BEATA ÂNGELA
MARIA
TRUSZKOWSKA
TRUSZKOWSKA
Sofia Camila Truszkowska nasceu no dia 16 de Maio de
1825, uma família abastada de Kalisz, na Polónia. Nasceu prematuramente e com uma
saúde muito frágil. Por isso, só foi baptizada no dia 1 de Janeiro de 1826.
Fez o ensino básico, em casa, tendo por educadora uma
senhora dotada de excelentes qualidades intelectuais e morais. Sofia era uma
criança muito viva e com um coração de ouro, cheia de bondade e sensível aos
gestos de caridade. Desde pequena, Sofia aprendeu a olhar para os pobres com
amor e com a ternura que imaginava em Jesus. A mãe, atenta e zelosa, dedicava-se
inteiramente aos seus filhos, com a colaboração alegre de Sofia, a filha mais
velha.
Entretanto, a família transferiu-se, em 1837, para
Varsóvia. Aqui, Sofia, começou a frequentar a prestigiosa Academia de Madame
Guerin. Foi seu professor o poeta Estanislau Jachowicz que lhe incutiu sentimentos
bons e altruístas.
Aos dezasseis anos, Sofia foi obrigada a interromper
os estudos, por causa da tuberculose que a atingiu fortemente. Para se curar, foi
enviada para a Suíça, onde permaneceu durante um ano.
Nesse período, Sofia amadureceu o seu amor e apreço
pelo silêncio e pela contemplação. Diante do majestoso cenário dos Alpes, ela sentiu
uma voz misteriosa que a chamava para a vida de consagração ao Senhor. Mais
tarde, ela afirmou que, naquele instante de paz interior, aprendeu a rezar.
Quando regressou a Varsóvia, dedicou-se a actividades de
caridade em favor dos mais pobres, enquanto enriquecia a sua cultura, graças à
vasta biblioteca paterna. Com frequência, colaborava nas iniciativas paroquiais
e era assídua na participação da Eucaristia e da Reconciliação. Nesta altura, pensou
entrar no Mosteiro das Visitandinas mas, seguindo a sugestão do seu confessor,
dedicou-se a cuidar do seu pai, gravemente doente.
Ao regressar das termas de Salzbrunn, na Alemanha, onde
estivera com o seu pai, ficou alguns dias em Colónia. Observando a
extraordinária estrutura arquitectónica da Catedral, Sofia compreendeu que o
Senhor a chamava para uma vida de consagração e de entrega total ao serviço de
Jesus e dos outros, embora, ainda não soubesse como seria isso.
Em 1854, fundou um asilo para dar assistência a
algumas crianças órfãs dos bairros pobres de Varsóvia e aos idosos sem casa. Esta
obra ficou conhecida como ‘Instituto da Senhora Truszkowska’. A sua habilidade
e dedicação atraíram muitas voluntárias e muitos amigos, devotos e influentes.
Com a sua ajuda, a obra do Instituto floresceu. Inscreveu-se na Ordem Terceira
Franciscana, tomando o nome de Ângela. O seu orientador espiritual era o
capuchinho Padre Honorato Kozminski, que faleceu em 1916, com 87 anos, com fama
de santo e já beatificado pela Igreja. Este padre foi o seu confessor até a sua
morte.
Algum tempo depois, juntamente com a sua prima
Clotilde, transferiu a sua residência para o Instituto, para poder estar, noite
e dia, mais perto dos seus “pequenos hóspedes”. Em 21 de Novembro de 1855, com
a prima, consagrou-se inteiramente ao Senhor, com a finalidade de servir os
mais pobres. Nasceu, assim, a futura Congregação das Irmãs de São Félix de Cantalício.
Ângela (Sofia Camila) levava, muitas vezes, os
pequenos órfãos à igreja dos Capuchinhos, de Cracóvia. Ali, rezava diante do
quadro que representava São Félix, abraçando o Menino Jesus. No Divino Redentor
feito homem, meditava no amor misericordioso de Deus que chama para Si a
humanidade. Como o santo capuchinho, ela também desejava abraçar e ajudar, em
nome do Senhor, todos que encontrasse no seu caminho.
O número dos órfãos aumentou, em pouco tempo, e o
Padre Honorato foi nomeado Director do Instituto. Em 10 de Abril de 1857, com
nove companheiras, Ângela vestiu o hábito religioso, tomando o nome de Irmã
Ângela Maria. A comunidade agregou-se à Ordem Terceira Franciscana.
Nesta época, a vida era muito difícil e inquietante,
na Polónia, sujeita à ocupação russa. O Instituto das Irmãs de São Félix foi
reconhecido somente como uma obra de caridade, pois as Congregações religiosas
estavam proibidas. Contudo, a Madre Ângela Maria mantinha a sua Congregação, em
segredo, e o desenvolvimento da obra foi grande: em apenas sete anos, 34 casas
foram abertas. Além disso, dentro da Congregação nasceu um ramo contemplativo para
atrair todas aquelas que aspiravam a uma vida de clausura. Hoje, este ramo tem
o nome de Irmãs Capuchinhas de Santa Clara.
A Madre, como era chamada a Irmã Ângela Maria, embora
mantivesse o governo dos dois institutos, resolveu aderir ao ramo
contemplativo. Em 1860, foi eleita sua Superiora e reconfirmada em 1864.
Em 1863, o povo polaco insurgiu-se contra o invasor:
as Irmãs Felicianas (de São Félix) transformaram as suas casas em hospital para
tratar dos feridos, polacos e russos, indistintamente. Em 16 de Dezembro de
1864, suspeitando que as Irmãs apoiavam os insurgentes, os russos suprimiram o
Instituto. A Irmã Ângela Maria, com todo o ramo claustral, retirou-se para junto
das Irmãs Franciscanas Bernardinas, fundadas pela polaca Madre Verônica
Grzedowska. As outras Irmãs voltaram para as suas casas.
Um ano depois, quando a Polónia ficou sob o domínio da
Áustria, o Imperador Francisco José concordou com a restauração da Congregação
mas, devido a uma enfermidade, a Madre Ângela Maria só pôde reunir-se às suas
Irmãs, em Cracóvia, no dia 17 de Maio de 1866.
Dois anos depois, foi eleita Superiora-Geral,
professando, publicamente, os votos perpétuos. No ano seguinte, porém,
renunciou ao cargo, por causa do agravamento das suas condições de saúde que
incluíam uma grave surdez. A Madre Ângela Maria viveu os 30 anos seguintes (de
1869 a 1899) na sua clausura, dando, às outras Irmãs, um grande testemunho de
simplicidade e exemplo de virtude.
Nestes anos, foi intensa a sua actividade epistolar.
Passava os dias a rezar – sobretudo o Rosário – e a cuidar do asseio da igreja.
Para isso, cultivava pessoalmente as flores com que enfeitava a Igreja e tratava
das vestes litúrgicas, usadas pelos sacerdotes.
Em 1872, diagnosticaram-lhe um cancro do estômago. Os
sofrimentos eram tais que, algumas vezes, chegaram a pensar que tivesse perdido
as faculdades mentais. Ela, no silêncio, oferecia as suas provações ao Senhor,
para o bem da sua obra.
Em 1874, o Instituto das Irmãs de São Félix obteve, do
Papa Pio IX, o “decretum laudis”. No mesmo ano, as primeiras missionárias
partiram para as Américas, abençoadas, pessoalmente, pela Irmã Ângela. Três
meses antes da sua morte, em Julho de 1899, as Constituições foram aprovadas
definitivamente.
Entretanto, o cancro devastou o seu corpo, atingindo a
coluna vertebral. À sua cabeceira estavam sempre presentes muitas Irmãs, que ela
abençoava, impondo-lhes suas mãos.
A Madre Maria Ângela Truszkowska faleceu no dia 10 de
Outubro de 1899. Os seus restos mortais são, hoje, venerados na igreja da Casa
Mãe, em Cracóvia.
Em 18 de Abril de 1993, foi beatificada pelo Papa João
Paulo II. Na sua homilia, o Papa disse:
“… Eu te saúdo, ó Madre Maria Ângela Truszkowska, mãe
da grande família feliciana. Foste testemunha dos difíceis acontecimentos
históricos da nossa Nação e da Igreja que ali cumpria a sua missão. O teu nome
e a tua vocação estão ligados à figura do Beato Honorato Kozminski, grande
apóstolo das comunidades de base que regeneravam a vida da sociedade
atormentada e restituíam a esperança da ressurreição.
Neste dia, realizo uma peregrinação às tuas relíquias,
na minha amada Cracóvia, onde cresceu a família feliciana e de onde partiu,
para além do Oceano, para servir as novas gerações de emigrantes e os americanos.
Cristo conduziu a Madre Ângela através de um caminho
verdadeiramente excepcional, para que pudesse viver intimamente o mistério da
sua cruz. Ele moldou o seu espírito através de numerosos sofrimentos que ela
aceitou com fé e com a submissão, verdadeiramente heróica, à Sua vontade: na
clausura e na solidão, numa doença longa e dolorosa e na noite escura da alma.
O seu seu grande desejo era tornar-se ‘vítima de amor’.
Ela sempre entendeu o amor como dom gratuito de si.
“Amar significa dar. Dar tudo o que o amor requer. Dar prontamente, sem
lamentações, com alegria e desejando que te seja pedido ainda mais” Estas são
palavras suas que resumem o completo programa da sua vida. Ela foi capaz de
acender este amor nos corações das Irmãs da sua Congregação. Este amor
constitui a folhagem, sempre verde, das obras com as quais as comunidades
felicianas servem a Igreja na Polónia e por toda a parte.
‘Dai graças ao Senhor porque Ele é bom…” A Igreja
rejubila hoje e agradece a Deus pelo dom da elevação aos altares da serva de
Deus, Madre Ângela Maria e por toda a Congregação das Irmãs Felicianas, que
teve origem no seu carisma…”
A memória litúrgica da Beata Ângela Maria Truszkowska
é celebrada no dia 10 de Outubro.