BEATO DOMINGOS
DEL BARRIO BATZ
Domingos del
Barrio Batz nasceu em 26 de Janeiro de 1951 em Ilom, uma vila isolada na região
de Quiché, na Guatemala. Era um homem simples e sorridente, capaz de fazer
amizade com todos; era casado e trabalhava como agricultor.
Desde a juventude,
frequentava a paróquia, como membro activo da Acção Católica Rural. Esta
organização tinha como objectivo a evangelização dos pobres das aldeias,
através do trabalho de catequistas leigos. Domingos também foi um deles:
visitava as famílias, juntamente com os seus companheiros, lia e comentava a
Bíblia.
Aceitou, com
entusiasmo, o convite que o pároco lhe dirigiu, para servir como sacristão-mor,
na paróquia de São Gaspar: cuidava da ordem e da limpeza da igreja e, também,
acompanhava o padre missionário encarregado de visitar as aldeias, pelo menos
uma vez por ano.
Para ele foi
um compromisso, com o qual cumpria o seu desejo de trabalhar pela Igreja. Assim,
partilhava com o Padre as dificuldades, as longas viagens de evangelização,
especialmente nas aldeias mais distantes da sua paróquia de origem.
Os seus
concidadãos lembram-se dele como um homem de grande fé e um católico convicto.
Em tempos de chuva ou de colheitas, rezava acompanhando o povo. Todos os Domingos,
lia a Bíblia e, graças à sua função de sacristão, participava na missa
dominical, recebendo sempre a Comunhão.
No dia 31 de Janeiro
de 1980, a população de Quiché foi profundamente afectada pelo massacre
ocorrido na embaixada espanhola, na Cidade da Guatemala: a maioria dos trinta e
nove ocupantes da Embaixada eram agricultores e catequistas da sua região.
O Padre José
Maria Gran Cirera, sacerdote missionário dos Sagrados Corações, encarregado das
visitas às aldeias, foi convocado pelo comandante do destacamento militar. O
Padre insistiu declarando que nada tinha a ver com a ocupação da Embaixada; que
não era cúmplice da guerrilha; que a sua missão de padre era trabalhar pela
paz, como todos os membros da Igreja.
No dia 4 de Junho
de 1980, quando voltava de uma visita a Xe Ixoq Vitz, aldeia de Chajul, o missionário
foi assassinado. Juntamente com ele, e como ele baleado pelas costas, estava Domingos.
Se o assassinato do Padre já estava planeado há algum tempo, o do segundo não
estava inicialmente previsto; isso aconteceu, com toda probabilidade, porque
não houve testemunhas oculares do acontecimento.
Os seus corpos
foram encontrados pelos bombeiros de Chajul. O de Domingos tinha cinco ferimentos
de bala: dois no estômago; dois no peito e um no olho, que atravessou a sua
cabeça. O Padre José Maria, porém, cujo corpo estava ao lado do seu, tinha,
pelo menos, cinco ferimentos, um braço decepado e separado do resto do corpo.
Folhetos de propaganda foram colocados na sua bolsa, para fazer crer que ambos
eram membros do movimento guerrilheiro contra o qual lutavam membros do
Exército.
A sua fama de
martírio e de santidade permanece viva entre o povo de Quiché que, ao longo dos
anos, sente a perseguição sistemática e constante contra a Igreja, contra o seu
trabalho em favor dos direitos fundamentais do povo guatemalteco.
Foram incluídos
num grupo, onde constava o nome de outros dois Missionários do Sagrado Coração,
Faustino Villanueva Villanueva e Juan Alonso Fernandes, e outros seis leigos,
maioritariamente envolvidos na Acção Católica Rural, nomeadamente Tomás Ramírez
Caba, Nicolás Castro, Reyes Us Hernández , Juan Barrera Méndez, Rosalío Benito
e Miguel Tiu Imul.
Assim que a
situação política na Guatemala foi pacificada, tornou-se possível recolher
testemunhos e informações sobre eles, para iniciar a causa de beatificação e
canonização, como grupo.
Em 23 de Janeiro
de 2020, recebendo em audiência o Cardeal Ângelo Becciu , Prefeito da Congregação
para as Causas dos Santos, o Papa Francisco autorizou a promulgação do decreto
com o qual foi reconhecido o martírio do Padre José Maria Gran Cirera e os companheiros,
abrindo caminho para a sua beatificação.
A celebração
aconteceu na Catedral da Santa Cruz, em Santa Cruz del Quiché, no dia 23 de Abril
de 2021, presidida pelo Cardeal Álvaro Leonel Ramazzini Imeri, bispo da diocese
de Huehuetenango, na qualidade de delegado do Santo Padre.
A memória
litúrgica destes santos mártires é celebrada no dia 4 de Junho.