SANTO ANTÓNIO MARIA GIANELLI
António Maria Gianelli nasceu em Cereta, Itália, no
dia 12 de Abril de 1789. Era filho de Maria e James Gianelli, uma família de
camponeses pobres e humildes. No seio desta família, aprendeu a caridade, o
espírito de sacrifício, a capacidade de dividir com o próximo. A sua mãe ensinou-lhe
o catecismo; o seu pai - conhecido como pacificador da cidade – ensinou-lhe a
honradez, a justiça e o apreço pelo bem comum. Desde pequeno, António gostava
de participar, activa e alegremente, nas obras e movimentos paroquiais. Era um
estudante tão promissor que o proprietário das terras onde os seus pais
trabalhavam pagou a sua educação, enviando-o para o Seminário de Génova. Tinha
17 anos.
Aos vinte e três anos, terminada a formação doutrinal
e teológica, foi ordenado sacerdote, no dia 24 de Maio de 1812. Leccionou
letras e retórica e a sua primeira obra, que muito impressionou o clero da sua
diocese, foi um recital, organizado para a recepção solene do novo Bispo de Génova,
Monsenhor Lambruschini. Intitulou esse recital de “Reforma do Seminário”. Assim,
de modo tranquilo, directo e sem rodeios, defendeu uma nova postura na formação
dos futuros sacerdotes. A repercussão foi imediata e frutificou durante todo o
período da restauração pós-napoleónica.
Entre as múltiplas actividades do Padre António
Gianelli está a fundação de uma associação de nome insólito - também por ter
sido fundada por um pároco - chamada “Sociedade Económica”, embora de
finalidades evangélicas. Com efeito, tinha por objectivo educar e assistir
moralmente as jovens, confiadas aos cuidados das “Damas da Caridade” - um nome
igualmente inusitado – que, em 1829, adoptou o nome de “Filhas de Maria
Santíssima do Horto”, também chamadas de Irmãs Gianellinas. Esta Congregação
teve um rápido desenvolvimento, sobretudo na América Latina, onde o Padre António,
durante suas visitas, era chamado pelo povo de “o santo das irmãs”.
Entre 1826 e 1838, o Padre Gianelli foi pároco de
Chiavari. A sua acção apostólica não se confinou aos limites da sua vasta
paróquia. Um ano depois da nomeação, lançou as bases para a fundação de uma
congregação masculina - posta sob o patrocínio de Santo Afonso Maria de Ligório
- destinada a dinamizar e aperfeiçoar o apostolado da pregação e a estruturar
as organizações do clero, reunindo jovens sacerdotes para as missões populares
e para o trabalho pastoral em paróquias, particularmente, necessitadas. Os
missionários “Ligorianos” assumiram o nome de Oblatos de Santo Afonso Maria de
Ligório.
Em 1837, foi eleito bispo de Bobbio. Na sua Diocese,
introduziu as reformas já promovidas como pároco de Chiavari, fundando o
Seminário e reformulando o ensino da filosofia e da teologia. Com verdadeiro
zelo pastoral, cuidou da formação do clero; com mão enérgica, removeu párocos
pouco zelosos; recorreu, com frequência, à colaboração dos seus oblatos. Foi um
pastor vigilante, cheio de caridade e de compreensão, aberto às novas correntes
do pensamento.
D. Gianelli morreu no dia 7 de Junho de 1846, com 57
anos. Viveu uma vida relativamente breve, mas intensa, dedicada com coração e
espírito de missionário às obras benéficas no campo religioso e social.
Foi beatificado em 1925 e canonizado pelo Papa Pio
XII, no dia 21 de Outubro de 1951.
No dia 17 de Fevereiro de 2003, dirigindo-se às
religiosas “Filhas de Maria Santíssima do Horto”, congregação fundada por Santo
António Gianelli, o Papa João Paulo II disse: «…Santo António Maria Gianelli
viveu com coragem e paixão a sua missão ao serviço do Reino de Deus. Ele gostava
de repetir: "Deus, Deus, só Deus". Toda a sua actividade era animada
por um ardente desejo de pertencer a Cristo. Desejava servir o Senhor no pobre,
no doente, na pessoa sem instrução, como também naqueles que ainda não
conheciam ou não tinham encontrado Deus na sua vida. Abria o coração ao
acolhimento dos irmãos e preocupava-se com todos. Os seus ensinamentos estão
bem expressos nas vossas Constituições, que traçam o estilo típico da vossa
Família religiosa: fidelidade ao carisma, vivendo em vigilante caridade
evangélica, esquecendo o próprio interesse e as próprias comodidades; estar
atentas às necessidades dos tempos, sentindo alegria por vos fazerdes todas
para todos com um compromisso que não conheça outros limites senão a
impossibilidade ou a inoportunidade (cf. n. 2).
…Na base do vosso trabalho esteja o amor que, para o
vosso santo Fundador, constitui, com razão, um princípio pedagógico
fundamental. Ele recomendava às suas filhas espirituais: "Procurai, em
primeiro lugar, amar verdadeiramente e mostrar um grande amor pelas crianças
que vos estão confiadas, porque ninguém ama quem não ama; e se não são amadas
por vós, também não irão à escola, ou não estarão de boa vontade convosco; e
não aprenderão metade daquilo que aprenderiam, amando as suas Mestras e
vendo-se amadas por elas".
A pobreza, assumida voluntariamente e com alegria, é
uma condição que facilita e torna mais fecundo o vosso testemunho. A pobreza,
como gostava de repetir Santo António Maria Gianelli, seja "o verdadeiro
distintivo do vosso Instituto". Ao lado do amor fiel à pobreza, não falte
nunca o espírito de sacrifício, na consciência quotidiana de que uma Filha de
Maria "não pode estar sem a Cruz".
Sede, pois, incansáveis testemunhas de esperança.
Entre as virtudes que a Filhas de Maria Santíssima do Horto devem praticar,
Santo António Maria Gianelli põe em relevo a grande confiança em Deus. Viver abandonadas
a Ele: eis o que vos permitirá não vos deixardes perturbar pelos aparentes
insucessos, antes vos tornará capazes de ajudar as pessoas angustiadas e
desorientadas. O vosso Fundador falava assim às vossas Irmãs de então:
"Quando alguma coisa estiver a correr menos bem ou até mal, não se
perturbarão ou julgarão verdadeiro mal; mas humilhar-se-ão diante de Deus e
confiarão que Ele saberá tirar daí algum bem"…»
A memória litúrgica de Santo António Maria Gianelli
celebra-se no dia 7 de Junho.