SÃO FÉLIX DE GERONA
Félix nasceu, em Scilli, na
segunda metade do século III, numa família nobre. Dedicou-se inteiramente ao estudo
das letras, em Cesareia da Mauritânia. Tornou-se grande amigo dum jovem
estudante, chamado Cucufate. Aqui, têm os primeiros contactos com os seguidores
de Cristo. Os ensinamentos evangélicos encontram terreno fértil nos corações
nobres, puros e generosos dos dois jovens, que decidem receber o baptismo.
Félix e Cucufate decidem abandonar o seu país, onde ainda não tinha chegado a
ordem imperial de extermínio, para ajudar os cristãos tarraconenses a suportar
a difícil provação em que se encontram. Cheios de amor santo e simulando ser mercadores,
atravessaram o Mediterrâneo e chegaram a Ampurias e a Barcino. Nesta região, a
perseguição aos cristãos, promovida pelo governador Daziano, foi a mais cruel.
Não só em Barcelona, mas ao
longo de toda a costa catalã, até Ampurias, Félix espalhou a mensagem de Cristo,
através da sua acção de caridade, ouvindo, ajudando e consolando a todos.
Durante as suas viagens, Félix chegou a Gerona, onde se dedicou com mais ardor
à actividade apostólica, a tal ponto que os gerúndios o aceitaram e o veneraram
como seu médico, apóstolo e profeta. Reunia os cristãos para exortá-los,
encorajá-los e distribuir por eles o seu cuidado e a sua esmola. Tudo isto chamou
a atenção de Rufino, um dos oficiais de Daziano, que chamou Félix ao seu
tribunal, iniciando assim uma série de interrogatórios
No início, o prefeito tentou
que Félix abandonasse a fé, colocando à sua disposição riquezas e honras, que
são corajosamente rejeitadas por ele, que repreendeu o prefeito pela sua
crueldade e tirania. Rufino, então, mandou-o para a prisão. Depois de receber a
condenação oficial foi submetido aos mais atrozes tormentos, dos quais é
libertado, diversas vezes, por intercessão divina. Primeiro, foi vilmente
torturado; depois foi amarrado a cavalos e arrastado pelas principais ruas da
cidade. Curado milagrosamente, voltou a passar por diferentes povoações e,
levado à praia de San Feliu de Guíxols, foi atirado ao mar, com uma pedra de
moinho amarrada ao pescoço. Mais uma vez, foi salvo pela intercessão de Jesus
que lhe deu forças para chegar à praia. Por fim, foi submetido à terrível
tortura de ter a sua carne dilacerada com ganchos de ferro. Assim foi martirizado
São Félix, dando a vida pela sua fidelidade a Cristo e à Igreja. Isto aconteceu
por volta do ano 304.
O seu corpo foi recolhido pelos
cristãos de Gerona, que lhe deram sepultura.
São Félix não pertencia ao
clero, nem exercia qualquer ministério sagrado. Era um simples leigo que se
tornou missionário. O seu fervor foi tão grande que não hesitou em abandonar a
sua pátria, a sua família e os seus bens, para testemunhar a sua fé em Cristo; para
ajudar os nossos antepassados na fé a permanecerem fiéis diante das
perseguições, até ao ponto de dar o seu sangue e a sua vida como semente de
novos cristãos. A fama de seu martírio espalhou-se por toda a cristandade e,
cem anos depois, o primeiro grande poeta cristão, Prudêncio, no seu Peristephanon
- o livro dos mártires – falou dele, dizendo: “A pequena Gerona, rica em corpos
sagrados, mostrará os veneráveis restos mortais de São Félix”.
A sua memória litúrgica é
celebrada no dia 1 de Agosto.
O culto a São Félix está muito
difundido, sobretudo, em Espanha e no sul de França.