RECORDAR SÃO JOÃO DE BRITO
João de Brito, filho de
Salvador Pereira de Brito e Brites Pereira, nasceu no dia 1 de Março de 1647,
em Lisboa. O seu pai era um grande fidalgo e foi governador do Rio de Janeiro;
a sua mãe era descendente de D. Nuno Álvares Pereira. Aos quatro anos ficou
órfão de pai, mas a sua mãe deu-lhe, assim como aos seus irmãos Cristóvão e
Fernão, uma verdadeira educação cristã. Ainda criança entrou a fazer parte dos
pajens do Rei D. João IV; na Corte distinguiu-se sempre pela sua delicadeza no
modo de tratar as pessoas e pela limpidez da sua consciência. No seu coração
germinava o desejo de oferecer a Deus uma vida sempre mais perfeita, pela
observância dos conselhos evangélicos. Ao mesmo tempo, crescia nele a vontade
de gastar a sua vida no serviço missionário. A Índia exercia nele uma atracção
e um fascínio irrecusáveis. Aos 11 anos, João de Brito ficou doente
com tal gravidade que, nas suas preces para recuperar a saúde, invocava São
Francisco Xavier. Acreditando ter ficado bom através das suas preces, veste-se com
o hábito de Santo Inácio, da Companhia de Jesus, tal como tinha prometido,
durante um ano. Após o período da promessa, João de Brito revelou à sua mãe a
intenção de entrar para a Companhia de Jesus. Aos 14 anos, entra no noviciado
de Lisboa, onde permanece durante dois anos. Depois de cumprido o noviciado,
parte para Évora onde, durante cinco anos, estuda Humanidades e Filosofia. No
entanto, devido ao clima da cidade, adoece e muda-se para Coimbra, para o
Colégio das Artes, onde estuda Filosofia. Nesta altura, faz o pedido ao Padre Geral
da Companhia - primeiro em 1668, e depois em 1669 - para que seja enviado para
a Índia. Contudo, após terminar o curso de Filosofia, é nomeado para leccionar
a cadeira de gramática, no colégio de S. Antão
(actual Hospital de S. José), em Lisboa. Entretanto, recebe a notícia de que o
seu pedido para ir para a Índia tinha sido aceite. Influenciado pelo
Governador-geral de Madurai, que se encontrava em Lisboa a procurar membros
para a missão, João de Brito decide- se por esta. Entre 1671 e 1673, estuda
Teologia, condição necessária para ser ordenado sacerdote e ir para as missões.
Quando informa a sua mãe sobre esta sua decisão, ela tenta, por todos os meios,
demovê-lo pois receava não o voltar a ver. Ordenado sacerdote, teve grande satisfação
de ser mandado para as Missões da Índia. Em Goa, deteve-se alguns anos, completando
os estudos teológicos. Terminados estes, iniciou a sua vida de missionário
activo, na região do Maduré. Qual outro Francisco Xavier, cujo apostolado
glorioso era o seu modelo e o seu ideal, deu-se de corpo e alma aos múltiplos
trabalhos da sua Missão, conservando-se sempre fiel no espírito do temor de
Deus, na rigorosa observância das constituições e no amor pelas almas imortais.
Deus abençoou visivelmente o apostolado deste seu servo. Aos milhares, os
hindus vieram aos pés do missionário jesuíta, professar-lhe a fé em Jesus
Cristo e a pedir o santo baptismo. Os sacrifícios que, durante 20 anos,
acompanharam o seu trabalho missionário, começaram a ser compensados, tal o
número dos que se tinham convertido a Jesus Cristo. Quando menos o esperava,
foi preso, juntamente com os seus companheiros. Foram maltratados, torturados e
mortos, passados ao fio da espada. A João de Brito amputaram-lhe as mãos e os
pés e o seu corpo, cravado num tronco de madeira, foi exposto num lugar público
para alegria dos seus perseguidores. Os seus restos mortais foram depositados
na igreja do Colégio dos Jesuítas, em Goa, onde se encontra, também, o corpo de
São Francisco Xavier. São João de Brito foi beatificado no dia 17 de Fevereiro
de 1853, pelo Papa Pio IX. Em 27 de Junho de 1947, foi canonizado pelo Papa Pio
XII. A sua memória litúrgica faz-se a 4 de Fevereiro.