BEATO FLORIBERT BWANA CHUI
BIN KOSITI
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Floribert Bwana Chui nasceu em 13 de Junho de 1981, em Goma, na região do Kivu, na República Democrática do Congo. Extrovertido e inteligente, viveu fortes experiências de fé, no âmbito católico, que lhe moldaram a essência de um autêntico crente. Como muitos outros jovens, é um idealista, um sonhador, convencido de que pode mudar o mundo, e, por isso e para isso, também, se lançou na política, convencido, mais do que nunca, de que o Congo precisava dele para se renovar, após a triste experiência da guerra civil, da qual acabava de sair. E isso justamente quando, nos círculos estudantis, se espalhou a crença (que em Kinshasa é praticamente uma obrigação) de "não acreditar que serás tu quem vai endireitar o Congo". Talvez seja também por isso que, quando chegou a hora de escolher, ele se dedicou ao Direito, estudando Direito com paixão e de olhos no futuro, que parecia mais promissor e promissor do que nunca, dadas as suas habilitações e os recursos económicos de que a sua família dispunha.
Com o diploma, surgiu a oportunidade de conhecer, de perto, a Comunidade de Santo Egídio e ficou fascinado pelo que ela fazia pelos mais pobres do vizinho Ruanda. Entrou nela, aprendendo o gosto pela oração que se traduz em cuidado e ajuda a todos os marginalizados, segundo o carisma específico da Comunidade. A nível pessoal, cuidou dos "maibobo" - as crianças de rua que todos temiam e das quais ninguém queria aproximar-se: tornou-se amigo de algumas; irmão mais velho de outras, vagando pelos bairros mais infames e perigosos. "Assim que tinha algum dinheiro no bolso, usava-o para eles", recorda o seu pai. Com o diploma no bolso, imediatamente encontrou emprego como director da alfândega, para o controlo da qualidade das mercadorias: um cargo importante numa cidade fronteiriça como Goma, que também lhe permitiu fazer planos para o futuro e pensar no casamento. Desempenhava o seu trabalho com grande rigor e sentido de dever, que consistia em controlar a qualidade dos alimentos, em trânsito, na fronteira, e certificar a sua boa qualidade. Em Goma, era opinião comum que todos os directores deste departamento eram corruptos, como bem demonstrava a facilidade com que qualquer tipo de produto estragado podia ser encontrado nos mercados da cidade, e que, naturalmente, ostentavam o selo de certificação: os subornos tornaram-se a norma, num país classificado em 160º lugar, entre os 176 do Índice de Corrupção. No clima de pobreza generalizada no Congo, consolidou-se a ideia de que se pode enriquecer rapidamente e que todos os métodos são legais para isso.
A chegada de Floribert marcou uma mudança repentina de direcção no departamento, que nenhum operador económico da região esperaria. Um mês antes da sua morte, o seu departamento tinha elaborado um relatório muito detalhado sobre um grande lote de arroz estragado, pelo qual ele recebeu telefonemas e pressões, até mesmo de autoridades públicas, para fechar os olhos e receber os seus honorários, como todos os outros sempre fizeram. Estamos a falar de 4 a 5 toneladas de arroz estragado, pelas quais lhe ofereceram um suborno de 3.000 dólares: uma quantia enorme, considerando que, na época, o salário médio mensal de um soldado não ultrapassava 5 ou 6 dólares. Uma rápida consulta telefónica com um amigo médico, deu-lhe a certeza de que aquele arroz, se colocado no mercado, prejudicaria seriamente a saúde dos seus concidadãos. "Como cristão, não me posso dar ao luxo de apagar a minha responsabilidade e a minha consciência. É melhor morrer do que colocar a vida das pessoas em risco", foi a sua resposta, que acompanhou o relato da destruição dos produtos estragados.
A reacção dos empresários não tardou: no dia 7 de Julho de 2007, ele saiu repentinamente de casa, após um telefonema no qual foi convidado para uma reunião. Não se ouviu falar dele durante todo o domingo e, também, não deu notícias. Na tarde de segunda-feira, por volta das 15h, o seu corpo foi encontrado nas margens do lago, não muito longe da fronteira. No seu corpo havia sinais claros da tortura a que fora submetido, antes de ter sido estrangulado: dentes partidos, um braço quebrado, queimaduras graves por todo o corpo. Tudo porque ele acreditara, até o fim, que "se eu não destruísse o que era prejudicial à saúde de tantas pessoas; se eu aceitasse a corrupção, seria como se eu aceitasse a minha própria destruição".
O seu martírio, que foi reconhecido pelo Papa Francisco, em Novembro do ano passado, tornou-se um símbolo da resistência contra a corrupção que aflige a África e muitas outras regiões do mundo.
Floribert Bwana Chui será beatificado, no próximo dia 15 de Junho, na Basílica de São Paulo Fora de Muros, em Roma. A celebração em Roma será um tributo não apenas ao corajoso jovem congolês, mas também a todas as pessoas que, em várias partes do mundo, se levantam contra a injustiça e lutam por um futuro melhor. O testemunho de vida de Floribert Bwana Chui será, sem dúvida, uma fonte de inspiração para muitos que valorizam a dignidade humana e os direitos fundamentais. A sua beatificação é um testemunho da grandeza do espírito humano e da força da fé, uma celebração da vitória da justiça sobre a corrupção e da luz sobre as trevas.
A sua memória litúrgica será fixada no dia 9 de Junho.
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Floribert Bwana Chui nasceu em 13 de Junho de 1981, em Goma, na região do Kivu, na República Democrática do Congo. Extrovertido e inteligente, viveu fortes experiências de fé, no âmbito católico, que lhe moldaram a essência de um autêntico crente. Como muitos outros jovens, é um idealista, um sonhador, convencido de que pode mudar o mundo, e, por isso e para isso, também, se lançou na política, convencido, mais do que nunca, de que o Congo precisava dele para se renovar, após a triste experiência da guerra civil, da qual acabava de sair. E isso justamente quando, nos círculos estudantis, se espalhou a crença (que em Kinshasa é praticamente uma obrigação) de "não acreditar que serás tu quem vai endireitar o Congo". Talvez seja também por isso que, quando chegou a hora de escolher, ele se dedicou ao Direito, estudando Direito com paixão e de olhos no futuro, que parecia mais promissor e promissor do que nunca, dadas as suas habilitações e os recursos económicos de que a sua família dispunha.
Com o diploma, surgiu a oportunidade de conhecer, de perto, a Comunidade de Santo Egídio e ficou fascinado pelo que ela fazia pelos mais pobres do vizinho Ruanda. Entrou nela, aprendendo o gosto pela oração que se traduz em cuidado e ajuda a todos os marginalizados, segundo o carisma específico da Comunidade. A nível pessoal, cuidou dos "maibobo" - as crianças de rua que todos temiam e das quais ninguém queria aproximar-se: tornou-se amigo de algumas; irmão mais velho de outras, vagando pelos bairros mais infames e perigosos. "Assim que tinha algum dinheiro no bolso, usava-o para eles", recorda o seu pai. Com o diploma no bolso, imediatamente encontrou emprego como director da alfândega, para o controlo da qualidade das mercadorias: um cargo importante numa cidade fronteiriça como Goma, que também lhe permitiu fazer planos para o futuro e pensar no casamento. Desempenhava o seu trabalho com grande rigor e sentido de dever, que consistia em controlar a qualidade dos alimentos, em trânsito, na fronteira, e certificar a sua boa qualidade. Em Goma, era opinião comum que todos os directores deste departamento eram corruptos, como bem demonstrava a facilidade com que qualquer tipo de produto estragado podia ser encontrado nos mercados da cidade, e que, naturalmente, ostentavam o selo de certificação: os subornos tornaram-se a norma, num país classificado em 160º lugar, entre os 176 do Índice de Corrupção. No clima de pobreza generalizada no Congo, consolidou-se a ideia de que se pode enriquecer rapidamente e que todos os métodos são legais para isso.
A chegada de Floribert marcou uma mudança repentina de direcção no departamento, que nenhum operador económico da região esperaria. Um mês antes da sua morte, o seu departamento tinha elaborado um relatório muito detalhado sobre um grande lote de arroz estragado, pelo qual ele recebeu telefonemas e pressões, até mesmo de autoridades públicas, para fechar os olhos e receber os seus honorários, como todos os outros sempre fizeram. Estamos a falar de 4 a 5 toneladas de arroz estragado, pelas quais lhe ofereceram um suborno de 3.000 dólares: uma quantia enorme, considerando que, na época, o salário médio mensal de um soldado não ultrapassava 5 ou 6 dólares. Uma rápida consulta telefónica com um amigo médico, deu-lhe a certeza de que aquele arroz, se colocado no mercado, prejudicaria seriamente a saúde dos seus concidadãos. "Como cristão, não me posso dar ao luxo de apagar a minha responsabilidade e a minha consciência. É melhor morrer do que colocar a vida das pessoas em risco", foi a sua resposta, que acompanhou o relato da destruição dos produtos estragados.
A reacção dos empresários não tardou: no dia 7 de Julho de 2007, ele saiu repentinamente de casa, após um telefonema no qual foi convidado para uma reunião. Não se ouviu falar dele durante todo o domingo e, também, não deu notícias. Na tarde de segunda-feira, por volta das 15h, o seu corpo foi encontrado nas margens do lago, não muito longe da fronteira. No seu corpo havia sinais claros da tortura a que fora submetido, antes de ter sido estrangulado: dentes partidos, um braço quebrado, queimaduras graves por todo o corpo. Tudo porque ele acreditara, até o fim, que "se eu não destruísse o que era prejudicial à saúde de tantas pessoas; se eu aceitasse a corrupção, seria como se eu aceitasse a minha própria destruição".
O seu martírio, que foi reconhecido pelo Papa Francisco, em Novembro do ano passado, tornou-se um símbolo da resistência contra a corrupção que aflige a África e muitas outras regiões do mundo.
Floribert Bwana Chui será beatificado, no próximo dia 15 de Junho, na Basílica de São Paulo Fora de Muros, em Roma. A celebração em Roma será um tributo não apenas ao corajoso jovem congolês, mas também a todas as pessoas que, em várias partes do mundo, se levantam contra a injustiça e lutam por um futuro melhor. O testemunho de vida de Floribert Bwana Chui será, sem dúvida, uma fonte de inspiração para muitos que valorizam a dignidade humana e os direitos fundamentais. A sua beatificação é um testemunho da grandeza do espírito humano e da força da fé, uma celebração da vitória da justiça sobre a corrupção e da luz sobre as trevas.
A sua memória litúrgica será fixada no dia 9 de Junho.