- na Audiência-Geral, Praça de São Pedro, Vaticano
- Roma, no dia 5 de Novembro de 2025
Queridos irmãos
e irmãs, bom dia! E bem-vindos a todos.
A Páscoa de
Jesus é um acontecimento que não pertence a um passado distante, agora
sedimentado na tradição como tantos outros episódios da história humana. A
Igreja ensina-nos a fazer memória actualizante da Ressurreição todos os anos,
no Domingo de Páscoa, e todos os dias, na celebração eucarística, durante a
qual se realiza, de forma mais plena, a promessa do Senhor ressuscitado: «E eu
estarei sempre convosco, até ao fim do mundo» (Mt 28, 20).
Por isso, o mistério pascal constitui o eixo da vida do cristão, em torno do qual giram todos os outros acontecimentos. Podemos dizer, então, sem qualquer irenismo (atitude conciliadora para com os cristãos de credos diferentes) ou sentimentalismo, que todos os dias são Páscoa. De que maneira?
Vivemos, de hora em hora, tantas experiências diferentes: dor, sofrimento, tristeza, entrelaçadas com alegria, admiração, serenidade. Mas, em todas as situações, o coração humano anseia pela plenitude, por uma felicidade profunda. Uma grande filósofa do século XX, Santa Teresa Benedita da Cruz - cujo nome de baptismo era Edith Stein e que tanto aprofundou o mistério da pessoa humana - recorda-nos este dinamismo de busca constante da realização. «O ser humano – escreveu ela – anseia sempre por receber novamente o dom do ser, para poder aproveitar o que o momento lhe dá e, ao mesmo tempo, lhe tira» (Essere finito ed Essere eterno. Per una elevazione al senso dell’essere [Ser finito e ser eterno. Ensaio de uma ascensão ao sentido do ser], Roma 1998, 387). Estamos imersos no limite, mas também nos esforçamos por superá-lo.
O anúncio
pascal é a notícia mais bela, alegre e comovedora que ressoou ao longo da
história. É o “Evangelho” por excelência, que atesta a vitória do amor sobre o
pecado e da vida sobre a morte e, por isso, é o único capaz de saciar a busca
de sentido que inquieta a nossa mente e o nosso coração. O ser humano é animado
por um movimento interior, voltado para um além que o atrai constantemente.
Nenhuma realidade contingente o satisfaz. Tendemos para o infinito e para o
eterno. Isso contrasta com a experiência da morte, antecipada pelos
sofrimentos, pelas perdas, pelos fracassos. Da morte «nullu homo vivente po
skampare», canta São Francisco (cf. Cântico do irmão sol).
Tudo muda graças àquela manhã em que as mulheres, indo ao sepulcro para ungir o corpo do Senhor, o encontraram vazio. A pergunta feita pelos Magos que chegaram do Oriente a Jerusalém: «Onde está aquele que nasceu, o rei dos judeus?» (Mt 2, 1-2), encontra a sua resposta definitiva nas palavras do misterioso jovem vestido de branco que fala às mulheres na madrugada pascal: «Vós procurais Jesus Nazareno, o crucificado. Não está aqui. Ressuscitou» (Mc 16, 6).
Desde aquela manhã até hoje, todos os dias, Jesus terá também este título: o Vivente, como Ele mesmo se apresenta no Apocalipse: «Eu sou o Primeiro e o Último, o que Vive. Conheci a morte, mas eis-me aqui vivo pelos séculos dos séculos» (Apoc 1, 17-18). E, n’Ele, temos a certeza de poder encontrar sempre a estrela polar para orientar a nossa vida de aparente caos, marcada por factos que, muitas vezes, nos parecem confusos, inaceitáveis, incompreensíveis: o mal, nas suas múltiplas facetas, o sofrimento, a morte, eventos que dizem respeito a todos e a cada um. Meditando o mistério da Ressurreição, encontramos resposta à nossa sede de significado.
Perante a nossa humanidade frágil, o anúncio pascal torna-se cuidado e cura, alimenta a esperança diante dos desafios assustadores que a vida nos apresenta todos os dias, a nível pessoal e planetário. Na perspectiva da Páscoa, a Via Crucis transfigura-se em Via Lucis. Precisamos de saborear e meditar a alegria após a dor, reviver na nova luz todas as etapas que precederam a Ressurreição.
A Páscoa não elimina a cruz, mas vence-a no duelo prodigioso que mudou a história humana. Também o nosso tempo, marcado por tantas cruzes, invoca o amanhecer da esperança pascal. A Ressurreição de Cristo não é uma ideia, uma teoria, mas o Acontecimento que está na base da fé. Ele, o Ressuscitado, através do Espírito Santo, continua a recordá-lo a nós para que possamos ser suas testemunhas também onde a história humana não vê luz no horizonte. A esperança pascal não decepciona. Acreditar verdadeiramente na Páscoa, através do caminho diário, significa revolucionar a nossa vida, ser transformados para transformar o mundo com a força suave e corajosa da esperança cristã. (cf. Santa Sé)
Por isso, o mistério pascal constitui o eixo da vida do cristão, em torno do qual giram todos os outros acontecimentos. Podemos dizer, então, sem qualquer irenismo (atitude conciliadora para com os cristãos de credos diferentes) ou sentimentalismo, que todos os dias são Páscoa. De que maneira?
Vivemos, de hora em hora, tantas experiências diferentes: dor, sofrimento, tristeza, entrelaçadas com alegria, admiração, serenidade. Mas, em todas as situações, o coração humano anseia pela plenitude, por uma felicidade profunda. Uma grande filósofa do século XX, Santa Teresa Benedita da Cruz - cujo nome de baptismo era Edith Stein e que tanto aprofundou o mistério da pessoa humana - recorda-nos este dinamismo de busca constante da realização. «O ser humano – escreveu ela – anseia sempre por receber novamente o dom do ser, para poder aproveitar o que o momento lhe dá e, ao mesmo tempo, lhe tira» (Essere finito ed Essere eterno. Per una elevazione al senso dell’essere [Ser finito e ser eterno. Ensaio de uma ascensão ao sentido do ser], Roma 1998, 387). Estamos imersos no limite, mas também nos esforçamos por superá-lo.
Tudo muda graças àquela manhã em que as mulheres, indo ao sepulcro para ungir o corpo do Senhor, o encontraram vazio. A pergunta feita pelos Magos que chegaram do Oriente a Jerusalém: «Onde está aquele que nasceu, o rei dos judeus?» (Mt 2, 1-2), encontra a sua resposta definitiva nas palavras do misterioso jovem vestido de branco que fala às mulheres na madrugada pascal: «Vós procurais Jesus Nazareno, o crucificado. Não está aqui. Ressuscitou» (Mc 16, 6).
Desde aquela manhã até hoje, todos os dias, Jesus terá também este título: o Vivente, como Ele mesmo se apresenta no Apocalipse: «Eu sou o Primeiro e o Último, o que Vive. Conheci a morte, mas eis-me aqui vivo pelos séculos dos séculos» (Apoc 1, 17-18). E, n’Ele, temos a certeza de poder encontrar sempre a estrela polar para orientar a nossa vida de aparente caos, marcada por factos que, muitas vezes, nos parecem confusos, inaceitáveis, incompreensíveis: o mal, nas suas múltiplas facetas, o sofrimento, a morte, eventos que dizem respeito a todos e a cada um. Meditando o mistério da Ressurreição, encontramos resposta à nossa sede de significado.
Perante a nossa humanidade frágil, o anúncio pascal torna-se cuidado e cura, alimenta a esperança diante dos desafios assustadores que a vida nos apresenta todos os dias, a nível pessoal e planetário. Na perspectiva da Páscoa, a Via Crucis transfigura-se em Via Lucis. Precisamos de saborear e meditar a alegria após a dor, reviver na nova luz todas as etapas que precederam a Ressurreição.
A Páscoa não elimina a cruz, mas vence-a no duelo prodigioso que mudou a história humana. Também o nosso tempo, marcado por tantas cruzes, invoca o amanhecer da esperança pascal. A Ressurreição de Cristo não é uma ideia, uma teoria, mas o Acontecimento que está na base da fé. Ele, o Ressuscitado, através do Espírito Santo, continua a recordá-lo a nós para que possamos ser suas testemunhas também onde a história humana não vê luz no horizonte. A esperança pascal não decepciona. Acreditar verdadeiramente na Páscoa, através do caminho diário, significa revolucionar a nossa vida, ser transformados para transformar o mundo com a força suave e corajosa da esperança cristã. (cf. Santa Sé)
