- na Audiência-Geral, na
Praça de São Pedro – Roma, no dia 28 de Dezembro
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resumo da mensagem do Papa
“…Na vida de Abraão, podemos aprender o
que é o caminho da fé e da esperança. Um dia ouvira o Senhor que o chamava a
deixar a sua terra partindo para outra que lhe indicaria; ele obedece e parte
para a Terra Prometida. Esta seria possuída pelos seus herdeiros; só que Abraão
não tinha filhos, nem via possibilidade de os ter, pois ele era já idoso e
Sara, sua esposa, estéril. A este propósito, escreve São Paulo na Carta aos
Romanos: «Foi com uma esperança, para além do que se podia esperar, que Abraão
acreditou e assim se tornou pai de muitos povos». A sua fé abre-se a uma
esperança aparentemente não razoável, capaz de ir mais além dos raciocínios
humanos, da sabedoria e prudência do mundo, da medida normal de bom senso, para
crer no impossível. A esperança abre novos horizontes, permite sonhar até mesmo
o inimaginável; faz entrar na escuridão de um futuro incerto para caminhar na
luz. Mas é um caminho difícil! O próprio Abraão sentiu o peso da desilusão, do
desânimo: o tempo passa, e o filho não vem. E lamenta-se com Deus. Mas também
este lamento é uma forma de fé. Apesar de tudo, Abraão continua a crer em Deus
e a esperar que algo possa ainda acontecer. Caso contrário, porquê interpelar o
Senhor, lamentar-se com Ele, fazer apelo às suas promessas? A fé não é apenas
silêncio que tudo aceita sem replicar; a esperança não dá uma certeza tal que
te preserve de dúvidas e perplexidades. A fé é também lutar com Deus,
mostrar-Lhe a nossa amargura sem piedosos fingimentos. E a esperança é também
não ter medo de olhar a realidade como está e aceitar as suas contradições. Por
isso Abraão, na sua fé, dirige-se a Deus, para que o ajude a continuar a
esperar. Então Deus fá-lo sair da tenda e fixar o céu estrelado. E, onde olhos
normais só veem estrelas, os olhos de Abraão vislumbram o sinal da fidelidade
do Senhor…” (cf. Santa Sé)
