- na Audiência - Geral, na Praça de São Pedro, Roma no dia 6
de Dezembro
Estimados irmãos e irmãs, bom dia!
Retomando o caminho das catequeses sobre a Missa, hoje
perguntemo-nos: por que vamos à Missa, aos Domingos?
A celebração dominical da Eucaristia está no centro da
vida da Igreja (cf. Catecismo da Igreja Católica,
n. 2177). Nós, cristãos, vamos à Missa,
aos Domingos, para encontrar o Senhor Ressuscitado, ou melhor, para nos
deixarmos encontrar por Ele; ouvir a sua palavra; alimentar-nos à sua mesa; e,
assim, tornarmo-nos Igreja, isto é, o seu Corpo místico, vivo no mundo.
Desde o princípio, os discípulos de Jesus
compreenderam isto e celebravam o encontro eucarístico com o Senhor no dia da
semana a que os judeus chamavam “o primeiro da semana” e os romanos “dia do
sol”, porque, naquele dia, Jesus tinha ressuscitado dos mortos e aparecido aos
discípulos, falando com eles, comendo com eles, concedendo-lhes o Espírito
Santo (cf. Mt 28, 1; Mc 16, 9.14; Lc 24,
1.13; Jo 20, 1.19), como ouvimos na leitura
bíblica. Também a grande efusão do Espírito, no Pentecostes, teve lugar no Domingo,
cinquenta dias depois da Ressurreição de Jesus. Por estas razões, o Domingo é
um dia santo para nós, santificado pela celebração eucarística, presença viva
do Senhor entre nós e para nós. Portanto, é a Missa que faz o Domingo cristão!
O Domingo cristão gira em volta da Missa. Que Domingo é, para o cristão, aquele
no qual falta o encontro com o Senhor?
Existem comunidades cristãs que, infelizmente, não
podem beneficiar da Missa todos os Domingos; no entanto, também elas, neste dia
santo, são chamadas a recolher-se em oração em nome do Senhor, ouvindo a
Palavra de Deus e mantendo vivo o desejo da Eucaristia.
Algumas sociedades secularizadas perderam o sentido
cristão do Domingo iluminado pela Eucaristia. Isto é pecado! Em tais contextos,
é preciso reavivar esta consciência, para recuperar o significado da festa, o
significado da alegria, da comunidade paroquial, da solidariedade e do descanso
que revigora a alma e o corpo (cf.
Catecismo da Igreja Católica, nn. 2177-2188). De todos estes valores, a Eucaristia é nossa mestra, Domingo após Domingo.
Por isso, o Concílio Vaticano II quis reiterar que «o Domingo é, pois, o
principal dia de festa a propor e inculcar no espírito dos fiéis; seja, também,
o dia da alegria e do repouso, da abstenção do trabalho» (Const.
Sacrosanctum concilium, 106).
A abstenção dominical do trabalho não existia nos
primeiros séculos: é uma contribuição específica do cristianismo. Por tradição
bíblica, os judeus descansam no sábado, enquanto na sociedade romana não estava
previsto um dia semanal de abstenção dos trabalhos servis. Foi o sentido
cristão do viver como filhos e não como escravos, animado pela Eucaristia, que
fez do Domingo - quase universalmente - o dia do descanso.
Sem Cristo, estamos condenados a ser dominados pelo
cansaço do dia-a-dia, com as suas preocupações, e pelo medo do amanhã. O
encontro dominical com o Senhor dá-nos a força para viver o presente com
confiança e coragem, e para progredir com esperança. Por isso, nós, cristãos,
vamos encontrar-nos com o Senhor aos Domingos, na celebração eucarística.
A comunhão eucarística com Jesus, Ressuscitado e Vivo
eternamente, antecipa o Domingo sem ocaso, quando já não haverá cansaço, nem
dor, nem luto, nem lágrimas, mas só a alegria de viver plenamente e, para
sempre, com o Senhor. Inclusive, sobre este abençoado descanso, nos fala a
Missa dominical, ensinando-nos, no decorrer da semana, a confiar-nos nas mãos
do Pai que está nos Céus.
Como podemos responder a quem diz que não é preciso ir
à Missa - nem sequer aos domingos - porque o importante é viver bem e amar o
próximo? É verdade que a qualidade da vida cristã se mede pela capacidade de
amar, como disse Jesus: «Por isto, todos saberão que sois meus discípulos se
vos amardes uns aos outros» (Jo 13, 35). Mas, como podemos praticar o Evangelho
sem absorver a energia necessária para o fazer, um domingo após o outro, da
fonte inesgotável da Eucaristia? Não vamos à Missa para oferecer o que quer que
seja a Deus, mas para receber d’Ele aquilo de que verdadeiramente temos
necessidade. Recorda-o a oração da Igreja, que assim se dirige a Deus: «Tu não
precisas do nosso louvor, mas por um dom do teu amor chamas-nos a dar-te
graças; os nossos hinos de bênção não aumentam a tua grandeza, mas obtém para
nós a graça que nos salva» (Missal Romano,
Prefácio comum IV).
Em síntese, por que ir à Missa aos domingos? Não é
suficiente responder que é um preceito da Igreja. Isso ajuda a preservar o seu
valor mas, sozinho, não basta. Nós, cristãos, temos necessidade de participar
na Missa dominical, porque só com a graça de Jesus, com a sua presença viva em
nós e entre nós, podemos pôr em prática o seu mandamento e, assim, ser suas
testemunhas credíveis. (cf. Santa Sé)