- TEMPO DO ADVENTO
A Igreja inicia, neste Domingo, 3 de Dezembro, o tempo litúrgico
chamado “Advento”. Esta palavra, de origem latina, significa “vinda”, “chegada”.
O Advento é o tempo de preparação da vinda do Senhor: a celebração da vinda
histórica de Cristo - na Festa do Natal – e a vinda de Cristo, no final dos
tempos, realizando a plenitude da salvação.
O tempo do Advento começa no Domingo a seguir à Solenidade de
Cristo Rei e termina na véspera do dia de Natal.
Na liturgia deste tempo, aparecem duas figuras bíblica de especial
relevo: Maria e João Baptista. Ambos exprimem a vocação a que os crentes são
chamados: acolher Deus e testemunha-lo na vida.
O Tempo do Advento deveria
ser marcado, na vida dos cristãos, pela vivência da esperança e da oração.
Para ajudar a nossa reflexão sobre o Advento, apresentamos a
palavra do Papa Bento XVI, na oração do Angelus, do Primeiro Domingo do Advento
de 2011: “…Iniciamos hoje com toda a Igreja o novo Ano litúrgico: um caminho
novo de fé, para viver juntos nas comunidades cristãs, mas também, como sempre,
para percorrer no âmbito da história do mundo, a fim de a abrir ao mistério de
Deus, à salvação que vem do seu amor. O Ano litúrgico começa com o Tempo do
Advento: tempo maravilhoso no qual desperta nos corações a expectativa do
retorno de Cristo e a memória da sua primeira vinda, quando se despojou da sua
glória divina para assumir a nossa carne mortal.
«Vigiai!». Este é o apelo de Jesus no Evangelho de hoje. Dirige-o
não só aos seus discípulos, mas a todos: «Vigiai!» (Mt 13, 37). É uma chamada
saudável a recordar-nos de que a vida não tem só a dimensão terrena, mas está
projectada para um «além», como uma pequena planta que germina da terra e se
abre para o céu. Uma pequenina planta pensante, o homem, dotada de liberdade e
de responsabilidade, pelo que cada um de nós será chamado a prestar contas de
como viveu, como utilizou as suas capacidades: se as conservou só para si ou se
as fez frutificar inclusive a favor dos irmãos.
Também Isaías, o profeta do Advento, nos faz reflectir hoje com
uma oração amargurada, dirigida a Deus em nome do povo. Ele reconhece as faltas
da sua gente, e a um certo ponto diz: «Ninguém invocava o teu nome, nem se
esforçava por se apoiar em ti; porque escondias de nós a tua face, e nos entregavas
às nossas iniquidades» (Is 64, 6). Como não permanecer admirado com esta
descrição? Parece reflectir certos panoramas do mundo pós-moderno: as cidades
onde a vida se torna anónima e horizontal, onde parece que Deus está ausente e
o homem é o único dono, como se fosse o artífice e o realizador de tudo: as
construções, o trabalho, a economia, os transportes, as ciências, a técnica,
parece que tudo depende só do homem. E por vezes, neste mundo que parece quase
perfeito, acontecem coisas arrasadoras, ou na natureza, ou na sociedade, pelo
que nós pensamos que Deus se retirou, que nos tenha, por assim dizer,
abandonado a nós mesmos.
Na realidade, o verdadeiro «dono» do mundo não é o homem, mas
Deus. O Evangelho diz: «Vigiai, pois, porque não sabeis quando virá o dono da
casa: se à tarde, se à meia-noite, se ao cantar do galo, se de manhãzinha; não
seja que, vindo inesperadamente, vos encontre a dormir» (Mc 13, 35-36). O Tempo
do Advento chega todos os anos para nos recordar isto, para que a nossa vida encontre
a sua orientação justa, rumo ao rosto de Deus. O rosto não de um «dono», mas de
um Pai, de um Amigo. Com a Virgem Maria, que nos guia no caminho do Advento,
façamos nossas as palavras do profeta. «Mas Tu, Senhor, é que és o nosso Pai.
Nós somos a argila e Tu és o oleiro. Todos nós fomos modelados pelas tuas mãos»
(Is 64, 7)…”
- SOLENIDADE DA IMACULADA
CONCEIÇÃO
No próximo dia 8 de Dezembro, a Igreja celebra a Solenidade da
Imaculada Conceição, dogma da fé católica, segundo o qual a Mãe do Jesus foi
preservada do pecado desde o momento da sua concepção, ou seja, desde o
instante em que começou a sua vida humana.
Em 8 de Dezembro de 1854, o Papa Pio IX, depois de receber
inúmeros pedidos de bispos e fiéis de todo o mundo, perante mais de 200
cardeais, bispos, embaixadores e milhares de fiéis católicos, declarou, com sua
bula “Ineffabilis Deus”: “A doutrina que sustenta que a beatíssima Virgem
Maria, no primeiro instante da sua conceição, por singular graça e privilégio
do Deus omnipotente, em vista dos méritos de Jesus Cristo, Salvador do género
humano, foi preservada imune de toda a mancha da culpa original, é revelada por
Deus e, por isso, deve ser crida firme e constantemente por todos os fiéis”.
Lembrando, neste dia, a memória do Sr. D. António Francisco dos
Santos, transcrevemos um trecho da sua homilia, na Festa da Imaculada Conceição
de 2016: “…A Igreja celebra hoje a solenidade litúrgica da Imaculada Conceição
da Virgem Santa Maria, Padroeira de Portugal. Este é, por isso, um dia solene,
um dia de graça e um dia de bênção para a Igreja e para o Mundo. Somos chamados
a olhar Maria como a eleita de Deus, para ser Mãe de seu Filho e por Deus
isenta de todo o pecado. Ela é a “cheia de graça”; a “bendita entre todas as
mulheres” (cf. Luc 1, 28-42).
Em Maria cumpre-se o sonho de Deus, ao preparar e predispor, desde
a sua conceição, a vida e o coração de uma filha de Eva para ser a Mãe do
Redentor.
Em Maria concretiza-se a esperança do povo de Israel e desenha-se
o caminho daqueles povos que procuram a verdade, a concórdia, o bem, a
dignidade, a justiça e a paz.
Em Maria espelha-se o rosto da nova Humanidade, enriquecida pela
graça de Deus, como o provam as palavras do Evangelho de hoje na saudação do
Anjo, que proclama: «O Senhor está contigo, encontraste graça diante de Deus»
(Luc 1, 28-30).
Maria converte-se, assim, na figura por excelência do Advento. Ela
é sinal da presença de Deus no meio dos homens, ao anunciar-nos que o Natal vai
acontecer. Ela abre a porta do coração humano ao sonho de Deus.
Ela é a casa e a família que Deus escolhe para que o seu Filho
tenha Mãe, casa e família. Ela é esta porta que se abre para que a todas as
famílias, com Maria, se renovem nas fontes da alegria do Natal e do amor vivido
em família.
Ela é o modelo da Igreja, verdadeira Mãe de coração aberto, que
acolhe, acompanha, educa e semeia esperança no horizonte daqueles a quem dá a
vida. Ela é modelo de uma Igreja de gente feliz, porque acredita nas
bem-aventuranças do evangelho e se predispõe a praticar com alegria as obras de
misericórdia.
Ela é anúncio de uma nova Humanidade que ama e espera, que recebe
e aceita Deus, que acolhe a Sua Palavra e a põe em prática. No horizonte da
esperança de uma Humanidade que Deus salva, encontra-se a resposta de Maria:
«Faça-se em mim segundo a tua Palavra» (Luc 1,38)…” (cf. Diocese do Porto)
- ORAÇÃO DO PAPA FRANCISCO
no dia 8 de Dezembro de
2013, em Roma, diante da imagem da Imaculada Conceição
Virgem Santa e Imaculada:
a Ti, que és a honra do nosso povo e a defensora atenta da nossa
cidade,
nos dirigimos com confiança e amor.
Tu és a Toda Bela, ó Maria! Em Ti não há pecado.
Suscita em todos nós um renovado desejo de santidade:
brilhe na nossa palavra o esplendor da caridade,
habitem no nosso corpo pureza e castidade,
torne-se presente na nossa vida toda a beleza do Evangelho
Tu és a Toda Bela, ó Maria! Em Ti se fez carne a Palavra de Deus.
Ajuda-nos a permanecer na escuta atenta da voz do Senhor:
nunca nos deixe indiferentes ao grito dos pobres,
não nos encontre distraídos o sofrimento dos doentes e dos
carecidos,
comovam-nos a solidão dos idosos e a fragilidade das crianças,
seja sempre amada e venerada por todos nós cada vida humana.
Tu és a Toda Bela, ó Maria! Em Ti, a alegria plena da vida
bem-aventurada, com Deus.
Faz com que não percamos o significado do nosso caminho terreno,
ilumine os nossos dias a luz gentil da fé,
oriente os nossos passos a força consoladora da esperança,
anime o nosso coração o calor contagioso do amor
permaneçam os olhos de todos nós bem fixos em Deus, onde se
encontra a verdadeira alegria.
Tu és a Toda Bela, ó Maria!
Escuta a nossa oração, escuta a nossa súplica:
haja em nós a beleza do amor misericordioso de Deus em Jesus,
seja esta divina beleza a salvar-nos e a salvar a nossa cidade e o
mundo inteiro.
Amém!