BEATO JOSÉ GÉRARD
José Gérard nasceu em Bouxieres-aux-Chênes
- França, no dia 12 de Março de 1831. Os seus pais, João Gerárd e Úrsula
Stofflet, honrados e piedosos agricultores. Foi baptizado logo no dia seguinte.
Aos dez anos, como era costume na época, fez a primeira comunhão, no dia 2 de
Fevereiro de 1842, e recebeu o Crisma dois anos depois. Por esta altura, graças
ao bom ambiente familiar e ao testemunho do seu pároco, nasceu nele a vontade de
ser sacerdote.
Entrou no seminário da Diocese de Nancy
para continuar os estudos e, cedo, deu provas de ser um estudante aplicado e
piedoso. O desejo de salvar almas foi crescendo no seu coração e, nos seus
sonhos, via-se impelido para ir mais longe, para as longínquas missões entre os
infiéis. Entrou, sem demora, em contacto com um Instituto Missionário que,
especialmente, o atraia: os Oblatos de Maria Imaculada. No dia 9 de Maio de
1851, foi admitido nos Oblatos, já com alguns estudos teológicos feitos.
Durante o ano de noviciado, José
sobressaiu pela sua devoção a Nossa Senhora e pelo seu zelo apostólico, a ponto
de merecer a graça que tanto desejava. O seu Superior - sendo ele apenas
diácono – achou por bem enviá-lo para a África do Sul, aonde chegou, no dia 21
de Janeiro de 1854, depois de oito meses de trabalhosa navegação. Aí, no mês
seguinte, foi ordenado sacerdote, para logo entrar nas lides apostólicas.
Coube-lhe, de início, trabalhar numa região onde nada de apreciável conseguiu,
ao longo de sete anos de trabalho exaustivo: os seus habitantes recusaram o
Evangelho. Então, foi incumbido de ir evangelizar os povos de Basutolândia, actual
Lesoto. Aqui trabalhou durante 50 anos, com tanto zelo e tanto fruto que mereceu
ser chamado o fundador das missões entre os Basutos. As qualidades e virtudes
do Padre Gerárd fizeram dele um insigne missionário. Não havia para ele
empreendimento impossível, nem estorvo insuperável. Confiava totalmente no
Senhor e insistia na oração frequente. Pobre e humilde, tirava da humildade
força para tudo levar a bom termo.
Verdadeiro religioso, tinha como norma
proceder sempre conforme as exigências da vocação, no fiel seguimento de Cristo
e na constante comunicação com Deus. Daqui, provinham o espírito de sacrifício
e de abnegação, o ardor da sua fé, o afã de em tudo e alegremente cumprir a
vontade de Deus. Entregou-se totalmente ao serviço de todos. O Papa João Paulo
II, na homilia da sua beatificação, disse: «Por onde quer que o Beato Gerárd
andasse, sabia viver a vocação missionária com extraordinário fervor
apostólico. O seu amor a Deus, cada vez mais ardente, manifestava-se no amor
concreto para com o próximo. Ele é conhecido pela sua especial solicitude a
favor dos doentes. Através de visitas frequentes e de um trato muito gentil, em
todos infundia coragem e esperança. Com aqueles que se encontravam à beira da morte,
tinha palavras que os dispunham para o seu encontro com Deus».
Por isso, não é de estranhar que o
apelidassem de santo e que uma idosa mulher, testemunha das suas virtudes
durante 40 anos, dissesse: «Ele foi o melhor sacerdote de quantos conheci. Não
poderá haver outro mais santo. Se ele não é santo e não entrou no Céu, ninguém
lá poderá entrar, nem branco, nem preto».
O Padre José Gérard parecia um Evangelho
vivo, comprovando, com as obras, a doutrina que ensinava. São do seu diário as
frases seguintes: «O bom Deus quer que sejamos santos, puros». «É uma obrigação
para mim e para todos». «Sinto continuamente o dever de ser um com Jesus e
Maria, para fazer bem às almas. Sem isto, que cristianismo, que santidade
poderei inculcar?». De novo uma referência do Santo Padre: «O segredo da sua
santidade, a chave da sua alegria e do seu amor às almas residia no facto de
andar sempre unido a Deus… As pessoas queriam estar perto dele, porque parecia
estar continuamente junto de Deus… Durante as longas e difíceis viagens,
conversava frequentemente com o seu amado Senhor. Este sentido vivo de estar sempre
na presença de Deus, explica a sua constante fidelidade aos votos religiosos de
castidade, pobreza e obediência, e às suas obrigações como sacerdote».
Os últimos anos da sua vida decorreram na
humildade, dedicando-se ao trabalho apostólico de olhos postos só em Cristo e
na sua Igreja. Padeceu breve enfermidade, sendo então de notar a sua perfeita
submissão à vontade de Deus.
Gasto pelo trabalho e pela idade, o Padre José Gérard faleceu no
dia 29 de Maio de 1914, na missão chamada ‘Roma’, tão querida para ele. O seu
funeral converteu-se em verdadeiro triunfo. Foi beatificado pelo Papa João
Paulo II, em Maseru, capital de Lesoto, no dia 15 de Setembro de 1988.
A memória litúrgica do Beato José Gérard celebra-se no dia 29 de
Maio.