BEATO PEDRO TO ROT
Pedro nasceu em 1912, no distrito de Rakunai, próximo
da capital da Nova Bretanha (hoje, Papua-Nova Guiné). Originário de uma família
profundamente cristã, recebeu dos próprios pais os elementos fundamentais da fé
e a instrução religiosa. Aluno exemplar e assíduo na prática religiosa,
distinguiu-se, desde a juventude, pela sua profunda piedade. Inscreveu-se no
curso de catequese, a fim de tornar-se um válido colaborador na obra da
evangelização, do meio em que vivia.
Em Novembro de 1936, casou-se com Paula La Varpit.
Desse matrimónio nasceram três filhos. Os deveres familiares não o impediam de
desempenhar a função de catequista. Pedro, inspirado pela sua fé em Cristo, foi
um esposo devotado, um pai amoroso e um catequista empenhado. Era conhecido
pela sua gentileza, cordialidade e compaixão. A Missa quotidiana e a Sagrada
Comunhão, além das frequentes visitas a Nosso Senhor, no Santíssimo Sacramento,
sustentaram-no e deram-lhe a sabedoria para aconselhar aqueles que haviam
perdido a esperança, como também lhe deram a coragem de perseverar até a morte.
O seu testemunho do Evangelho inspirou a outros, em situações muito difíceis,
porque ele vivia a sua vida cristã com grande alegria e pureza. Sem o saber,
preparou-se, durante toda a vida, para o maior dom: renunciando a si mesmo
todos os dias, caminhou com o seu Senhor ao longo da estrada que conduz ao
calvário.
A aldeia de Rakunai foi ocupada, durante a Segunda
Guerra Mundial, por tropas japonesas. Os sacerdotes foram aprisionados. Pedro assumiu
a responsabilidade da vida espiritual dos habitantes de Rakunai. Não só
continuou a instruir os fiéis e visitar os doentes, mas baptizou, assistiu aos
matrimónios, orientou o povo na oração e socorreu os pobres.
Pedro foi um marido muito devotado. Tratava a sua
esposa, Paula, com profundo respeito. Rezava com ela todas as manhãs e todas as
noites. Viveu profeticamente a recomendação do Evangelho, segundo a qual os
esposos se sujeitam um ao outro no temor de Cristo. Foi, também, um pai
amoroso, que honrava os seus filhos. Nutria por eles um afecto profundo. E
passava com eles o maior tempo possível.
Pedro tinha muita estima e alta consideração pelo
matrimónio. Não obstante o grande risco pessoal e a oposição de muitos,
defendeu o ensinamento da Igreja sobre a unidade matrimonial e sobre a necessidade
de fidelidade recíproca. Quando as autoridades legalizaram e encorajaram a
poligamia, Pedro To Rot, sabendo que isto era contra os princípios cristãos,
denunciou, firmemente, esta prática. Graças ao Espírito Santo, que habitava
nele, proclamou, de modo corajoso, a verdade acerca da santidade do matrimónio.
Recusou o caminho mais fácil de pactuar com o mal. “Devo cumprir o meu dever
como testemunha da Igreja de Jesus Cristo”, explicou. O temor do sofrimento e
da morte não o deteve.
Crescendo, cada vez mais, a atitude hostil dos
japoneses, Pedro To Rot chegou a ser preso. Mas, depois de alguns dias de
detenção, foi libertado. Em Abril de 1945, foi novamente preso, por causa de
uma denúncia falsa. Condenado a dois meses de prisão, quando já estava prestes
a deixar a prisão, um médico militar aplicou-lhe uma injecção letal. Era o dia
7 de Abril de 1945. Durante o período do seu último aprisionamento, Pedro
permaneceu sereno, até mesmo alegre. Disse às pessoas que estava pronto a
morrer pela fé e pelo seu povo. No dia da sua morte, Pedro pediu à sua esposa
que lhe trouxesse o seu crucifixo de catequista. Esta cruz acompanhou-o até o
fim. Pedro morreu mártir, em defesa da fé e como testemunho fiel de seu ardente
apostolado, na obra da evangelização.
Em Pedro To Rot os fiéis têm um mestre da santidade do
matrimónio e da família. Confirmou a sua pregação com o seu sangue. A morte de
Pedro foi decidida, sobretudo, devido à sua inflexível defesa da dignidade
sacramental do matrimónio.
Pedro To Rot foi beatificado pelo Papa João Paulo II durante
a solene concelebração eucarística, no dia 17 de Janeiro de 1995. A Missa foi rezada em
Port Moresby, capital da Papua-Nova Guiné. Estavam presentes a esposa e uma
filha do Beato Pedro Rot. No ofertório da missa, elas apresentaram alguns dons
ao Papa. Na Homilia, o Papa disse: “… O primeiro Beato da Papua – Nova Guiné
abre uma nova era na história do Povo de Deus neste país. O martírio sempre fez
parte da peregrinação do Povo de Deus através da história. (…) Hoje, o vosso
concidadão, Pedro To Rot, um humilde filho do povo Tolai, um catequista da Nova
Bretanha, entrou a fazer parte do número dos felizes. A Igreja eleva o seu louvor
ao Senhor por este novo dom. (…) O Beato Pedro compreendeu o valor do
sofrimento. Inspirado pela sua fé em Cristo, foi um marido devoto, um pai
amoroso e um catequista empenhado, conhecido pela sua cordialidade, a sua
gentileza e a sua compaixão. (…)
Nos tempos da perseguição, a fé das pessoas e das
comunidades ‘prova-se com o fogo’. Cristo disse-nos que não há motivo para ter
medo. Os que forem perseguidos por causa da sua fé serão mais eloquente que
nunca: ‘de facto, não sereis vós a falar mas é o Espírito do vosso Pai que
falará em vós’ (Mt. 10, 20). Foi assim com o Beato Pedro To Rot. (…)
Condenado sem julgamento, suportou, tranquilamente, o
seu martírio. Seguindo as pegadas do seu Mestre, ‘o Cordeiro de Deus que tira o
pecado do mundo’ também ele foi ‘conduzido ao matadouro como um cordeiro’. E,
como o grão de trigo que caiu, silenciosamente, na terra, ele produziu uma
seara de bênçãos para a Igreja da Papua – Nova Guiné. (…)
O exemplo deste Mártir fala, também, aos esposos... Se
as famílias são boas, os vossos países serão pacíficos e bons. Permanecei fiéis
às tradições que defendem e reforçam a vida familiar!...”
A memória litúrgica do Beato Pedro To Rot celebra-se
no dia 7 de Julho.