“ ...Se não estivermos entusiasmados pela profundidade e pela beleza da nossa fé, não podemos verdadeiramente transmiti-la nem aos vizinhos nem aos filhos nem às gerações futuras. Neste tempo em que, no sentir de muitos, a fé cristã deixou de ser património comum da sociedade, não bastam os discursos, os apelos morais ou os acenos genéricos aos valores cristãos, ainda que estes continuem a ser indispensáveis. É sabido, de facto, que «a mera enunciação da mensagem não chega ao mais fundo do coração da pessoa, não toca a sua liberdade, não muda a vida». Num tempo assim, «aquilo que fascina é sobretudo o encontro com pessoas crentes que, pela sua fé, atraem para a graça de Cristo, dando testemunho d’Ele». Num tempo como este, já não é suficiente reformar estruturas. É necessário converter a nossa vida, expondo-nos permanentemente àquela rajada de verbos do Senhor Jesus: «vai», «vende», «dá», «vem» e «segue-Me» (Mc 10,21), e transformarmo-nos em testemunhas de Cristo Ressuscitado no nosso ambiente e em toda a parte. Já não basta conservar as comunidades já existentes, ainda que isso seja importante. Entre tantas urgências, todos temos de reconhecer que o mais urgente é ainda e sempre a missão. É, portanto, necessário e inadiável levantar-se e partir em missão...” ( in, Para um rosto missionário da Igreja em Portugal, nº 11 )
PAPA BENTO XVI
“...Em Cristo habita a plenitude de Deus, que na Bíblia é comparado com o fogo. Há pouco pudemos observar que a chama do Espírito Santo arde mas não queima. E todavia, ela realiza uma transformação, e por isso deve consumir algo no homem, as escórias que o corrompem e o impedem nas suas relações com Deus e com o próximo. Porém, este efeito do fogo divino assusta-nos, temos medo de nos "queimar", preferiríamos permanecer assim como somos. Isto depende do facto de que, muitas vezes, a nossa vida é delineada segundo a lógica do ter, do possuir, e não do doar-se. Muitas pessoas crêem em Deus e admiram a figura de Jesus Cristo mas, quando se lhes pede que abandonem algo de si mesmas, então elas recuam, têm medo das exigências da fé. Existe o medo de ter que renunciar a algo de bonito, ao que estamos apegados; o medo de que seguir Cristo nos prive da liberdade, de certas experiências, de uma parte de nós mesmos. Por um lado, queremos permanecer com Jesus, segui-lo de perto, e por outro temos medo das consequências que isto comporta...”
( da Homilia do Dia de Pentecostes – 23 de Maio de 2010 )

