BEATA MARIA
ANTÓNIA
DE SÃO JOSÉ
(MAMA ANTULA)
(MAMA ANTULA)
Maria Antónia de Paz y Figueroa nasceu em Santiago del
Estero, Argentina, em 1730, numa família de grandes tradições, naquela
província. Entre os seus antepassados contam-se conquistadores e governantes. Era
a filha de Don Miguel de Paz y Figueroa e de Dona Ana de Zurita. Depois da
morte da sua mãe, o pai casou, em segundas núpcias, com Dona Maria Diaz Caballero.
Maria Antónia cresceu numa numerosa família de irmãos e meios-irmãos.
Aos 15 anos, Maria Antónia decidiu dedicar-se à vida
religiosa e assumiu um novo nome, como era costume na vida religiosa e naquela
época: Maria Antónia de San José. Naquele tempo não havia ordens religiosas de
vida activa, mas somente religiosas de clausura. Então, Maria Antónia decidiu
usar vestes negras e tornar-se uma leiga consagrada. Esta forma de consagração
secular feminina (consagrada no meio do mundo – hoje, chama-se Instituto
Secular) era chamada de ‘beata’. Maria Antónia, juntamente com outras mulheres
piedosas, dedicou-se à oração e ao trabalho de caridade, colaborando com os jesuítas,
sob a orientação do Padre Gaspar Juarez.
Em 1767, o rei Carlos III decidiu expulsar os jesuítas
de todas as possessões espanholas. Esta ordem real foi cumprida em Santiago del
Estero, no dia 9 de Agosto desse mesmo ano.
A expulsão dos jesuítas teve um forte impacto no
espírito e na vida de Maria Antónia. Consciente da importância do trabalho
realizado por eles, decidiu manter vivo o seu trabalho, começando com o
apostolado dos Exercícios Espirituais, com base nos ensinamentos de Santo
Inácio de Loyola.
Maria Antónia, com o apoio do mercedário Frei Joaquim
Nis (da Ordem de Nossa Senhora das
Mercês; surgiu do séc. XIII para trabalhar na redenção de cristãos cativos. Uma
das características é que, desde a sua criação, os seus membros fazem um quarto
voto: morrer, se preciso for, por quem estiver em perigo de perder a sua fé. A
Ordem existe actualmente em dezassete países), começou a percorrer a cidade de Santiago del Estero e os seus
arredores. Andava descalça, com uma cruz de madeira na mão e comunicava com
todos usando a língua quichua sempre que necessário, uma
vez que a falava correctamente, como a maioria das pessoas naquela época, pois
era a língua do povo. Às vezes, era insultada, apedrejada, considerada “louca e
bruxa” e acusada de ser “um jesuíta mascarado”. Mas Maria Antónia continuou,
com coragem e fé, a sua obra missionária. Organizou exercícios espirituais: em
primeiro lugar, para os homens; e, em seguida, para as mulheres. Participavam
nestes retiros, com muita frequência, pessoas de todos os níveis sociais. Deste
modo, foi realizando o seu projecto em Jujuy, Salta e Tucuman; depois, foi a
vez de Catamarca e La Rioja.
Empreendendo um novo roteiro, dirigiu-se a Córdoba,
onde permaneceu durante três anos. Em 1779, orientou os seus passos para Buenos
Aires. Esta viagem foi considerada uma loucura, quer pela distância, quer pelos
perigos que poderiam surgir. Contudo, a viagem decorreu tranquilamente e sem
qualquer problema.
Em Buenos Aires, teve de vencer a resistência inicial
do Vice-Rei e do Bispo; mas, depois de alguns meses, pôde começar, ali, a sua
missão. Dali, Maria António partiu para Colónia e Montevidéu, onde permaneceu
três anos, pregando o evangelho através dos exercícios espirituais.
Quando regressou a Buenos Aires, dedicou os seus
esforços na fundação da Santa Casa de Exercícios, situada na actual Avenida da
Independência, nº 1190, que foi preservada e é um dos poucos edifícios, daquele
tempo, que ainda se mantém de pé. Esta casa de espiritualidade foi construída
num terreno oferecido por várias famílias e parece uma mansão do século XVIII.
Maria Antónia morreu no dia 7 de Março de 1799, na sua
cela, na Santa Casa de Exercícios. Tinha a idade de 69 anos. Foi sepultada na
Igreja de La Piedad, em Buenos Aires.
Durante a sua vida, Maria Antónia trocou
correspondência com amigos e com jesuítas. Conservam-se, ainda, as cartas que
enviou ao Padre Gaspar Juarez, provincial dos jesuítas desterrado, e a Don
Ambrósio Funes. Essas cartas são um testemunho histórico muito importante e
foram traduzidas para diversas línguas e distribuídas em diferentes nações.
Maria Antónia de Paz y Figueroa era conhecida
popularmente como ‘Mama Antula’, nome que na língua quíchua significa ‘Mãe
Antónia’.
Em 1905, os Bispos da Argentina iniciaram o processo
da sua beatificação. Em 2010, o Papa Bento XVI proclamou-a ‘Venerável’,
reconhecendo que ela praticou as virtudes cristãs heróicas.
Maria Antónia de São José foi beatificada pelo Papa
Francisco, no dia 27 de Agosto de 2016. A cerimónia de beatificação realizou-se
em Santiago del Estero, na Argentina. Presidiu à celebração, em nome do Papa, o
cardeal Ângelo Amato, Prefeito da Congregação para as Causas dos Santos.
A memória litúrgica da Beata Maria Antónia de São José
– Mama Antula – celebra-se no dia 7 de Março.