SANTA CATARINA VOLPICELLI
Catarina Volpicelli nasceu em Nápoles, no dia 21 de Janeiro
de 1839, no seio de uma família da alta burguesia, da qual recebeu sólida
formação humana e religiosa. Estudou letras, línguas e música, coisa não
frequente para as mulheres do seu tempo. Guiada pelo Espírito Santo e através
dos directores espirituais, Catarina renunciou à vida social que apreciava para
responder a uma voz interior que a chamava para a vida religiosa.
Em 1854, encontrou-se, casualmente, com Ludovico de
Casoria, na sua cidade de Nápoles, que, anos mais tarde, foi declarado ‘bem-aventurado’.
Este encontro foi, depois, considerado por Catarina, uma graça providencial de
Deus porque, por seu intermédio, inscreveu-se na Ordem Franciscana Secular. O
Padre Ludovico foi determinante quando lhe indicou que o único objectivo da sua
vida deveria ser o culto ao Sagrado Coração de Jesus. Apesar disso, cinco anos
depois, orientada pelo seu confessor, entrou numa Congregação religiosa,
saindo, logo em seguida, por graves motivos de saúde.
Naquela altura, a Igreja de Nápoles estava a viver
tempos muito difíceis: a invasão das tropas de Garibaldi, a perseguição movida
pelos maçons e a dispersão dos jesuítas eram alguns desafios para o apostolado,
nesse tempo.
Em Roma, realizava-se o Primeiro Concílio do Vaticano
(1869-1870), convocado pelo Papa Pio IX. Paralelamente, um grupo de
anticlericais realizava o “Anti-concílio de livre pensadores”. Foi neste
contexto que Catarina decidiu começar a sua obra, com o acompanhamento
espiritual do Padre Ludovico. Contudo, o plano de Deus para Catarina era outro.
O Padre Ludovico percebeu-o bem e, muitas vezes, dizia-lhe: "O Coração de
Jesus é a tua obra, Catarina!"
Catarina, por indicação do seu confessor, tornou-se a
primeira mulher a receber, em Itália, o diploma de zeladora da ‘Associação do
Apostolado da Oração’, concedido pelo Apostolado da Oração de França. Em 1867,
estabeleceu a sua Sede, em Nápoles, onde se dedicou às actividades apostólicas.
No edifício de Largo Petrone, em Nápoles, Catarina reuniu 12 mulheres que
partilhavam as mesmas inquietações e denominou-as “zeladoras do apostolado e da
oração”.
Foram muitos e grandes os frutos deste seu apostolado.
Graças à amizade e aos conselhos de Catarina Volpicelli, o hoje beato Bártolo
Longo - fundador do santuário de Nossa Senhora do Rosário, em Pompeia – operou uma
conversão radical, depois de muitos anos dedicado à superstição e ao espiritismo.
"Ele tinha-se afastado da Igreja mas, com ela, conseguiu converter-se; fez
a primeira comunhão; e da casa de Volpicelli foi para Pompeia, para fundar o
santuário", escreveu Carmela Vergara, postuladora da causa de canonização
de Catarina e religiosa da Congregação das Escravas do Sagrado Coração.
O apostolado da oração passou a ser o ponto central da
espiritualidade de Catarina. Na sua vida, totalmente consagrada ao Coração de
Jesus, distinguem-se três aspectos: a profunda espiritualidade eucarística, a
integral fidelidade à Igreja e a imensa generosidade apostólica.
Em 1874, com as suas primeiras zeladoras, Catarina
fundou o novo ‘Instituto das Servas do Sagrado Coração de Jesus’, aprovado
inicialmente pelo seu Arcebispo, e, em 1890, pelo Vaticano. Preocupada com o
futuro da juventude, abriu um orfanato, fundou uma biblioteca itinerante e
instituiu a ‘Associação das Filhas de Maria’. Em pouco tempo, abriu outras
casas em Itália. E as Servas muito se distinguiram na assistência às vítimas da
cólera, em 1884, em várias localidades italianas.
Em 14 de Maio de 1884, o novo Arcebispo de Nápoles,
Guilherme Sanfelice, consagrou o Santuário dedicado ao Sagrado Coração,
construído ao lado da Casa Mãe das Servas do Sagrado Coração de Jesus’.
Catarina foi, várias vezes, a Roma para se encontrar
com o Papa Leão XIII, que a estimulou a seguir em frente com o seu Instituto. A
sua aprovação pontifícia foi decretada, em 1911, pelo Papa São Pio X.
A participação de Catarina no Primeiro Congresso
Eucarístico Nacional, celebrado em Nápoles, em 1891, foi um acto culminante do
apostolado da fundadora e das Servas do Sagrado Coração de Jesus.
Catarina morreu no dia 28 de Dezembro de 1894, em Nápoles,
com 55 anos de idade. Antes de falecer, deixou uma carta aos seus familiares,
na qual dizia: "Iluminada por Deus bendito, na sua infinita misericórdia,
acima da vaidade do mundo e do dever de gastar-me total e unicamente no servir
a Deus, meu Criador, Redentor e Benfeitor, segundo o seu beneplácito, a Ele
consagrei e paguei o ser e o que Ele me deu".
Catarina Volpicelli foi beatificada pelo Papa João
Paulo II, no dia 29 de Abril de 2001. E foi canonizada pelo Papa Bento XVI, no
dia 26 de Abril de 2009. Na Homilia da celebração, o Papa disse: “…Testemunha
do amor divino foi também Santa Caterina Volpicelli, que se esforçou por
"ser de Cristo, para conduzir a Cristo" quantos teve a ventura de
encontrar na Nápoles nos finais do séc. XIX, num tempo de crise espiritual e
social. Também para ela o segredo foi a Eucaristia. Recomendava às suas
primeiras colaboradoras que cultivassem uma intensa vida espiritual na oração
e, sobretudo, o contacto vital com Jesus eucarístico. Esta é também hoje a
condição para prosseguir a obra e a missão por ela iniciada e deixada em
herança às "Servas do Sagrado Coração". Para ser autênticas
educadoras da fé, desejosas de transmitir às novas gerações os valores da
cultura cristã, é indispensável, como gostava de repetir, libertar Deus das
prisões nas quais os homens o colocaram. De facto, só no Coração de Cristo a
humanidade pode encontrar a sua "morada permanente". Santa Caterina
mostra às suas filhas espirituais e a todos nós, o caminho exigente de uma
conversão que mude radicalmente o coração, e se transforme em acções coerentes
com o Evangelho. Assim é possível lançar as bases para construir uma sociedade
aberta à justiça e à solidariedade, superando aquele desequilíbrio económico e
cultural que continua a subsistir em grande parte do nosso planeta…”
A sua memória litúrgica celebra-se no dia 28 de Dezembro.