BEATA TERESA MANGANIELLO
Teresa Manganiello nasceu perto de Montefusco, no dia 1
de Janeiro de 1849. Foi a undécima de doze filhos de uma família de camponeses.
Os seus pais, Romualdo Manganiello e Rosária Lepore, eram “honestos
concidadãos” cheios de fé e de profunda piedade cristã. Foi baptizada no dia
seguinte, na Igreja de São João del Vaglio.
Aos sete anos recebeu a Primeira Comunhão, na Igreja
de Santo Egídio, anexa ao Convento dos Capuchinhos
Como muitas crianças camponesas do sul de Itália
daquela época, não frequentou a escola e sempre cresceu à sombra da casa
colonial, edificada nos campos daquela zona do país. Adolescente, manifestou o
desejo de consagrar sua vida a Deus. Em contínua união com Deus, Teresa, desde
jovenzinha, convidava com gentileza as suas companheiras a cultivar a pureza e
o amor a Deus e ao próximo. Tinha predilecção pelas crianças, que cuidava como
mãe dedicada.
Como prova da sua particular devoção à Virgem
Imaculada, Teresa cortou, ainda muito jovem, a sua longa e farta cabeleira e
fez dela um presente para Nossa Senhora.
A vida de Teresa era penetrada de orações marianas tão
intensas, que poderia parecer inacreditável, uma vez que se dedicava aos
afazeres domésticos da manhã à noite. O Rosário preenchia todo o seu dia. Teresa
concluiu a sua existência terrena repetindo a sua bela invocação: “Ó minha querida
Mãe! Só na vossa companhia serei digna de me apresentar ao vosso Filho, ao meu
belo Esposo, Jesus!”
A "Farmácia" de Teresa - que ela criara, em
sua casa, com medicamentos extraídos das ervas cultivadas por ela - estava
sempre aberta. Ali, ela fazia o papel de enfermeira: lavava as lesões com água
morna; com delicadeza, tratava-as com as poções preparadas por ela; curava
micoses, eczema e sarna, doenças que figuravam no século XIX entre “as mais
asquerosas da espécie humana”. Nunca negava ajuda a quem passava. À sua porta
batiam os pobres, as pessoas doentes, o oprimido de todo o tipo e ela acolhia-os
com um sorriso e com uma palavra cálida, dando remédios e amor, conselhos e remédios
para a cura do corpo e da alma.
Quando tinha 18 anos, o Padre Ludovico Acernese - homem
sincero e humilde, cheio de caridade, de grande talento e de piedade mas,
também, determinado nas suas acções - chegou ao Convento de Santo Egídio. Este
padre instituiu, em Montefusco, a Ordem Terceira Franciscana.
Teresa sentiu-se atraída pelo ideal franciscano e
imediatamente correu a registar-se, tornando-se a primeira Terceira Franciscana
de Montefusco. Escolheu o Padre Acernese para seu director espiritual e seu
confessor. Em 15 de Maio de 1870, com 21 anos de idade, vestiu o hábito e, no
ano seguinte, fez a profissão dos votos, tomando o nome de Irmã Maria Luísa.
O Padre Ludovico Acernese soube reconhecer nela todas
as qualidades mais profundas da sua alma, o que o fez nomeá-la primeira
conselheira e depois, pela perfeição do seu ideal franciscano, mestra de
noviças.
A família nunca apoiou o seu desejo de se tornar freira,
principalmente para não se privar da grande ajuda que era ter Teresa em casa.
Mas, Teresa, mesmo em casa, tinha uma vida ao estilo monacal. Por isso,
tratavam-na, popularmente, por "monachella santa" (freirinha santa).
Teresa participava, todos os dias, na Eucaristia, na Igreja de Santo Egídio;
vivia intensamente a oração que, juntamente com as mortificações corporais, oferecia
pela reparação dos pecados da humanidade; mostrava, sempre, um sorriso doce a
aberto que atraía a todos.
Teresa sentia-se chamada a um grande e difícil apostolado:
a reparação. Sentia-se chamada a rezar e a expiar os males cometidos no mundo. Por
isso, Teresa ofereceu a sua vida pela conversão dos pecadores e,
constantemente, rezava a sua jaculatória preferida: “Misericórdia, Senhor,
misericórdia dos pecadores!”
Teresa não tinha recebido grande instrução. Naquela
época, eram poucas as mulheres a frequentar a escola. Apesar disso, Teresa respondia
com sabedoria, inclusive a pessoas de vasta cultura; foi dinamizadora do
Movimento Terciário Franciscano, em Irpina e em Sannio, ao lado do Padre
Acernese. Diante da insistência de Teresa Manganiello - que sonhava viver mais
intensamente os ideais religiosos do movimento franciscano, dentro de uma
comunidade religiosa – o Padre Acernese, ouvindo a opinião de outras Terceiras
Franciscanas, resolveu fundar, para elas, uma nova congregação.
Para obter uma aprovação especial, o Padre Ludovico
Acernese mandou-a a Roma, em 1873, para ter uma audiência com o Papa Pio IX, a
fim de lhe apresentar o seu projecto. O Papa abençoou-a e animou-a a seguir em
frente. Teresa, desde então, foi considerada como a primeira superiora da
nascente Congregação de Religiosas Terceiras Franciscanas.
Por essa altura, a sua saúde começou a declinar. Em 14
de Fevereiro de 1874, quando rezava na Igreja, Teresa teve a primeira hemoptise
[expectoração com presença de sangue,
resultante de uma hemorragia na árvore respiratória], acompanhada de uma grave artrite. Naquela época, foi
uma enfermidade comum a muitas pessoas, de todas as idades e condições sociais.
Teresa, entre os altos e baixos da enfermidade, continuou a realizar as suas
tarefas, até que no verão de 1876 o mal a prostrou. Os sacerdotes e fiéis que a
foram visitar foram sempre recebidos com o seu maravilhoso sorriso, nascido da
sua total entrega nas mãos de Deus, a quem rezava fervorosamente. No seu leito
de dores, Teresa não deixou de dar testemunho vivo da grandeza dos seus ensinamentos.
A quem se admirava com tanta resignação, ela dizia: “O Senhor deu-me a graça de
sofrer por Ele e eu devo lamentar-me? Ele já sabe que eu preciso de ajuda!”
Teresa Manganiello faleceu no dia 4 de Novembro de
1876, com apenas 27 anos, e foi sepultada no cemitério de Montefusco.
Cinco anos após a sua morte, o Padre Ludovico
Acernese, confiando na sua protecção espiritual, fundou, em Pietradefusi, a “Congregação
das Irmãs Franciscanas Imaculatinas”, das quais Teresa é a "Pedra
angular" e a "Mãe espiritual". Hoje, as Irmãs vivem o carisma de
professar um amor singular e uma adoração filial à Virgem Mãe, sobretudo no
mistério da sua Imaculada Conceição, trabalhando na educação académica e
doutrinal da juventude, sobretudo feminina. Estão presentes na Itália, no
Brasil, nas Filipinas, na Austrália, na Índia e na Indonésia.
Teresa Manganiello foi beatificada no dia 22 de Maio
de 2010, pelo Papa Bento XVI. A cerimónia de beatificação - realizada na
Basílica de Santa Maria das Graças, em Benevento, Itália – foi presidida pelo
Cardeal Ângelo Amato, Prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, em
nome do Papa. Na homilia, o Cardeal Amato disse: “… Teresa era generosa, antes
de tudo na família: fadigas, trabalhos e várias incumbências encontravam-na
sempre disponível e generosa, dia e noite, não só para cumprir a sua parte de
serviço, mas também para aliviar a canseira à mãe, às irmãs e às próprias
cunhadas. E, na família, encontrou também o modo de se santificar exercendo a
paciência e a compreensão. A sua generosidade não se detinha diante de nada,
nem de ninguém. Acolhia a todos indistintamente, dos doentes aos mendigos, que
naquele tempo eram numerosos nas aldeias. Para Teresa, a caridade não era feita
de palavras mas de gestos concretos e generosos…
A sua biblioteca não foi a da escola, que ela nunca frequentou,
mas da Palavra de Deus, que na quotidiana participação na missa, a educava e
transformava. O seu exemplo incutia o bem na cabeça de todos, dos irmãos aos
amigos… O seu espírito de mortificação era consequência do seu desejo de oração
e de íntima comunhão com a paixão de Cristo e com o seu sacrifício redentor… Pode-se
dizer que a juventude de Teresa foi um verdadeiro holocausto reparador. A oração
e a penitência eram feitas longe de olhos indiscretos, numa gruta perto da sua
casa. Em espírito de penitência, aceitou a doença, a tuberculose, com
serenidade e também com alegria, sofrendo penas indizíveis com um sorriso nos
lábios. Hoje, algumas destas formas de penitência são inusitadas e parecem incompreensíveis.
Mas, naquela época, estas mortificações corporais eram frequentes para as almas
sedentas de perfeição… Se a nossa cultura já não acredita no inferno, mas faz
de tudo para transformar a existência num inferno, Teresa, ao contrário, acredita
no Paraíso, e vive na terra transformando os seus poucos anos em momentos de
luz e esplendor…”
A memória litúrgica da Beata Teresa Manganiello
celebra-se no dia 4 de Novembro.