
- VOTOS DE ANO NOVO CHEIO DE ESPERANÇA,
NA CONCRETIZAÇÃO DE TODOS OS SONHOS E
PROJECTOS.
QUE A BÊNÇÃO DE DEUS ANIME OS CORAÇÕES
NA CONSTRUÇÃO DA PAZ.
- 1 DE JANEIRO: DIA MUNDIAL
DA PAZ
-
DA MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO
“…No início deste novo ano, formulo sinceros votos de paz aos
povos e nações do mundo inteiro, aos chefes de Estado e de governo, bem como
aos responsáveis das Comunidades Religiosas e das várias expressões da
sociedade civil. Almejo paz a todo o homem, mulher, menino e menina, e rezo
para que a imagem e semelhança de Deus em cada pessoa nos permitam reconhecer-nos
mutuamente como dons sagrados com uma dignidade imensa. Sobretudo nas situações
de conflito, respeitemos esta «dignidade mais profunda» e façamos da
não-violência activa o nosso estilo de vida (…) Nesta ocasião, desejo
deter-me na não-violência como estilo duma política de paz, e peço a Deus que
nos ajude, a todos nós, a inspirar na não-violência as profundezas dos nossos
sentimentos e valores pessoais. Sejam a caridade e a não-violência a guiar o
modo como nos tratamos uns aos outros nas relações interpessoais, sociais e
internacionais. Quando sabem resistir à tentação da vingança, as vítimas da
violência podem ser os protagonistas mais credíveis de processos não-violentos
de construção da paz. Desde o nível local e diário até ao nível da ordem
mundial, possa a não-violência tornar-se o estilo característico das nossas
decisões, dos nossos relacionamentos, das nossas acções, da política em todas
as suas formas (...) Por
vezes, entende-se a não-violência como rendição, negligência e passividade,
mas, na realidade, não é isso. Quando a Madre Teresa recebeu o Prémio Nobel da
Paz em 1979, declarou claramente qual era a sua ideia de não-violência activa:
«Na nossa família, não temos necessidade de bombas e de armas, não precisamos
de destruir para edificar a paz, mas apenas de estar juntos, de nos amarmos uns
aos outros (...). E poderemos superar todo o mal que há no mundo». Com efeito,
a força das armas é enganadora. «Enquanto os traficantes de armas fazem o seu
trabalho, há pobres pacificadores que, só para ajudar uma pessoa, outra e outra,
dão a vida»; para estes obreiros da paz, a Madre Teresa é «um símbolo, um ícone
dos nossos tempos». No passado mês de Setembro, tive a grande alegria de a
proclamar Santa. Elogiei a sua disponibilidade para com todos «através do
acolhimento e da defesa da vida humana, a dos nascituros e a dos abandonados e
descartados. (...) Inclinou-se sobre as pessoas indefesas, deixadas moribundas
à beira da estrada, reconhecendo a dignidade que Deus lhes dera; fez ouvir a
sua voz aos poderosos da terra, para que reconhecessem a sua culpa diante dos
crimes – diante dos crimes! – da pobreza criada por eles mesmos». Como
resposta, a sua missão – e nisto representa milhares, antes, milhões de pessoas
– é ir ao encontro das vítimas com generosidade e dedicação, tocando e vendando
cada corpo ferido, curando cada vida dilacerada. A não-violência, praticada com decisão e coerência,
produziu resultados impressionantes (…) A construção da paz por meio da não-violência activa é um
elemento necessário e coerente com os esforços contínuos da Igreja para limitar
o uso da força através das normas morais, mediante a sua participação nos
trabalhos das instituições internacionais e graças à competente contribuição de
muitos cristãos para a elaboração da legislação a todos os níveis. O próprio
Jesus oferece-nos um «manual» desta estratégia de construção da paz, no chamado
Sermão da Montanha. As oito Bem-aventuranças (cf. Mateus 5, 3-10) traçam o
perfil da pessoa que podemos definir feliz, boa e autêntica. Felizes os mansos
– diz Jesus –, os misericordiosos, os pacificadores, os puros de coração, os que
têm fome e sede de justiça.
Este é um programa e um desafio
também para os líderes políticos e religiosos, para os responsáveis das
instituições internacionais e os dirigentes das empresas e dos meios de
comunicação social de todo o mundo: aplicar as Bem-aventuranças na forma como
exercem as suas responsabilidades. É um desafio a construir a sociedade, a
comunidade ou a empresa de que são responsáveis com o estilo dos obreiros da
paz; a dar provas de misericórdia, recusando-se a descartar as pessoas,
danificar o meio ambiente e querer vencer a todo o custo. Isto requer a
disponibilidade para «suportar o conflito, resolvê-lo e transformá-lo no elo de
ligação de um novo processo». [20] Agir desta forma significa escolher a
solidariedade como estilo para fazer a história e construir a amizade social. A
não-violência activa é uma forma de mostrar que a unidade é, verdadeiramente,
mais forte e fecunda do que o conflito. No mundo, tudo está intimamente ligado.
[21] Claro, é possível que as diferenças gerem atritos: enfrentemo-los de forma
construtiva e não-violenta, de modo a que «as tensões e os opostos [possam]
alcançar uma unidade multifacetada que gera nova vida», conservando «as
preciosas potencialidades das polaridades em contraste» (…)…”

