BEATA RITA AMADA DE JESUS
Rita Amada de Jesus nasceu no
dia a 5 de Março de 1848, em Ribafeita, Diocese de Viseu. No baptismo, que
recebeu com ainda poucos dias de vida, foi-lhe dado o nome de Rita Lopes de Almeida.
Cresceu num ambiente familiar muito piedoso. Desde criança, manifestou uma especial
devoção por Jesus Sacramentado, por Nossa Senhora, por S. José e muito carinho
pelo Papa que, por essas alturas, vivia vida atribulada, a ponto de se ver
exilado e, poucos anos depois, espoliado dos Estados Pontifícios. O governo de
então, dominado pela maçonaria, apoderou-se dos bens eclesiásticos; expulsou as
ordens religiosas; mandou encerrar todas as casas religiosas, masculinas e
femininas; proibiu a admissão de noviços. Muitos bispos, e até sacerdotes,
descuravam os seus deveres, pelas constantes lutas políticas em que se viam envolvidos.
No lar desta jovem, todos - a começar pelos pais- sentiam a ânsia de uma
autêntica vivência cristã e desejo de a comunicar a outros. Deus fez nascer, em
Rita, a vocação missionária para arrancar os jovens do indiferentismo, dos
perigos morais e exercer um apostolado entre em favor da família. Chegou a
andar de aldeia em aldeia a rezar; ensinava a rezar o terço convidando as
pessoas de boa vontade a imitar Nossa Senhora. Muitas vezes, encontrava pessoas
de vida menos exemplar e, então, fazia tudo quanto estava ao seu alcance para
que Nosso Senhor as arrancasse do mal e as trouxesse ao bom caminho. Não
tardaram as ameaças de morte e até houve uma tentativa de a matar. À oração
juntou a penitência. Nas suas idas a Viseu, começou a contactar as Irmãs
Beneditinas do Convento de Jesus. Cedo deu-se conta, juntamente com o seu
confessor, de que Jesus a chamava à vida de consagrada, numa época impossível
pelas leis ainda vigentes que proibiam admissões de noviças. Rita continuou no
mundo, entregue ao apostolado e às mortificações, esperançada de que haveria de
alcançar a consagração total a Deus. Neste espírito, rejeitou muitos
pretendentes, alguns deles ricos, porque no seu íntimo já era “consagrada”.
Fazia a Comunhão Reparadora; crescia no fervor eucarístico, na devoção ao
Sagrado Coração de Jesus e no forte desejo de salvar almas, tornando-se
missionária e apóstola. Participando no apostolado de Rita, os pais chegaram a albergar
em sua casa mulheres desejosas de conversão e de mudança de vida. Com cerca de
20 anos, Rita sentiu que era imperioso consagrar-se a Deus, na vida religiosa.
Partilhava tudo isto com a sua mãe, mas o pai - embora muito piedoso e tendo
por aquela filha uma predilecção especial - opunha-se a este desejo. Querendo
obedecer mais a Deus que aos homens, Rita não esmoreceu e, finalmente, aos 29
anos, conseguiu entrar num convento de religiosas: a única Congregação
permitida em Portugal por ser estrangeira e se dedicar apenas à assistência. Ao
confrontar o carisma daquelas Irmãs com o que lhe ia na alma, Rita apercebeu-se
de que não era o género de apostolado para que se sentia inclinada. O seu
director espiritual - com quem se abria inteiramente - percebeu ser vontade de
Deus que Rita se dedicasse a recolher e educar meninas pobres e abandonadas.
Então, Rita deixou aquelas religiosas de origem francesa e procurou meios de
melhor se preparar para futuro e urgente desempenho da sua especial missão. Por
isso, deu entrada num colégio onde pôde aprender, ao vivo, como lidar com as
exigências estatais e religiosas. Rita - humanamente rica de virtudes;
profundamente piedosa; levada pelo desejo de cumprir a vontade de Deus a seu
respeito - aos 32 anos, conseguiu vencer as dificuldades de natureza política e
até religiosa e fundar, a 24 de Setembro de 1880, na paróquia de Ribafeita, um
colégio e simultaneamente o Instituto das Irmãs de Jesus Maria José, seguindo o
lema da Sagrada Família de Nazaré. Em breve espaço de tempo, estendeu a Obra de
apostolado a outras Dioceses de Portugal. Nas Dioceses de Viseu, Lamego e
Guarda as autoridades políticas concelhias procuraram, por todos os meios,
obrigá-la a encerrar a sua Obra. Não lhe faltaram dificuldades, económicas e
relacionais. Porém, em 1910, com a implantação da República, desencadeou-se em
Portugal nova perseguição feroz contra a Igreja. O Estado apoderou-se dos bens
que o Instituto possuía; aboliu novamente as Ordens Religiosas. A Madre Rita,
como era conhecida, teve de refugiar-se na sua terra natal. Daqui, conseguiu localizar
algumas Irmãs dispersas e, aos poucos, começou a reagrupá-las numa humilde casa
e, assim, pôde salvar o Instituto. Depois, enviou-as, em pequenos grupos, para
o Brasil. Lá, continuaram o carisma da Fundadora. Rita Amada de Jesus faleceu
em Casalmendinho (paróquia de Ribafeita) no dia 6 de Janeiro de 1913. O seu
funeral, presidido pelo Vigário Geral da Diocese, foi uma manifestação de acção
de graças pelo dom desta Religiosa à Igreja e ao Mundo. Foi beatificada no dia
28 de Maio de 2006, na Sé de Viseu, numa celebração presidida pelo
cardeal-legado do Santo Padre, D. José Saraiva Martins. A sua memória litúrgica
faz-se a 24 de Setembro.