- na Audiência geral, no dia 24 de Outubro, em Roma.
“…O que é a fé? (…) É um
confiante confiar num “Tu”, que é Deus, que me dá uma certeza diferente, mas
não menos sólida do que aquela que me vem do cálculo exacto ou da ciência. A fé
não é uma simples adesão intelectual do homem a uma verdade particular sobre
Deus; é um acto com o qual confio livremente num Deus que é Pai e me ama; é
adesão a um “Tu” que me dá esperança e confiança. Certamente esta adesão a Deus
não é privada de conteúdo: sabemos que o próprio Deus se mostrou em Cristo;
mostrou a sua face e fez-se realmente próximo a cada um de nós. Mais, Deus
revelou que o seu amor pelo homem, por cada um de nós, é sem medida: na Cruz,
Jesus de Nazaré, o Filho de Deus feito homem, mostra-nos, do modo mais
luminoso, a que ponto chega este amor, até a doação de si mesmo, até o
sacrifício total. Com o Mistério da Morte e Ressurreição de Cristo, Deus desce
até ao fundo da nossa humanidade para a trazer de volta a Ele, para elevá-la à
sua altura. A fé é crer neste amor de Deus que não diminui diante da maldade do
homem, diante do mal e da morte, mas é capaz de transformar cada forma de escravidão,
dando a possibilidade da salvação. Ter fé, então, é encontrar este “Tu”, Deus,
que me sustenta e me concede a promessa de um amor indestrutível que não só
aspira à eternidade, mas a dá; é confiar-se a Deus como a atitude de uma
criança, que sabe bem que todas as suas dificuldades, todos os seus problemas
estão seguros no “Tu” da mãe. E esta possibilidade de salvação através da fé é
um dom que Deus oferece a todos os homens. Acho que deveríamos meditar com mais
frequência – na nossa vida quotidiana, caracterizada por problemas e situações
às vezes dramáticas – sobre o facto de que crer de forma cristã significa este
abandonar-me com confiança ao sentido profundo que me sustenta a mim e ao
mundo, aquele sentido que nós não somos capazes de dar, mas somente de receber
como dom e que é a razão pela qual podemos viver sem medo. E esta certeza libertadora
e tranquilizante da fé devemos ser capazes de anunciá-la com a palavra e de
mostrá-la com a nossa vida de cristãos. ...” ( cf Zenit )