BEATA MARIA VICENTA CHÁVEZ
OROZCO
Doroteia Chávez Orozco nasceu, no dia 6 de Fevereiro
de 1867, em Cotija de la Paz, Michoacán, no México, uma terra de santos. Era filha
de Luís Chávez e de Benigna de Jesus Orozco, uma família pobre, mas de uma fé
muito profunda. Foi baptizada com dois meses e recebeu o nome de Doroteia, que
significa “presente de Deus”.
Nos primeiros anos da sua vida trabalhou como pastora
e, antes da Primeira Comunhão, ofereceram-lhe uma imagem do Menino Jesus, de
porcelana, que seria seu companheiro por toda a vida. Todos os anos, a família
deixava-lhe a tarefa de preparar o presépio para os festejos do Natal e muitos
vizinhos vinham vê-lo, pois havia um encanto especial na forma como ela colocava
as figuras, a cada ano de um modo diferente.
Após uma terrível inundação, a família ficou ainda
mais pobre do que antes e o seu pai decidiu mudar-se para Cocula, Jalisco,
Guadalajara, e passou a morar no bairro pobre dos imigrantes chamado ‘Mexicaltzingo’.
Neste bairro, a umidade e a falta de alimentação fizeram Doroteia adoecer
gravemente dos pulmões. Foi atendida no Hospital da Santíssima Trindade, da Congregação
de São Vicente de Paulo. Era o ano 1892 e Doroteia tinha 24 anos.
As Filhas da Caridade tinham sido expulsas de
Guadalajara no ano em que Doroteia nasceu. As asas brancas dos seus véus não
eram vistas no Hospício Cabañas e nos Hospitais de Belém e de São Felipe. Mas, um
grupo de senhoras católicas tinham providenciado a construção do pequeno
Hospital da Santíssima Trindade, junto da igreja paroquial. E foi neste
hospital que a Providência dispôs que Doroteia fosse internada e “por uma graça
especial de Deus, no mesmo dia em que ingressei no hospital, concebi a ideia e
tomei a resolução de consagrar-me ao serviço de Deus Nosso Senhor e Salvador na
pessoa dos pobrezinhos doentes”, conforme escreveu a própria Doroteia.
Quando recebeu alta, foi a sua casa despedir-se dos
seus familiares e voltou para ficar, definitivamente, ao serviço do Hospital. A
partir de 19 de Julho de 1892, o hospital e os doentes tornaram-se seus pais e
seus irmãos: Doroteia Chávez juntou-se às duas Irmãs Vicentinas que atendiam este
centro de saúde.
Em 1896, a nova directora do hospital, Margarida
Gómez, impôs, às religiosas que ali trabalhavam, um regulamento muito rigoroso
e, por isso, as companheiras de Doroteia deixaram o hospital e ela ficou
sozinha no grande edifício cheio de misérias. Naquela época, Doroteia estudava
anatomia e outras matérias para dar um melhor atendimento aos doentes que
acolhiam.
Então, com a ajuda do Cónego Miguel Cano Gutiérrez, no
dia 15 de Agosto de 1910, Doroteia e outras seis postulantes emitiram os primeiros
votos como ‘Servas da Santíssima Trindade e dos Pobres’. Ao professar, tomou o
nome de Maria Vicenta de Santa Doroteia.
Naquele mesmo ano, fundaram um hospital, em Zapotlán
el Grande. As erupções do vulcão de Colima foram o baptismo de sangue da obra,
pois todo o povoado se converteu num hospital para atender e dar de comer,
assistir e ajudar a morrer bem.
Em 1913, a Congregação foi formalizada. O primeiro
capítulo-geral escolheu-a como Superiora-geral. Outro hospital foi fundado, em
Lagos de Moreno e San Juan de los Lagos; e outros pequenos hospitais e asilos
para anciãos foram aparecendo, porque a caridade de Nosso Senhor Jesus Cristo
lhes pedia isso.
As guerras externas (perseguição callista) e as
guerras internas (desejos de reforma da Congregação) resultaram na retirada do
cargo à Madre Vicenta e ela foi enviada para Zapotlán. Em 1929, o novo
capítulo-geral recolocou-a no cargo de Superiora-geral.
Entre doentes e mil pequenos serviços, a Madre
Vicentita - como era conhecida - chegou à idade de 82 anos, tendo falecido no
dia 29 de Julho de 1949.
A Madre Vicentita passou para a história pela sua
grande bondade, doçura e caridade. Havia servido Aquele que, estando sozinho,
doente e velho, pobre e desvalido, fora acolhido nos hospitais e asilos que o seu
imenso amor a Ele havia construído.
Maria Vicenta de Santa Doroteia foi beatificada, pelo
Papa João Paulo II, no dia 9 de Novembro de 1997, em Roma. Na homilia da
celebração – foram beatificadas outras pessoas – a propósito de Maria Vicenta,
o Papa disse: “… Templo precioso da Santíssima Trindade foi a alma forte e
humilde da nova beata mexicana, Maria Vicenta de Santa Doroteia Chávez Orozco.
Animada pela caridade de Cristo, sempre vivo e presente na sua Igreja,
consagrou-se ao Seu serviço na pessoa dos «pobrezinhos enfermos», como
maternalmente chamava. Inúmeras dificuldades e contratempos modelaram o seu
carácter enérgico, pois Deus quis que ela fosse simples, doce e obediente,
tornando-a pedra angular do Instituto das Servas da Santíssima Trindade e dos
Pobres, fundado pela nova beata na cidade de Guadalajara, para cuidar dos
enfermos e dos idosos.
Virgem sensata e prudente, edificou a sua obra no
fundamento de Cristo sofredor, curando com o bálsamo da caridade e com o
remédio do conforto os corpos feridos e as almas aflitas dos predilectos de
Cristo: os indigentes, os pobres e os necessitados.
O seu exemplo luminoso, entretecido de oração, de
serviço ao próximo e de apostolado, prolonga-se hoje no testemunho das suas
filhas e de tantas pessoas de coração nobre, que se empenham com desvelo para
levar aos hospitais e às clínicas a Boa Nova do Evangelho…”
A memória litúrgica da Beata Maria Vicenta celebra-se
no dia 29 de Julho.