- na Audiência - Geral, na Praça de São Pedro, Roma no dia 6
de Dezembro
Estimados irmãos e irmãs, bom dia!
Hoje, gostaria de falar sobre a viagem apostólica que
realizei recentemente ao Myanmar e ao Bangladesh. Foi um grande dom de Deus e,
por isso, dou-lhe graças por todas as coisas, especialmente pelos encontros que
pude realizar. Renovo a expressão da minha gratidão às autoridades dos dois
países e aos respectivos Bispos, por todo o trabalho de preparação e pelo acolhimento
reservado a mim e aos meus colaboradores. Desejo transmitir um sentido “obrigado”
ao povo birmanês e bengalês, que me demonstraram tanta fé e muito afecto:
obrigado!
Pela primeira vez, um sucessor de Pedro visitou o
Myanmar e isto aconteceu pouco depois de terem sido estabelecidas relações
diplomáticas entre esse país e a Santa Sé.
Desejei, também neste caso, exprimir a proximidade de
Cristo e da Igreja a um povo que sofreu devido a conflitos e repressões e que,
agora, está a caminhar lentamente rumo a uma nova condição de liberdade e de
paz. Um povo no qual a religião budista está fortemente radicada, com os seus
princípios espirituais e éticos, e onde os cristãos estão presentes como
pequeno rebanho e fermento do Reino de Deus. Tive a alegria de confirmar na fé
e na comunhão esta Igreja, viva e fervorosa, durante o encontro com os Bispos
do país e nas duas celebrações eucarísticas. A primeira foi no parque desportivo,
no centro de Yangon, e o Evangelho daquele dia recordou que as perseguições,
por causa da fé em Jesus, são normais para os discípulos, como ocasião de
testemunho, mas que “nem sequer um fio de cabelo lhes será tocado” (cf. Lc 21, 12-19).
A segunda Missa, último acto da visita a Myanmar, foi dedicada aos jovens: um
sinal de esperança e um dom especial da Virgem Maria, na catedral que tem o seu
nome. Nos rostos daqueles jovens, cheios de alegria, vi o futuro da Ásia: um
futuro que não será de quem fabrica armas, mas de quem semeia fraternidade. E,
sempre em sinal de esperança, benzi as primeiras pedras de 16 igrejas, do
seminário e da nunciatura: dezoito!
Além da Comunidade católica, pude encontrar-me com as
Autoridades de Myanmar, encorajando os esforços de pacificação do país e
fazendo votos para que todos os vários componentes da nação, sem excluir
ninguém, possam cooperar para tal processo, no respeito recíproco. Neste espírito,
quis encontrar-me com os representantes das diversas comunidades religiosas presentes
no país. Em particular, ao Supremo Conselho dos monges budistas manifestei a
estima da Igreja pela sua antiga tradição espiritual e a confiança de que cristãos
e budistas, juntos, possam ajudar as pessoas a amar a Deus e ao próximo,
rejeitando qualquer violência e opondo-se ao mal com o bem.
Ao deixar Myanmar, fui ao Bangladesh, onde o meu
primeiro gesto foi prestar homenagem aos mártires da luta pela independência e
ao “Pai da Nação”. A população do Bangladesh é, em grande parte, de religião
muçulmana e, por conseguinte, a minha visita - depois das do beato Paulo VI e
de São João Paulo II - deu um ulterior passo a favor do respeito e do diálogo
entre o cristianismo e o islão.
Recordei às Autoridades do país que a Santa Sé apoiou,
desde o início, a vontade do povo bengalês de se constituir como nação
independente, assim como a exigência de que nela seja sempre tutelada a
liberdade religiosa. Em particular, quis exprimir solidariedade ao Bangladesh
no seu compromisso de socorrer os refugiados Rohingyas, que afluem em massa ao
seu território, onde a densidade demográfica é já uma das mais elevadas do
mundo.
A Missa celebrada num histórico parque de Daca foi
enriquecida com a Ordenação de dezasseis sacerdotes: este foi um dos eventos
mais significativos e jubilosos da viagem. De facto, tanto no Bangladesh como
em Myanmar, e nos outros países do sudeste asiático, graças a Deus, não faltam
vocações, sinal de comunidades vivas, nas quais ressoa a voz do Senhor que
chama para o seguir. Partilhei esta alegria com os Bispos do Bangladesh e
encorajei-os no seu generoso trabalho em prol das famílias, dos pobres, da
educação, do diálogo e da paz social. E partilhei esta alegria com muitos
sacerdotes, consagradas e consagrados do país, assim como com os seminaristas,
as noviças e os noviços, nos quais vi rebentos da Igreja, naquela terra.
Em Daca vivemos um momento forte de diálogo
inter-religioso e ecuménico, que me deu a oportunidade de evidenciar a abertura
do coração como base da cultura do encontro, da harmonia e da paz. Também
visitei a “Casa Madre Teresa”, onde a santa se hospedava quando ia àquela
cidade, e que acolhe muitos órfãos e pessoas com deficiência. Lá, segundo o seu
carisma, as religiosas vivem cada dia a oração de adoração e o serviço a Cristo,
pobre e sofredor. E nunca falta, nos seus lábios, o sorriso: religiosas que
rezam muito, que servem os sofredores e mantêm continuamente o sorriso. É um
bonito testemunho. Agradeço muito a estas irmãzinhas.
O último evento foi com os jovens bengaleses, rico de
testemunhos, cantos e danças. Mas como dançam bem, esses bengaleses! Sabem
dançar bem! Uma festa que manifestou a alegria do Evangelho recebido por aquela
cultura: uma alegria fecundada pelos sacrifícios de tantos missionários,
catequistas e pais cristãos. No encontro estavam presentes, também, jovens
muçulmanos e de outras religiões: um sinal de esperança para o Bangladesh, para
a Ásia e para o mundo inteiro. Obrigado. (cf.
Santa Sé)