No último Domingo do ano
litúrgico, a Igreja celebra a festa de Cristo Rei. É uma das festas mais
importantes no calendário católico, pois nela celebramos Cristo, Rei do
universo. O Seu reino não é deste mundo, mas começa a construir-se aqui, na
nossa realidade de todos os dias: reino da verdade e da vida, da santidade e da
graça, da justiça, do amor e da paz. Esta festa foi estabelecida pelo Papa Pio
XI, em 11 de Março de 1925. O Papa queria motivar os católicos para darem
público testemunho de Jesus, centro da vida da Igreja e centro da história universal.
O Papa Bento XVI disse, na oração do Angelus, no dia 30 de Novembro de 2005: “…Hoje,
último domingo do Ano litúrgico, celebra-se a solenidade de Cristo Rei do
universo. Desde o anúncio do seu nascimento, o Filho unigénito do Pai, que
nasceu da Virgem Maria, é definido "rei" no sentido messiânico, ou
seja, herdeiro do trono de David, segundo as promessas dos profetas, para um
reino que não terá fim (cf. Lc 1, 32-33). A realeza de Cristo permaneceu totalmente
escondida, até aos seus trinta anos, transcorridos numa existência comum em
Nazaré. Depois, durante a vida pública, Jesus inaugurou o novo Reino, que
"não é deste mundo" (Jo 18, 36) e no final realizou-o plenamente com
a Sua morte e ressurreição. Ao aparecer ressuscitado aos Apóstolos, disse:
"Toda a autoridade me foi dada no céu e sobre a terra" (Mt 28, 18):
esta autoridade brota do amor, que Deus manifestou plenamente no sacrifício do
seu Filho. O Reino de Cristo é dom oferecido aos homens de todos os tempos,
para que todo aquele que acredita no Verbo encarnado "não morra, mas tenha
a vida eterna" (Jo 3, 16). Por isso, precisamente no último Livro da
Bíblia, o Apocalipse, Ele proclama: "Eu sou o Alfa e o Ómega, o princípio e
o fim" (Ap 22, 13). "Cristo Alfa e Ómega", assim se intitula o
parágrafo que conclui a primeira parte da Constituição pastoral Gaudium et
spes, do Concílio Vaticano II, promulgada há quarenta anos. Naquela bela
página, que retoma algumas palavras do servo de Deus o Papa Paulo VI, lemos:
"O Senhor é o fim da história humana, o ponto para onde tendem os desejos da
história e da civilização, o centro do género humano, a alegria de todos os
corações e a plenitude das suas aspirações". E assim continua:
"Vivificados e reunidos no seu Espírito, caminhamos em direcção à
perfeição final da história humana, que corresponde plenamente ao seu desígnio
de amor: "recapitular todas as coisas em Cristo, tanto as do céu como as
da terra" (Ef 1, 10)…"
PALAVRA COM SENTIDO
PALAVRA COM SENTIDO
“… Nós vimos a Sua estrela no Oriente…” (cf. Mateus 2, 2)
“…No Evangelho de hoje, a narração dos Magos, que foram do Oriente a Belém para adorar o Messias, confere à festa da Epifania um alcance de universalidade. E este é o alcance da Igreja, a qual deseja que todos os povos da terra possam encontrar Jesus, fazer a experiência do seu amor misericordioso. É este o desejo da Igreja: que encontremos a misericórdia de Jesus, o seu amor.
Cristo acabou de nascer, ainda não sabe falar, e todas as nações — representadas pelos Magos — já o podem encontrar, reconhecer, adorar. Dizem os Magos: «Vimos a sua estrela no firmamento e viemos adorá-lo» (Mt 2, 2), Herodes ouviu isto logo que os Magos chegaram a Jerusalém. Estes Magos eram homens prestigiosos, de regiões distantes e culturas diversas, e tinham-se posto a caminho rumo à terra de Israel para adorar o rei que nascera. Desde sempre a Igreja viu neles a imagem da humanidade inteira, e com a celebração de hoje, da festa da Epifania, deseja como que indicar respeitosamente a cada homem e mulher deste mundo o Menino que nasceu para a salvação de todos.
Na noite de Natal Jesus manifestou-se aos pastores, homens humildes e desprezados — alguns dizem salteadores — foram eles os primeiros que levaram um pouco de conforto àquela gruta fria de Belém. Agora chegam os Magos de terras distantes, também eles atraídos misteriosamente por aquele Menino. Pastores e Magos, muito diversos entre si; mas lhes é comum uma coisa: o céu. Os pastores de Belém acorreram imediatamente para ver Jesus não por serem particularmente bons, mas porque vigiavam de noite e, erguendo os olhos ao céu, viram um sinal, ouviram a sua mensagem e seguiram-no. Assim também os Magos: perscrutaram o céu, viram uma estrela nova, interpretaram o sinal e puseram-se a caminho, de longe. Os pastores e os Magos ensinam-nos que para encontrar Jesus é necessário saber erguer o olhar ao céu, não estar fechado em si mesmo, no próprio egoísmo, mas ter o coração e a mente abertos ao horizonte de Deus, que nos surpreende sempre, saber acolher as suas mensagens, e responder com prontidão e generosidade.
Os Magos, diz o Evangelho, «ao ver a estrela, sentiram uma grande alegria» (Mt 2, 10). Há também para nós um grande conforto ao ver a estrela, isto é, ao sentir-nos guiados e não abandonados ao nosso destino. E a estrela é o Evangelho, a Palavra do Senhor, como diz o salmo: «A tua palavra é lâmpada para os meus passos, luz para o meu caminho» (119, 105). Esta luz guia-nos para Cristo. Sem a escuta do Evangelho, não é possível encontrá-lo! Com efeito, seguindo a estrela, os Magos chegaram ao lugar onde Jesus se encontrava. E ali «viram o Menino com Maria sua mãe, prostraram-se e adoraram-no» (Mt 2, 11). A experiência dos Magos exorta-nos a não nos contentarmos com a mediocridade, a não «ir vivendo», mas a procurar o sentido das coisas, a perscrutar com paixão o grande mistério da vida. E ensina-nos a não nos escandalizarmos com a pequenez e com a pobreza, mas a reconhecer a majestade na humildade, e saber ajoelhar-nos diante dela.
A Virgem Maria, que acolheu os Magos em Belém, nos ajude a erguer o olhar de nós mesmos, a deixar-nos guiar pela estrela do Evangelho para encontrar Jesus, e a saber abaixar o nosso olhar para o adorar. Assim poderemos levar aos outros um raio da sua luz, e partilhar com eles a alegria do caminho…” (Papa Francisco, Oração do Angelus, Solenidade da Epifania dos Senhor, 6 de Janeiro de 2016)