BEATO
ALFREDO ILDEFONSO SCHUSTER
ALFREDO ILDEFONSO SCHUSTER
Alfredo Ildefonso Schuster nasceu, em Roma, no dia 18
de Janeiro 1880. Era filho de João Schuster, chefe dos alfaiates dos soldados
de infantaria do Vaticano, e de Maria Ana Tutzer. Foi baptizado no dia 20 de Janeiro
do mesmo ano. Ficou órfão aos onze anos. Porque era um jovem talentoso e
piedoso, foi enviado, pelo Barão Pfiffer d'Altishofen, para o Mosteiro
beneditino de São Paulo Fora dos Muros, para estudar. Teve como professores,
entre outros, dois homens extraordinários - o agora beatificado Plácido
Riccardi e Dom Bonifácio Oslander - que o educaram na oração, na ascese e no estudo.
Ildefonso Schuster formou-se em Filosofia na Pontifícia Universidade de Santo
Anselmo, em Roma.
Foi um monge exemplar e, em 19 de Março de 1904, foi
ordenado sacerdote, na Basílica de São João de Latrão. Foram-lhe confiadas
tarefas difíceis que eram sinal de que confiavam na sua avaliação e a sua
decisão e que os seus confrades tinham por ele muita estima. Aos 28 anos foi
nomeado mestre de noviços; depois, procurador-geral da Congregação Cassinesa
(na comunhão com os monges do Monte Cassino); em seguida, Prior da clausura e,
por fim, Abade do Mosteiro de São Paulo Fora dos Muros (1918). A sua dedicação
e amor pelo estudo, que fizeram dele um verdadeiro filho de São Bento, não diminuíram
por causa dos seus imensos compromissos que ocupavam, cada vez, o seu tempo e o
seu ministério. Foi grande a sua paixão pela arqueologia, a arte sacra, a
história monástica e litúrgica.
As suas tarefas e responsabilidades intermináveis
vão levá-lo da cátedra de professor à missão de visitador: nomeado Visitador
Apostólico com a responsabilidade de visitar os Seminários. Em 26 de Junho
1929, foi nomeado, pelo Papa Pio XI, arcebispo de Milão; em 15 de Julho, foi
nomeado Cardeal e, no dia 21 de Julho, o próprio Papa ordenou-o Bispo, no
sugestivo cenário da Capela Sistina. Assim começou o seu ministério de bispo, na
Igreja Ambrosiana (de Santo Ambrósio, bispo de Milão). Tomou como modelo da
vida e da sua acção pastoral o seu antecessor, o Santo Bispo Carlos Borromeo,
imitando-o no zelo na defesa da pureza da fé; no promover a salvação das almas,
incrementando nelas a piedade através da vida sacramental e do conhecimento da
doutrina cristã. As inúmeras cartas enviadas ao clero e ao povo; as constantes
visitas pastorais; as minuciosas e detalhadas prescrições, especialmente as que
se referem ao decoro do culto divino; os frequentes sínodos diocesanos e os
dois Congressos Eucarísticos são testemunhas do seu cuidado pastoral e do seu
zelo apostólico. A sua presença entre o povo foi contínua e constante. Para
isso, nunca faltou às celebrações litúrgicas na Catedral; multiplicou as consagrações
de igrejas e de altares; promoveu a trasladação de relíquias sagradas, etc… Sentindo-se
cansaço, acolheu o conselho dos médicos para que fizesse um largo período de
descanso. Então, recolheu-se no Seminário de Venegono, que tinha mandado
construir como uma espécie de abadia, no cimo de uma colina, cidadela mística
de oração e de estudo.
Ali, faleceu no dia 30 de Agosto de 1954. Ao
despedir-se dos seus seminaristas, disse-lhes: “Quereis uma recordação minha.
Não tenho outra recordação para vos dar a não ser um convite à santidade. As
pessoas parecem que já não se deixam convencer pela nossa pregação; mas, diante
da santidade, ainda acredita; ainda se ajoelha e reza. As pessoas parecem viver
ignorando as realidades sobrenaturais, indiferentes aos problemas da salvação.
Mas, se um verdadeiro santo, vivo ou morto, passa, todos acorrem à sua
passagem. Lembrais-vos das multidões ao redor da urna de Dom Orione? Não vos
esqueçais que o diabo não tem medo dos nossos campos desportivos, nem dos nossos
cinemas. Ele tem medo da nossa santidade."
Poucos dias depois, o impressionante cortejo que
acompanhou o funeral do Cardeal Schuster, de Venegono até Milão, confirmou que
"quando passa um santo, todos acorrem à sua passagem." O Cardeal
Alfredo Ildebrando Schuster foi beatificado no dia 12 de Maio de 1996, pelo
Papa João Paulo II que, na Homilia da celebração, disse: “… O amor a Cristo,
manifestado num incansável serviço à Igreja, constitui o coração da
espiritualidade e da actividade apostólica de Alfredo Ildefonso Schuster, nos
longos e infatigáveis anos de Pastor da Arquidiocese de Milão. “Um homem de
oração, de estudo e de acção – assim o definiu Monsenhor João Baptista Montini,
(futuro Papa Paulo VI) no discurso feito na ocasião da sua entrada na
Arquidiocese – cuja preocupação principal era a salvação do seu povo”.
O espírito de oração e de contemplação, próprio da
tradição beneditina, animou o seu ministério pastoral. A espiritualidade
monástica, sustentada pela meditação diária da Sagrada Escritura, aparece como
que ampliada quer na activa colaboração com a Santa Sé, quer no generoso serviço
à Comunidade Ambrosiana, “por ele edificada e confortada, até ao fim, com a
celebração assídua e devota dos Sagrados Mistérios e com o exemplo de uma vida
límpida e coerente”. (“Missal Ambrosiano”, prefácio da memória).
O Cardeal Schuster ofereceu ao Clero milanês um luminoso
exemplo de como se pode harmonizar a contemplação e a acção pastoral. Ele
continua, hoje, a indicar a cada sacerdote e a cada pessoa chamada a trabalhar
na vinha do Senhor, o supremo valor do amor para com Deus, fundamento da
comunhão fraterna e do apostolado. “No fim – escreveu – o que conta para a verdadeira
grandeza da Igreja e dos seus filhos é o amor”.
A sua memória litúrgica celebra-se no dia 30 de
Agosto.