BEATA MARIA
DE JESUS
Carolina Concetta Angela Santocanale era o nome de baptismo
da Madre Maria de Jesus Santocanale. “Nasci – escreveu ela – a 2 de Outubro de
1852 - um sábado e festa dos Santos Anjos - em Cinisi, Palermo - Itália. Fui baptizada
no dia 3 de Outubro - dia consagrado a Nossa Senhora do Rosário (NR: de acordo
com o calendário litúrgico daquela época) - às primeiras vésperas da festa de
São Francisco de Assis que, já daquele momento, começava a amar-me e me
escolhia como sua filha”.
Carolina era a primogénita dos seis filhos de José
Santocanale, da família dos Barões de Celsa Reale e grande proprietário, e de
Catarina Andriolo Stagno, também ela procedente de uma família muito
importante, proprietária de enormes riquezas.
Em 1861, com 9 anos de idade, Carolina fez a primeira
comunhão na sua paróquia: “Chorei o tempo todo. – escreveu ela – Como estava
feliz!... Na adolescência, comecei a ser vaidosa: gostava muito de me vestir
bem, que além de atrapalhar o corpo, enfraquecia a alma”.
Em 6 de Março de l869, com 17 anos, acompanhou a sua
mãe à Catedral de Palermo para ouvir as pregações quaresmais. “Naquele dia –
escreveu Carolina – quando o pregador falou sobre a Samaritana, fiquei abalada.
O Evangelho da mulher samaritana despertou, na minha alma, tanta fé e tão
grande confiança em Deus, que nunca mais se apagou”.
Com a idade de 19 anos, visitou o seu avô doente, que
morreu pouco tempo depois. Como resultado desta visita, conheceu o Padre Mauro
Venuti, que se tornou o seu director espiritual.
Em l873, foi eleita presidente da Congregação das
Filhas de Maria, de Palermo, cargo que aceitou, com grande entusiasmo, como um
autêntico exercício de preparação para a futura vocação religiosa. De facto, no
exercício desta tarefa sempre experimentou uma alegria indescritível. Durante
esta etapa da sua vida, Carolina contraiu uma doença e, durante 16 meses – o
tempo que durou esta grande provação - sofreu dores muito fortes.
Superada a doença, Carolina começou a pensar,
seriamente, no rumo da sua vocação. No seu íntimo, pairava uma dúvida: seguir a
vida religiosa contemplativa ou a activa. A profunda miséria material e
espiritual que tinha constatado em Cinisi perturbava-a. Carolina identificou a
sua escolha de vida com as propostas da Ordem Terceira Franciscana, muito promovida
pelo Papa Leão XIII. E decidiu entrar nela. No dia 13 de Junho de 1887, recebeu
o hábito franciscano, como membro professo da OFS (Ordem Franciscana Secular),
assumindo o nome de Irmã Maria de Jesus.
Como São Francisco, tornou-se pobre entre os pobres e,
com o alforje aos ombros, andava de porta em porta. Jesus Eucaristia é o
fundamento da sua vida: Ele tornava-se, cada dia, Pão que ela repartia com cada
doente, com cada criança, com numerosas famílias. A Irmã Maria de Jesus
percorria toda a cidade de Palermo visitando, de porta em porta, os pobres e os
doentes, dedicando-lhes sua vida.
Consumou o ideal que estava presente no mais íntimo da
sua alma, desde a adolescência, ao entusiasmar-se com a obra de Frei Tiago
Gusmão (já beatificado), fundador do “Pão dos pobres”, quando, com o
consentimento do pároco de Cinisi, implantou a obra do “Pão dos pobres” na
paróquia.
Em 13 de Junho de 1910, depois de uma preparação, com
retiros orientados pelo Padre António Palermo, e o Padre Fedele de Cinima, ela
e as suas ‘filhas’ receberam o hábito religioso, das mãos d Bispo, D. Gaspar
Bova. A Irmã Maria de Jesus e as suas companheiras começaram uma vida nova,
estabelecida pela Regra e pelas Constituições, firmemente decididas a seguir o
caminho da perfeição religiosa.
Foi dado à nova Congregação o nome de ‘Irmãs
Capuchinhas da Imaculada Conceição de Lourdes’, fundada, nesse mesmo dia e ano
- dia de Santo António de Lisboa -, em Cinisi, Palemo, sendo este Santo nomeado
como Padroeiro da Congregação.
A Congregação foi aprovada, no dia 24 de Janeiro de
1923, como um Instituto de vida consagrada de direito diocesano, pelo Arcebispo
de Palermo, D. Alessandro Lualdi.
A Madre Maria de Jesus faleceu poucos dias depois da
aprovação da sua Congregação: no dia 27 de Janeiro de 1923. O seu funeral foi
celebrado no dia 29. No dia 24 de Outubro de 1926, os seus restos mortais foram
transladados para a igreja do Instituto das Irmãs Capuchinhas da Imaculada.
O Papa Pio XII reconheceu esta Congregação, em 1947,
como um Instituto de direito Pontifício e o Papa Paulo VI emitiu um ‘Decretum
Laudis’ para a Congregação, em 1968.
As Irmãs Capuchinhas da Imaculada de Lourdes estão
presentes em Itália, no Brasil, na Albânia, no México e em Madagáscar.
A Madre Maria de Jesus foi beatificada no dia 12 de Junho
de 2016, pelo Papa Francisco, numa celebração realizada na Catedral de Monreal
e presidida pelo Cardeal Ângelo Amato, Prefeito da Congregação para a Causa dos
Santos, em nome do Santo Padre.
A memória litúrgica da Beata Maria de Jesus
Santocanale faz-se no dia 27 de Janeiro.