- na Audiência-Geral, na
Praça de São Pedro – Roma, no dia 14 de Junho
Resumo:
A nossa esperança assenta na certeza de
sermos filhos de Deus, amados, desejados por Deus. Se quisermos mudar o coração
duma pessoa triste, é preciso, antes de mais nada, fazer-lhe sentir que é
desejada, que é importante. Grande parte da angústia do homem de hoje nasce
disto: de pensar que, se não formos fortes, atraentes e belos, ninguém porá os
olhos em nós, ninguém quererá saber de nós. Muitos procuram dar nas vistas, só
para preencher um vazio interior: como se fôssemos pessoas eternamente
carecidas de confirmação do que somos e valemos. Imaginai um mundo onde todos
procuram chamar a atenção para si mesmos, e ninguém está disposto a querer bem
gratuitamente aos outros! Parece um mundo humano, mas na realidade é um
inferno. Nada mais poderá fazer-nos felizes, senão a experiência do amor dado e
recebido? A vida do ser humano consiste numa troca de olhares: alguém,
fixando-nos nos olhos, arranca-nos o primeiro sorriso; por nossa vez, sorrindo
gratuitamente a quem está fechado na tristeza, abrimos-lhe uma porta de saída.
Vemos acontecer isto no filho pródigo da parábola: «Quando ainda estava longe,
o pai viu-o e, enchendo-se de compaixão, correu a lançar-se-lhe ao pescoço…».
Somos filhos amados de Deus. E não nos ama, por ver em nós alguma razão para
isso; ama-nos porque Ele mesmo é amor, e o amor, por sua natureza, tende a
difundir-se, a dar-se. Deus nem sequer faz depender o seu amor da nossa
conversão: antes, esta é consequência do seu amor. Deus ama-nos mesmo quando
somos pecadores. Ao criar-nos, imprimiu em nós uma beleza primordial que nenhum
pecado, nenhuma opção errada poderá jamais cancelar de todo. Aos olhos do Pai
do céu, seremos sempre pequenas fontes de água boa que jorram para a vida
eterna.
(cf. Santa Sé)