SANTA MARIA AFONSINA DANIL GHATTAS
Maryam Soultaneh Danil
Ghattas nasceu, em Jerusalém, no dia 4 de Outubro de 1843. Desde pequena,
sentia uma devoção especial pela Virgem Maria e pela a recitação do Rosário.
“Que Mãe bela, Maria! Não a posso descrever. Nenhuma imagem se assemelha,
sequer um pouco, à sua imensa beleza. Bem-aventurado aquele que goza
eternamente”, disse ela num dos seus escritos, divulgados pela sua comunidade.
Foi baptizada no
dia 19 de Novembro de 1843, e recebeu o Sacramento da Confirmação das mãos do
primeiro Patriarca latino de Jerusalém, D. José Valerga, depois da restauração
do patriarcado em 18 de Julho de 1842.
Foi graças ao seu
estreito relacionamento com Maria que D. José pode ver, com clareza – quando
ela tinha apenas 14 anos – que o Senhor a chamava para a vida religiosa. O seu
amor à Virgem ajudou-a, também, a enfrentar algumas dificuldades, como a
oposição do seu pai à sua vocação. Finalmente, em 1860, vestiu o hábito no Instituto
das Irmãs de São José da Aparição, tomando o nome de Maria Afonsina.
“Sobressaia-se pela sua profunda piedade e
firme adesão à fé católica. Fundou a associação das Filhas de Maria e, também,
outra orientada para as mães cristãs. Continuou o seu trabalho apostólico, em
Belém”, escreveu o postulador para sua
causa, Pe. Vitor Tomás Gomez, OP.
A Irmã Maria
Afonsina foi favorecida com várias aparições de Nossa Senhora, que lhe revelou
o seu desejo de que ela fundasse a Congregação do Santo Rosário. A Virgem Maria
falou-lhe do Pe. José Tannus, um santo sacerdote do patriarcado latino,
sugerindo que ele fosse o seu director espiritual e administrador da
Congregação. Foi ele que encontrou, em Jerusalém, não longe do Patriarcado, uma
modesta casa na qual entraram as cinco primeiras postulantes - entre elas Irmã
Maria Afonsina - em 24 de Julho de 1880. O Patriarca Vicente Bracco impõe o
hábito às postulantes, em 15 de Dezembro de 1881.
A Irmã Maria Afonsina
enfrentou várias dificuldades para obter de Roma a sua dispensa, do Instituto
das Irmãs de São José da Aparição, para se dedicar à nova congregação: a
Congregação do Santo Rosário.
Em 6 de Outubro de
1883, a Irmã Maria Afonsina - que quis conservar o mesmo nome na nova
congregação - recebeu o hábito da Congregação do Rosário. Em 1885, foi admitida
à profissão e pronunciou os seus primeiros votos.
A 25 de Julho de
1885, foi viver numa nova casa da Congregação, em Jaffa de Galileia, perto de
Nazaré, com outra Irmã, para dar apoio à paróquia local. Foi ali que se deu um
milagre: um dia, Nathira I'd, uma menina, caiu num poço profundo, cheio de
água. A Irmã Maria Afonsina teve, então, a inspiração de lançar o seu Rosário
ao poço e dirigiu-se, em seguida, à igreja para invocar Nossa Senhora e rezar o
Rosário com outras meninas. Passado pouco tempo, Nathira saiu do poço são e
salva, dizendo que viu uma grande luz e uma escada em forma de rosário que a
ajudou a sair.
Em 1886, fundou uma
escola feminina em Beit Sahour, pequena localidade de pastores, perto de Belém,
dando trabalho às jovens pobres da cidade.
Em 1887, com três
Irmãs, deixou Beit Sahour e foi para Salt, a primeira missão na Transjordânia.
Dois anos mais tarde, foi enviada a Naplouse; porém voltou para a casa central
de Jerusalém por razões de saúde. Uma vez restabelecida, foi enviada para
Zababdeh. Em 1892, viajou para Nazaré, onde cuidou do Pe.Tannus até à sua
morte.
Em 1893, a Irmã
Maria Afonsina abriu, em Belém, uma oficina para dar trabalho às jovens pobres
da cidade. Passou ali 15 anos de zelo e entusiasmo.
Em 1909, foi
enviada para a casa central de Jerusalém, onde fundou um orfanato, permanecendo
naquela cidade até 1917, ocasião em que foi enviada para fundar um orfanato em
Aïn-Karem, a aldeia onde viveu Santa Isabel e onde Maria a foi visitar e
proclamou o seu ‘Magnificat’. Ali pôde voltar à sua vida de oração e cumprir o
desejo da Virgem Maria: que o Rosário fosse rezado perpetuamente. Ali
permaneceu até à sua morte, em 25 de Março de 1927. A Madre Maria Afonsina morreu
rezando o rosário com a sua irmã, Hanneh Danil Ghattas.
“Ó Senhor! É assim que te mostras generoso e
consolas os pecadores que não te suplicam! Do que é feita tua caridade para com
teus amigos e eleitos? Ó Maria, minha mãe! Quem te pode compreender? Quem pode
dar-se conta da tua compaixão para com as filhas da tua raça, especialmente
aquelas que se sentem desorientadas em sua vida?”, escreveu a Irmã Afonsina.
A Irmã Maria
Afonsina viveu 42 anos ao serviço de seu Instituto. Em todos os lugares onde
morava, concentrava sua aação em ensinar a ler e a escrever, a fazer trabalhos
manuais, fundava associações para as mulheres, ensinava o catecismo, e,
obviamente, difundia a recitação do Rosário. “A mortificação de si mesmo atrai
graças imensas, assim como a oração e a modéstia”, repetia constantemente.
Actualmente, há
cerca de 300 Irmãs da Congregação do Santo Rosário, presentes na Palestina,
Israel, Jordânia, Líbano, Síria, Emirados Árabes Unidos, Egipto e Roma. A
congregação apenas aceita jovens de origem árabe e é seguidora do rito latino.
“Dei-me como uma
oferenda total por tudo o que a Divina Providência queria de mim. Não encontro
nenhum mal naquilo que sofro, porque sou uma oferenda do Rosário”, dizia Santa
Maria Afonsina.
A Irmã Maria
Afonsina Danil Ghattas foi beatificada pelo Papa Bento XVI, no dia 22 de Novembro
de 2009, na Basílica da Anunciação, em Nazaré, Israel, em cerimónia presidida
pelo Cardeal Ângelo Amato, prefeito da Congregação para as Causas dos Santos e
enviado especial do Papa. Foi canonizada pelo Papa Francisco, no dia 17 de Maio
de 2015, na Basílica de São Pedro, em Roma.