SÍNODO DOS BISPOS E ANO MISSIONÁRIO
Dois acontecimentos marcarão este mês de Outubro, na vida da
Igreja: o Sínodo dos Bispos e o início do Ano Missionário, em Portugal. O
Sínodo vai reflectir sobre “ a fé, os jovens e o discernimento vocacional”; o
ano missionário desafia-nos a ser “todos, tudo e sempre em missão”.
Destacámos, da mensagem do Papa Francisco para o dia mundial das
missões, o seguinte texto:
“…Todo o homem e mulher é uma missão, e esta é a razão pela qual
se encontra a viver na terra. Ser atraídos e ser enviados são os dois movimentos
que o nosso coração, sobretudo quando é jovem em idade, sente como forças
interiores do amor que prometem futuro e impelem a nossa existência para a
frente. Ninguém, como os jovens, sente quanto irrompe a vida e atrai. Viver com
alegria a própria responsabilidade pelo mundo é um grande desafio. Conheço bem
as luzes e as sombras de ser jovem e, se penso na minha juventude e na minha
família, recordo a intensidade da esperança por um futuro melhor. O facto de
nos encontrarmos neste mundo sem ser por nossa decisão faz-nos intuir que há
uma iniciativa que nos antecede e faz existir. Cada um de nós é chamado a reflectir
sobre esta realidade: «Eu sou uma missão nesta terra, e para isso estou neste
mundo» (Papa Francisco, Exort. ap. Evangelii gaudium, 273).
A Igreja, ao anunciar aquilo que gratuitamente recebeu (cf. Mt 10,
8; At 3, 6), pode partilhar convosco, queridos jovens, o caminho e a verdade
que conduzem ao sentido do viver nesta terra. Jesus Cristo, morto e
ressuscitado por nós, oferece-Se à nossa liberdade e desafia-a a procurar,
descobrir e anunciar este sentido verdadeiro e pleno. Queridos jovens, não
tenhais medo de Cristo e da sua Igreja! Neles, está o tesouro que enche a vida
de alegria. Digo-vos isto por experiência: graças à fé, encontrei o fundamento
dos meus sonhos e a força para os realizar. Vi muitos sofrimentos, muita
pobreza desfigurar o rosto de tantos irmãos e irmãs. E todavia, para quem está
com Jesus, o mal é um desafio a amar cada vez mais. Muitos homens e mulheres,
muitos jovens entregaram-se generosamente, às vezes até ao martírio, por amor
do Evangelho ao serviço dos irmãos. A partir da cruz de Jesus, aprendemos a
lógica divina da oferta de nós mesmos (cf. 1 Cor 1, 17-25) como anúncio do
Evangelho para a vida do mundo (cf. Jo 3, 16). Ser inflamados pelo amor de
Cristo consome quem arde e faz crescer, ilumina e aquece a quem se ama (cf. 2
Cor 5, 14). Na escola dos santos, que nos abrem para os vastos horizontes de
Deus, convido-vos a perguntar a vós mesmos em cada circunstância: «Que faria
Cristo no meu lugar?»
Pelo Baptismo, também vós, jovens, sois membros vivos da Igreja e,
juntos, temos a missão de levar o Evangelho a todos. Estais a desabrochar para
a vida. Crescer na graça da fé, que nos foi transmitida pelos sacramentos da Igreja,
integra-nos num fluxo de gerações de testemunhas, onde a sabedoria daqueles que
têm experiência se torna testemunho e encorajamento para quem se abre ao
futuro. E, por sua vez, a novidade dos jovens torna-se apoio e esperança para
aqueles que estão próximo da meta do seu caminho. Na convivência das várias
idades da vida, a missão da Igreja constrói pontes inter-geracionais, nas quais
a fé em Deus e o amor ao próximo constituem factores de profunda união.
Por isso, esta transmissão da fé, coração da missão da Igreja,
verifica-se através do «contágio» do amor, onde a alegria e o entusiasmo
expressam o sentido reencontrado e a plenitude da vida. A propagação da fé por
atracção requer corações abertos, dilatados pelo amor. Ao amor, não se pode
colocar limites: forte como a morte é o amor (cf. Ct 8, 6). E tal expansão gera
o encontro, o testemunho, o anúncio; gera a partilha na caridade com todos
aqueles que, longe da fé, se mostram indiferentes e, às vezes, impugnadores e
contrários à mesma. Ambientes humanos, culturais e religiosos ainda alheios ao
Evangelho de Jesus e à presença sacramental da Igreja constituem as periferias
extremas, os «últimos confins da terra», aos quais, desde a Páscoa de Jesus,
são enviados os seus discípulos missionários, na certeza de terem sempre com
eles o seu Senhor (cf. Mt 28, 20; At 1, 8). Nisto consiste o que designamos por
‘missio ad gentes’. A periferia mais desolada da humanidade carente de Cristo é
a indiferença à fé ou mesmo o ódio contra a plenitude divina da vida. Toda a
pobreza material e espiritual, toda a discriminação de irmãos e irmãs é sempre
consequência da recusa de Deus e do seu amor.
Hoje para vós, queridos jovens, os últimos confins da terra são
muito relativos e sempre facilmente «navegáveis». O mundo digital, as redes
sociais, que nos envolvem e entrecruzam, diluem fronteiras, cancelam margens e
distâncias, reduzem as diferenças. Tudo parece estar ao alcance da mão: tudo
tão próximo e imediato... E todavia, sem o dom que inclua as nossas vidas,
poderemos ter miríades de contactos, mas nunca estaremos imersos numa
verdadeira comunhão de vida. A missão até aos últimos confins da terra requer o
dom de nós próprios na vocação que nos foi dada por Aquele que nos colocou
nesta terra (cf. Lc 9, 23-25). Atrevo-me a dizer que, para um jovem que quer
seguir Cristo, o essencial é a busca e a adesão à sua vocação…”