- na
homilia da Missa de 7º dia de D. António Francisco dos Santos (18.09.2017)
1
– “Convido todo o cristão, em qualquer lugar e situação em que se encontre, a
renovar, hoje mesmo, o seu encontro pessoal com Jesus Cristo ou, pelo menos, a
tomar a decisão de se deixar encontrar por Ele, de O procurar no dia-a-dia sem
cessar” (EG nº 3)
É
assim que o nosso Papa Francisco transforma em convite dirigido a todo o
cristão, o desafio da Nova Evangelização de São João Paulo II, e a palavra de
Bento XVI, “que não me cansarei de repetir”, diz Sua Santidade: “no início do
ser cristão não há uma decisão ética ou uma grande ideia, mas o encontro com um
acontecimento, com uma pessoa que dá à vida um novo horizonte, e, desta forma,
um rumo decisivo” (DCE nº 1).
2
– Estamos diante dum pensamento e objectivo comuns: convidar todos os crentes a
regressar à pessoa de Jesus de Nazaré, este Jesus que o evangelho de hoje,
capítulo sétimo de S. Lucas, nos apresenta como a presença viva da misericórdia
do Pai que ama os inimigos, que ouve e sente a dor dos mais pequeninos –
ressuscita o filho da pobre viúva de Naim, e se compadece do pecador
arrependido – perdoa à pecadora. Ele é o pólo da unidade da Igreja a que nos
chama.
Precisamos
de ir ao encontro deste Jesus que a poeira acumulada por 20 séculos de história
nos vem ocultando.
3
– Foi o programa que nos deixou o nosso querido Bispo, D. António
Francisco, num convite particularmente vivo, profundamente interpelativo e
emocionado, também pela circunstância em que foi feito: “Igreja do Porto, vive
esta hora que te chama, guiada pelas mãos de Maria, a ir ao encontro de Cristo
e, a partir de Cristo, a anunciar com renovado vigor e acrescido encanto a
beleza da fé e a alegria do Evangelho. Viver em Igreja esta paixão
evangelizadora é a nossa missão. A Vossa e a minha missão.”
4
– Aqui resume, de maneira particularmente feliz, a orientação traçada pelos
nossos últimos Papas, que referimos, e o programa pastoral que pensou, fez
discutir e propôs à sua amada Diocese. Levar aos homens a alegria e a beleza do
Evangelho. Ajudá-los a encontrar em Jesus a fonte autêntica da verdade e da
vida e, por aí, da verdadeira alegria, da alegria de viver. E a encontrarem-se
n’Ele com o infinito amor do Pai.
Ajudar
o homem a saciar a sua sede de Deus e ajudar Deus a saciar a sua sede do homem.
Se podemos falar assim. Deus e Homem, Jesus é, de facto, o espaço humano,
humano/divino, de encontro da humanidade com o seu criador e salvador. O abraço
da reconciliação universal. A paz.
5
– O amor ao nosso querido Bispo, o nosso obrigado, a nossa admiração e
veneração e o nosso choro, a nossa saudade, havemos de significá-los e dar-lhes
forma no esforço por levarmos a efeito este programa que nos deixou, aquele
emocionado e particularmente vivo convite da última homilia que lhe ouvimos. É
a sua grande palavra para nós. Há-de ser.
Deus
estará connosco.
6
– Deixou-nos um programa e deixou-nos um testemunho, o testemunho de uma vida
em Jesus Cristo. De Pastor. De Pastor Bom. Na sua alegria contagiante. Alegria
que transparecia do seu rosto e do seu olhar meigo e profundo. A alegria com
que envolvia o seu trabalho. Reflectia. Meditava. Calava-se e ouvia. Sabia
ouvir, ver e apreciar o trabalho dos outros.
Viveu
situações difíceis e muito duras, mas nunca o seu semblante significou
perturbação ou angústia, nunca a sua voz se elevou. Era um homem sereno. Muito
bom. De paz. Foi na bondade que fez do seu trabalho um serviço, um enorme
serviço.
Como
ninguém, soube integrar-se na tradição da diocese que lhe fora confiada.
Quantas vezes citara escritos dos seus antecessores, quantas vezes referiu o
seu pensamento e se serviu das suas orientações e recuperou pistas e caminhos
pastorais. Também aí, procurou e encontrou a firmeza e segurança que lhe
permitiu caminhar em frente. Ser novo e ser actual, no serviço. Original.
7
– Partilhava problemas e preocupações. Trazia a vida para a vida. Aquela vida
que experimentava naqueles que visitava, que encontrava na rua ou que, de
qualquer modo, se cruzavam no seu caminho de pastor, de pastor atento, sensível
e transbordante de caridade, de apóstolo.
8
– Era um homem de oração e um homem pobre. Pobreza e oração, o segredo da sua
força. Profundamente pobre, e livre. Livre. Livre em relação a tudo e a todos.
Livre daquela liberdade dos apaixonados por Jesus. E foi por ser livre que deu
e se deu todo, até ao fim.
9
– Temos o seu programa. Temos o seu convite, o seu grande convite,
programático, temos a sua “presença” viva na intercessão junto do Pai: “Igreja do
Porto vai ao encontro de Cristo e a partir de Cristo, aos homens que O
procuram”.
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António Maria Bessa Taipa