A festa da
Sagrada Família tem as suas origens no fim do século XIX. A Igreja inquietava-se
então com o que considerava a decadência moral: o progresso do “naturalismo”
devido aos avanços da ciência, a penetração do ateísmo e a autonomia cada vez
maior da política e do direito em relação à Igreja. Certos Estados chegaram
mesmo a aprovar legislação que permitia o casamento civil. E viam-se cada vez
mais casais compostos por católicos e não católicos.
Por isso os
papas tentaram valorizar a comunidade familiar como instituição propriamente
cristã, fundada sobre o Evangelho. Assim, a 26 de Outubro de 1921, o Papa Bento
XV instituiu um dia consagrado especificamente à Sagrada Família. Na liturgia
renovada pelo Concílio Vaticano II, esta festa celebra-se no Domingo a seguir
ao Natal. Na Festa da Sagrada Família, em 27 de Dezembro de 2009, disse o Papa
Bento XVI: “…Como não recordar o verdadeiro significado desta festa? Deus, que
veio ao mundo no seio de uma família, manifesta que esta instituição é caminho
certo para O encontrar e conhecer, assim como uma chamada permanente para trabalhar
pela unidade de todos em redor do amor. Portanto, um dos maiores serviços que
nós, cristãos, podemos prestar aos nossos semelhantes é oferecer-lhes o nosso
testemunho sereno e firme da família fundada no matrimónio entre um homem e uma
mulher, salvaguardando-a e promovendo-a, porque ela é de máxima importância
para o presente e para o futuro da humanidade. De facto, a família é a melhor
escola na qual se aprende a viver aqueles valores que dignificam a pessoa e
tornam grandes os povos. Nela também se partilham os sofrimentos e as alegrias,
sentindo-se todos protegidos pelo carinho que reina em casa pelo simples facto
de ser membros da mesma família. Peço a Deus que nos vossos lares se respire
sempre este amor de entrega e fidelidade total que Jesus trouxe ao mundo com o
seu nascimento, alimentando-o e fortalecendo-o com a oração quotidiana, a
prática constante das virtudes, a compreensão recíproca e o respeito mútuo.
Portanto, estimulo-vos a que vos dediqueis incansavelmente a esta bonita missão
que o Senhor vos recomendou, confiando na materna intercessão de Maria
Santíssima, Rainha das Famílias, e na poderosa protecção de São José, seu
esposo…”