BEATA MARIA DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS
Maria Schininà Arezzo nasceu no dia 10 de Abril de
1844, em Ragusa, Itália, no seio de uma nobre família. Foi baptizada no mesmo
dia em que nasceu.Foi a 5ª de oito filhos de João Baptista Schininà - dos
Marqueses de Santo Elias e dos Barões de São Filipe do Monte – e de Rosália
Arezzo Grimaldi – dos Duques de São Filipe das Colunas. O palácio onde nasceu
é, hoje, a sede do Bispado de Ragusa. Cresceu no meio do afecto e das atenções
dos seus familiares. Foi seu mestre o Padre Vicente di Stefano.
Em criança comungava duas vezes por mês e na
adolescência de oito em oito dias. Apesar de tão bons princípios, a jovem
deixou-se arrastar pelas vaidades do mundo. Mas não largou as práticas de
piedade, nem interrompeu os actos de caridade, apesar de não manifestar sinais
de particular apreço pela vida espiritual. Excepcional é, contudo, o seu gosto
pelo belo, que ela cultivava sobretudo com a dança, a música e a moda. Viveu
uma vida social intensa até que, aos 22 anos, perdeu o pai. Este acontecimento
marcou-a profundamente e envolveu-a de grande aflição. Mas, nem por isso se afastou
do apego pelas vaidades mundanas. Casados todos os seus irmãos, ficou sozinha
com a sua mãe.
Aos 30 anos, inexplicavelmente, passou a assistir,
diariamente, à Santa Missa; a comungar com frequência; a visitar e a socorrer
os pobres e doentes; e a ir à igreja, para fazer companhia a Jesus
Sacramentado. Começou a vestir-se com modéstia e a ensinar o catecismo às
crianças. Nesta altura, foi convidada pelo carmelita Padre Salvatore La Perla a
dirigir a associação das Filhas de Maria, dedicada a cuidar e a socorrer os
mais pobres.
Tornou-se apóstola fervorosa da devoção ao Sagrado
Coração de Jesus e a Nossa Senhora do Rosário. Mandou fazer uma coroa para a
Virgem, desfazendo-se, para o efeito, de todas as suas joias. Começou a sentir
atracção pela vida consagrada, manifstando vontade de entrar no Mosteiro de
clausura de Malta, mas o seu pároco aconselhou-a a ficar com a mãe, já idosa, e
a cuidar dela.
Em 1884, depois da morte da sua mãe, manifestou o
desejo de se retirar para o Mosteiro. Mas, desta vez, foi o Arcebispo de
Siracusa que a persuadiu a fundar um Instituto religioso que se dedicasse a
obras de caridade.
No ano seguinte, reuniu algumas companheiras que se
empenharam com ela na instrução e educação da juventude, na protecção dos
órfãos e na assistência aos idosos e doentes. No dia 9 de Maio de 1889, o
próprio Arcebispo presidiu à Santa Missa em que Maria e cinco companheiras
fizeram os votos de pobreza, castidade e obediência, dando início à Congregação
das “Irmãs do Sagrado Coração de Jesus”.
O Papa Leão XIII recebeu-a em audiência, em 1890. Em
1892, ela iniciou a construção da primeira casa do Instituto, que se tornaria a
Casa-mãe.
Entretanto, foi chamada para organizar, em Ragusa, a
Associação das Damas de Caridade; hospedou, no seu Instituto, de 1906 a 1908,
as primeiras Monjas Carmelitas da cidade; de 1908 a 1909, deu asilo aos afectados
pelo desastroso terramoto que destruiu Messina e Reggio Calabria.
O começo do Instituto foi difícil mas, a habilidade da
sua fundadora superou todos os vexames e adversidades. Para socorrer a todos os
necessitados, não se envergonhava de pedir esmolas de porta em porta, o que
para ela - que tinha sido muito rica - significava um acto de humildade fora do
comum.
Interessou-se pelos necessitados de bens materiais mas,
sobretudo, pelos que precisavam de auxílio espiritual, como eram os que se achavam
em perigo de perder a fé. A sua caridade não tinha limites e levou-a, também,
ao apostolado entre os presos, aos quais pregava cursos de exercícios
espirituais, por ocasião da Páscoa. Todos os anos, empenhava-se para que os
operários recebessem os sacramentos da confissão e da comunhão. Até as
pecadoras públicas se mostravam sensíveis às suas iniciativas de caridade.
A Madre Maria do Sagrado Coração de Jesus mortificava
o corpo e a mente. Sofria de dores de cabeça constantes, mas não se permitia um
só lamento, considerando-se feliz por participar da coroação de espinhos de
Jesus. A sua vida era toda feita de oração e de fé, a ponto de imprimir, no seu
próprio peito, o nome de “Jesus”.
A grande preocupação da sua vida foi levar o “Coração
de Deus às pessoas, e as pessoas ao Coração de Deus”.
Maria Schininà Arezzo – Irmã Maria do Sagrado Coração
de Jesus – faleceu no dia 11 de Junho de 1910.
Em 1950, o Instituto das Irmãs do Sagrado Coração de
Jesus abriu-se às missões no mundo, enviando as primeiras irmãs italianas para
os Estados Unidos e o Canadá. Agora, as religiosas estão presentes em
Madagáscar (1961), nas Filipinas (1988), na Polónia (1991), na Nigéria (1995),
Roménia (1997) e na Índia (2004).
Foi beatificada no dia 4 de Novembro de 1990, pelo
Papa Jopão Paulo II. Na homilia da celebração da beatificação, o Papa disse: “…
O caminho espiritual da Beata Maria Schininà do Sagrado Coração parte da
penetração profunda do amor de Deus, que se revela no símbolo do Coração de
Jesus. Para corresponder a este amor, ela marcou a sua espiritualidade com a contemplação,
a adoração e a reparação.
Desprezando o luxo e as vazias cerimónias do seu nobre
palácio, iniciou uma vida totalmente dedicada ao serviço dos pobres, a exemplo
de Jesus, que no seu amor pelos homens se fez bom samaritano de toda a
enfermidade humana.
Para a Beata Maria Arezzo, os pobres eram os doentes,
os anciãos, os ignorantes, os necessitados de instrução; os mineiros das minas
de betume e de enxofre, que não conheciam a Deus e precisavam de catequese; os
encarcerados, aos quais pregava cursos de exercícios espirituais, pela Páscoa;
as pecadoras públicas que se mostravam, cada vez mais, sensíveis às suas
iniciativas de caridade.
A beatificação da Irmã Schininà, nos planos da
Providência, é celebrada no dia seguinte à conclusão do Sínodo dos Bispos sobre
a formação sacerdotal. A beata foi grande apoio para numerosos sacerdotes que
ela servia e venerava como ministros da reconciliação e da Eucaristia. Quantos
sacerdotes foram por ela protegidos espiritualmente na sua vocação e ajudados,
também, economicamente durante a vida do Seminário!
Este testemunho de heróica caridade evangélica é o
‘fruto’ que a Beata Schininà pôde dar à Igreja e à sociedade porque
‘permaneceu’ intimamente unida ao Senhor. O seu carisma continua vivo e actual,
porque está presente e operante providencialmente nas mil formas de apostolado
das sua Filhas: as Irmãs do Sagrado Coração de Jesus…”
A memória litúrgica da Beata Maria do Sagrado Coração
de Jesus celebra-se no dia 11 de Junho.