- resumo da mensagem do
Papa, na Audiência-Geral, na Praça de São Pedro – Roma, no dia 28 de Junho
Quando lemos a vida dos mártires, de ontem
e de hoje, ficamos maravilhados ao ver a fortaleza com que enfrentam as
provações. Esta fortaleza é sinal da grande esperança que os animava: nada e
ninguém poderia separá-los do amor de Deus que lhes foi dado em Cristo Jesus. Nos
tempos de tribulação, devemos crer que Jesus vai à nossa frente e não cessa de
acompanhar os seus discípulos. A perseguição não está em contradição com o
Evangelho; antes pelo contrário, faz parte dele: se perseguiram o divino
Mestre, como podemos esperar que nos seja poupada a luta? Assim, mesmo no meio
do turbilhão, o cristão não deve perder a esperança, julgando-se abandonado.
Jesus assegura-nos: «Até os cabelos da vossa cabeça estão todos contados. Não
temais!» Como se dissesse: Nenhum dos sofrimentos do homem, nem mesmo os mais
íntimos e ocultos, passam despercebidos ou são invisíveis aos olhos de Deus.
Deus vê; e, seguramente, protege e resgata-nos do mal. De facto, no nosso meio,
há Alguém que é mais forte do que o mal; Alguém que sempre ouve a voz do sangue
de Abel que clama da terra. Com esta certeza, os mártires não vivem para si,
não combatem para afirmar as próprias ideias e aceitam morrer apenas por
fidelidade ao Evangelho. A única forma de vida do cristão é o Evangelho. O
martírio não é sequer o ideal supremo da vida cristã, porque, como diz o
apóstolo Paulo, acima dele está a caridade, o amor a Deus e ao próximo. Repugna
aos cristãos a ideia de que, nos atentados suicidas, aqueles que os fazem se
possam chamar «mártires»: naquele desfecho final, não há nada que lembre a
atitude dos filhos de Deus. A lógica evangélica aceita, nos cristãos, a prudência
e até a esperteza, mas nunca a violência. Para derrotar o mal, não se podem
adotar os métodos do mal. (cf. Santa Sé)