BEATA LUÍSA TERESA
DE
MONTAIGNAC DE CHAUVANCE
Luísa Teresa nasceu em Havre, França, no dia 14 de Maio de 1820.
Foi a quinta filha de uma prole de seis, numa família profundamente cristã. Os
seus pais, Raimundo Amato e Ana de Raffin, eram de origem nobre, contando com
numerosos Cruzados entre os seus antepassados, bem como o santo abade Amável.
Embora tenha nascido em Havre, passou a maior parte da sua vida em Montluçon.
Com a idade de sete anos, contemplando o Presépio, ela descobriu
"o tocante mistério de um Deus Menino, pobre e sofredor..." Foi
educada, como aluna interna, no célebre colégio ‘Les Oiseaux de Paris’, onde
teve início a sua devoção ao Sagrado Coração de Jesus. Naquela instituição,
Mons. De Quelen havia autorizado a celebração do primeiro mês dedicado ao
Sagrado Coração, em 1833.
Aos treze anos, Luísa fez a sua Primeira Comunhão. Ela guardou uma
tal impressão deste primeiro encontro com Jesus Eucaristia, que, 50 anos mais
tarde, diria, emocionada com aquela lembrança: "Depois da minha Primeira
Comunhão, permaneci sempre sob a acção divina". Durante toda a sua vida,
ela manterá "uma atracção irresistível pela Eucaristia".
Tendo deixado o colégio por motivos de saúde, foi confiada, pela
mãe doente, aos cuidados de uma tia, Madame de Raffin, que também era a sua
madrinha. Desta senhora, Luísa recebeu uma educação espiritual e doutrinária muito
profunda: lia, com grande empenho, o Evangelho e as obras de Santa Teresa
d'Ávila.
Os encargos sociais da família eram vividos por ela com prudência.
Inteligente, com dotes para a música e a pintura, cultivava simultaneamente o
desejo de uma maior intimidade com Deus.
Em 1837, com 17 anos, voltou ao colégio ‘Les Oiseaux de Paris’,
onde aprofunda a sua devoção ao Sagrado Coração, entrando em contacto com o
jesuíta Rousin, um dos entusiastas e proponentes daquela devoção. Em 8 de
Setembro de 1843, Luísa faz a sua consagração ao Sagrado Coração de Jesus,
dedicando-Lhe toda a sua vida.
Luísa tinha manifestado o seu desejo de entrar no Carmelo, tal era
o seu entusiasmo pelas obras de Santa Teresa d'Ávila, mas, o padre que a
aconselhava, sugeriu-lhe dirigir a sua vocação para outro caminho.
A sua tia estava empenhada no projecto da fundação de uma
associação para difundir a devoção ao Sagrado Coração, e envolveu nele Luísa.
Mas, em 4 de Dezembro de 1845, a tia morreu subitamente e Luísa tornou-se
herdeira daquele projecto e dos bens da tia.
A sua família transferiu-se para Montluçon, em 1848. Naquela
cidade, Luísa foi nomeada directora da Associação das Filhas de Maria,
suportando o peso principal do trabalho: acudir os órfãos, restaurar as igrejas
pobres rurais, dar instrução às jovens pobres.
Foi assim que Luísa Teresa decidiu reunir um grupo de senhoras
católicas para serem, no mundo, "testemunhas do amor de Deus". Para
atingir esta finalidade, elas deveriam permanecer no seu meio. Surgiu assim, em
1848, a Obra dos Tabernáculos.
Em 1850, Luísa acolheu algumas meninas órfãs, num local contíguo à
sua casa paterna, consolidando as bases para um orfanato que fundou em 1852, em
Moulins. Em 1854, fundou a Obra da Adoração reparadora.
Ainda em 1854, com 34 anos, foi acometida por grave doença nas
pernas, o que a obrigou a ficar mais no leito do que em pé, por sete anos. Esta
doença a acompanharia por toda vida, mas Luísa nunca deixou de propagar a
devoção ao Sagrado Coração.
Após várias tentativas de agregar o seu grupo, como Ordem Terceira,
às Congregações consagradas ao Sagrado Coração - aconselhada pelo jesuíta
Gautrelet, fundador do Apostolado da Oração e seu director espiritual - em 1874,
Luísa Teresa fundou a Pia União das Oblatas do Sagrado Coração. Aprovada pelo
Bispo de Moulins, a Instituição estava dividida em dois grupos: as Oblatas
Religiosas, que podiam viver em comum; e as Oblatas Seculares, que tinham por
meta as obras de caridades junto aos necessitados.
A partir de Montluçon, estas comunidades estenderam-se pela
diocese, depois pela França e, por fim, fora das fronteiras. As Oblatas do
Sagrado Coração de Jesus, a exemplo da sua fundadora, como foi acentuado pela
Igreja, serão um "modelo de uma Fé profunda, viva e actuante (...) exemplo
luminoso que deixa entrever o que uma mulher pode fazer pelo bem da
Igreja", tendo no seu activo numerosas obras de caridade e orfanatos.
Em Dezembro de 1875, Luísa Teresa foi nomeada secretária-geral do
Apostolado da Oração, dirigido, então, pelo jesuíta Henrique Ramière. Embora
quase imobilizada, por causa da doença, expandiu as suas relações e dedicou-se
à correspondência com as suas Oblatas.
Em 1880, as Oblatas desejaram unir os dois ramos - as religiosas e
as chamadas "reuniões" – numa única Congregação, elegendo Luísa
Teresa superiora-geral. Apesar da ruptura com o Padre Ramière, a Congregação
obteve a aprovação da Santa Sé, em 4 de Outubro de 1881. Um ano depois, Luísa
fundou os "Pequenos Samueis", para preparar rapazes para a vida
sacerdotal ou religiosa.
Em 1888, quando a Instituição foi aprovada pela Congregação
Romana, infelizmente só as Oblatas religiosas foram reconhecidas; as Oblatas
seculares ou das "reuniões", e as Damas agregadas foram suspensas.
Mas, Luísa Teresa não sofreu este desgosto, porque havia falecido, em Montluçon,
no dia 27 de Junho de 1885, com 65 anos. Ficou sepultada na capela da Cruz
Verde, em Montluçon.
Luísa Teresa foi beatificada, no dia 4 de Novembro de 1990, pelo
Papa João Paulo II.
A sua memória litúrgica celebra-se no dia 27 de Junho.