No Paquistão, continua difícil a vida dos cristãos que são vítimas de violência e de descriminação. O último caso, acompanhado pela comunidade internacional, diz respeito a Asia Bibi, cristã católica, de 45 anos, mãe de cinco filhos, cuja sentença de condenação à morte foi divulgada na última semana, por um tribunal de Nankana, a cerca de 75 quilómetros de Lahore, capital cultural do país. Asia Bibi estava na prisão desde Junho de 2009, depois de ter sido acusada, no seu trabalho, de ter falado contra Maomé: algumas mulheres muçulmanas, que trabalhavam com Asia Bibi, foram ver um responsável religioso e acusaram a cristã de proferir blasfémias contra o profeta Maomé.
Para o bispo de Islamabad, Rufin Anthony, trata-se de uma “verdadeira vergonha”, apelando ao fim da lei contra a blasfémia, no Paquistão. A lei da blasfémia, já condenada internacionalmente, visa ofensas ao Islão e tem sido frequentemente usada, naquele país, contra cristãos e fiéis de outras religiões que não a muçulmana. Várias ONG’s do Paquistão estão a recolher assinaturas para revogar a condenação à morte, juntando-se a instituições católicas.
"Os cristãos estão sob ataque, através do uso instrumental da lei anti-blasfémia. Este tipo de acusações têm-se sucedido e estamos muito preocupados” refere Peter Jacob, secretário executivo da Comissão Nacional Justiça e Paz, da Conferência Episcopal do Paquistão, em declarações à agência FIDES.
A um jornalista, Asia Bibi afirmou: “… prefiro morrer cristã, do que sair em liberdade e muçulmana…”
Na audiência da passada quarta-feira, o Papa pronunciou-se sobre este caso, dizendo: "De modo particular, hoje, manifesto a minha proximidade espiritual à senhora Asia Bibi e aos seus familiares, e peço para que, quanto antes, lhe seja restituída a plena liberdade. Além disso, rezo por todos aqueles que se encontram em situações análogas, para que a sua dignidade humana e os seus direitos fundamentais sejam plenamente respeitados" .
PALAVRA COM SENTIDO
PALAVRA COM SENTIDO
“… Proclama a Palavra … com toda a paciência e doutrina…” (cf. II Timóteo 4, 2)
A segunda Leitura da liturgia de hoje propõe-nos a exortação que o apóstolo Paulo dirige ao seu fiel colaborador Timóteo: “Proclama a palavra, insiste oportuna e inoportunamente, convence, repreende, exorta com toda a compreensão e competência” (2 Tm 4, 2). O tom é sincero: Timóteo deve sentir-se responsável pela proclamação da Palavra.
O Dia Missionário Mundial, que se celebra hoje, é uma ocasião propícia para que cada batizado tome consciência mais viva da necessidade de colaborar no anúncio da Palavra, na proclamação do Reino de Deus com renovado compromisso. Há cem anos, o Papa Bento XV promulgou a Carta Apostólica Maximum illud para dar novo impulso à responsabilidade missionária de toda a Igreja. Ele sentiu a necessidade de requalificar evangelicamente a missão no mundo, para que fosse purificada de qualquer incrustação colonial e livre dos condicionamentos das políticas expansionistas das Nações europeias.
No diferente contexto hodierno, a mensagem de Bento XV ainda é atual e estimula-nos a superar a tentação de qualquer fechamento autorreferencial e todas as formas de pessimismo pastoral, para nos abrirmos à alegre novidade do Evangelho. Neste nosso tempo, marcado por uma globalização que deveria ser solidária e respeitosa da especificidade dos povos e que, pelo contrário, ainda sofre devido à homologação e aos antigos conflitos de poder que alimentam as guerras e arruínam o planeta, os crentes são chamados a levar a toda a parte, com novo impulso, a boa notícia de que em Jesus a misericórdia vence o pecado, a esperança derrota o medo, a fraternidade supera a hostilidade. Cristo é a nossa paz e nele toda a divisão é vencida, só n'Ele está a salvação de todos os homens e de todos os povos.
Para viver plenamente a missão, há uma condição indispensável: a oração, uma prece fervorosa e incessante, segundo o ensinamento de Jesus anunciado também no Evangelho de hoje, no qual Ele conta uma parábola “sobre a necessidade de rezar sempre, sem desfalecer” (Lc 18, 1). A oração é a primeira ajuda do povo de Deus para os missionários, rica de afeto e gratidão pela sua difícil tarefa de anunciar e transmitir a luz e a graça do Evangelho àqueles que ainda não o receberam. É também uma boa ocasião para nos interrogarmos hoje: rezo pelos missionários? Oro por aqueles que partem para terras distantes, a fim de levar a Palavra de Deus com o testemunho? Pensemos nisto!
Maria, Mãe de todos os povos, acompanhe e proteja todos os dias os missionários do Evangelho. (cf. Papa Francisco, na Oração do Angelus, Praça de São Pedro, Roma, Domingo, 20 de Outubro de 2019)