Paquistão: Cristãos perseguidos e discriminados
21 de Outubro de 2010
O Bispo Auxiliar de Lahore, no Paquistão, de passagem por Portugal, afirmou que a vida dos cristãos paquistaneses é marcada pela «perseguição e discriminação». D. Sebastian Shaw deixa o país nesta quinta feira, 1 de Outubro, após o lançamento da campanha «Ser Católico Pode Custar a Vida», uma iniciativa da «Ajuda à Igreja que Sofre» (AIS) em favor dos cristãos paquistaneses. De acordo com D. Shaw, o Paquistão é muitas vezes notícia por causa do terrorismo ou de catástrofes naturais, como as recentes cheias, mas quase nunca pela intolerância religiosa. «Na última década e meia, vários grupos islâmicos fundamentalistas têm vindo a criar problemas», declarou. «A tolerância acabou e a religião é usada de forma errada, para prejudicar os cristãos, mesmo na sua vida profissional», assegura o bispo. No Paquistão, os cristãos são pouco mais de dois milhões numa população de 175 milhões de habitantes, na sua esmagadora maioria muçulmanos.
O Papa enviou uma mensagem ao Arcebispo de Bagdad dos Sírio-Católicos, Dom Athanase Matti Shaba Matoka, por ocasião das exéquias das vítimas do gravíssimo ataque terrorista desferido contra a catedral sírio-católica de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, da capital iraquiana, no último domingo, 31de Outubro, durante a Santa Missa.
O Papa escreveu: "Há anos, este amado País sofre inomináveis sofrimentos e também os cristãos tornaram-se objecto de ataques hediondos que, em total desprezo pela vida, inviolável dom de Deus, desejam minar a confiança e a convivência civil".
As exéquias foram celebradas nesta terça-feira, 2de Novembro, na igreja caldeia de São José. Segundo os últimos balanços, o saldo é de 58 mortos – entre os quais mulheres e crianças, além de dois jovens sacerdotes – e cerca de 80 feridos.
O Santo Padre também renovou o seu apelo para que o sacrifício destes irmãos "possa ser semente de paz e de verdadeiro renascimento e para que todos os que se preocupam com a reconciliação, a fraterna e solidária convivência, encontrem motivo e força para fazer o bem".
Dom Athanase explicou ao jornal oficial do Vaticano, L'Osservatore Romano, que a situação é muito tensa e que a comunidade cristã está preocupada com tudo o que tem acontecido. O Arcebispo participou dos funerais, na terça-feira, juntamente com o Arcebispo de Bagdad dos Caldeus, Cardeal Emmanuel III Delly, e o Arcebispo de Mossul dos Sírios, Basile Georges Casmoussa.
"Os cristãos no Iraque sofrem uma enorme pressão psicológica e os nossos corações estão cheios de cólera. Uma pergunta continua a assolar-nos: por quanto tempo ainda deveremos suportar esta carnificina, e por quê?", disse um dos fiéis participantes no rito das exéquias. A comunidade cristã tem sido continuamente atacada nos últimos anos, mas resiste, apesar de haver muitos que tenham preferido abandonar momentaneamente a sua pátria. "No Iraque, as pessoas devem ter uma fé realmente forte, a ponto de estarem prontas, como cristãos, também ao testemunho extremo, à morte", disse o Bispo auxiliar de Bagdad dos Caldeus, Shlemon Warduni. A comunidade internacional expressou uma firme condenação ao ataque, incluindo a Europa e alguns países árabes, como Jordânia e Egipto, bem como os Estados Unidos.
200 MILHÕES DE CRISTÃOS PERSEGUIDOS EM TODO O MUNDO
Segundo um relatório dos Serviços Secretos Britânico (MI-5) , pelo menos 200 milhões de cristãos, em 60 países do mundo, vivem em risco de perseguição. No Sudão, por exemplo, “milhares de cristãos foram massacrados e o governo fundamentalista nada fez para os proteger”. No Iraque “a situação é grave: os cristãos não têm uma milícia própria para se defender; as facções sunitas e xiitas acusam os cristãos de colaborar com os “cruzados” americanos e, entre as centenas de sequestros deste ano, há um número crescente de cristãos”. Durante o último ano, no Paquistão, foram assassinados pelo menos 70 cristãos…A Coreia do Norte, a China, a Etiópia, a Nigéria e o Uganda são outros países onde os cristãos são perseguidos. A Coreia do Norte teria enviado cerca de 50 mil cristãos para campos de trabalhos forçados, por causa de sua fé, enquanto na China, cerca de 40 mil pessoas enfrentam a mesma situação. São referidas, também, as crescentes dificuldades dos cristãos palestinianos, devido à progressiva radicalização das populações islâmicas no Médio Oriente.
A situação é crítica para os cristãos em vários lugares do mundo.Nos últimos tempos, tem havido verdadeiros massacres, em nome da fé, na Indonésia e na Nigéria. Mas há muitos outros contextos em que milhares de pessoas têm os seus direitos violados e são impedidas, total ou parcialmente, de praticar a sua escolha religiosa com liberdade.
Alguns são perseguidos, torturados e mortos. Outros vivem em constante pressão por parte dos governos, da sociedade, da família. São pessoas obrigadas a superar os seus limites para continuar vivas, para trabalhar ou ter acesso à escola; para realizar os seus cultos sem impedimentos e exercer a prática da sua fé sem se preocupar com a polícia.