULEWICZ
Jorge Boleslau nasceu na aldeia de Luginé, na
Lituânia, no dia 13 de Abril de 1871. Os seus pais, piedosos e honestos, baptizaram-no
no dia 20 de Abril. Desde tenra idade, sobressaiu na piedade e no temor de Deus,
pelo testemunho fiel e lúcido dos seus pais.
Aos três anos de idade, em 1874, ficou órfão de pai
e, em 1881, faleceu, também, a sua mãe. Ficou ao cuidado do seu irmão mais
velho que o tratava duramente. Acabados os estudos básicos e parecendo de fraca
saúde, o seu irmão pensou que os trabalhos do campo contribuiriam mais para a sua
saúde do que os estudos. Por isso, Jorge
abandonou os estudos e começou a dedicar-se aos trabalhos do campo.
Aos dezassete anos de idade, sentiu no coração o
apelo da vocação sacerdotal. No ano de 1891, aos vinte anos de idade, com o
auxílio de um parente, foi recebido no seminário da Diocese de Kielce, na Polónia.
Aí, por causa dos estudos e atendendo às circunstâncias próprias daquele tempo,
Jorge mudou o seu apelido para a versão polaca de «Matulewicz». Passados dois
anos, foi enviado para o Seminário de Varsóvia e, como sobressaísse pela grande
capacidade de inteligência e pela sua aplicação, em 1895, foi admitido na
Academia Eclesiástica Romano-Católica de Petrogrado, onde, no ano de 1899, fez
o Mestrado em Sagrada Teologia, com a nota máxima.
Dia 20 de Novembro de 1898, foi ordenado sacerdote
e, com o consentimento do Bispo, partiu para Friburgo, na Suíça, para
frequentar a Universidade. Fez o doutoramento em Sagrada Teologia, obtendo a
totalidade dos votos e com louvor.
Regressando à diocese de Kielce, ensinou direito
canónico e latim no Seminário.
A sua fraca saúde agravou-se e teve de ser
hospitalizado numa clínica de Varsóvia para os pobres, onde foi tratado com o maior
zelo e caridade pelas Irmãs do Sagrado Coração de Jesus. Recuperada a saúde,
mostrou verdadeiro espírito de gratidão, assumindo a responsabilidade de dar
aulas de religião às jovens educandas da Congregação do Sagrado Coração de
Jesus.
Permanecendo em Varsóvia, fundou associações para os
operários, para os estudantes universitários e para os sacerdotes e realizou
conferências acerca dos assuntos sociais. Juntamente com o Pe. Marcelo Godlewski fundou, em 1905, a
Associação dos Operários Cristãos.
Em 1907, foi chamado para a Academia Eclesiástica de
Petrogrado, na Rússia, onde, primeiramente ensinou Sociologia e, em seguida,
Teologia dogmática.
Entretanto, como há muito tempo alimentava a ideia
da vocação religiosa - para conseguir para si uma maior perfeição - e
conhecendo, desde a sua infância, a
Congregação dos Padres Marianos
da Imaculada Conceição - que trabalharam na sua paróquia de naturalidade e o
baptizaram – pediu autorização para entrar nesta Congregação religiosa. Então, percebendo que era necessário salvar a
vida religiosa, sistematicamente destruída nas zonas de ocupação russa, pensou em restaurá-la e, clandestinamente, começou a
reformar a Congregação dos Padres Marianos que se encontrava em risco de
extinção, como as demais ordens religiosas, por causa de um decreto do Governo
Czarista que impunha grandes limitações ao exercício da vida religiosa. No ano
de 1909, fez os votos religiosos; elaborou as novas Constituições, que o Papa
São Pio X aprovou com o decreto do dia 28 de Novembro de 1910, e formou outros
confrades na mesma Academia Eclesiástica.
No ano de 1911, falecido o Superior-Geral, Pe.
Vicente Senkus, o Padre Jorge Matulaitis foi eleito para o cargo de Superior-Geral
pelos dois novos professos.
Muito prudentemente, renunciou aos cargos na
Academia Eclesiástica e dirigiu-se para a Suíça. Em Friburgo, abriu a casa de
Noviciado e admitiu vários sacerdotes chamados à vida religiosa.
No ano de 1913, visitou os Lituanos na América do
Norte e fundou um noviciado. Em 1914, pregou os exercícios espirituais para o
clero na Lituânia. No ano de 1915, fundou outra casa para noviços, perto de
Varsóvia. No ano de 1918, restaurou a casa de Noviciado, em Mariampole, na
Lituânia, e admitiu vários noviços. No mesmo ano, fundou a Congregação das
Irmãs dos Pobres, sob o título da Imaculada Conceição, que o Bispo da Diocese
aprovou no dia 15 de Outubro de 1918. Mais tarde, já como bispo de Vilnius,
fundou a Congregação das Servas da Santíssima Eucaristia.
Terminada a Guerra entre a Rússia e a Alemanha, no
dia 23 de Outubro de 1918, foi nomeado Bispo de Vilnius, pelo Papa Bento XV. No
dia 1 de Dezembro de 1918, foi ordenado bispo, em Kaunas. No dia 8 de Dezembro,
entrou solenemente na Catedral de Vilnius. Governou, esta diocese, durante sete
anos, com a maior prudência, e realizou inúmeras transformações.
No ano de 1925, após ter sido estabelecida a Concordata
entre a Polónia e a Santa Sé, que promovia a Sé de Vilnius a Sé Metropolitana,
o Bispo D. Jorge pediu, prudentemente, a exoneração, de modo a que fosse
nomeado, mais facilmente, um novo Arcebispo. O Papa Pio XI aceitou a sua resignação
e, no dia 1 de Setembro de 1925, nomeou-o Arcebispo titular de Adule e, no
mesmo ano, enviou-o como Visitador Apostólico para a Lituânia.
Preparou, aí, um modelo para a constituição da
Província Eclesiástica da Lituânia. A Santa Sé aprovou-o e criou a Província Eclesiástica
da Lituânia, no ano de 1926. Compôs, também, o modelo de Concordata com que se
regulavam as relações entre o Governo Lituano e a Sé Apostólica.
Depois de contactar as realidades eclesiais da
Lituânia, elaborou um relatório que enviou para Roma. Quando pensava dirigir-se,
em pessoa, ao Vaticano para apresentar, de viva voz, e analizar as suas
conclusões, foi acometido, em Kaunas, por uma doença grave, que lhe provocoua
morte. Monsenhor D. Jorge Malulaitis faleceu no dia 27 de Janeiro de 1927, com
56 anos de idade e uma vida santa, toda dedicada a Cristo, à Igreja e aos
irmãos. Foi sepultado na Catedral de Kaunas.
Foi beatificado, em Roma, no dia 28 de Junho de 1987, pelo Papa João Paulo II.
Na homilia da celebração eucarística da beatificação, o Papa disse: “ O Arcebispo Jorge Matulaitis – Matulewicz,
cuja vida e méritos foram recordados há pouco, é um grande e particular dom
para a Igreja e para a nação Lituana. Verdadeiro ‘servo e apóstolo de Jesus
Cristo’, foi zeloso e infatigável no seu ministério quer na sua pátria ou na
Polónia, quer em Roma e noutros lugares. Foi um Pastor cheio de coragem e de
iniciativas, capaz de enfrentar, com prudência e com espírito de savrifício,
situações difíceis para a Igreja, sempre preocupado, exclusivamente, com a
salvação das almas a ele confiadas.
E se ele soube
superar todas as provas e gozar de tanta e larga estima, isso deve-se às suas
virtudes, praticadas de modo extraordinário. É disso testemunha a multiplicidade
dos campos em que o seu trabalho pastoral foi sempre fecundo e cheio de frutos:
da zelosa animação da missão dos sacerdotes à realização de delicados encargos
a ele confiados pela Santa Sé; do ensino à promoção da cultura católica e da
justiça social e ao constante empenho pessoal
no serviço aos mais pobres e necessitados. Quero recordar, de modo
especial, o zelo com que praticou e promoveu a vida religiosa, reformando a
Congregação dos Padres Marianos e fundando a Congregação das Irmãs da Imaculada
Conceição e a das Servas de Jesus na Eucaristia. Os seus filhos e filhas
espirituais receberam dele uma herança preciosa de santidade e de dedicação à
Igreja e aos irmãos. Todo este vigor de resultados nasceu de uma intensa vida
interior que o mantinha, constantemente, unido a Deus. O novo ‘Beato’ é, de
modo especial, um esplêndido modelo de Bispo que se fez, heroicamente, ‘tudo
para todos’, profundamente consciente da sua missão pastoral; verdadeiro
apóstolo da unidade; inteiramente dedicado ao anúncio do Evangelho e à obra da
santificação das almas. (…) Durante cinquenta e seis anos, procurou ser digno
de Cristo. Por isso, tomou a sua cruz – e foram muitas as cruzes que, naqueles
tempos decisivos, lhe tocou agarrar e transportar – e, juntamente com tantas
outras cruzes, seguiu Cristo….”
A memória litúrgica do Beato Jorge Matulaitis
celebra-se no dia 27 de Janeiro.
