SÃO NICOLAU DE TOLENTINO
Para a protecção da maternidade, ao lado de Nossa Senhora, Mãe de Jesus, pode, muito bem, figurar este intercessor benevolente que é São Nicolau de Tolentino.
É, também, verdade que o leque de ajudas milagrosas, atribuídas a São Nicolau de Tolentino, pela vasta devoção popular, é, ainda hoje, muito amplo: das doenças às injustiças; da tirania aos danos materiais; dos incêndios à libertação das almas do purgatório. Mas, a intercessão na maternidade, especialmente numa idade já avançada, tem a sua razão particular.
Estávamos em meados do século XIII e Compagnone dei Guarinti e Amada dei Gaidani, casados há muitos anos, estavam a envelhecer e à beira do desespero, por falta de descendentes. Moravam em Castel Sant'Angelo, hoje Sant'Angelo in Pontano, na província de Macerata., na Região de ‘Marcas’ Tinham boas condições económicas, pelo que um filho também poderia significar a transmissão de heranças materiais. Naqueles tempos, a culpa do não nascimento de um filho era sempre atribuída à mulher, de modo que esta falta residia na maternidade impossível e não tanto nas disfunções ligadas à paternidade. Nesta perspectiva, buscavam-se remédios, mais ou menos eficazes e, muitas vezes, recorria-se à intervenção dos feitiços.
Como verdadeiros cristãos e crentes, o casal de Castel Sant'Angelo recorreu à oração, com frequência cada vez maior. Num determinado momento, recordaram o santo dos dons por excelência: com orações e lágrimas imploraram, durante muito tempo, a intercessão de São Nicolau de Bari ou de Mira. A mãe, muito devota de São Nicolau de Mira, prometeu-lhe que, se a livrasse da esterilidade, faria religioso o filho que concebesse, fosse menino ou menina. E, em 1245, nasceu o tão desejado filho – o menino milagre - que, por gratidão, foi baptizado com o nome ‘Nicolau’.
Desde tenra idade, Nicolau fugia do que era mundano e divertido, e rezava, com tanto recolhimento, que causava admiração. Com apenas sete anos, começou a jejuar três vezes por semana; recebia, com respeito e alegria, os pobres que passavam pela casa paterna; refugiava-se numa gruta próxima para pôr-se em solitária oração.
Nicolau era de uma inteligência brilhante. Frequentou a escola paroquial dos Cónegos Regulares de Santo Agostinho, onde sobressaía pela sua seriedade e responsabilidade. Ali fez rápidos progressos nos estudos e, muito cedo, sentiu a vocação à vida religiosa.
Os seus pais, felizes, deixaram-no entrar no convento. Aos doze anos, Nicolau entrou no Convento dos Padres Agostinianos, na sua cidade natal, e, em 1260, iniciou o noviciado. Concluiu os estudos necessários para o sacerdócio, sendo ordenado, no ano de 1269, em Cingoli, não muito longe de Macerata, por Dom Benvindo de Scotivoli, então Bispo de Osimo.
Enfermo ou são, celebrava todos os dias a Santa Missa com uma piedade admirável, nunca sem antes haver-se confessado e não raro entre lágrimas.
Realizou, com simplicidade e dedicação, todas as tarefas que lhe foram confiadas, até que, em 1275, retirou-se, talvez por motivos de saúde, para o Mosteiro agostiniano de Tolentino.
Ao chegar a Tolentino deu-se conta de que a cidade estava arruinada moralmente por uma espécie de guerra civil entre dois partidos políticos - o guelfos e os gibelinos - que se odiavam até à morte. Então, Nicolau decidiu dedicar-se a pregar a paz e a unidade, como recomenda São Paulo: “Oportuna e inoportunamente". E aos que não iam à Igreja, começou a pregar-lhes nas ruas. A Nicolau não interessava nada aparecer como sábio, nem como grande orador, nem atrair os aplausos dos ouvintes. O que lhe interessava era entusiasmá-los por Deus e fazer com que cessassem as rivalidades e que reinasse a paz.
Nicolau levava uma vida de sacrifício: comia apenas vegetais; usava sempre o mesmo hábito, que remendava o máximo que podia e rezava até oito horas seguidas. Percorria os bairros mais pobres da cidade consolando aos aflitos, levando os sacramentos aos moribundos, tratando de converter os pecadores, e levando a paz aos lares desunidos.
Poderíamos pensar que ele deveria estar cansado e triste com esse estilo de vida, tão rígido. Para todos tem alegres sorrisos, boas palavras, ajuda moral e material. Nicolau não se limita a dar pão a quem não tem o que comer: dá tudo de si. Graças a ele, casais briguentos fazem as pazes; crianças alegres seguem-no. Com a oração, Nicolau curou doenças do coração e do corpo.
Na sua vivência mística, ouviu anjos a cantar; teve visões de Nossa Senhora e de Jesus.
Um dia, quanto estava de cama, gravemente doente, apareceu-lhe a Mãe Céu, com o Menino ao colo, e disse-lhe que ele ficaria curado se comesse o pão que lhe tinha sido dado, como esmola, embebido em água. Nicolau comeu um pedaço de pão, que uma mulher lhe tinha dado, e recuperou a saúde. A partir desse momento, começou a dar pão, que ele mesmo abençoava, aos doentes que visitava.
Muitos dos seus milagres são contados: com as suas orações, fez correr a água, em tempo de seca extrema; uma mulher cega recuperou a visão.
Nicolau foi, algumas vezes, repreendido, pelos seus superiores, por dar o pão dos monges aos mendigos. Quando, um dia, ao sair do convento, o padre prior lhe perguntou o que levava na toalha que trazia sob o manto, Nicolau respondeu que eram flores e, “com efeito, os pedaços de pão que ele levava transformaram-se em belíssimas rosas perfumadas, que caíram das mangas do seu hábito, embora se estivesse no mês de Dezembro”.
A quem lhe agradecia, respondia, humildemente: “Não sou eu!...É o bom Deus!... Eu sou apenas um pobre pecador”.
Frei Nicolau morreu em Tolentino, no dia 10 de Setembro de 1305. O seu corpo repousa, incorrupto, nesta cidade, na Basílica que, hoje, tem o seu nome, e que se tornou lugar de peregrinações. Muitos milagres têm acontecido pela sua intercessão. Ele é o protector das crianças; das dificuldades da infância e da maternidade, principalmente na velhice.
Foi canonizado, em 1446, e o seu culto difundiu-se por toda a Itália, em muitos outros países europeus e, depois, nas Américas, em parte, também, devido ao estabelecimento gradual da Ordem Agostiniana, no mundo.
A Igreja faz a sua memória litúrgica no dia 10 de Setembro.
Para a protecção da maternidade, ao lado de Nossa Senhora, Mãe de Jesus, pode, muito bem, figurar este intercessor benevolente que é São Nicolau de Tolentino.
É, também, verdade que o leque de ajudas milagrosas, atribuídas a São Nicolau de Tolentino, pela vasta devoção popular, é, ainda hoje, muito amplo: das doenças às injustiças; da tirania aos danos materiais; dos incêndios à libertação das almas do purgatório. Mas, a intercessão na maternidade, especialmente numa idade já avançada, tem a sua razão particular.
Estávamos em meados do século XIII e Compagnone dei Guarinti e Amada dei Gaidani, casados há muitos anos, estavam a envelhecer e à beira do desespero, por falta de descendentes. Moravam em Castel Sant'Angelo, hoje Sant'Angelo in Pontano, na província de Macerata., na Região de ‘Marcas’ Tinham boas condições económicas, pelo que um filho também poderia significar a transmissão de heranças materiais. Naqueles tempos, a culpa do não nascimento de um filho era sempre atribuída à mulher, de modo que esta falta residia na maternidade impossível e não tanto nas disfunções ligadas à paternidade. Nesta perspectiva, buscavam-se remédios, mais ou menos eficazes e, muitas vezes, recorria-se à intervenção dos feitiços.
Como verdadeiros cristãos e crentes, o casal de Castel Sant'Angelo recorreu à oração, com frequência cada vez maior. Num determinado momento, recordaram o santo dos dons por excelência: com orações e lágrimas imploraram, durante muito tempo, a intercessão de São Nicolau de Bari ou de Mira. A mãe, muito devota de São Nicolau de Mira, prometeu-lhe que, se a livrasse da esterilidade, faria religioso o filho que concebesse, fosse menino ou menina. E, em 1245, nasceu o tão desejado filho – o menino milagre - que, por gratidão, foi baptizado com o nome ‘Nicolau’.
Desde tenra idade, Nicolau fugia do que era mundano e divertido, e rezava, com tanto recolhimento, que causava admiração. Com apenas sete anos, começou a jejuar três vezes por semana; recebia, com respeito e alegria, os pobres que passavam pela casa paterna; refugiava-se numa gruta próxima para pôr-se em solitária oração.
Nicolau era de uma inteligência brilhante. Frequentou a escola paroquial dos Cónegos Regulares de Santo Agostinho, onde sobressaía pela sua seriedade e responsabilidade. Ali fez rápidos progressos nos estudos e, muito cedo, sentiu a vocação à vida religiosa.
Os seus pais, felizes, deixaram-no entrar no convento. Aos doze anos, Nicolau entrou no Convento dos Padres Agostinianos, na sua cidade natal, e, em 1260, iniciou o noviciado. Concluiu os estudos necessários para o sacerdócio, sendo ordenado, no ano de 1269, em Cingoli, não muito longe de Macerata, por Dom Benvindo de Scotivoli, então Bispo de Osimo.
Enfermo ou são, celebrava todos os dias a Santa Missa com uma piedade admirável, nunca sem antes haver-se confessado e não raro entre lágrimas.
Realizou, com simplicidade e dedicação, todas as tarefas que lhe foram confiadas, até que, em 1275, retirou-se, talvez por motivos de saúde, para o Mosteiro agostiniano de Tolentino.
Ao chegar a Tolentino deu-se conta de que a cidade estava arruinada moralmente por uma espécie de guerra civil entre dois partidos políticos - o guelfos e os gibelinos - que se odiavam até à morte. Então, Nicolau decidiu dedicar-se a pregar a paz e a unidade, como recomenda São Paulo: “Oportuna e inoportunamente". E aos que não iam à Igreja, começou a pregar-lhes nas ruas. A Nicolau não interessava nada aparecer como sábio, nem como grande orador, nem atrair os aplausos dos ouvintes. O que lhe interessava era entusiasmá-los por Deus e fazer com que cessassem as rivalidades e que reinasse a paz.
Nicolau levava uma vida de sacrifício: comia apenas vegetais; usava sempre o mesmo hábito, que remendava o máximo que podia e rezava até oito horas seguidas. Percorria os bairros mais pobres da cidade consolando aos aflitos, levando os sacramentos aos moribundos, tratando de converter os pecadores, e levando a paz aos lares desunidos.
Poderíamos pensar que ele deveria estar cansado e triste com esse estilo de vida, tão rígido. Para todos tem alegres sorrisos, boas palavras, ajuda moral e material. Nicolau não se limita a dar pão a quem não tem o que comer: dá tudo de si. Graças a ele, casais briguentos fazem as pazes; crianças alegres seguem-no. Com a oração, Nicolau curou doenças do coração e do corpo.
Na sua vivência mística, ouviu anjos a cantar; teve visões de Nossa Senhora e de Jesus.
Um dia, quanto estava de cama, gravemente doente, apareceu-lhe a Mãe Céu, com o Menino ao colo, e disse-lhe que ele ficaria curado se comesse o pão que lhe tinha sido dado, como esmola, embebido em água. Nicolau comeu um pedaço de pão, que uma mulher lhe tinha dado, e recuperou a saúde. A partir desse momento, começou a dar pão, que ele mesmo abençoava, aos doentes que visitava.
Muitos dos seus milagres são contados: com as suas orações, fez correr a água, em tempo de seca extrema; uma mulher cega recuperou a visão.
Nicolau foi, algumas vezes, repreendido, pelos seus superiores, por dar o pão dos monges aos mendigos. Quando, um dia, ao sair do convento, o padre prior lhe perguntou o que levava na toalha que trazia sob o manto, Nicolau respondeu que eram flores e, “com efeito, os pedaços de pão que ele levava transformaram-se em belíssimas rosas perfumadas, que caíram das mangas do seu hábito, embora se estivesse no mês de Dezembro”.
A quem lhe agradecia, respondia, humildemente: “Não sou eu!...É o bom Deus!... Eu sou apenas um pobre pecador”.
Frei Nicolau morreu em Tolentino, no dia 10 de Setembro de 1305. O seu corpo repousa, incorrupto, nesta cidade, na Basílica que, hoje, tem o seu nome, e que se tornou lugar de peregrinações. Muitos milagres têm acontecido pela sua intercessão. Ele é o protector das crianças; das dificuldades da infância e da maternidade, principalmente na velhice.
Foi canonizado, em 1446, e o seu culto difundiu-se por toda a Itália, em muitos outros países europeus e, depois, nas Américas, em parte, também, devido ao estabelecimento gradual da Ordem Agostiniana, no mundo.
A Igreja faz a sua memória litúrgica no dia 10 de Setembro.