SANTA CLARA DA CRUZ
Clara nasceu no ano de 1268, em Montefalco, cidade da
Úmbria, na Itália. Era filha de Damião e Jacobina Vengente, que tiveram quatro
filhos.
A sua irmã mais velha, Joana, de 20 anos, juntamente
com a sua amiga Andreia, fundou uma ermida onde se dedicava a uma vida de
oração e sacrifício. Em 1274, o bispo de Spoleto permitiu que Joana recebesse
mais jovens no seu pequeno eremitério.
Aos 5 anos, Clara pediu a Joana que a admitisse na
pequena comunidade que ela dirigia. Joana atendeu ao pedido da irmã um ano mais
tarde. Assim, Clara, com seis anos, começou a fazer parte da Ordem Terceira de
São Francisco.
Em 1278, a comunidade já tinha crescido tanto, que
tiveram que construir uma ermida maior, fora da cidade. Começou, então, uma
campanha contra elas. Uma verdadeira perseguição, não só por parte dos leigos
da cidade, como também pelos Franciscanos do lugar, que diziam que a cidade era
muito pequena para ter outra comunidade que vivia pedindo esmolas. O Senhor,
porém, que é justo, moveu o oficial do ducado a votar em seu favor e elas permaneceram
na cidade. Entretanto, a ermida ficou por acabar. A comunidade não teve
dinheiro suficiente para pôr o telhado. Por isso, os membros da comunidade
passavam frio e fome; sustentada pela sua fé, que era mais forte do que as
perseguições e as adversidades.
Em 1290, Clara, a sua irmã Joana e as suas
companheiras decidiram entrar na vida monástica, no mais rigoroso sentido. O
bispo indicou-lhe, então, o Mosteiro de Montefalco que era regido pela regra de
Santo Agostinho. Clara faz os seus votos de pobreza, castidade e obediência, convertendo-se
numa religiosa agostiniana. A sua irmã foi eleita a primeira abadessa e a sua
pequena ermida foi dedicada como um mosteiro.
Joana faleceu no dia 22 de Novembro de 1291 e Clara
foi eleita abadessa. Inicialmente, Clara não aceitou esta eleição; porém,
depois da intervenção do bispo de Spoleto, aceitou, finalmente, movida pelo sentido
da obediência evangélica.
O ano de 1294 foi decisivo para a vida espiritual de
Clara. Na celebração da Epifania, depois de fazer uma confissão geral diante
das suas ‘filhas’, entrou em êxtase e assim permaneceu por várias semanas.
Impossibilitada de comer, as religiosas mantinham a sua Madre Abadessa dando-lhe
água açucarada. Depois, Clara contou que tinha tido uma visão na qual se viu
sendo julgada diante de Deus.
Clara também contou ter tido uma visão de Jesus,
vestido como um pobre viajante. Ajoelhando-se diante d’Ele, procurou detê-Lo e
perguntou-Lhe: “Meu Senhor, aonde vais?” E Jesus respondeu: “Tenho andado a
procurar, pelo mundo todo, um lugar onde plantar, firmemente, esta Cruz e ainda
não o encontrei”. Clara olhou para a Cruz e manifestou o seu desejo de O ajudar
a carregá-la. E Jesus disse: “Clara, encontrei, aqui, o lugar para minha Cruz.
Encontrei, finalmente, alguém a quem posso confiá-la”.
E Jesus implantou a sua Cruz no coração de Clara. A
intensa dor que sentiu em todo seu ser, enquanto recebia a Cruz de Cristo,
viveu com ela para sempre. O resto dos seus dias, passou-os no sofrimento e na
dor e, ainda assim, continuou servindo as suas irmãs com alegria.
Em 1303, Clara pôde construir uma igreja em Montefalco.
Esta igreja passou a ser a Igreja do Mosteiro, e sempre aberta às pessoas da
cidade. A primeira pedra foi abençoada em 24 de Junho de 1303, pelo bispo de
Spoleto, e naquele dia a igreja foi dedicada à Santa Cruz.
Clara exerceu, durante 16 anos, a sua missão de
abadessa, mestra, mãe e directora espiritual das suas amadas filhas. Enquanto a
sua fama de santidade e os seus milagres atraiam visitantes ao mosteiro, ela governava-o
com sabedoria, com zelo e sem quebrar a harmonia da comunidade.
Em Agosto de 1308, Clara adoeceu gravemente. No dia 15
de Agosto pediu para receber a Unção dos Enfermos. Fez a sua última confissão
no dia 17 de Agosto e, no dia seguinte, faleceu no seu Mosteiro de Montefalco.
Clara da Cruz foi beatificada, em 13 de Abril de 1737,
pelo Papa Clemente XII. Em 8 de Dezembro de 1881, Festa da Imaculada Conceição,
o Papa Leão XIII canonizou-a na Basílica de São Pedro, em Roma.
Santa Clara da Cruz foi uma grande mística que
iluminou, com seu esplendor espiritual, a Ordem Agostiniana. Deus dotou-a de
singulares graças místicas, como visões e êxtases, e dons sobrenaturais que se
manifestaram dentro e fora do Mosteiro. Dotada de grande ciência, pôde oferecer
sábias soluções para as mais árduas questões propostas pelos teólogos,
filósofos e literatos. Sempre defendeu, valentemente, a doutrina da fé
católica.
Santa Clara da Cruz distinguiu-se, sobretudo, pelo seu
amor à Paixão do Senhor, reservando um lugar muito principal à devoção à Santa
Cruz.
A memória litúrgica de Santa Clara da Cruz celebra-se
no dia 17 de Agosto.