* CRISMA,
EM SANTA MARIA DA FEIRA
* DIA MUNDIAL DAS MISSÕES
A
Igreja celebra, no próximo dia 22 de Outubro, o Dia Mundial das Missões. Trata-se
de um grande acontecimento e de uma oportunidade de fazer sentir a vocação
missionária da Igreja. O documento ‘Redemptoris Missio’, Encíclica do Papa João
Paulo II sobre a validade permanente do mandato missionário, exorta, “todas as
Igrejas e os pastores, os sacerdotes, os religiosos e os fiéis, a abrirem-se à
universalidade da Igreja, evitando todas as formas de particularismo, exclusivismo,
ou qualquer sentimento de autossuficiência (RM 85)”.
Este
documento, tão importante, faz um apelo a toda a Igreja para se abrir à Missão
além-fronteiras, conforme o mandato do próprio Jesus Cristo. A Igreja “foi
enviada para manifestar e comunicar a caridade de Deus a todos os homens e
povos (Jo 10, 10)”, mandato que a ‘Redemptoris Missio’ também sublinha. “Esta
Missão é única, sendo a mesma a sua origem e o seu fim; mas, na sua dinâmica de
realização, há diversas funções e actividades. Antes de tudo, está a acção
missionária denominada ‘missão ad gentes’”.
O
Dia Mundial das Missões tem por objectivo celebrar a unidade da Igreja através
da partilha e da fraternidade. Os filhos de Deus, nesse dia, devem festejar a
universalidade da Missão, em comunhão e oração e, também, numa generosa
partilha de bens, em favor da acção missionária da Igreja.
- A origem do Dia Mundial das Missões
Em
1922, foi eleito Papa o Cardeal Arcebispo de Milão, Achille Ratti, que tomou o
nome de Pio XI (1922-1939). O seu ardor missionário era conhecido de todos, e
esperava-se dele um grande impulso para a Missão.
-
Nesse ano, constituiu em ‘Pontifícias’ as Obras Missionárias já existentes,
recomendando-as como instrumentos principais e oficiais da Cooperação
Missionária de toda a Igreja.
-
Estimulou a criação de novas Missões e ordenou os primeiros bispos indianos
(1923) e chineses (1926).
-
No Ano Santo de 1925, abriu, no Vaticano, uma Exposição Missionária Mundial.
- Em
1926, publicou uma Encíclica sobre as Missões, ‘Rerum Ecclesiae’, na qual
reafirmava a importância dos objectivos missionários programados no início do
seu pontificado.
A
ideia de um Dia das Missões, a nível mundial, nasceu no ‘Círculo Missionário’
do Seminário Arquidiocesano de Sássari (Sardenha, Itália).
-
De 14 a 16 de Maio de 1925, o Círculo Missionário organizou um tríduo
missionário, com a participação do Arcebispo, que suscitou muita animação.
-
No ano seguinte, de 17 a 20 de Março de 1926, repetiu-se a celebração.
Na
ocasião, chegou de Roma Mons. Luigi Drago, Secretário da Sagrada Congregação de
Propaganda Fide (actual Congregação para a Evangelização dos Povos, no
Vaticano). Os seminaristas pediram-lhe que propusesse ao Papa Pio XI a
celebração de um Dia todo dedicado às Missões, como se fazia na Universidade do
Sagrado Coração. Mons. Drago prometeu que falaria com o Papa a esse respeito.
E, de Roma, mandou dizer que o Papa havia enviado uma resposta ao pedido:
"Esta é uma inspiração que vem do céu".
No
final de Março de 1926, realizou-se a Plenária do Conselho Superior Geral da
Obra, já Pontifícia, da Propagação da Fé. Naquela ocasião, decidiu-se pedir
oficialmente ao Papa Pio XI "a instituição, em todo o mundo católico, de
um Dia de oração e de ofertas em prol da propagação da fé".
Em
14 de Abril de 1926, a Congregação dos Ritos comunicava que o Santo Padre havia
concedido o pedido. Seria celebrado, anualmente, no penúltimo domingo do mês de
Outubro.
Oficialmente,
o primeiro Dia Mundial das Missões foi celebrado em Outubro de 1927.
Este
ano de 2017, no dia 22 de Outubro, celebra-se o 90º Dia Mundial das Missões.
* PALAVRAS DE D. PIO ALVES,
BISPO-AUXILIAR DO PORTO
- na homilia da Missa de 30º
dia da morte
do Senhor D. António Francisco dos Santos
do Senhor D. António Francisco dos Santos
Virgem Maria, Mãe da Santa Esperança
1. O dia 11 de Outubro, trigésimo dia da morte do Senhor D. António
Francisco, coincide, liturgicamente, com a memória de S. João XXIII e, na
cidade do Porto, com a solenidade de Nossa Senhora de Vandoma. Falando
humanamente - muito humanamente! -, o Senhor D. António estará feliz com esta
dupla coincidência.
Nos seus tempos de jovem estudante de Teologia, conviveu com o ar
fresco que trouxe à Igreja o Bom Papa João. Sintonizou com a sua espontânea
bondade e gastou a sua vida – seminarista, sacerdote, bispo – percorrendo os
caminhos abertos pelo Concílio Vaticano II.
A Virgem Maria – de Vandoma, da Assunção, dos Remédios, de Fátima
– alimentou o seu mundo de afectos. Porque é Mãe de Jesus Cristo: Mãe de Deus.
Porque é a outra Mãe que amplia, de modo inefável, os laços que o prendiam, de
modo singular, à mãe que o deu à luz. As conhecidas circunstâncias familiares e
pessoais potenciaram esta espécie de sobreposição maternal.
Em Fátima, no passado dia 13 de Maio, escutou, seguramente com
particular emoção, o grito do Santo Padre: “Temos Mãe! Temos Mãe!”. Sim, o Senhor
D. António, agora sabe, com a certeza da visão e do amor, que temos Mãe. Nós,
por cá, continuamos a caminhar à luz da fé e movidos pela esperança.
Escolhemos, por isso, para a celebração do seu trigésimo dia, a Missa da “Virgem
Maria, Mãe da Santa Esperança”.
2. O texto do Livro de Ben Sirá (24, 14-16. 24-31), da primeira
leitura, procurou as palavras mais belas e as comparações mais reconfortantes
para falar da Sabedoria: que não deixará “de existir por toda a eternidade”; e
os que a “tornarem conhecida terão a vida eterna”. Não é ousadia desmedida que
a Liturgia da Igreja tenha transposto este texto para o apropriar a Nossa
Senhora.
Com as inevitáveis limitações de toda a linguagem humana, Maria,
pela sua irrepetível fidelidade aos desígnios de Deus, abre-nos as portas da
esperança: no fim de um caminho para uma eternidade feliz.
É assim que se nos mostra, entre outros, no episódio das Bodas de
Caná (Jo 2, 1-11). De um modo discreto, sem palavras a mais, resume a dimensão
missionária e materna da sua condição de discípula: “Fazei tudo o que Ele vos
disser”. E fizeram.
O milagre resulta da convergência: de uma mediação (da Virgem
Maria); de uma dócil, generosa e efectiva obediência (dos serventes); da acção
de Deus. Um milagre que, como é óbvio, tem as marcas de Deus: a
sobreabundância, a qualidade, a surpresa, a felicidade.
Os figurantes do relato do milagre abrem espaço a diversificadas
oportunidades de aprendizagem e crescimento. Podemos inscrever-nos, por
exemplo, no grupo dos serventes. E aprenderemos: a perguntar menos e a fazer
mais; a levar ao limite a nossa cooperação, enchendo até acima as talhas de
pedra; a não nos autoatribuirmos a condição de senhores dos milagres; a cultivarmos
a alegria e a gratidão pelos resultados visíveis dos dons de Deus nas vidas do
próximo mais próximo. E tudo isto, levando à prática a discreta insinuação de
Maria: “Fazei tudo o que Ele vos disser”.
Muito do que há para fazer, e dos seus modos, está condensado
nessa espécie de testamento espiritual, transcrito no verso da memória do
falecimento do Senhor D. António: “Igreja do Porto: Vive esta hora, que te
chama, guiada pelas mãos de Maria, a ir ao encontro de Cristo e, a partir de
Cristo, a anunciar, com renovado vigor e acrescido encanto, a beleza da fé e a
alegria do Evangelho. Viver em Igreja esta paixão evangelizadora é a nossa
missão. A vossa e a minha missão!”.
3. Não é este o lugar nem o momento para traçar perfis
biográficos. Mas não é difícil descobrir na vida do Senhor D. António Francisco
muitos dos traços que a celebração de hoje nos sugere.
Damos graças a Deus pelo estimulante exemplo de fidelidade que nos
deixou. Justificadamente, invocamos, para si, Senhor D. António, e para nós, a
Virgem Maria, Mãe da Santa Esperança.