BEATO BERNARDO LICHTENBERG
Bernardo
Lichtenberg nasceu no dia 3 de Dezembro de 1875, em Ohlau, na Silésia (hoje
Olawa, na Polónia), filho de Augusto Lichtenberg, um conhecido comerciante da
cidade. A sua família fazia parte de uma minoria católica, numa cidade,
prevalentemente, protestante.Bernardo foi o primeiro de cinco irmãos. No
baptismo, no dia 27 de Dezembro de 1875, recebeu o nome de Bernardo Ricardo
Leopoldo. Cresceu no espírito cristão de que era rica a sua família. Em Ohlau
frequentou a escola primária, recebendo a primeira comunhão no dia 12 de Abril
de 1887; desde criança, sempre assistiu à Santa Missa, todas as manhãs, com a sua
mãe.
Após os exames do ensino médio, feitos em Ohlau, no dia 12 de Março de 1895, mudou-se para Innsbruck, na Áustria, para realizar estudos de teologia, na Universidade local, e depois na de Breslau. No final do Curso Teológico, foi ordenado sacerdote em 21 de Junho de 1899, na Catedral de Breslau.
Depois de uma primeira experiência pastoral em Neisse, em 1900, foi transferido para Berlim, onde, até 1913, desempenhou as funções de vice-pároco e pároco em diversas igrejas da vasta diocese; de 1913 a 1931 foi pároco da paróquia do Sagrado Coração de Charlottenburg que tinha 35.000 católicos, mas que, no entanto, só tinha uma pequena igreja com capacidade para 400 fiéis.
Pedindo ajuda e promovendo peditórios na cidade, providenciou a construção de quatro igrejas, mas, sobretudo, distinguiu-se como pároco pela sua piedade franca e simples; pela vida de extrema pobreza e pela sua caridade ilimitada para com os pobres e abandonados.
No ambiente de Berlim, onde os católicos eram uma minoria e muitas vezes ridicularizados, o Padre Bernardo Lichtenberg sempre defendeu, corajosamente, os direitos da Igreja, muitas vezes pagando as consequências; em 1931, o primeiro bispo de Berlim nomeou-o membro do Capítulo da Catedral e pároco da Catedral.
Homem de carácter forte e intrépido defensor da Igreja, dos direitos dos homens, dos sacerdotes e religiosos, foi, desde o início, mal visto pelos nacional-socialistas.
Em 1935, tendo o Vigário Capitular adoecido, foi-lhe confiada a gestão da diocese de Berlim; ao tomar conhecimento da situação desumana nos campos de concentração, solicitou uma reunião com o primeiro-ministro Hermann Göring e, na sua ausência, entregou uma carta de denúncia contra tais abusos; isso despertou a raiva e depois a vingança da Gestapo.
Partilhando as ideias do heróico bispo de Münster, o Servo de Deus Clemente Agostinho von Galen (1878-1946), também protestou, em 1941, contra a eliminação dos doentes mentais.
Por causa disto, enviou uma carta ao Chefe da Associação Médica do Reich, para informação do Chanceler do Reich, Hitler, dos Ministérios competentes e da Gestapo, da qual apresentamos algumas passagens:
“A população não tem conhecimento e os familiares não se atrevem a protestar publicamente, porque temem pela sua liberdade e pelas suas vidas. Até na minha alma, como padre, pesa o peso da conivência com crimes contra a moral e a lei estatal. No entanto, mesmo sendo um cidadão comum, protesto como homem, cristão, sacerdote e alemão e peço-lhe, Chefe da Associação Médica do Reich, que dê a devida atenção aos crimes que são perpetrados por sua ordem ou com a sua aprovação e que causam a vingança do Senhor da vida e da morte sobre o povo alemão."
Ao mesmo tempo, fez tudo o que estava ao seu alcance para aliviar o sofrimento dos judeus perseguidos e dos chamados “não-arianos”. Em 1938, assumiu a direcção da “obra assistencial do Ordinariado Episcopal” responsável por ajudar essas pessoas; também acolheu algumas delas na sua própria casa.
Em Outubro de 1941, foi distribuído um panfleto anónimo de origem nazi, que afirmava que qualquer pessoa que demonstrasse compaixão pelos judeus estava a cometer um acto de alta traição para com a sua pátria.
A esta ameaça, o reitor da catedral, padre Bernardo Lichtenberg, quis responder com uma declaração de protesto, a ser lida pessoalmente no púlpito em todas as missas do domingo seguinte, mas após a denúncia de duas mulheres, a Gestapo levou a cabo uma busca e encontrou a folha pronta para o protesto. Então no dia 23 de Outubro de 1941, o Padre Bernardo foi preso.
Foi levado, primeiro para a prisão de Plotzensee; depois para a de Moabit, acusado de dois crimes: o de ter feito, dos assuntos de Estado, o objecto da sua pregação, diante de numerosos fiéis (referindo-se à oração pelos judeus e não-arianos), e por ter preparado um folheto contra as mensagens antissemitas do governo nazista.
Foi submetido a vários interrogatórios da Gestapo. O Padre Lichtenberg, já com a saúde debilitada, não suportou a dureza da prisão. Ficou gravemente doente, mas não lhe foi dada autorização para ser internado num hospital.
Em 22 de Maio de 1942, foi condenado a dois anos de prisão. Declarou corajosamente que, como sacerdote católico, não podia aceitar a filosofia do nazismo e que para ele os Mandamentos de Deus tinham mais força do que as leis do Estado.
Após a sua detenção, pediu para poder ajudar os judeus baptizados, no gueto de Litzmannstadt, mas a 23 de Outubro de 1943, foi levado da prisão de Tegel, em Berlim, para o campo de concentração de Berlim (Wuhlheide) e, de lá, em 28 de Outubro, foi enviado pelas SS para o infame campo de Dachau, num estado de saúde física tão debilitado que, sem cuidados médicos e medicamentos adequados, a viagem equivalia a uma sentença de morte.
Quando, no dia 3 de Novembro, após seis dias de viagem interminável, numa carroça, chegou à cidade de Hof, na Baviera, já estava em coma leve; transportado para a clínica local, faleceu no dia 5 de Novembro de 1943, edificando a todos com o seu comportamento sereno.
Foi enterrado, no dia 16 de Novembro, no Cemitério Santa Hedviges, em Berlim. A notícia do seu martírio espalhou-se por toda a diocese, e, em 26 de Agosto de 1965, os seus restos mortais foram transladados para a cripta da catedral.
O Padre Bernardo foi uma das poucas pessoas, na Alemanha, que, na época do nazismo, ousou levantar a voz em defesa dos menos afortunados, contra a eliminação dos pobres doentes mentais e contra a perseguição aos judeus, pagando por esta acção corajosa e acto cristão com a sua própria vida.
O Padre Bernardo Lichtenberg foi beatificado pelo Papa João Paulo II, em 23 de Junho de 1996,em Berlim, sua Alemanha natal.
A sua memória litúrgica é celebrada no dia 5 de Novembro.
Após os exames do ensino médio, feitos em Ohlau, no dia 12 de Março de 1895, mudou-se para Innsbruck, na Áustria, para realizar estudos de teologia, na Universidade local, e depois na de Breslau. No final do Curso Teológico, foi ordenado sacerdote em 21 de Junho de 1899, na Catedral de Breslau.
Depois de uma primeira experiência pastoral em Neisse, em 1900, foi transferido para Berlim, onde, até 1913, desempenhou as funções de vice-pároco e pároco em diversas igrejas da vasta diocese; de 1913 a 1931 foi pároco da paróquia do Sagrado Coração de Charlottenburg que tinha 35.000 católicos, mas que, no entanto, só tinha uma pequena igreja com capacidade para 400 fiéis.
Pedindo ajuda e promovendo peditórios na cidade, providenciou a construção de quatro igrejas, mas, sobretudo, distinguiu-se como pároco pela sua piedade franca e simples; pela vida de extrema pobreza e pela sua caridade ilimitada para com os pobres e abandonados.
No ambiente de Berlim, onde os católicos eram uma minoria e muitas vezes ridicularizados, o Padre Bernardo Lichtenberg sempre defendeu, corajosamente, os direitos da Igreja, muitas vezes pagando as consequências; em 1931, o primeiro bispo de Berlim nomeou-o membro do Capítulo da Catedral e pároco da Catedral.
Homem de carácter forte e intrépido defensor da Igreja, dos direitos dos homens, dos sacerdotes e religiosos, foi, desde o início, mal visto pelos nacional-socialistas.
Em 1935, tendo o Vigário Capitular adoecido, foi-lhe confiada a gestão da diocese de Berlim; ao tomar conhecimento da situação desumana nos campos de concentração, solicitou uma reunião com o primeiro-ministro Hermann Göring e, na sua ausência, entregou uma carta de denúncia contra tais abusos; isso despertou a raiva e depois a vingança da Gestapo.
Partilhando as ideias do heróico bispo de Münster, o Servo de Deus Clemente Agostinho von Galen (1878-1946), também protestou, em 1941, contra a eliminação dos doentes mentais.
Por causa disto, enviou uma carta ao Chefe da Associação Médica do Reich, para informação do Chanceler do Reich, Hitler, dos Ministérios competentes e da Gestapo, da qual apresentamos algumas passagens:
“A população não tem conhecimento e os familiares não se atrevem a protestar publicamente, porque temem pela sua liberdade e pelas suas vidas. Até na minha alma, como padre, pesa o peso da conivência com crimes contra a moral e a lei estatal. No entanto, mesmo sendo um cidadão comum, protesto como homem, cristão, sacerdote e alemão e peço-lhe, Chefe da Associação Médica do Reich, que dê a devida atenção aos crimes que são perpetrados por sua ordem ou com a sua aprovação e que causam a vingança do Senhor da vida e da morte sobre o povo alemão."
Ao mesmo tempo, fez tudo o que estava ao seu alcance para aliviar o sofrimento dos judeus perseguidos e dos chamados “não-arianos”. Em 1938, assumiu a direcção da “obra assistencial do Ordinariado Episcopal” responsável por ajudar essas pessoas; também acolheu algumas delas na sua própria casa.
Em Outubro de 1941, foi distribuído um panfleto anónimo de origem nazi, que afirmava que qualquer pessoa que demonstrasse compaixão pelos judeus estava a cometer um acto de alta traição para com a sua pátria.
A esta ameaça, o reitor da catedral, padre Bernardo Lichtenberg, quis responder com uma declaração de protesto, a ser lida pessoalmente no púlpito em todas as missas do domingo seguinte, mas após a denúncia de duas mulheres, a Gestapo levou a cabo uma busca e encontrou a folha pronta para o protesto. Então no dia 23 de Outubro de 1941, o Padre Bernardo foi preso.
Foi levado, primeiro para a prisão de Plotzensee; depois para a de Moabit, acusado de dois crimes: o de ter feito, dos assuntos de Estado, o objecto da sua pregação, diante de numerosos fiéis (referindo-se à oração pelos judeus e não-arianos), e por ter preparado um folheto contra as mensagens antissemitas do governo nazista.
Foi submetido a vários interrogatórios da Gestapo. O Padre Lichtenberg, já com a saúde debilitada, não suportou a dureza da prisão. Ficou gravemente doente, mas não lhe foi dada autorização para ser internado num hospital.
Em 22 de Maio de 1942, foi condenado a dois anos de prisão. Declarou corajosamente que, como sacerdote católico, não podia aceitar a filosofia do nazismo e que para ele os Mandamentos de Deus tinham mais força do que as leis do Estado.
Após a sua detenção, pediu para poder ajudar os judeus baptizados, no gueto de Litzmannstadt, mas a 23 de Outubro de 1943, foi levado da prisão de Tegel, em Berlim, para o campo de concentração de Berlim (Wuhlheide) e, de lá, em 28 de Outubro, foi enviado pelas SS para o infame campo de Dachau, num estado de saúde física tão debilitado que, sem cuidados médicos e medicamentos adequados, a viagem equivalia a uma sentença de morte.
Quando, no dia 3 de Novembro, após seis dias de viagem interminável, numa carroça, chegou à cidade de Hof, na Baviera, já estava em coma leve; transportado para a clínica local, faleceu no dia 5 de Novembro de 1943, edificando a todos com o seu comportamento sereno.
Foi enterrado, no dia 16 de Novembro, no Cemitério Santa Hedviges, em Berlim. A notícia do seu martírio espalhou-se por toda a diocese, e, em 26 de Agosto de 1965, os seus restos mortais foram transladados para a cripta da catedral.
O Padre Bernardo foi uma das poucas pessoas, na Alemanha, que, na época do nazismo, ousou levantar a voz em defesa dos menos afortunados, contra a eliminação dos pobres doentes mentais e contra a perseguição aos judeus, pagando por esta acção corajosa e acto cristão com a sua própria vida.
O Padre Bernardo Lichtenberg foi beatificado pelo Papa João Paulo II, em 23 de Junho de 1996,em Berlim, sua Alemanha natal.
A sua memória litúrgica é celebrada no dia 5 de Novembro.