*SEMANA NACIONAL DOS
SEMINÁRIOS
De 12 a 19 de Novembro, a Igreja em Portugal
celebra a Semana dos Seminários, sob o lema: “Fazei o que Ele vos disser”.
Apresentamos a mensagem do Sr. D. António Augusto Azevedo, Bispo-Auxiliar do
Porto e Presidente da Comissão Episcopal das Vocações e Ministérios:
“A Semana dos Seminários é ocasião privilegiada para que os
cristãos tomem consciência da importância do Seminário como lugar indispensável
para a formação dos futuros pastores da Igreja. Consciência que resulta da
reflexão sobre as implicações da formação inicial, feita nos seminários, na
missão da Igreja e no futuro da fé; consciência que se desdobra em oração ao
Senhor da vinha para que chame trabalhadores para a sua vinha; consciência que
se abre ainda à partilha e ajuda material aos seminários.
O lema desta semana é a frase pronunciada por Maria no episódio
das Bodas de Caná: «Fazei o que Ele vos disser» (Jo.2,5). Após a interpelação
dirigida a Jesus - «Não têm vinho!», Maria volta-se para os serventes para que
estes, seguindo a palavra de Jesus, tudo façam para que a sua Hora chegue. O
apelo da Mãe do céu dirige-se agora a todos e a cada um: aos baptizados, chamados
a servir o Senhor; a todos os que estão em formação nos seminários; àqueles que
o servem nos vários ministérios e formas de vida consagrada.
O exemplo de Maria mostra que o fundamental é estar com Jesus,
caminhar com Ele, sabendo estar no meio do mundo com atenção às circunstâncias
em se pode revelar a novidade de Deus. Como em Caná, tantas situações de
carência, dor ou fracasso podem ser ocasião de manifestação da misericórdia
divina. Para isso é necessário escutar o que o Senhor diz e acolher a sua
palavra no coração. Uma escuta que exige a atenção e o discernimento capazes de
interpretar a vontade do Senhor, distinta dos apelos do mundo ou do eco das
ambições e motivações individuais. Ele chama alguns à vocação sacerdotal que
tem na sua origem «um dom da graça divina que se concretiza na ordenação
sacramental. Esse dom exprime-se no tempo pela mediação da Igreja que chama e
envia em nome de Deus» (Ratio fundamentalis institutionis sacerdotalis, 34).
O apelo de Maria em Caná sublinha o carácter imperativo do Fazer,
isto é, a necessidade de levar à prática a palavra escutada. Naquela situação,
tratou-se de exercitar um serviço concreto: encher as talhas e levar ao chefe
de mesa. Desta forma, o evangelho evidencia o valor do serviço humilde e
dedicado na concretização do que Jesus manda. O serviço é o horizonte proposto
a todo aquele que quer ser verdadeiro discípulo de Jesus, de modo específico a
quem escuta e responde ao apelo: «Vem e segue-me!». O seminário é tempo de
formação na escola do serviço, é caminho de configuração a Cristo, Cabeça,
Pastor, Servo e Esposo, de forma que, na ordenação presbiteral, o candidato
seja capaz de um dom total de si ao serviço de Deus e do seu povo.
O cumprimento da frase de Maria conduz à realização do primeiro
grande sinal de Jesus – a transformação da água em vinho – e desta forma Ele
«manifestou a sua glória e os discípulos creram nele» (Jo.2, 11). Em Caná,
Jesus revela-se como o verdadeiro noivo que está presente à humanidade para
renovar com ela a aliança nupcial e ajudá-la a reencontrar o caminho da esperança,
da alegria, e da paz. No nosso tempo, os seminários representam um sinal da
esperança para a Igreja e para o mundo porque aqueles que neles se formam, em
ordem ao ministério sacerdotal, serão expressão da presença de Jesus Cristo, o
esposo sempre fiel que também hoje quer encher de misericórdia e alegria a humanidade
que não desistiu de amar.
O Seminário é tempo de estar com Jesus e de aprender com Ele a
viver no meio das realidades do mundo; é tempo para exercitar a escuta e
aprofundar o discernimento acerca da vontade de Deus; é tempo de cultivar um
coração dócil, livre e generoso para o serviço de Deus e dos irmãos; é tempo
para descobrir o estilo mariano da evangelização que valoriza a proximidade, a
ternura e o afecto.
Que Maria nos ajude com a sua intercessão materna para que os
seminários sejam comunidades onde se formam verdadeiros discípulos missionários
e contribuam «para que a Igreja se torne uma casa para muitos, uma mãe para
todos os povos, e torne possível o nascimento de um mundo novo» (Evangelii
Gaudium, 288).”